Aquela noite em particular era tão comum como outras anteriores.
Jack Frost, alto, marco de cabelo branco, casaco azul-escuro e calças castanhas, que sempre se fazia acompanhar pelo seu bastão congelava e fazia nevar tudo a sua passagem. Nessa noite ele começava lentamente mais um nevão.

Era tarde, a cidade estava nitidamente adormecida, percebia-se pelas casas de luz apagada. Pelas janelas podíamos observar as crianças a dormir embaladas nas suas camas e aconchegadas nos seus lençóis.
Jack adorava ver as crianças pelas janelas, ao sair congelava sempre delicadamente os vidros.
E naquela noite, não era diferente das outras..
Solitário, floco a floco ele pintava a cidade de branco. Mas não era algo que ele não gostasse de fazer, Jack adorava a neve.
Sentia-se preenchido por ela, de olhos fechados deixava-se levitar pelo vento e com o bastão soltar um véu cristalino e gélido por telhados, carros, estradas, baloiços de jardim

Toda a cidade estava a sentir o inverno, a primeira noite de frio, de neve, de gelo e claro de diversão!

Jack abriu os seus brilhantes olhos azuis desafiantes.
Sorridente falou Wind! Vamos ao trabalho!

No mesmo instante Jack foi levado velozmente por uma rajada de vento que o fez destemidamente atravessar a cidade.
Jack sorria e ria, ele adorava a adrenalina de patinar nas estradas, ultrapassando os carros, que paravam eventualmente num vermelho.
Jack pulava, corria, rebolava no ar, voava energicamente soltando gelo, neve que cobriam tudo a sua volta, lojas, passeios, edifícios gigantescos. E foi num desses edifícios já coberto de neve que Jack parou, refletindo as pernas para se encostar ao bastão e ver o resultado do seu trabalho. Uma cidade branca, o inverno tinha chegado! Ele tinha trazido o inverno e a diversão.
Jack disse Mal posso esperar por amanhã de manhã.
Ele era tão sorridente, mas o seu sorriso mais genuíno era quando pensava nas crianças a brincar na sua neve, a se divertirem, se ao menos elas soubessem, que era ele.. que ele, Jack Frost existia!

Já distraído em seus pensamentos Jack foi despertado por um vento forte que lhe despenteou os cabelos brancos e o chamou de novo a terra.

Jack que até então tinha perdido o sorriso, voltou a ganha-lo dizendo é isso Wind, vamos espalhar mais inverno!
E rapidamente foi levado do prédio e sobrevoava a cidade entre as negras nuvens iluminadas pela lua.

Jack estava divertidíssimo a voar e deixou-se levar pelas fortes correntes que o faziam virar, rodar, subir descer a grandes velocidades.

Jack o que é aquilo?
Perguntou de cabeça para baixo levitando no ar, por cima das nuvens.
O que tinha a sua frente parecia uma espécie de corrente meio esverdeada, parecia uma grande gota de água no meio do céu, vedada por uma cor meio amarela esverdeada.

Jack curioso aproximou-se e colocou a mão dentro da gota. Qual não é a sua admiração quando não era uma gota, não era água, a sua mão tinha atravessado, desaparecendo do outro lado.
Jack riu e disse ahah é uma espécie de portal Onde será que vai dar?

E com um sorriso desafiador, Jack entrou dentro do portal, atravessou-o e do outro lado, a paisagem era diferente mas estranhamente idêntica também.
Estava tudo coberto de neve, Jack sobrevoava uma serra, coberta de neve branca, os pinheiros tinham algumas ramificações verdes que atravessavam a neve que os cobria.
Ele tinha passado da cidade para o campo, não haviam nuvens. O céu estava estrelado.
Ao longe podia se ver uma cidade com um bonito castelo, o lago parecia congelado também. Haviam alguns barcos que se percebiam acurados.

Jack sorriu e desceu até a montanha, fascinado com tudo o que via. que lugar mais esquisito.
Jack atravessava as montanhas, os vales cobertos de neve, como era de noite também não se viam muitos animais, a não ser uma coruja ou outra branca que atravessava as arvores.

Jack decidiu pisar a neve e caminhar um pouco.
Abaixou-se e antes de se levantar pegou uma bola de neve do chão.
Jack disse sorridente e intrigado o inverno chegou aqui também. Mas onde é isto mesmo? Não me lembro de já ter aqui estado
Ele olhava olhando a sua volta, as montanhas, a floresta e algo lhe chamou a atenção.
Um brilho, refletido pela lua, também ali, grande e brilhante. Era estranho, havia um brilho, algo brilhava entre as montanhas.

Jack voou até ao brilho e ao segui-lo, deu a volta a montanha, admirado disse uauu!
Ele tinha encontrado um palácio de gelo, todo ele coberto de gelo. Ele era literalmente feito de gelo, tinha umas escadas que o uniam de uma montanha a outra.
Jack desceu até as escadas e pisou o primeiro degrau.
Jack disse olhando para cima, sentia-se pequeníssimo perante aquele palácio que fez isso? (ele tocou no corrimão da escadas) é gelo mesmo!
Começou a subir as escadas passando a mão pelo corrimão a dizer mas tão bem trabalhado, tão detalhado, quase que parece magia.

Ele chegou a enorme porta a sua frente, empurro-a sem grande dificuldade e entrou dentro do palácio.
Por dentro havia um enorme salão com uma fonte de gelo que de cada lado tinha uma escadaria da mesma forma trabalhada que a escada de fora.

Jack disse uau!
Era inacreditável o que ele tinha a sua frente! Começou entusiasmado a voar em torno de tudo! Até do castiçal que existia no meio do teto, uma construção igualmente em gelo. Havia todo um azul em volta de Jack.
Ele poisou nas escadas e começou a subir.
Jack dizia um pouco alto, procurando por alguém Olá! Olá! Alguém vive aqui? Oláaaa

Jack passou por uma parede e subiu mais umas escadas.
Até chegar ao topo e foi ai que viu mais algo brilhante, mas desta vez não era mais uma construção de gelo. Era uma mulher, imensamente bonita, de bonitos olhos azuis, cumpridos cabelos brancos numa transa que lhe caia sobre o ombro. Ela vestia um vestido que parecia feito de neve, com uma capa de uma camada tão fina que contrastava perfeitamente com o vestido, num azul mais claro.
Jack apoiou-se no bastão e deixou escapar outro uauu!
Elsa, a mulher de cabelos brancos, assustou-se colocou-se numa posição defensiva com as mãos muito abertas e gritou quem está ai?

Jack voou até ela, pronto para se apresentar, mas ela andara na sua direção e passara por ele.
Jack riu irónico, pensou para si, porque seria diferente? Ninguém o via, ele era uma espécie de fantasma perdido no mundo. Que fazia neve para todos, mas ninguém lhe agradecia, ninguém sabia o seu nome, ninguém o via, nem sequer ouvia.
Foi ai que Jack se voltou de costas e voltou a olhar para Elsa.
Jack pensou que ninguém o ouvia, mas ela ouvia-o! Ela tinha o ouvido! Pela primeira vez, alguém tinha reagido a ele, aquela mulher linda de cabelo branco a sua frente tinha-o ouvido. Porque seria?