Era um mundo onde ela não sabia se encontrar e tudo parecia novamente escuro e pegajoso. Era assim que se sentia toda vez que a enfermeira vinha lhe dar os remédios que deveriam deixa-la entorpecida.

A depressão era a doença mais cruel que encontrara. Logo que descobriram os remédios que ela usaria para, mais uma vez, tentar se suicidar ainternaram.

Porém não era disso que Jasmyn precisava, ela queria voltar a ser quem era, como era, queria voltar para os sonhos que uma vez lotaram suas noites e que a faziam se levantar todas as manhas e lutar para sobreviver.

Naquele exato diafaziamtrês anos, três longos anos desde que fora proibida de dançar. Quatro anos atráso pai morrera em um acidente de carro e ela ficara cuidando de sua mãe durante um ano até que ela a proibisse de voltar a dançar.

"Você se machuca demais minha filha." "Os treinos são muito puxados minha filha, você tem que priorizar a escola, o seu futuro para que não seja dependente de ninguém."

Ela dissera aquilo para proteger a filha, porém com apenas 12 anos Jasmynnão foi capaz de entender ou suportar a ideia de que sua mãe não aceitava a sua dança, a sua vida do jeito que era. Então veio a depressão que tão fervorosamente a arrastou para o fundo do poço sem meios aparentes para voltar a superfície e ver novamente a luz do sol.

O mundo de Jasmyn era agora negro como uma noite sem luar, como o negrume de um poço sem fundo visível, como um mundo sem cores. Ela precisava da dança como as plantas de sol e sua mãe tirara dela esse ardor de viver. Mas ela, apesar das horríveis tentativas, queria viver elutava bravamente a guerra dentro dela.

Mas naquele 12 de outubro tudo mudaria. Um jovem entraria no seu quarto e lhejogaria a corda para que ela saísse do poço e Jasmyn a agarraria com todas as forças que sobraram dentro de si.

" - Jasmyn, você tem uma visita querida. -Essa era a habitual enfermeira vestida de um branco impecável assim como o coque que Jasmyn sabia prender seu cabelo.-

- Se for a minha mãe novamente diga-lhe que estou indispostaSandra, não quero mais brigas por hoje, porfavor.

- Não minha queria, é um jovem quem quer te ver,ele se diz evangelizador, diz que quer lhe falar de Deus, isso se quiseres ouvir.

A ideia de imediato não animou Jasmyn, a garota estava desacreditada porém foi a curiosidadeque a fez responderde modo afirmativo a pergunta da enfermeira.

- Olá Jasmyn, meu nome é Nick, eu sou do grupo de jovens de uma igreja que está visitando o hospital hoje, posso falar com você um instante?

Esse instante estendeu-se por horas e mesmo depois de seus amigos da igreja terem ido embora Nick permaneceu com Jasmyn, ouviu sua história e contou a dele.

Contou sobre como quase morrera assassinado por causa das drogas e em como tinha aceitado a Deus em seu coração e em como vinha lutando para permanecer junto Dele.Mas Nick também falou para Jasmyn das coisas de Deus, dos milagres e da dificuldade de viver na vida planejada por Ele, na luta diária.

Ela estava sentada na poltrona de frente para a janela. O dia era chuvoso, o que a deixava pensativa, reflexiva, porém além disso algo mudou dentro dela e as lágrimas há muito secas rolaram por seu rosto e em um choro amargurado, de quem precisa colocar para fora o amargurar de um coração ela as deixou rolar.

Ele notou que aquela garota um ano mais nova que ele mesmo, sentada toda encolhida naquela poltrona bege de frente para um janela sob grossos cobertores tinha muito mais para mostrar a ele do que ele a ela. Naquele dia algo mudou nele também.

Não por instinto mas por compaixão, pela necessidade repentina de faze-la parar de chorar tão amarguradamente ele a abraçou, colou-a sentada em seu colo e sem malicia alguma eles ficaram naquela posição por um tempo indeterminado. Ele a tinha no colo e a embalava devagar enquanto passava seus dedos nos cabelos longos e negros da garota que tinha pele de porcelana e os olhos com cor de tempestade.

Mas dias como esse se seguiram. Todos os dias Nick vinha visitar Jasmyn, fizesse chuva ou sol fosse dia de semana ou feriado ele passava no mínimo três horas por dia conversando com ela, até o dia em que ele se viu com um revelação em seu coração.

- Jas, eu estou com um problema.

- Nick, o que aconteceu? Você tá bem? Alguém quer te machucar? Você machucou alguém? Me conta!!!!!

A reação dela o fez sorrir e por um momento o peso dentro do coração dele se desfez, ele precisava contar, por mais que a machucasse, por mais que ela não sentisse o mesmo.

- Não Jas, está tudo bem comigo. Quer dizer, mais ou menos. Jas eu preciso te contar uma coisa.

- Bom então conte Nick, estou curiosa... CONTA LOGO!!!!!

- Jas eu... eu acho que te amo.

Ela ficou branca, os olhos enegreceram, lágrimas se formaram e se acumularam.

- Nick não mente para mim, você não pode falar uma coisas dessas para mim, eu aindaestou doente e... e... quem te contou? Me diz Nick! Foi a Sandra não foi? Eu pedi para ela não falar nada, você não tem que se sentir obrigado a nada e não quero que...

- Jas! Fica quieta tá legal? A Sandra não me falou nada eu só estoufalando o queestou sentindo.

Ela se levantou num rompante, ficou de pé tão rápido que por um momento tudo rodou, mas ela se manteve firme, a raiva deixava seus olhos ainda mais parecidos com nuvens de tempestades carregadas a ponto de estourar.

- Isso deve ser muito engraçado né Nick! Você ficar brincando com uma garota doente. Quer dizer, você realmente acha que alguém como você iria "amar" uma garota como eu? Ata... eu não sou tão burra Nick, posso ter cometido os meus erros, mas não sou tão...

Jasmyn não teve tempo de terminar. Nick, com tanta raiva quanto ela se colocou de pé e colou sua boca na dela. Primeiro com raiva, era um beijo possessivo, que exigia, que ordenava, mas que logo passou a ser doce, calmo, restaurador. Jasmyn cedeu.

Ela amava, eles amavam juntos. Agora como um só.

Nick continuou vindo e eles continuaram tanto como melhores amigos como, agora, namorados. Ele mostrou a luz a ela, e ela lhe ensinou a ser paciente, lhe mostrou como Deus tem seu próprio tempo para as coisas.

Demorou apenas mais um ano até Jasmyn ser liberada da internação no hospital. Os médicos diziam que sua recuperação tinha sido milagrosa, a mais rápida e bem sucedida em anos. Ela dizia ser o milagre do amor, do amor de Deus.

Ela reaprendeu a viver, a ver, andar, falar. A ser uma nova Jasmyn. Porém algo ainda estava faltando na vida da moça agora com quase dezessete anos. A dança.

Depois de muito discutir a ideia com a mãe Jasmyn conseguiu que a mãe a deixasse ter uma ultima chance para entrar em uma escola de dança, a melhor do país.

Foram meses treinando e a cada trino que Nick assistia ele notava um novo lado da mulher que aprendeu a amar e entender. A dança era a vida de Jasmyn, assim como a música era a sua, apesar de ele já ter desistido de seu sonho de se tornar músico profissional fazia anos.

Ela treinou. Coreografou a si mesma, aperfeiçoou-se, e Nick, tomando-a como exemplo fez o mesmo. Ele tocou e ela dançou no dia do teste e ambos, juntos, passaram para a Juliard, a academia de dança e artes mais prestigiada do mundo.

Eles foram felizes por anos, tiveram filhos e juntos enfrentaram a vida e suas adversidades.

Jasmyn, Nick e Deus, vivem hoje juntos no Reino. Felizes e em paz.