O carro prateado estacionava em frente á uma casa amarela mediana na Bristow Street,Caddington.O relógio marcava 11:39 e a neve caía suavemente no pavimento.De dentro do carro dava pra ter uma visão ampla de um pequeno lago congelado.As luzes da casa estavam acesas e se podia ver o movimento por detrás das cortinas.E o carro permanecia silencioso.Os dois ocupantes estavam apreensivos,perdidos nos próprios pensamentos e evitavam olhar pro outro.A mulher usava uma calça jeans que era coberta até o joelho com uma bota marrom e um grande casaco bege que a protegia do frio que a esperava lá fora.Decidida em quebrar o silêncio falou:

–Não é nada demais.Vai dar tudo certo,é só seguir o plano.

O homem a olhou.Os olhos azul-acinzentados cheios de fúria contida.

–Claro,não é nada demais você me chantagear-respondeu,sarcástico.

–Não é chantagem.Vamos colocar que é uma troca justa de favores.

–Sim,eu finjo ser seu Eternamente Apaixonado namorado,e você não publica as matérias.

–Exatamente.

E o silêncio reinou novamente.A mulher então abriu a porta do motorista,sentindo a brisa congelante enrubescer seu rosto.Saiu do carro e respirou fundo.Vai dar tudo certo,repetiu á si mesma.O homem a seguiu.Juntos atravessaram a rua em direção á casa amarela.Pararam em frente a pequena porta branca,e respiraram fundo.A mulher,com seus grandes olhos castanhos,dirigiu o olhar ao homem.

–Você vai ficar parado aí?

–Você quer que eu aperte a campainha?

–Acho que se nós vamos fingir ter um relacionamento deveríamos,sei lá,parecer que estamos apaixonados.

–Tá certo –disse ele,se rendendo e passando o braço pelos ombros dela,onde os cachos castanhos caiam em cascatas.

–Vamos ter que melhorar –murmurou ela,e pegou o braço do rapaz e o colocou em sua cintura-Agora sim.Gesto que demonstra amor e proteção,entendeu?

Os dedos finos dela apertaram a campainha,houve um certo silêncio vindo de dentro da casa.

–O único gesto que eu quero fazer pra você demonstra claramente que eu quero que você vá tomar no-a porta de madeira branca se abriu,e uma senhora de cabelos brancos sorriu pra eles.

–Hermione,minha querida!-disse a senhora.

–Mona,quanta saudade.-disse a morena,abraçando a avó.

–E quem é esse rapaz bonito?-perguntou Mona,desvencilhando do abraço.

–Hm,esse é o meu namorado.

–Muito prazer –disse o homem.

–E qual é o seu nome,querido?

–Draco,ér,Draco Malfoy.-respondeu,um tanto embaraçado,apertando a cintura de Hermione.

–Parece que dessa vez você se deu bem,Hermione,ele é realmente lindo-disse a senhora.

–Eu sei,vó,eu sei.

–Vamos entrar,está congelando aqui fora.

Os dois seguiram Mona por um pequeno corredor com as paredes cheias de fotos,retiraram os casacos e os penduraram.

–Só estávamos esperando vocês,daqui a pouco o almoço será servido.-informou Mona.

–E cadê o resto do pessoal?

–HERMIONE!-uma voz estridente [n/a:é muito importante que vocês imaginem a voz da Janice de F.R.I.E.N.D.S nessa parte e em qualquer outra em que esse personagem esteja presente] gritou.Hermione virou o pescoço,fechou os olhos,respirou fundo.Vai começar,pensou.

–Miranda,querida-disse Hermione,forçando um sorriso.

Miranda,com suas pernas de modelo francesa,andou até a nossa pequena Hermione e apertou num abraço desconfortável e ossudo.

–E essas gordurinhas,hein?! –alfinetou Miranda apertando os lados da barriga de Hermione.Bom,já dá pra perceber o porquê de Hermione odiar ela,não?

–Pois é,tenho tentado ter o corpo de um ser humano normal e não um cabide-respondeu a morena,Draco –que até o momento se mantinha calado-riu.Os olhos de Miranda se voltaram para o loiro e seu sorriso,que havia enfraquecido por causa da resposta de Hermione,voltou.

–E,olha só,você realmente o trouxe!

–Miranda-disse Draco,acenando com a cabeça.

–E ele continua estonteantemente bonito.

–Você o conheceu ontem Miranda,não é como se ele fosse ficar feio de um dia pro outro.

–Claro.

–E então,vamos ver os outros?-perguntou Hermione.

Eles seguiram pelo corredor estreito até uma pequena sala de estar,as janelas estavam abertas e a neve caía agora ligeira no parapeito,os sofás estavam recheados de pessoas.Todas mais velhas,a idade média do local agora era de 40 anos.

–Olha quem chegou!-disse Miranda,os ouvidos de Hermione tremeram,era incrível como Miranda conseguia falar num falsete desafinado.Todos na sala se levantaram e um por um foram cumprimentar a morena.Muitos “Como você cresceu” e “Não acredito que você finalmente desencalhou” foram ouvidos,e Hermione sentia uma vontade enorme de pular da janela e fugir.Draco acompanhava tudo em silêncio e cumprimentava os parentes de sua suposta namorada com pouca animosidade,dando a aparecer que ele era reservado e quieto.Mas na verdade sua vontade era matar Hermione e usar as tripas da mesma como colar.No momento em que todos os parentes de Hermione disseram em coro “Amém” depois de uma piada de seu tio Mory sobre como eles não acreditavam que ela realmente conseguiu um namorado e que ele gostaria de ouvir um amém,Hermione desejava que Draco realmente o fizesse

–O almoço está servido,por favor,tomem seus lugares –disse Mona.

A sala de jantar era tão simples quanto o resto da casa.Uma grande mesa ocupava a maior parte do cômodo e um lustre antiquado iluminava a ceia servida.Todos se sentaram e num gesto único todos seguraram as mãos de seus vizinhos na mesa.Draco,que estava sentado do lado de Hermione e da tia Shirley –uma mulher de uns 50 anos,com bronzeado alaranjado e sombra azul-turquesa nos olhos,vestido de oncinha e unhas feito garras-,levantou as mãos lentamente e segurou na mão de Hermione um tanto apreensivo.

–Querido Pai,estamos aqui hoje lhe pedindo para que abençoe essa comida e as vidas dos que aqui hoje estão reunidos.Amém.-entoou Mona.

–Amém-disseram todos em uníssono.

Serviram-se então da comida mais simples e saborosa que Draco já provou em sua vida inteira,provavelmente o tempero secreto era amor e não sofisticação.

–Então,Mione querida,vocês vão ficar pro casamento da Miranda?-perguntou tia Shirley.

–Ah,sim,vamos sim-respondeu a castanha,sorrindo fraco.

–Casamento?Você não me disse nada de casamento algum -murmurou Draco,no ouvido de Hermione.

–Você acha que eu mandei você trazer um terno pra que então?

–Não sei,pensei que era alguma fantasia sexual sua.

–Cala a boca em nome de Jesus-replicou Hermione,bebericando o vinho.

–Então,Draco,quando você vai pedir a nossa Hermione em casamento?-perguntou tia Denise.Todos os olhos estavam vidrados no casal.Hermione engasgou com a bebida.

–Acho que tocamos num assunto delicado –comentou tio Mory.

–Hm,na verdade eu só estou esperando ela aceitar,já faz algum tempo que eu tento prender ela pra sempre comigo –respondeu Draco,a família de Hermione só faltava deitar em uma poça de sangue e chorar,já a nossa querida personagem olhava incrédula pro parceiro de crime.Incrível como ele consegue mentir muito bem,pensou a morena.

–Bom,vai demorar mais um pouquinho pra ele conseguir me forçar a casar com ele.Mas por enquanto,nós vamos pegar as malas no carro,licença.

E saiu arrastando o loiro pra fora da casinha amarela.

–Você é louco de falar que só falta eu aceitar os seus pedidos de casamento pra minha família?-perguntou a morena.

–Eu só estava contribuindo pra mentira que é a sua vida mas se você não quer eu posso ir embora e nós fingimos que isso nunca aconteceu.

–Nunca.Eu ainda tenho aquelas matérias,se você quer que elas continuem sem serem publicadas vai continuar quietinho na sua e seguir o plano.

–Até quando você vai continuar me chantageando com essas matérias?

–Até eu arranjar outra forma de te obrigar a fazer isso por mim –respondeu ela,retirando as malas do porta-malas de seu pequeno Prius prata.

–Você é um ser humano horrível.

–Já ouvi coisas piores,amorzinho.

–Cadê a Hermione Granger que eu conheci em Hogwarts?

–Você não conheceu nenhuma Hermione Granger em Hogwarts.

–Você entendeu.

–Ela foi decepcionada emocionalmente pelo mundo.

–E eu posso parabenizar esse ser que quebrou o pobre coração da heroína de guerra Hermione Granger?

–Pode sim,domingo.

–Ele vai no casamento?

–Ele é obrigado a ir no casamento.Ele é o noivo.