My Mirror escrita por Sially, Beatrice


Capítulo 3
Capítulo 3: Magia negra


Notas iniciais do capítulo

Nos desculpem a demora em postar!
Se alguém estiver lendo, comente, por favor? *-* Isso nos deixaria tão felizes
Boa leitura!



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Draco’s POV

Após duas semanas, eu já deveria ter encontrado alguma coisa que me fizesse querer viver, mas não havia absolutamente nada.

Lancei um feitiço de preservação no corpo de Malu para que ela ficasse do mesmo jeito enquanto eu procurava uma solução. Agora, ela estava escondida sob um lençol no porão da Mansão Malfoy. Eu procurava não visitá-la, pois isso só me deixaria pior do que já estava e chamaria atenção para meus pais revistarem o local. Incontáveis noites se passaram em que eu sonhava com ela. Às vezes ela viva e às vezes morta. E muitas das vezes eu acordava gritando e/ou chorando. Às vezes eu olhava para ela e parecia que ela estava apenas dormindo, mas não estava. Eu não consigo descrever ao certo como passei após sua morte. Na maioria das vezes ficava trancado no quarto, algumas vezes uma crise de choro, tristeza e saudade me atingia e depois da quarta noite seguida da crise minha mãe já não me incomodava com meus gritos histéricos de choro. Quando fazia alguma coisa estúpida conseguia ouvir a voz dela me censurando: “Que coisa mais aperreante, e você ainda se diz um Malfoy?” ou “Onde está o papi Malfoy, hein?!” e a risada ecoava em meus ouvidos.

No dia em que Malu morreu, eu a deixei na cabana até a guerra terminar. Voltei para o castelo, lutei, fiquei ao lado de Voldemort, embora meus pensamentos estivessem em outro lugar.

Quando a batalha finalmente acabou, eu já estava longe com meus pais. Lúcio tinha se acovardado no meio do caminho e fugiu nos últimos minutos, levando-me junto. Mas eu voltei. Não havia nenhum feitiço que pudesse desfazer o Avada Kedavra nem nenhum de proteção contra ele. Todo bruxo sabia disso, ou pelo menos ouvia isso. Eu me recusava a acreditar. Se a Pedra da Ressurreição podia existir, era nisso em que eu me agarraria.

Falando na pedra, sim, eu sabia que ela era real. Minha mãe sempre lia Os Contos de Beedle, O Bardo quando eu era criança, e o Conto dos Três Irmãos sempre me fascinara.

Naquele dia, eu fui atrás da última pessoa com quem eu falaria na minha vida, ainda mais para pedir um favor. Mas eu estava mais desesperado do que qualquer um. Hermione Granger estava sentada no Salão Principal destruído de Hogwarts ao lado de Rony Weasley, como se fossem namorados. Engoli o rancor que tinha dela e me aproximei.

– Granger – falei. Ela me olhou, suspeita. – Será que posso falar com você por um segundo?

Hermione se levantou depois de trocar um olhar com Rony, e eu recuei alguns passos para ele não ouvir.

– O que quer falar? – Hermione perguntou.

– Eu preciso de uma ajuda sua – desembuchei.

– Minha? O que Draco Malfoy pode querer de mim?

Olhei ao redor e baixei a voz.

– Você... você conhecia Maria Luiza, da Corvinal, mesmo ano que nós?

– Malu? Sim – disse Hermione. – Por quê?

– Ela... ela... – respirei fundo. – Ela foi... – tive dificuldade em falar a palavra - morta. – engoli em seco. - E eu preciso saber se tem alguma coisa que pode ressuscitá-la, trazê-la de volta. Qualquer coisa, um feitiço, uma poção, um objeto...

– Por que eu te ajudaria? Eu sempre fui a sangue-ruim, se lembra?

– Hermione, por favor, eu sei que te maltratei. Olha, eu já fiz muita coisa ruim na minha vida, está na hora de fazer alguma coisa útil e salvá-la é uma coisa boa, o mundo precisa dela.

– Draco, se você quer fazer algo de bom, respeite a morte e tente não desafiá-la porque você sabe, sempre há consequências.

– Hermione, por favor – implorei. Ela respirou fundo.

– Malfoy, é impossível, você pode até tentar procurar mas não existe. A única coisa que um bruxo não pode driblar é a morte – Hermione falou. – Sinto muito que isso tenha acontecido a ela, mas não existe magia que traga os mortos de volta.

– Voldemort voltou uma vez.

Hermione se arrepiou.

– Uma vez, por magia negra e porque uma parte de sua alma ainda vivia. Mas não há mais nada a fazer.

– Eu sei que você conhece um jeito – insisti. – Se você me falar o que é, por mais perigoso que seja, eu juro não afetar mais nenhum de vocês, vou tomar todos os cuidados. Eu preciso disso.

– Não, Malfoy – disse a Granger de novo. – Lamento pela Malu, mas não posso fazer nada.

Ela se virou para regressar ao lugar, porém segurei seu pulso.

– Eu sei que Potter conseguiu a Pedra. Onde ela está?

– Acho que a conversa deveria parar por aqui – Weasley se meteu, aparecendo ao lado de Hermione.

Eu soltei o pulso dela e os dois foram se sentar. Narcisa, minha mãe, me contara que algo estranho acontecera quando Voldemort tentou matar Potter, e eu presumia que só podia ter a ver com a Pedra da Ressurreição. Portanto, fui à floresta, o único lugar que apareceu em minha mente.

Fiz um percurso diferente para chegar até a clareira em que os comensais e o Lorde das Trevas haviam se reunido, para evitar passar por nossa cabana. Eu não aguentaria passar por lá sem recomeçar a chorar.

Fui olhando para o chão, atento aos mínimos detalhes, como um brilho ou uma pedra que não fosse dali. Nada. Pela segunda vez no mesmo dia, eu me deixei cair de joelhos no chão e a desesperança tomou conta de mim.

***

Agora, eu decidi procurar nos livros. Nunca me imaginara fazendo aquilo antes, mas lá eu estava, na biblioteca bruxa da cidade onde morava. A de Hogwarts fora destruída e a de casa não tinha nada que eu pudesse usar.

Eu não era iludido, então fui direto para as seções em que os livros se tratavam de magia negra. Se alguém podia ressuscitar um bruxo maligno, eu com certeza poderia ressuscitar Malu. Era só uma questão de tempo até eu achar o feitiço e as instruções corretas. Não seria nenhuma Granger nem nenhum professor que me convenceria de que aquilo era impossível.

Eu estava disposto a pagar qualquer preço para ter Malu novamente. Definitivamente haveria um preço. Quando se tratava de magia das trevas, sempre havia um. Eu aprendera aquilo da pior forma, mas agora pelo menos já estava ciente.

Joguei o livro Bruxos das Trevas do outro lado do corredor. Peguei outro e nada. Ao final do dia havia pilhas e pilhas de livros espalhadas pelo corredor.

Cheguei a ir atrás de magos em magia das trevas, que encontrei uma lista deles entre as coisas de meu pai, mas ninguém acreditava que eu queria saber sobre isso e se sabiam não me contaram. Alguns diziam que era muito perigoso, nenhum bruxo que tentou trazer uma pessoa dos mortos obteve sucesso porque todas as pessoas voltavam diferentes.

– EU NÃO QUERO SABER COMO ELA VAI VOLTAR! – gritei com um dos magos que falava comigo. Passei as mãos em meu cabelo de forma nervosa. – Ela só precisa voltar. Só precisa voltar para mim.

– Garoto, não vá nessa linha tortuosa. Você irá se arrepender.

– Eu não me importo. Só quero ela aqui. Se o senhor não me tem mais nenhuma informação eu vou embora. – Me virei em direção da porta da casa do velho.

– Certa vez ouvi uma história, uns dizem que é lenda, mas um homem trouxe seu irmão de volta sem efeitos colaterais. Voltou como se não tivesse morrido. Porém o preço era extremamente alto. Não sei se um garoto como você teria tanta nobreza de sofrer a consequência de trazer sua amada de volta. Ainda mais um Malfoy.

Me irritei com o velho e sai da casa. Pelo menos já tenho alguma coisa. Sei que existe um encantamento.

Tinha um lugar em que eu ainda não procurara: a Casa dos Riddle. Fazia todo sentido. Voldemort passara uma boa parte de seus dias antes de retornar na casa de seus antigos pais, e Rabicho e Barto Crouch Junior fizeram os planos e preparações lá. Rabicho nunca fora a mais inteligente das criaturas, pode ter deixado alguma anotação para trás.

Peguei minha varinha e saí da biblioteca. O sol quase me cegou. Não ficava em um lugar aberto há tanto tempo, focado em encontrar uma reversão para Malu, que meus olhos levaram um momento para se adaptar à luz. Tinha quase me esquecido como era.

Deixei de lado esses devaneios e me concentrei. Senti um puxão na altura do umbigo quando o mundo começou a rodar. Aparatei em um terreno abandonado, com mato até as coxas, árvores podres e frutos caídos. Em frente, numa colina, estava uma mansão, também no mesmo estado do terreno. Vidros quebrados, tábuas pregadas em portas e janelas na falha tentativa de evitar invasores.

Empurrei a porta para entrar. As dobradiças se soltaram e ela caiu com estrondo. A sala cheirava a mofo e provavelmente o resto da casa também. Olhando dentro de todos os cômodos enquanto andava, passei pelo que parecia ser a cozinha, a sala de jantar, um banheiro e outra sala até chegar a escada que levava ao segundo andar. A madeira rangia sob meus pés a cada passo, um degrau se quebrou e eu tive que pular. Logo em frente a escada, uma porta estava entreaberta, revelando um aposento com uma lareira, uma poltrona e vários pergaminhos espalhados pelo chão no canto esquerdo. Alguns ainda estavam queimados pela metade, jogados perto da lareira.

Adentrei a sala apressado. Amontoei um bolo de pergaminhos nos braços e os levei até a poltrona para ler. Como eu esperava, as anotações eram antigas e tinham instruções para magia das trevas. A maioria dos títulos indicava que se tratava de misturas para trazer alguém dos mortos e as observações finais confirmavam isso.

Mas nenhum daqueles dava alguma certeza. Nenhum dos experimentos dera certo antes e também não era o que Rabicho usara com Voldemort, pois não pediam uma mão (e mais) em troca. Eu não arriscaria enfeitiçar eu e Malu com algo cujo sucesso não era certo.

Levantei-me para pegar os outros pergaminhos. Nos que estavam inteiros, o resultado era o mesmo dos anteriores. Meus olhos já começavam a arder. Já estava quase desistindo quando vi alguns pergaminhos com fuligem e meio queimados perto da lareira.

Me aproximei da lareira e peguei os pergaminhos, estavam bem difíceis de ler e pareciam bem velhos. Tirei um pouco da fuligem preta e consegui identificar algo. Nesse que eu havia pegado não havia nada de interessante, algo sobre as Horcruxes, olhei os outros e nada sobre trazer de volta, tinha um que falava sobre falar com espíritos mas nada sobre ressurreição. Fui ler o último dos pergaminho e finalmente encontrei. A magia das magias, a mais amaldiçoada.

“ DAR VIDA AOS MORTOS.

Feitiço de magia negra para trazer mortos de volta a vida sem efeitos colaterais. É necessário fazer uma poção em que as duas partes do feitiço devem tomar e recitar o encantamento.

INGREDIENTES DA POÇÃO

Uma folha de sálvia e uma de cânfora colhidas em uma noite de lua cheia Ditamno

Pele de Arambóia

Sangue de quem está morto e quem fará a poção

Coloque a pele de Arambóia picada no caldeirão e deixe ferver por vinte minutos. Em seguida, adicione cinco gotas de Ditamno e mexa no sentido anti-horário até a mistura ficar verde-escura. Devolva ao fogo e acrescente as ervas, deixando ferver por mais uma hora e ficar com uma cor avermelhada. Acrescente o sangue do que está morto e mexa duas vezes no sentido horário, uma no anti-horário e mais uma no horário. A mistura ficará preta e densa, e deixe esfriar. O sangue do usuário do feitiço deve ser adicionado minutos antes da realização do próprio.

O feitiço deve ser realizado em noite de lua cheia, quando ela estiver em seu ápice.

A poção deve ser tomada em dois cálices distintos, e assim que for tomada TODA a poção o feitiço deve ser recitado apontando a varinha para o céu: Letum Ad Vitam. E então a magia estará completa.

Será que eu devia mesmo? Eu estou mexendo com magia negra. Será que Malu gostaria que eu fizesse isso só para ter ela de volta? Ao considerar isso, percebi o quão egoísta estava sendo. Mas ela não merecia morrer daquele jeito. Pansy foi minha culpa. Ela tinha um futuro brilhante e ainda merece ter.

Decidi que faria mesmo o feitiço. Não só por mim, mas por tudo o que ela era, e merecia.

***

Demorei cerca de um mês e meio para encontrar todos os ingredientes da poção. Uma das partes mais difíceis foi coletar um pouco do sangue de Malu, mas consegui. Ela continuava com a mesma aparência como se estivesse dormindo.

Esperei até chegar a próxima lua cheia e no dia de 30 de agosto preparei a poção durante a manhã como mandava o pergaminho e à noite peguei minha capa e saí na fria noite, fui até a cabana onde Malu estava. Ao chegar à cabana peguei seu corpo em meus braços e levei-a para o lado de fora. Deitei a garota na grama mais ou menos no mesmo lugar em que ela morreu. Porque tinha que ser um lugar com conexão forte para os dois, e nada melhor do que entre a cabana e o lugar onde ela morreu.

Olhei o relógio e quando deu meia noite e a lua estava em seu ápice comecei o feitiço. Peguei o cálice com a poção que deveria ser tomado pelo que faz a magia e por quem a receberia. Eu tinha que admitir que estava com medo, essa era a pior magia que já existiu. Respirei fundo para acalmar e continuei. O meu sangue deveria ser o último elemento e colocado no cálice durante a lua cheia. Desenfaixei minha mão, que já havia sido cortada para o pergaminho e só reabri o corte com uma faca. Deixei gotas significativas caírem no cálice e mexi um pouco o cálice para misturar todos os ingredientes apropriadamente como dizia nas instruções. Em seguida dividi em outros dois cálices menores, um para mim e um para Malu.

O que faria Malu voltar estava em minhas mãos, a vida dela estava em minhas mãos e de certa forma de um jeito bom. Novamente refleti se deveria mesmo fazer isso. E se houvesse consequências maiores? Bom, eu provavelmente já iria para o inferno, não teria tanta coisa a perder.

Sem pensar mais tomei minha parte da poção. Tinha um gosto horrível, acho que exatamente para que quem quer que estivesse tentando executar o feitiço acabasse desistindo, mas isso não me impediu. Tomei até a última gota. Em seguida levantei um pouco o pescoço de Malu com uma de minhas mãos e com a outra coloquei todo o conteúdo do cálice em seus lábios de forma que ela engolisse. Era extremamente estranho segurar seu corpo e ele estar tão frio, frio como gelo.

Assim que me certifiquei de que Malu tinha tomado todo o líquido amargo me levantei e apontando minha varinha para o céu lancei o feitiço:

Letum Ad Vitam!

Ouvi um raio vermelho retumbando no céu e descendo, um atingindo Malu e um outro raio me atingindo. Eu não desmaiei, fiquei sentindo a dor da eletricidade até ela acabar. Acho que é por isso que é tão proibido esse feitiço. Assim que a dor passou por incrível que parecesse eu não estava nem um pouco queimado, mas pelo contrário, eu fiquei com calafrios e eles aumentaram. Comecei a sentir uma dor excruciante em todas as partes do meu corpo até que minha visão ficou embaçada e eu cai de joelhos e logo em seguida desmaiei.

Acordei com o sol em meu rosto. Meu corpo ainda doía um pouco, mas estava melhor. Me apoiei nos cotovelos analisando o lugar e flashes do que aconteceu noite passada vieram em minha cabeça. A única coisa que me lembrei com clareza e que me importava no momento. Malu.

A garota estava desacordada ao meu lado. Meu maior temor era que o feitiço tivesse dado errado e ela estivesse morta. Coloquei a mão em sua testa tirando uma mecha de cabelo de seu rosto suado. Suado? Suor, ou seja, quente. Coloquei minha mão firme em sua bochecha quente. Quente! Observei seu corpo subindo e descendo. Respirando! Eu não acreditava. Ela estava mesmo repirando. Eu estava tão feliz que comecei a chorar de alegria. Peguei seu corpo e o abracei. E de acordo com o feitiço Malu voltaria normal, como ela era.

Malu estava fervendo. Em um estado febril. Me levantei e fui até um rio que era próximo dali. Retirei minha capa e mergulhei na água umedecendo o pano. Voltei rapidamente para perto da cabana e coloquei o pano úmido sobre sua testa para tentar baixar sua febre.

Passou cerca de duas horas e sua febre tinha baixado. Coloquei minha orelha em seu peito, onde devia estar seu coração e consegui ouvi-lo bater. Fiquei sentado ao seu lado apenas observando a garota dormir e dessa vez estar realmente só dormindo.

– Se você continuar me encarando tanto assim eu vou acabar petrificada em um museu – ouvi uma voz familiar e de repente olhos azuis me fitaram. Sorri automaticamente com a familiaridade daquelas palavras e do tom debochado.

– Malu. Malu! Você está viva! Viva. – Abracei a garota. Ela parecia um pouco zonza, mas me abraçou de volta.

– Sim, eu estou. Por que não estaria? – ela perguntou sorrindo.

– Você não se lembra? Aqui, neste lugar. – Malu arqueou as sobrancelhas. – Você morreu há várias semanas

– Morri? – ela fez uma expressão confusa e depois de aceitação. – Eu me lembro, minha perna. – Ela tocou na perna. – Como ela não está mais quebrada?

– Quando você morreu fiz um feitiço de preservação do seu corpo e isso consequentemente curou sua perna.

Ela fez uma cara de dor.

– Sofrimento. Me lembro de estar sofrendo. Por causa da... Pansy! – ela exclamou o nome da garota.

– Está morta.

– Morta? Mas como?

– Não é importante agora.

– Draco, você não...

– Não é importante, Maria – me apressei sabendo o quanto Malu iria ficar brava por eu ter descido no nível de Pansy e tê-la matado.

– Tudo bem. Se eu estava morta como eu estou aqui?

– Eu usei um feitiço.

– Draco, não existe feitiço que traz alguém dos mortos. Ou se existe a pessoa não é a mesma.

– Isso não importa. O importante é que você está aqui. Comigo.

– Draco, você usou algum tipo de magia negra.

Uma das maiores qualidades e defeitos da Malu é que ela sempre sabe quando eu estou escondendo alguma coisa. Não havia por que mentir.

– Sim, eu usei. Eu estava desesperado. Eu sinto muito se você não aceita isso. Mas eu precisava de você. Você tinha um futuro brilhante pela frente. E eu... eu te amo. Eu te amo, Maria – desabafei esperando o pior.

Malu sorriu e em seguida me abraçou forte.

– Eu também te amo, Malfoy. – Ela partiu o abraço. – Mas espera, toda magia negra tem uma consequência. Um preço a ser pago. E por ser um feitiço de trazer alguém a vida deve ser um preço muito alto.

– Eu sei. E foi. E é o feitiço mais proibido de todos – concordei me lembrando bem da ultima parte do pergaminho.

“... Lembre-se: para que o feitiço seja duradouro, quem o fará deve oferecer como sacrifício o que lhe é mais valioso. Cada bruxo tem seu próprio objeto de maior valor. Você deve pingar seu sangue na parte branca abaixo e esperar para saber o que o feitiço necessita de você.”

Assim o fiz, peguei uma faca em algum lugar da casa e cortei a palma da minha mão e deixei o sangue pingar. Logo meu sangue foi tomado de movimento próprio e formou letras. E o que eu mais temia aconteceu. Em grandes letras vermelhas estava escrito: Draco Malfoy – Seu amor. Meu coração parou nesse momento. Meu amor? O que eu tenho que fazer, como vou fazer isso? Logo em seguida outras duas palavras se formaram. Malu Muroni. O quê? Eu devo trazê-la de volta e ainda dar meu amor, perder tudo o que eu sinto por ela? E então a ultima frase apareceu. Você deve deixá-la ir. Essa era o preço que eu devia pagar. Deixar meu amor. Dar meu amor em troca da vida dela. Meu amor por ela é o que eu tenho de mais valioso. Esse era o truque do feitiço, é por isso que poucos bruxos o usaram. Ninguém foi capaz de deixar/dar a coisa mais valiosa de sua vida.

Mas eu deveria dar. Eu deveria abrir mão dela. Afinal eu não poderia ser egoísta o suficiente a ponto de não deixa-la viver só porque não posso ficar com ela. Ela merecia um futuro depois de tudo o que a fiz passar. Ela merecia ser feliz, ter filhos, netos, um marido bom. Fora a parte final do pergaminho. Quase coberto por inteiro de fuligem.

“Caso o sacrifício não seja executado, acarretará com uma prisão mental de loucura a quem estava morto acabando com a extinção final da vida das duas partes do feitiço.”

Driblar o feitiço não era uma opção.

Essa memória ficou gravada na minha mente. Sempre me lembrando do que eu vou ter que fazer agora.

– O que você teve que fazer, Draco? – Malu me olhou preocupada e um tanto desesperada.

– Teoricamente? Assinei nossos atestados de óbito.

Ela me olhou com um olhar acusador e desesperado.

– No que foi que você se meteu, Malfoy? – ela fez a pergunta retórica balançando a cabeça em decepção. – Bom, não importa o que foi, podemos superar juntos. – Mexi a cabeça em negação. – É lógico que podemos. A não ser que... – ela refletiu por alguns segundos. – Qual foi o preço, Draco Malfoy?

– Malu...

– Pra você estar me chamando de Malu e não de Maria quer dizer que foi alto.

– Maria, nós não podemos mais ficar juntos. – disse finalmente.

– Como é? É claro que podemos. – ela retirou minhas mãos do meu rosto que tentava esconder. – Eu quero ficar com você. Só você.

– Eu já te perdi uma vez por minha culpa. Não posso deixar isso acontecer de novo.

– Eu estou pouco me lixando se haverão consequências. Eu quero ter minha vida com você. Eu tive uma segunda chance na vida para não cometer mais erros.

– Não, Maria, você não entende.

– Draco, você está chorando? – ela disse completamente perplexa.

– De raiva.

– Mas...

– Maria, eu vou falar só uma vez e você vai ouvir sem me interromper.

– Primeiro me beija. Eu quero estar feliz quando você me beijar porque sei que depois que você me disser o que tem pra dizer, eu não vou estar mais feliz.

Acatei seu pedido. Me aproximei e segurando em sua nuca selamos nossos lábios em um beijo profundo mas urgente e com um toque de selvageria que só nós tínhamos... Como eu senti falta de beijá-la.

– Você não tem ideia do quanto eu senti falta de te beijar. – Ela sorriu e me deu mais um beijo rápido. Decidi contar tudo logo. – Maria, o preço era de... – respirei fundo tentando me acalmar. – O sacrifício era meu amor. Meu amor por você. Em troca de sua vida eu deveria sacrificar meu amor por você.

– Draco. Não... NÃO. Eu não vou deixar você. Você teve todo esse trabalho porque me amava e quando eu volto não podemos ficar juntos?!

– Você merece um futuro mesmo que não seja ao meu lado. Por isso te trouxe de volta.

– Não, está errado – ela gesticulava muito com as mãos.

– Magia negra nunca é boa e muito menos certa.

– Não, você não vai me deixar. Eu vou atrás de você, eu vou te achar e você sabe que não desisto enquanto não consigo o que quero. – Ela estava de pé e gritava para mim, que estava a uns dois metros de distância dela. Eu me virei de costas para não encará-la nos olhos.

– Não, não vai, Malu... – eu disse voltando meu corpo para o dela e me aproximando dando um outro beijo rápido.

– Por que não? – ela disse mais baixo.

– Eu te amo, Maria.

– Eu também te amo, Malfoy.

– Sinto muito. – Ela demonstrou confusão em seu rosto angelical. Encostando a varinha de leve em sua costas recitei: - Petrificus Totalus. – Malu ficou petrificada e eu a deitei na grama devagar.

– Maria, espero que você encontre alguém que possa te amar assim como eu te amo. Que possa te dar a vida que você merece. Aproveite sua vida porque você é forte e vai morrer só quando estiver muito velhinha, claro a não ser que você consiga enganar a morte, não duvido muito. – Sorri, um sorriso realmente sincero. – Tenha filhos, netos, e até cachorros, você me falou uma vez que sempre quis ter. Maria, você conseguiu me salvar. Quando eu achava que tudo estava perdido eu via você, e você mesmo às vezes não sabendo ao certo o que estava acontecendo, sabia dizer a coisa certa. Você não desistiu de mim. Você era honesta e por mais que no começo a gente se odiasse eu não conseguia ver você com outra pessoa que não fosse eu. O momento que eu nunca me arrependeria foi de te ver na neve aquele dia – Draco riu com a lembrança feliz - e te desafiar na casa dos gritos. Esse dia entrou na lista dos meus melhores dias. Eu tenho que admitir desde a primeira vez que eu te vi no trem no primeiro ano, eu te achei bonita. É obvio que eu não te falei, mas fazer pegadinhas era minha forma de dizer e estar mais perto de você. Eu tenho que te falar, quando eu tinha que completar missões para Voldemort eu achava que ficaria louco e você foi meu ponto de sanidade, realidade. Seus olhos sempre conseguiram atingir o mais fundo de mim. A cabana se tornou meu lar, meu porto seguro, onde você estava. Você não me abandonou na época em que eu sofria. Você se tornou o meu patronum e o meu bicho papão. Eu só quero que você saiba que você é e sempre será meu único amor. Eu posso conhecer qualquer mulher, ela não será como você. Eu já não tenho mais como recomeçar minha vida, mas você tem. Tenha uma vida feliz, Maria.

– Draco, não... – ela conseguiu pronunciar fracamente. Era possível ver seus olhos marejados e eu não vou mentir, os meus também estavam. Ressucita-la e logo em seguida deixa-la partir. Não foi uma decisão feliz.

– Obrigado por me salvar. Adeus, Maria. – Beijei sua testa de forma protetora. E sussurrei apontando a varinha para ela. Fechei os olhos com força. – Obliviate!


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Notas finais do capítulo

Não deixe de comentar o que achou aí embaixo o/ nos vemos no próximo, que é o epílogo.



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