Falando de Flores escrita por Arabella


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Adorei ver a quantidade de visualizações que já teve.
Vocês não tem noção de quanto fiquei empolgada! Espero que gostem desse capítulo, mesmo não sendo um dos meus preferidos (fazê o quê).
Um Beijo na bunda,
Mari



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Não se curve, não quebre, querida, não desista.

Bon Jovi (Its my life)

Posso entrar? - disse uma voz baixinha e animada que eu conhecia muito bem, mas que não ouvia desde o recesso de julho, há três anos.

Eu estava deitada no chão olhando para o teto branco. Já havia guardado a maior parte das minhas roupas, aberto as caixas de livros e CDs, conectado o MP3 no aparelho de som sem me preocupar de abaixar o volume. Desisti de arrumar as coisas quando comecei a pregar fotos dos meus amigos no espelho. Como eles deviam estar agora? Sentindo minha falta? Acho que no cinema como de costume dos sábados. Deitei no chão tentando planejar a minha vida de ali em diante.

Meu celular tremera 8 vezes; 3 mensagens da Júlia perguntando como eu cheguei, como a nova casa era, se eu estava bem; 2 mensagens do Matt perguntando sobre os mesmos assuntos; 3 ligações da Olívia, que devia estar querendo me ver, mas não atendi e nem respondi nada. Só fiquei lá, deitada ao som de Bon Jovi.

Me sentei e olhei para dona da voz ainda parada na porta e comecei a cantar com a música:

This ain't a song for the broken-hearted. No silent prayer for faith-departed.

Isso não é daquele cantor da época da nossa avó? a garota de cabelos longos e negros disse entrando no meu quarto e sentando na cama que eu ainda não tinha nem tocado.

Don't bend, don't break, baby, don't back down. falei, ignorando o comentário dela e me sentando em frente a penteadeira tentando desfazer os nós do meu cabelo.

Você vai continuar a cantar essa musiquinha ou vai se trocar para eu te levar pra conhecer meus amigos?

My heart is like an open highway.

Eu vou desligar essa coisa se você não se tornar sociavel ela falou tirando suas sandálias.

I just wanna live while I'm alive.

Aninha, eu vim correndo até aqui assim que fiquei sabendo que você tinha chegado cheia de planos e você vai ficar aí cantando esse trem? Faz anos que não nos vemos direito. Sinto saudade da Ana que passava todas as férias comigo e não parava de falar. Sei que esses últimos meses você tem tido seus motivos para se afastar, mesmo eu não sabendo quais, mas agora você está aqui.

O quarto ficou em silêncio. Na verdade eu já estava me acostumando com esse silêncio. Ele era mais amigável do que a maioria dos seres de vida orgânica. Comecei a fazer um trança em uma tentativa fracassada, nunca fui boa nessas coisa. Prendi meu cabelo cheio com um lápis e me virei na cadeira para olhar minha prima. Alta, pele escura e impecável, olhos profundos castanhos escuros e sedutores como os cabelos bem cuidados como sempre. Levantei a beirada da boca em um sorriso e disse por fim:

Como conseguiu correr com esse salto, Olívia?

Posso dizer com toda a certeza que o sorriso dela foi 10 vezes o meu. Ela se levantou em um pulo e me abraçou. Começou a falar desesperadamente de como estava feliz de eu estar ali, de como minha mãe foi legal em conseguir me colocar na classe dela em pleno meio de ano letivo, o que não deve ter sido muito difícil levando em cota o fato de que ela era professora de química da escola.

Ah, você lembra da Fernanda, a menina ruivinha que brincava com a gente quando você morava aqui? ela perguntou enquanto assumia a escova e fazia alguma coisa em meu cabelo.

Varri meu cérebro e lembrei da garota com cabelos encaracolados que por alguma razão me fazia lembrar daquela princesa com o arco e flecha. A Valente, ou Merida? Algo assim que assisti com o Lucas. Ri com a comparação e fiz sinal para minha prima prosseguir.

Então, ela estuda na minha, futuramente nossa, sala, e acho que ficamos falando bastante de você essas ultimas semanas. Meus colegas estão doidos para conhecer você. bufou baixinho especialmente alguém...

Oi? perguntei sem entender.

Nada não. ela se apressou. É só que, sabe, segunda as aulas voltam e a minha turma sempre costuma dar umas festas antes das aulas começarem.

E comemorar o que? Mais meses no inferno chamado escola? perguntei imaginando o que aquele povo devia ter na cabeça.

Deixe de ser careta.

Não estou sendo careta, Liv. Só não vejo nada legal para comemorar.

E desde quando uma festa precisa de um por quê?

Mesmo que eu topasse ir, minha mãe nunca deixaria. falei inventando uma desculpa qualquer. A ultima coisa que eu queria era uma festa cheia de adolescentes. E ainda tenho que arrumar tudo isso.

Ela já deixou. minha prima falou com um sorriso travesso.

Pronto. Agora vou ter que ir nessa festinha adolescente com música eletrônica e pegação moden on. Mas sabia que eu não conseguiria me safar, Olívia iria ficar falando e falando e falando e falando até eu não aguentar, minha única saída era ir e fingir uma dor de cabeça para poder voltar mais cedo.

Você vem aqui em casa antes para nós arrumarmos juntas? perguntei, desistindo de lutar contra ela.

A garota deu uns pulinhos de animação um tanto quanto estranhos e, jogando seu cabelo negro para um lado se sentou de volta na cama e pediu para eu contar tudo que aprontei longe dela.

❤❤

Matamos o resto da tarde conversando e tirando as coisas das caixas de botando em seus novos lugares. Tão pouco tempo havia passado e tantas coisas mudado. Liv implicava com a única mecha branca em meu cabelo, com o pequeno alargador em minha orelha esquerda, mesmo eu dizendo a ela que o tamanho dele era praticamente o mesmo de um brinco normal. Pediu para que eu contasse sobre os carnavais pelos quais minha cidade era conhecida e que falasse um bocado dos meus amigos enquanto ela me ajudava a colocar fotos deles no mural. Perguntou como ia a fisioterapia do Matheus. Lembrei que quando ele perdeu os movimentos era ela que atendia meus telefonemas de madrugada.

Ah, ele está ótimo na medida do possível. foi tudo que consegui dizer.

Colei a ultima foto da caixa, a Júlia sentada esparramada no colo do Matt e eu empurrando a cadeira do garoto. Senti uma pontada no peito. Eu amava fotografar e a Júlia amava ser fotografada. Cansamos de pedir para estranhos baterem fotos nossas pela cidade a fora e explicarmos que cada momento dessa vida devia ser registrado com um sorriso. Tiramos aquela foto no último dia de aula de junho, antes de meu pai aceitar o trabalho na Oceania. Eu sabia que ele queria mesmo ir e que isso também me faria bem no futuro. Sei que devia estar feliz por ele, mas uma parte de mim era egoísta demais para isso.

Acho que já falei demais dos meus amigos, e você? Me humilhe com sua rotina. falei desempacotando meus CDs da caixa.

MEUS AMIGOS! ela gritou como se tivesse lembrado de algo muito importante. Era para eu encontrar com eles ás...

O celular dela começou a tocar a interrompendo.

Isa, amor meu, me desculpe! Liv disse assim que atendeu. Eu sei, eu sei. Foi mal, é que eu vim pra casa da minha prima e perdi a noção do tempo. Sim, ela chegou faz umas horas. É, isso que ta tocando no fundo é Bon Jovi, Daniel, agora cala a boca e diz para Isabella que em meia hora nós estamos aí.


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Notas finais do capítulo

Começaram a pegar mais um pouco do estilo de garota que a Tina é? Gostaram? Não? Acharam erros? Comentem, plz, criticas construtivas são bem vindas e elogios também!



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