Divergente - por Tobias Eaton escrita por Willie Mellark, Anníssima


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Ui, Ui, Ui um grande obrigada a ela:
"Anníssima suas alterações e correções são absolutamente incríveis... és perfeita!!!"
Um bem vindo as leitoras novas Luana Consolini e a Katniss Everdeen Prior.
Um abraço apertado e um Eu te Amo a todos que comentam acompanham, e favoritam vocês são maravilhosos^^
Boa Leitura!!!



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Após o longo tempo que passei com Tris e de todas as sensações que percorreram meu corpo, sinto como se cada pedaço de mim ainda gritasse por mais contato com ela. Os momentos em que acompanhei sua respiração e o batimento acelerado do seu coração contra o meu peito não encontram paralelo em minha vida, mas assim que a maioria dos Destemores começou a se dispersar do Abismo, deixei-a ir.

Caminhei em direção ao meu quarto e decidi tomar um banho.

Não sei bem há quanto tempo estou sob o chuveiro, com os pensamentos ainda fixos nela, em seu poder de me mudar e de transmitir-me confiança. É... eu confio nela,desde a primeira vez em que a vi. A princípio fiquei confuso porque quando a ajudei sair da rede e a segurei, ou melhor, quando olhei em seus olhos brilhantes e intensos, senti como se a conhecesse em um nível mais profundo. Talvez fossem as roupas cinza e tudo o que elas representavam para mim, ou quem sabe eu a tivesse visto na escola ou na Abnegação, mas não era isso, e mesmo agora não consigo explicar esta necessidade que sinto dela, de me abrir com ela.

Ela é diferente das garotas para quem eu costumava direcionar meu olhar, sem nada sentir. Ela não é fraca e já provou isso a todos, mas, além disso, existem pequenas coisas, detalhes de Tris que acredito que só eu consigo enxergar. É claro que deve ser porque ninguém a observa tão atentamente quanto eu... Ela é mais perceptiva do que as pessoas da Abnegação e da Audácia. É lógica, racional, altruísta, corajosa... É divergente! Ela é o que quer ser. A única que me faz sentir coisas que nunca antes experimentei.

Sempre me senti inseguro em conversar sobre mim até mesmo com Zeke e Shauna, mas com a Tris é diferente porque ela já é minha, ainda que ela não saiba. Ela já faz parte de mim. Saio do banheiro e me jogo na cama, a mesma cama em que ela descansou no dia daquela agressão e me perco nos meus pensamentos. Ainda posso sentir o calor de sua mão em minha cintura e meus pensamentos seguem o mesmo rumo de sempre: Tocá-la novamente.

Só de imaginar em vê-la meu coração dispara e me pego sorrindo feito um bobo. Levanto-me e ando pelos corredores porque preciso de ar puro. Mas a quem quero enganar? A verdade é que, inconscientemente, o que determina cada um dos meus passos, neste momento, é o desejo de encontrá-la.

Faz tempo, desde a última vez em que visitei minha paisagem do medo e talvez esta seja uma boa hora de a ela retornar. Passo pela sala de vigilância para ver se o “incidente” com as câmeras tornou a acontecer. Ela está vazia porque a esta altura todos devem estar embriagados, o Destemor nunca se importou realmente com a segurança daqui e tenho certeza de que as câmeras são utilizadas mais como uma forma de nos vigiar do que para nos defender de algum mal.

Olho para uma das telas e vejo Tris, próxima ao abismo, acompanhada de Will e Christina. Para ir até a paisagem não é preciso passar pelo local onde ela está, mas se eu bem a conheço e gosto de pensar que sim, ela me seguirá, seja por curiosidade ou preocupação. Prefiro pensar que será a última opção.

Não quero mais que ela me chame de Quatro, assim genericamente, como todo mundo o faz. Quero que ela me conheça e, para isso, preciso mostrá-la quem sou realmente. Apanho duas seringas, guardo-as na caixa, e sigo em direção ao corredor, passando pelo lado oposto ao que Tris se encontra. Eu me movo silenciosamente, mas devagar para que ela possa ver.

Ando até o caminho direito da caverna e, como eu esperava, vejo um vulto me acompanhar. Sei que é Tris, ela tem os passos precisos e delicados, que escuto contra o chão da caverna. Começo a escalar e me contenho para não rir, com o barulho com que ela faz.

Entro na sala programo a simulação e a espero chegar. Ainda tenho medo do que ela possa pensar de mim. Eu fugi, fui um covarde, mas não posso continuar com isso. Permaneço de frente a porta quando a ouço chegar.

“Já que você está aqui” digo “Você pode muito bem vir comigo.”

“Para sua paisagem de medo?” pergunta.

“Sim.”

“Eu posso fazer isso?” ela pergunta enquanto caminha até mim.

“O soro te conecta ao programa, mas o programa determina qual paisagem você vai passar. E agora, está configurado para nos colocar na minha.”

“Você me deixaria ver isso?”

“Porque outra razão você acha que eu vou entrar?” Pergunto calmamente “Há algumas coisas que eu quero te mostrar.”

Seguro a seringa e Tris inclina a cabeça, passo o polegar de leve e aplico. Embora eu seja capaz de aplicar-me o conteúdo, ofereço-lhe a caixa com a outra seringa para que ela possa fazer o mesmo em mim. Quero que ela o faça para mostrar que confio nela.

“Eu nunca fiz isso antes” diz insegura, enquanto retira a seringa da caixa.

“Bem aqui” digo apontando o ponto certo no meu pescoço. Ela fica na ponta dos pés, aplica, encara meu rosto e eu não consigo tirar meus olhos dos seus.

Estendo minha mão e ela a segura, retribuindo meu toque com gentileza, e me pego mergulhado em emoções por poder tocá-la novamente. Com a mão livre abro a porta e juntos entramos na sala inicialmente escura.

“Veja se você pode descobrir porque eles me chamam de Quatro,” digo e a porta se fecha, ela se aproxima mais de mim.

“Qual é o seu verdadeiro nome?” pergunta.

“Veja se pode descobrir isso também.”

Então repentinamente o chão da sala some algo abaixo de nós range como metal, e começo a ver a cidade se formar sob nossos pés, estamos na plataforma novamente, e o vento começa a soprar fortemente nos empurrando cada vez mais para o chão incerto. Agarro-me a Tris passando meus braços em torno dos seus ombros e não tenho forças para pular, a tontura faz com que pareça mais alto, e minha respiração começa a falhar, procuro o ar, mas a cada rajada de vento fico mais fraco.

“Temos que saltar certo?” pergunta.

Aceno com a cabeça, pois não acho a minha voz em lugar algum.

“No três, ok?”

Aceno de volta.

Um... Dois... Três!” e ela me puxa para uma pequena corrida até o fim da plataforma. Caímos e eu fecho os olhos porque não quero ver, quero esquecer-me disso.

Ainda estou no chão com a mão no peito, procurando o pouco fôlego que me resta. Olho para ela que me dá a mão e me puxa rapidamente.

“Qual é o próximo?”

“É...” começo, então estremeço com o baque, e ela é jogada sobre mim. As paredes se formam à nossa volta, começo a arfar e corro meus braços para o peito procurando me encaixar no pequeno espaço que se forma ao nosso redor.

Ouço outro som forte e estamos presos. Logo, meu subconsciente grita que em breve não terei ar e vou morrer. Encolho-me procurando desesperadamente por ar e espaço. Tris está bem na minha frente, praticamente colada a mim.

Ela se afasta um pouco e sei que está procurando minha face para ver se, talvez, consegue me acalmar, mas não consigo agora somos dois e o espaço é mínimo. Sinto cada ponta do meu corpo se contorcer de dor.

“Ei,” ela diz tentando-me tranquilizar “Está tudo bem. Aqui...”

Sei que eu deveria saber que está tudo bem, mas meu corpo diz o contrário. Não tenho mais espaço, o escasso oxigênio agora é compartilhado por nós dois e em breve nem isso. Ela passa meus braços em volta do seu corpo e uma pontada de tensão e de alivio flui por todo meu ser e, contrariamente, isso me traz um pouco de calma. Agarro suas costas e coloco o rosto junto ao seu, estamos respirando o mesmo ar e não sei bem se isso me acalmou porque sinto meu coração bater desesperadamente mais rápido.

“Esta é a primeira vez que fico feliz em ser tão pequena.” Ela ri talvez tentado me acalmar, sem sucesso.

“Mmmm,” tento mais não consigo, meu ar!

“Não podemos sair daqui, é mais fácil enfrentar o medo de cabeça erguida certo? Então o que você precisa é tornar o espaço menor.” Sei que ela está certa, mas eu não vou conseguir, já está pequeno o suficiente e meus pulmões gritam por ar. “Torná-lo pior para melhorá-lo certo?”

“Sim” espremo as palavras.

“Ok, vamos ter que agachar então. Pronto?”

Não respondo, estou imóvel. Tris aperta minha cintura e me puxa com ela, sinto o teto nos acompanhar e fecho os olhos para o desespero me deixar. Ela se vira e encaixa a coluna em meu peito, dobra um dos joelhos de um jeito que se senta em meu tornozelo.

Se a intenção era piorar, ela conseguiu já que agora está desconfortavelmente sem nenhum espaço.

“Ah, isso é pior. Isso sem dúvida...”

“Shh, braços em volta de mim.” Ela manda.

Obedeço, deslizo meus braços em volta de sua cintura. Se estivesse fora daqui com certeza, com toda a certeza eu adoraria fazer isso, mas aqui, cada movimento nos faz ficar mais presos e apertados um ao outro.

“A simulação mede sua resposta ao medo, então se você se acalmar seus batimentos cardíacos, ela vai passar para a próxima lembra-se? Portanto, tente esquecer que estamos aqui.”

Claro muito fácil, como se esse tipo de experiência fosse algo normal. Passar um longo tempo enclausurado, desconfortável, com falta de ar e agarrado à garota que faz meu coração bater como asas de beija-flor, isso é fácil. “Sim? Isso é fácil hein?” digo

“Você sabe, a maioria dos meninos gostaria de estar preso em quartos fechados com uma garota.” Sei que ela quis brincar, mas ouço um ruído sinalizando de que a caixa está ainda mais apertada.

“Não pessoas claustrofóbicas, Tris!” o ruído fica mais alto do meu lado.

“Ok, ok.” Ela guia minha mão até o seu peito e entro em desespera. Se a intenção era me acalmar, ela não está obtendo sucesso. Fecho meus olhos instantaneamente. “Sinta meu coração. Você pode sentir isso?”

“Sim” digo.

“Sente como ele está estável?”

“Está muito rápido” digo francamente.

“Sim, bem, isso não tem nada a ver com a caixa” - meus olhos se abrem, ela acabou de admitir que EU, não ISSO está mexendo com ela. “Toda vez que me sentir respirar, você respira. Concentre-se nisso.”

“Ok.”

Acompanho sua respiração, mas não funciona, sinto sempre o espaço ficando menor.

“Por que você não me diz de onde esse medo vem. Talvez falar sobre o assunto vá nos ajudar... de alguma forma.” Ela diz.

“Hum... tudo bem” respiro novamente “Este é da minha infância fantástica. Castigos de infância. O pequeno armário sob a escada.”

“Minha mãe guardava nossos casacos de inverno no armário”, ela diz.

A lembrança me invade, não sinto o ar, meus pulmões ardem.

“Eu não... Eu não quero falar sobre isso”, eu digo.

“Ok. Eu posso falar. Pergunte-me alguma coisa.”

Ri ainda tremulo, mas isso me deixa feliz porque posso perguntar o que eu estava pensando. “Por que seu coração está acelerado Tris?”

“Eu mal te conheço...” ela pensa um pouco “Eu não te conheço e estou enrolada em você dentro de uma caixa, Quatro o que você acha?”

“Se estivéssemos em sua paisagem de medo eu estaria nela?” pergunto.

“Eu não tenho medo de você.”

“Claro que você não tem. Mas não foi isso que eu quis dizer.” A tentativa dela de esconder seus sentimentos me faz esquecer-se de onde estou então eu rio. As paredes imediatamente se quebram nos deixando com espaço e ar o suficiente, suspiro e me levanto. Estou de pé na sua frente.

“Talvez você tenha sido descartada daSinceridade, por que você é uma péssima mentirosa.” Falo com um sorriso nos lábios.

“Eu acho que meu teste de aptidão decidiu que eu minto muito bem.” Ela diz com um tom de altivez e vergonha por ter sido descoberta.

“O teste de aptidão não diz nada” digo enquanto balanço a cabeça.

“O que você está tentando dizer? O teste não é a razão de você está no Destemor?”

“Não exatamente... Eu...” começo, mas a sinto atrás de mim, a mulher.

Dessa vez ela não se ajoelha, está imóvel nos apontando uma arma. Outras armas já estão na mesa ao lado e as olho relutante.

Eu não sou um assassino!

“Você tem que matá-la” Tris diz baixinho.

“Toda vez.”

“Ela não é real.”

“Ela parece real” mordo o lábio que insistia em tremer “é uma sensação real.”

“Se ela fosse real, ela já teria te matado” Tris conclui.

“Isso é certo” Balanço a cabeça tentando não demonstrar o pânico “Eu vou... fazer isso. Isso não é tão... ruim. Não há muito pânico nisso” digo mais para mim do que para ela.

Pego a arma sobre a mesa, coloco a bala no tambor, e seguro na minha frente. Minha mente grita, minha cabeça dói.

Ela não é real, ela não é real... Não é real.

Então atiro e a vejo cair no chão, um frio se espalha pelo meu corpo. Deixo a arma cair no chão, próxima a ela. Tento entender que ela não existe, mas de alguma forma vejo a vida deixar seus olhos.

“Vamos, vamos embora. Continue se movendo.” Tris me arranca da culpa.

Assim que passamos pela mesa, o corpo desaparece, mas a sensação de tê-la matado diversas vezes faz com que seu rosto esteja cravado em minha mente. Seguimos m frente e agora é o momento em que Tris vai me reconhecer, onde eu irei desmaiar como um covarde por não conseguir nem olhar para ele.

“Aqui vamos nós,” sussurro.

Ele vem em nossa frente, com a mesma postura, rígida, com fome de sofrimento.

“Marcus”, Tris sussurra.

“Aqui está à parte que você descobre meu nome.” Digo perdendo o resto de controle que ainda tenho. Ele caminha em minha direção.

“Ele é... Tobias.” Tris me olha.

“Isso é para o seu próprio bem,” ele diz. Tudo irá começar de novo, meu corpo já se contorce com a dor, uma dúzia deles está a minha volta e todos com um propósito em comum: ferir-me. Perco meu controle, minhas pernas tremem quando seus braços se levantam, segurando cintos prontos para serem estalados contra meu corpo. Eu encolho como uma bola, procurando proteger-me dele.

Espero a dor de olhos fechados, mas ela não vem. Ele desistiu? O que há de errado? Abro meus olhos e vejo Tris na minha frente entre Marcus e mim. O cinto que tanto conheço está agarrado em seu pulso. Ela se jogou na minha frente? Vejo-a quando o puxa, desequilibrando-o e tomando o cinto de suas mãos. Ela lança o cinto ferozmente sobre o ombro de Marcus que grita de dor. Em questão de segundos ele avança sobre Tris e meu medo desaparece, pois a raiva toma seu lugar.

Ele já me machucou, mas em Tris ele não irá tocar– minha mente grita.

Puxo Tris para trás me colocando entre os dois. Eu o encaro com fúria, pronto para atacá-lo, minhas mãos se fecham em punho. Então todos os Marcus ao nosso redor desaparecem e as luzes acendem me revelando pela primeira vez a sala pós-paisagem.

Corro meus olhos pelo lugar. Não tive medo, mas ódio de Marcus. Sai acordado da paisagem por causa dela.

“É isso? Aqueles foram seus piores medos? Porque você só tem quatro...” ela me olha por um momento rápido.

Ainda estou ofegante com o que aconteceu, mas ela me ajudou enfrentar Marcus. Viro-me e a vejo me olhar como se eu tivesse feito algo grandioso, algo de se admirar, ela não está...

Com pena de mim?

“Oh é por isso que eles chamam você de...” ela para.

Corro minha mão em seu cotovelo, pressiono com o polegar e a puxo até mim. Movimento meus lábios por sua bochecha sentindo de perto a textura de seu rosto macio, minha boca deseja a dela. Aperto meus braços em volta dos seus ombros e enterro o meu rosto em sua clavícula. Seu cheiro me traz paz... Sinto quando seus braços - que inicialmente estavam hesitantes – retribuem meu abraço com a mesma intensidade.

“Ei,” ela diz baixinho “Nós superamos isso.”

Levanto a cabeça e deslizo meus dedos pelos fios sedosos de seu cabelo, prendendo-os atrás da sua orelha. Encontro seu olhar. Eu só quero continuar a senti-la, parar este segundo pelo máximo de tempo, só para ter mais da lembrança deste momento.

“Você me fez superar isso” digo depois de muito tempo.

“Bem... é fácil ser valente quando eles não são os meus medos.” Ela fala tentando soar descontraída diante do clima tenso que se instalou quando nossos olhos insistiram em não se desviar um do outro. Lentamente, ela retira suas mãos de mim e sei que está nervosa porque sinto a mesma coisa. Eu me deixei levar pelo momento e não será agora, que estou tão próximo a ela, que irei parar o que comecei. Vou aproveitar esta oportunidade e revelar por completo meus sentimentos porque não resta mais nenhuma confusão em mim.

“Venha eu tenho um lugar para te mostrar.” Digo pegando suas mãos.


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Notas finais do capítulo

E aí gostaram????
Ps.: Ontem não postei porque a internet da escola, fez o "favor" de cair :(