Naruto Gokusen escrita por yin-yang


Capítulo 2
#2: KIZUNA! Sasuke vs. Naruto


Notas iniciais do capítulo

Olá. Finalmente, aqui estou com a atualização de "Naruto Gokusen". Peço desculpas pelo atraso. Devido a falta de tempo, mais alguns fatores da vida corriqueira resultaram nessa longa e cansativa demora. Mas o resultado está aí. Espero que gostem!

Att,
yin-yang.



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O sol alvorecia naquela linda manhã e Anko, dessa vez, não chegaria atrasada. Havia acordado mais cedo; já estava pronta para mais um dia que se iniciava. Radiante, ela saía de casa, onde residia com seu avô, Orochimaru – a quem era profundamente grato.

Imaginava como seria aquela nova semana com os alunos. Eles eram problemáticos – a escória da sociedade – como costumavam ser chamá-los, mas que a herdeira Orochi discordava disso; apenas eram mal compreendidos assim como um dia ela já foi. Apesar de tudo, ela os adorava. Aquele jeito rebelde único deles cada vez mais a motivava a querer ensiná-los sobre as lições da vida. Caráter ao menos ela acreditava que eles possuíam.

Ia até o ponto de ônibus, na vã esperança de encontrar novamente aquele lindo homem mascarado, cujos cabelos prateados reluziam com os raios solares. Ah, Romeo-sama! Como ela queria encontrá-lo, nem que fosse somente para devolver aquele livro que, por ventura, havia deixado cair e ela havia cuidado com tanto carinho. Desanimada ao notar que ele não mais utilizava o transporte público, suspirou.

– Hm? – Notou um bilhete colado na placa de horários. Era um aviso. – “Atenção passageiros, durante essa semana as rotas serão iniciadas somente a partir das 10:00 hs.”... – Uma pequena pausa. – O QUE?!

Rapidamente, a Mitarashi olhava para o relógio. Do ponto de ônibus até o colégio daria uma bela caminhada, mas pelo menos o tempo estava ao seu favor. Antes de dar a largada – como se estivesse em uma competição ­ –, ela se aquecia, para que tivesse nenhum tipo de problemas com a musculatura durante. Era uma pessoa de hábitos saudáveis, portanto, na sociedade atual, pudesse ser estranhada vez ou outra. Pronta, em passos moderados, ela corria em seu traje esportivo vermelho com uma única listra branca. Aquele era seu uniforme e já tinha se acostumado com ele. Era confortável, prático e discreto. Tudo o que precisava. Nada a mais, nada a menos.

Quando passava pela ponte exclusiva para pedestres, notava um aglomerado de estudantes. Parava, aos poucos, seus passos, até que se aproximava deles. Eram seus habituais oito alunos. Frente a frente, estavam apenas Naruto e Sasuke. O resto apenas os assistia, na expectativa, cada um de seus líderes, cada um à sua maneira: ao lado de Naruto, Chouji, como sempre, a comer compulsivamente a batata frita que acabava de abrir; Rock Lee a segurar sua inseparável bola de futebol, autografada pelo treinador Zico; e Kiba a coçar sua cabeça. Ao lado de Sasuke, porém, a ansiedade parecia não ser tão visível. Shikamaru parecia entretido ao observar as nuvens, enquanto Shino observava os insetos matinais sobrevoar o rio e Neji deitado sobre o gramado com a mão em seu abdome.

O combate corpo a corpo havia começado entre os dois rivais que, há tanto tempo, ensaiavam por esse momento. Queriam por fim a essa disputa.

– Quem vocês acham que vence essa luta? – Disse Anko, agachada entre os amigos do loiro, curiosa.

– Ah, que pergunta idiota! – Disse Chouji, um tanto quanto ansioso. – É lógico que é o Naruto!

– É isso aí! – Disse os outros dois, concordando com o outro.

– Hum...

– O-O QUÊ!? – Gritaram eles todos, com os corações acelerados. Viravam-se rapidamente para ela, assustados.

Ela sorriu, contente.

– Ohayou, Chouji, Kiba, Lee. – Cumprimentou-os ela. Assim, voltava sua atenção para os líderes. Seus olhos brilhavam, empolgada, como se assistisse a um grande espetáculo.

O jogo era limpo – embora a luta parecesse ser violenta, com chutes, socos e golpes, era tudo muito justo, de mãos vazias. Disputas assim Anko não era contra, afinal, conhecia muito bem as condutas de honra. As mais tradicionais famílias mafiosas ainda conservavam tais valores, como era o caso da Orochi.

– Vai lá Sasuke, Naruto! – Gritou ela, na maior animação. Para a torcida, só faltava a pompom. – Dê o melhor de vocês! Uhuul!

Todos os estudantes a olharam, sem exceção. Os líderes, inclusive, interromperam a luta.

– O que foi, pessoal? – Perguntou ela, sem entender o motivo da interrupção. – A luta já acabou?

– O que está fazendo aqui, maldita?! – Perguntou Kiba, irritado.

– Aliás, como você surgiu? – Pronunciou, Shikamaru.

– Eu? –Indagou-se, na maior inocência. Apesar de tudo, ainda permanecia a sorrir. – Eu estava vendo a luta de voc—

Antes que pudesse continuar, o Uchiha se aproximava da mesma, intimador, ainda que com um ar de dúvidas.

– Por que não nos impediu? – Questionou ele, desconfiado.

– Hm?

– Eu perguntei por que não nos impediu. – Respondeu Sasuke, confuso.

– Por que eu os impediria? – Retrucou ela, sorridente, agora a se levantar. Ela caminhava até o rapaz, esticando-se.

– Porque é o que qualquer professor normal faria. – Completou o loiro, antes o outro pudesse dirigir a palavra.

– Mas eu não vejo o que vocês estão fazendo como algo errado! – Disse ela, radiante. Encheu os pulmões, prestes a fazer um discurso. Seus olhos brilhavam junto com o sol matinal. – Dois jovens, na flor da idade, tendo uma disputa justa para aprofundar os laços de companheirismo! Isso é belo, isso é magnífico! Isso sim é o florescer da juventude e—

– Não somos companheiros. – Cortou Sasuke, ríspido.

– Ein? – Ficou ela sem entender. – Como não? Mas pelo menos são colegas, não são?

– Nem colegas! – Respondeu Naruto à professora. – O que eu tenho com ele é apenas rivalidade.

Após as palavras do outro, o Uchiha apenas observou, calado. Suspirou, um tanto quanto irritado.

– Sou indiferente, mas tenho orgulho suficiente para não recusar uma briga vendida há anos. Apenas isso. – Completou Sasuke, ao explicar seu lado à terceira. Olhou para o relógio de pulso, sossegado. – Mitarashi, voc—

– Ei vocês! – De repente, um grito. Todos olharam para trás. – O que vocês estão fazendo a essa hora da manhã aí!? Subam aqui agora, todos vocês!

Ao notar que era um guarda policial, Anko gelou. Como tinha íntimas ligações com a máfia, tinha medo até mesmo de só cruzar na frente de um guarda, mesmo que esse fosse insignificante.

– S-SATSU! [1] – Gritou ela, trêmula, já atrás dos alunos.

– Satsu? – Indagou Sasuke, que acabava por servir de escudo para a mesma.

–... N-Não importa! – Gaguejou ela, olhando para os lados, pensando em uma forma de escape. O importante naquele momento era sumir dali. – Por ali, pessoal! Sigam-me! – Disse, guiando os demais.

Sem hesitarem, os demais a seguiram, embora tivessem certa dificuldade. Ela era muito rápida e parecia não se cansar. Aos olhos da sociedade, talvez, aquela cena pudesse parecer um treino matinal de corrida, com liderança de uma professora, mas a verdade não era exatamente aquela.

Haviam corrido tanto que, por fim, chegaram ao colégio sem mesmo se atrasarem, algo raro para os alunos daquela sala. Cansados, eles ofegavam, escorados na parede. Anko, porém, parecia tranquila, sem muita exaustão. O Uzumaki a observava, um tanto quanto intrigado.

“– Chouji, Chouji! – Chamou Kiba enquanto o chacoalhava, na tentativa de acordá-lo.

– Acorde, Chouji-kun! – Disse Lee em seguida.

Com os esforços dos amigos, Akimichi se pôs finalmente a despertar, meio zonzo. Todos sorriram, aliviados. Quando finalmente se lembrava do que havia acontecido, ele se levantou, apreensivo.

– Cadê a senkou?! – Disse, desesperado.

–... Mitarashi? – Indagou Naruto, confuso.

– É. – Afirmou com a maior convicção. – Ela chegou aqui derrubando o portão e... Aí... Eu não lembro.

Todos se olharam, preocupados com o amigo. Ele, definitivamente, não estava bem.

– Cara... – Começou Kiba, quase a gargalhadas. – Devem ter batido com muita força na sua cabeça. Não tem como alguém como uma professora derrubar um portão daquele.

– Mas é sério, porra!

– Hai hai, Chouji-kun, já entendemos.

Assim, ambos ajudaram o amigo a andar. Naruto, por sua vez, ficou um momento parado, analisando as palavras do amigo. Olhava para o portão que, de fato, estrava tombada. Olhava para toda sua volta, atento, desconfiado.

– Naruto, vai ficar aí? – Perguntou ele, sorrindo. – Vamos te deixar aí sozinho, boke.

– Já estou indo! – Respondeu ele, correndo até seus companheiros.”

– Ei, Mitarashi. – Chamou o líder moreno pela docente enquanto a observava atentamente, o que fez dispersar os pensamentos de Naruto.

– Hm? – Voltou sua atenção para o aluno, agora superatenciosa. – O que foi, Sasuke?

– Você é estranha. – Disse ele, apenas, antes de entrar para o interior do colégio discretamente, enquanto os demais companheiros o acompanhavam.

O outro líder somente o observava, quando então, entes que o outro se fosse por completo, foi atrás do mesmo.

– Sasuke! – Gritou o mesmo, como se o intimasse. – Depois da aula, atrás do colégio.

O outro, porém, nada disse. Sabia ia ser intimado daquele jeito, caso ele mesmo não propusesse. Era sempre assim. Já conhecia o adversário.

Não tardou para que Naruto também entrasse ao colégio, para a sala, seguido de seus companheiros. Chouji, porém, havia restado. Continuava a olhar a professora, que havia presenciado, mais uma vez, uma proposição de luta. Ele estava pensativo com relação aos acontecimentos da semana passada. Tinha quase certeza de que havia sido ela a tê-lo salvo dos marginais da cidade. Mas e se de fato tivesse sido, por que ela teria feito isso, um alguém que ela havia tentado agredir dentro da sala? Nesse momento, caberia a ele um obrigado e um pedido de desculpas e ele sentia isso.

A professora o olhava, confusa, sem muito compreender a razão pela qual ele a olhava daquela forma. De qualquer modo, ela sorriu. Olhou para o relógio e, então, arregalou os olhos. Faltava um minuto para bater o sinal de início.

– AI MEU DEUS! – Escandalizou Mitarashi.

–Hã? – Indagou o gordo, franzindo o cenho sem nada compreender.

Rapidamente, ela pegava o aluno pelo braço e saía, novamente, em disparada, porém, agora para o interior da escola.

– Você é louca?! – Perguntou o aluno, já ofegante novamente durante a corrida até a sala.

– Cale a boca e só corra, seu gordo! – Disse ela, tensa, sem olhar para trás. – Se o cabeça nos encontrar aqui, a barra sujou e estaremos fritos!

– O quê ?!

Mais uma vez, um fora.

– N-N-N-N-N-N-Nada! – Ficou constrangida. Como detestava soltar aqueles deslizes. Não podia colocar sua identidade em risco. – O sinal, Chouji! ELE VAI BATER!

Assim, ao dar mais um impulso no chão, ela aumentava sua velocidade, chegando à sala de aula ao arrastar seu aluno.

– Ohayou! – Disse ela, ao adentrar à sala, agora já radiante, bem diferente daquela que o Akimichi havia presenciado durante a curta corrida até a sala.

O aluno ficava sem entender, ainda na porta, enquanto observava aquela mulher de traje esportivo.

“Acalme-se, Anko. Acalme-se”, pensou a professora enquanto sorria para a turma. “Desde a entrada, esse gaki está me encarando... Isso não é bom. Idiota! Por que eu também não meço as minhas palavras?”

­– Hai haaai! – Anunciou ela, abrindo o livro de presença. – Vamos começar a nossa aula.

– Que senkou estranha. – Disse Chouji ao pensar alto enquanto ia até a sua carteira.

Não sabia se era impressão sua, mas a sala, que não era muito numerosa, já não parecia tão terrível como aparentava ser no primeiro dia de aula.

xxx

Durante o intervalo, estava o jovem Uchiha deitado no terraço, de olhos fechados, enquanto ouvia a gritaria vinda do pátio externo daquelas vozes que, mesmo de longe, eram inconfundíveis:

– Chouji, seu gordo de merda! – Dizia Kiba, – Olha o tamanho da sua pança! Custa deixar o último pão de yakissoba pro seu camarada aqui?

– Kiba, seu mau caráter! – Entrava Lee na disputa, empurrando os amigos. – Eu sou o que gasta mais calorias aqui nesse grupo, por isso nada mais justo que eu consumir mais!

– Mas eu que estou com fome, porra! – Disse o Akimichi, derrubando os demais. Quando finalmente havia se livrado dos “obstáculos” até saborear seu delicioso e maravilhoso pão de yakissoba, eis que Chouji se deparava com um problema: a comida havia sumido de sua mão. – MAS O QUÊ?!

– Sankyuu, Chouji. – Disse Naruto, com o pão em mão, dando a primeira abocanhada.

– Naruto... Seu... TRAIDOR!

Como sempre, aquela guerra rotineira por comida acaba tirando um sorriso de canto dos lábios e Sasuke, quando então alguém o cutucava os ombros. Abria os olhos, agora sério, e olhava para trás, quando então tinha sua bochecha apertada pelo dedo daquela mulher sorridente.

– Yo! – Disse Anko, radiante.

Ele revirou os olhos, incomodado.

– Você de novo. – Quis terminar o assunto antes mesmo de iniciá-lo. Todos permaneciam em silêncio. Nenhuma palavra fora trocada.

– Hein... – Quebrou ela o silêncio. – Você sabe o por que de ele ter rivalidade toda com você?

O moreno suspirou.

– Por que não pergunta diretamente para ele? – Retrucou ele, retórico. Ao notar que ficaria sem resposta, suspirou novamente, pondo-se a continuar. – Talvez ele só queira mostrar que seja o mais forte.

Com a resposta alheia, a professora antes sorridente ficava com o semblante sério. Assustado, ele a encarava.

– O-O que foi? – Perguntou um tanto quanto constrangido com o olhar lançado pela adulta sobre ele. – Por que tá me olhando assim?

– Isso é ridículo! – Disse ela. – Você acha que realmente há essa necessidade de se provar alguma coisa com força?! O que vocês ganharão com isso?

– Eu já disse que eu sou indiferen—

– Não interessa! – Interrompeu. – Eu sei que é difícil pisar por cima do orgulho, ainda mais sendo homem, mas raciocine! Por causa desse maldito orgulho de vocês, sabe quando essa diferença vai ter fim? Nunca! E isso só vai trazer mais e mais desavenças! – Falou ela, aproximando-se mais do mesmo. – Todos vocês poderiam estar juntos, lado a lado, construindo as últimas e as melhores lembranças enquanto alunos desse colégio... O que vocês estão fazendo, será que não é perder tempo?

Com o pequeno sermão dado pela professora, o líder se calou. Por mais rebelde que fosse, sabia ouvir e acabava por concordar com as palavras da mais velha, embora não tivesse coragem de admitir. Sentava-se, por fim, o garoto, enquanto agora passava a observar o grupo abaixo, que, alegremente, se divertiam.

– Bom – Recomeçou a professora, depositando a mão sobre o ombro do Uchiha enquanto se levantava –, eu não vou impedir qualquer impasse entre vocês, mas só quero que pense a respeito.

Dito isso, ela se levantava, indo até a grade do terraço, onde se pendurava e observava os demais estudantes ali embaixo, sorrindo.

– Hooooy, omaera! – Gritou para os mesmos, acenando. – Vamos voltar para a sala! A aula já já vai começar!

Ao ouvirem-na, os alunos corriam em disparada, como se fugissem dela, travessos. Um deles – Kiba, para ser bem específico – virava para trás, fazendo-lhe uma careca, provocativo.

– Koraaa! – Disse ela, ao alternar de humor novamente. Sentia sua veia saltar em sua cabeça. Se não estivesse no último andar, talvez já tivesse escalado aquela grade. Assim, ela descia de onde estava e começava a correr em direção à escada, prestes a ir atrás daquele grupo.

– Baka. – Disse ele. Sem perceber, um sorriso em seu semblante.

Ao ouvir a voz do estudante em um tom mais alegre, ela parou com seus passos. Virou-se para ele, fitando-o em um sorriso satisfeito.

– Vocês também, vê se não se atrasem para a aula! – Desse modo, ela corria atrás dos demais.

Assim que ela se fora, o moreno suspirava, como se cansado mentalmente. Voltava a observar os demais ali embaixo que, por incrível que parecesse, estavam quase sendo alcançados por aquela professora.

– Aquela senkou... Parece ser diferente, não acha? – Disse Neji, próximo ao Uchiha distraído.

O Hyuuga se sentava ao lado do companheiro, tendo suas mãos apoiadas no chão. O outro olhava para o amigo recém-sentado ali e então voltava a atenção para a sua volta.

–... Hm. – Respondeu monossilábico, talvez com medo de alguma repressão por parte do amigo.

– E então – Começou o adolescente dos longos cabelos castanhos escuros –, o que pretende fazer, Sasuke?

– Você sabe. – Disse agora Shikamaru, agora esse se levantando e indo até os dois. – Nós vamos te apoiar, independentemente de qual for sua decisão.

O Uchiha olhava para todos os amigos que sorriam para ele. Assim, ele sorriu de volta, sem dar uma resposta concreta. Preferiu olhar para o céu, onde podia observar as nuvens.

– Saa... na. [2]

xxx

Depois do intervalo, as aulas que os alunos do 3º D teriam eram com a professora Shizune que, assim como os demais professores, não parecia colocar muita fé na turma. Na verdade, única ainda quem acreditava no potencial deles era Anko que, naquele momento, tinha sua hora-atividade na sala dos professores. Olhava para a lista de chamada, pensativa. Batia periodicamente a lapiseira na carteira, como o ponteiro do relógio a cada segundo que se passava. Os demais professores, curiosos, lentamente, se aproximavam para ver no que ela tanto quebrava a cabeça. De repente, ela se levantava, causando grande estrondo, de modo a fazer os demais se assustarem. Sem saber o que acontecia, ela olhava para trás, olhando ao redor. O restante, então, disfarçou. Fingiu que nada havia acontecido.

De qualquer modo, ela prosseguiu até o armário de metal, referente aos terceiros anos. Procurou pela sua turma e, ao achar a seção correspondente, abriu a gaveta. Ali ficavam todas as fichas, com as informações que precisavam. Por um breve momento, sentiu-se uma detetive em busca de pistas. Enrubesceu-se levemente ao se imaginar com tal, com direito a casaco, boina, lupa e até um cachimbo, como nos filmes de investigação criminal épico inglês. Ao seu lado, teria um charmoso auxiliar, alto, cheiroso e de cabelos prateados, com quem se envolveria numa romântica história. Ah, Romeo-sama!

– Precisa de alguma ajuda, Mitarashi-sensei? – Disse uma voz masculina, ao tocar o ombro feminino.

Toda encantada, ela virava seu rosto para visualizar o homem que a chamava. Ao notar que aquilo tudo era apenas uma fantasia e que aquele à sua frente era Gai, seu semblante tornou-se obscuro.

– Ah, é você, Gai-sensei... – Disse ela, desanimada. Por mais que impossível, tinha expectativa de que fosse aquela pessoa.

– Algum problema com esses dois, sensei? – Perguntou ele, com seu sorriso inabalável. Agora, estava já ao lado da professora enquanto observava as fichas que ela pegava em mãos. – Se eles fizerem alguma coisa com você, me avise, porque, imediatamente, eles terão que se ver comigo!

– Ah, não, não! – Respondeu ela, sorrindo, enquanto analisava as documentações – Muito obrigada pela preocupação, Gai-sensei. A questão é que... – Uma pausa. – Hm?

Ela, naquele instante, analisava a ficha de Naruto. Ali tinha um asterisco.

–Gai-sensei, por favor. – Pediu ela. – O que isso exatamente significa?

– Hai. – Respondeu ele, ao atender o pedido dela. – Transferência, Mitarashi-sensei. Se eu não me engano, Naruto-kun veio transferido do Nishikou no segundo semestre do ano passado.

– Hmm... – Ouviu atentamente às informações obtidas sobre o aluno loiro. – Você sabe qual teria sido o possível motivo para essa transferência?

– Que pergunta ridícula! – Intrometeu-se o vice-diretor que, repentinamente, aparecia atrás dos dois docentes. – Do jeito que é aluno-problema, certamente deve ter manchado a reputação da escola, assim como está prestes a fazer com a nossa, com seus comportamentos animalescos!

– Ebisu Kyoutou [3]. – Disse ela, em tom de desprezo. Como aquele superior conseguia ser desagradável era incrível. Até parecia um dom.

– Algum problema com o 3ºD? – Disse o quatro-olhos, encarando-a, sádico.

– Absolutamente nenhum, ilustríssimo! – Encarou-o ela de volta, ainda mais sarcástica. Ah, como não suportava aquele cara! De seus olhos, saíam faíscas, como se estivessem prontos para queimá-lo quando tivesse oportunidade. Mesmo porque os meus alunos nunca causariam um tipo de problema!

Com o comentário da professora, o vice gargalhou, sem disfarçar.

– Acho que você ainda não conhece direito a sua turma, Mitarashi-sensei. – Disse. Após isso, recompôs-se. – Quero que tenha ciência de que qualquer problema causado por eles, a responsabilidade cairá sobre você, Mitarashi-sensei. Está compreendido?

Com a suposta ameaça, a professora semicerrou os olhos a ponto de pular no pescoço do vice-diretor. Deu um sorriso nervoso, estufando o peitoral ao erguer suas mangas da blusa.

– Heh! É o que vamos ver! – Respondeu ela, num tom intimidador, enquanto continuava a encarar o superior.

xxx

O sinal de término das aulas finalmente soava pelos corredores do colégio. Já era fim de tarde e o sol começava a se por. Os alunos, cansados, voltavam gradativamente para suas casas. Ali, restavam poucos, até que ficavam apenas dois grupos de alunos, frente a frente, uma vez mais, como de costume. O loiro deu um passo à frente, aproximando-se do líder oposto, desafiador.

– Finalmente. – Disse por fim o Uzumaki, com um sorriso estampado no rosto, como se tivesse ansiado o dia todo por aquele momento.

–... – Silenciou-se o Uchiha por um momento, um tanto quanto pensativo, com relação ao que estava prestes a fazer e o que o outro pudesse compreender de sua atitude.

“– Isso é ridículo! – Disse ela. – Você acha que realmente há essa necessidade de se provar alguma coisa com força?! O que vocês ganharão com isso?

– Eu já disse que eu sou indiferen—

– Não interessa! – Interrompeu. – Eu sei que é difícil pisar por cima do orgulho, ainda mais sendo homem, mas raciocine! Por causa desse maldito orgulho de vocês, sabe quando essa diferença vai ter fim? Nunca! E isso só vai trazer mais e mais desavenças! – Falou ela, aproximando-se mais do mesmo. – Todos vocês poderiam estar juntos, lado a lado, construindo as últimas e as melhores lembranças enquanto alunos desse colégio... O que vocês estão fazendo, será que não é perder tempo?”

As palavras daquela professora ecoavam em sua mente. Estava ficando maluco? Será que realmente daria ouvido a uma professora recém-chegada? Mas a verdade é que já estava de saco cheio daquele conflito sem sentido.

–... Já chega disso. – Pronunciou-se Sasuke finalmente. Suspirou o líder e assim encarou o outro, sincero. – Naruto, nós não precisamos fazer isso.

– O quê? – Perguntou, perplexo. – Não, espera. Você não p—

– Pra que continuar com isso? É totalmente sem sentido! – Gritou o moreno, interrompendo o outro.

– Cale a boca! – Irritou-se. Sem perder tempo, partiu para cima.

Num rápido movimento, Naruto agarrava a camisa de Sasuke e desferia um soco contra o rosto do mesmo, fazendo-o cair ao chão. O outro, porém, não reagiu. Ficou ali, com o rosto virado, intacto.

– Qual é que é?! – Disse o loiro, irritado. – Por que você não reage?! – Estava inconformado.

Lentamente, o outro se levantava enquanto limpava o filete de sangue que escorria pela sua boca. Olhava para o outro, sério.

– Eu não quero mais lutar com você. Já chega. – Afirmou Sasuke.

– Covarde! – Insultou-o.

Ao ouvi-lo, o líder Uchiha suspirou. Via que não tinha por onde conversar. Era perda de tempo. Olhava para seus companheiros, que apenas o observava ao longe. Dava as costas para o Uzumaki, lançando um último olhar.

– Chame do que quiser, dobe [4]. – Sem dizer uma palavra a mais, ele se foi, juntamente com seus amigos, apenas levantando sua mão em um aceno.

Aquela atitude do moreno deixava o loiro ainda mais enraivecido; era como se tivesse feito pouco caso dele. Naruto cerrou os punhos, agastado. Surrava a árvore, na vã esperança de sanar aquele tremendo vazio que sentia.

– Por que é tão importante pra você provar que é o mais forte? – Disse uma voz adulta feminina, advindo do interior do jardim, para o líder.

– O que você está fazendo aqui, maldit— Começou Kiba, quando Chouji o interrompeu. Acreditava que aquele era o momento de ouvir.

– Urusee [5]! – Naruto virou-se para a docente, revoltado.

Assim como fez com o Uchiha, o loiro a pegava pela camisa e ameaçava golpeá-la com um soco. Porém, mais rápida, ela segurava a investida e, desse modo, contra-atacou. Rapidamente, ela segurava o aluno pelo colarinho e, como em um golpe, de judô, o jogou no chão, o que fez todos ficarem ali, olhando, assustados. Em seguida, ela o segurava pelo uniforme, enquanto o encarava diretamente nos olhos.

– Quando alguém estiver falando com você, responda, seu desgraçado! – Advertiu ela. – Pare de ser ridículo! Por que provar que é o mais forte é tão importante pra você? Isso vai mudar alguma coisa? Isso vaifazer que diferença para você? É só por uma questão de ego? Onde está seu caráter, desgraçado?!

– Cale a boca! – Empurrou-a, totalmente enfurecido com aquele diálogo, conseguindo afastá-la momentaneamente de si. – Você não sabe absolutamente nada sobre a minha vida pra falar alguma coisa, então cale a boca!

Dito, o loiro saía em disparada, ao longe, sem esperar por ninguém. Logo em seguida, Kiba e Rock Lee saíram atrás do mesmo. Chouji faria o mesmo que os demais. Entretanto, antes disso, aproximou-se de Mitarashi. Estava um pouco nervoso.

–... Ouvi dizer que antes de ser transferido pro Kodakou, o Naruto sofria muito bullying no outro colégio. – Disse o gordo, sempre mastigando.

– Eh? – Disse a professora, surpresa. – Isso... É verdade?

– Hmm... Um dos motivos da transferência para esse colégio foi justamente esse... Dizem que o banchou [6] da outra escola até o ameaçou, caso ele não saísse de colégio ou algo assim... – Revelou Akimichi, enquanto olhava para o por do sol. – Aí acho que desde então ele quis mostrar que ele pode ser diferente... Que podia ser forte.

Com o término da fala do aluno, Anko se calou. Talvez, tivesse falado o que não devia ou não sabia de fato. Talvez tivesse o julgado mal e isso ela não queria ter feito, de modo algum. Ela então olhou para o aluno, sorrindo. Ela tinha caráter e iria consertar aquilo.

– Arigatou, Chouji. – Disse ela.

Instantaneamente, o estudante corou. Nunca havia recebido um elogio que fosse.

– C-Cale a boca! – Respondeu o aluno, totalmente sem graça. – N-Não contei isso a você porque eu confio em você! – Completou ele. – S-Só achei que seria interessante se você soubesse...

– Mesmo assim. – Falou a docente. – Arigatou, Chouji.

–H-Hunf!

Sem delongas, ele saiu correndo, atrás dos seus companheiros, enquanto ela o acompanhava com os olhos, enquanto esboçava aquele suave sorriso em seu rosto.

xxx

Depois de muito correr, Chouji finalmente alcançava seus amigos que, com muita cautela, tentavam animar o líder. Naruto estava extremamente irritado. A noite já chegava em Arakawa e as luzes da cidade começavam a iluminar todo o local. As pessoas, pós-expediente, voltavam todas alegres apara casa – e isso, querendo ou não, naquele momento, começava a irritar o Uzumaki. Aquele dia havia sido estressante. Tentava esvaziar a cabeça, mas não conseguia. Por mais que tentasse, as palavras daquela professora intrometida vinham à tona em sua cabeça a todo o momento. E como ela conseguia ser tão forte?

Em meio aos seus pensamentos, acabava por esbarrar em um grupo de jovens mal encarados.

– Olhem por onde andam, seus imundos! – Gritou o loiro, enquanto os encarava. Em rápido reflexo, o líder pegava um deles e o socava, derrubando-o no chão. Quando Naruto erguia seus olhos, uma surpresa. Na face do homem à sua frente, um sorriso sádico.

– Há quanto tempo, verme. – Disse o cara, cujo cabelo negro formava um grande topete frontal, enquanto dava uma rápida olhada ao redor. – Vejo que conseguiu fazer novas amizades.

xxx

– Surpreendente. – Disse Shikamaru enquanto caminhava ao lado de Sasuke, juntamente com os demais, ao quebrar o silêncio.

– O quê? – Disse o líder, enquanto olhava para o outro.

– Sua atitude. – Continuou o primeiro, quase que num sorriso indisfarçável.

– Foi... Na lata. – Disse Shino.

O habitual quarteto saía de uma loja de Yakiniku, onde haviam acabado de jantar. Ao sair da loja, Neji, porém, não havia dito nada. Ao contrário, havia parado até de andar. O Uchiha, ao notar, olhou para trás. Estranhou a atitude do amigo.

– Algo de errado, Neji? – Perguntou. Os demais o olharam igualmente.

– Aqueles quatros não são o Naruto e companhia? – Indicou o jovem dos longos cabelos castanhos com os olhos discretamente.

Assim, todos, voltaram o olhar para a direção indicada pelo outro, quando, então, Sasuke, enxergava o loiro, bem como os demais, sendo arrastado por aquele grupo de delinquentes metrô abaixo.

– Aqueles caras... Acho que já os vi em algum lugar. – Pensou o Shikamaru, enquanto observava o grupo se movimentar.

– O líder, se eu não me engano, era o ex-banchou do Nishikou, que ano passado foi expulso. – Comentou Aburame com o Nara.

– Nishikou? Nishikou não é o colégio de onde o Naruto tinha vindo?

Sasuke estava pensativo. Mal ouvia o que seus amigos falavam naquele momento. Sem pensar duas vezes, ele foi atrás. Não sabia por que estava fazendo aquilo, afinal, nem amigo era dele, mas sabia que ele precisava de ajuda.

– Sasuke?! – Shikamaru chamou-o, sem entender a ação do mesmo. Em seguida, Neji saía em disparada, atrás do líder, sem questionar. – Neji?!

– Vamos, Shikamaru. – Disse, agora, Shino, pronto para ir atrás dos outros. – Eles precisam de nós.

– Mas o qu... Ah, que problemático! – Assentiu, ainda que a reclamar.

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Eles estavam em uma terrível desvantagem; estavam em quatro, enquanto que a gangue estava em oito. Por mais que fossem bons de briga, eles eram ainda mais. Em dupla, eles socavam os estudantes cruelmente, sem piedade. Pisoteavam-nos sadicamente, com imenso prazer no que faziam. Acabado, Naruto relutava para se levantar. Por que não conseguia ser forte o suficiente? Por que é que, quando ainda tentava ser, as pessoas o oprimiam? Não conseguia entender.

Assim que se levantava, o líder da gangue novamente desferia um novo golpe em si, o que o fazia cair novamente, trêmulo. Era forte, queria provar isso, precisava provar isso! Olhava ao redor e via a condição de seus amigos. Aquilo lhe causava ainda mais raiva! Não podia se permitir ser fraco daquele jeito! Queria ser forte para proteger a todos!

Tentou se reerguer, mas não tinha forças para isso. Seu corpo estava dolorido. Que ódio de si naquele momento! Queria se levantar, revidar, mas não conseguia.

Num ato covarde, o ex-banchou catava do chão uma de ferro jogada e, com ela, ameaçava bater no loiro caído. Não tinha tempo fazer nada. Com os reflexos lentos, a única coisa que Naruto conseguiu fazer foi fechar os olhos fortemente e proteger a cabeça, esperando apenas que a dor viesse – porém ela não veio. Quando ele tornou a abrir as pálpebras, à sua frente estava Sasuke, parando o objeto com as mãos. O loiro arregalou os olhos, incrédulo. Aquilo era real?

– Sasuke...? – Pronunciou ele, sem ter a absoluta certeza.

– Naruto, consegue se levantar? – Perguntou o moreno, olhando discretamente para o colega, enquanto encarava o adversário à frente. Com um impulso, jogava o outro para trás, bem como o objeto que ele segurava, ganhando tempo para poder socorrer ao loiro.

Assim como para Naruto Sasuke fora socorrê-lo, para Kiba, Rock Lee e Chouji, Shino, Neji e Shikamaru haviam ido ajudá-los.

– Omaera... Por que...? – Perguntou-se Naruto, sem compreender ao certo. Eram rivais. Sequer eram colegas.

O Uchiha suspirou, soltando o Uzumaki para que o mesmo conseguisse ficar em pé em apoio.

– Precisa de motivos para se começar uma amizade? Dobe. – Disse o moreno, orgulhoso. – Vamos. Acha que consegue lutar?

Apesar o jeito rígido do Uchiha, era notável a preocupação do mesmo para com o outro. Naruto sorriu, contente. Agora, já um pouco mais recuperado, ficava ao lado do moreno, em posição de combate.

– Claro, amigo. – Disse o loiro, olhando o outro, como se num olhar ambos entrassem em uma perfeita sincronia. Os demais, que também se ajudavam, pareciam, por fim, se entender igualmente.

– Não se empolguem tanto, seus vermezinhos de merda! – Disse o líder delinquente. Com o sinal dele, mais capangas surgiram.

Em questão de segundos, eles os cercaram, sem deixarem-nos uma chance de escape sequer.

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Pela aquela casual ponte para pedestre de Arakawa Anko passava novamente em seu caminho de volta para casa enquanto cantava Tsugaru Kaikyou Fuyu Geshiki, Ishikawa Sayuri. Ah, como adorava cantar! Esquecia-se até do mundo ao seu redor. Tanto, que nem percebia direito o seu celular tocar. Quando o notou, ficou irritada. Quem poderia ter tido a audácia de interrompê-la justamente no refrão?

– Alô? – Atendeu, desanimada.

– Ojou, é o Kimimaro, da loja de Yakiniku Orochi. – Disse uma voz suave ao telefone. – Bom, o Kidoumaru repassou as ordens para cá a respeito sobre seus alunos e...

– Tá, tá. – Disse ela, impaciente. – Se for para dizer só sobre isso, vou desligando aqui, ok? Eu estava cantando aqui.

­– Acredito que eles estejam em apuros, ojou.

– O quê?! – Gritou ela, meio à rua.

­– Sim. ­– Afirmou o subordinado ao celular. – Há alguns minutos eles saíram da loja correndo para o metrô, atrás da gangue do ex-banchou do Nishikou, Takihara Kouhei. Aparentemente estavam em menor número, mas até agora não vi sinal nem da gangue, nem de seus alunos.

– Certo, Kimimaro. Obrigada pela informação.

Assim que desligava o telefone, a professora dava meia volta e ia atrás de onde seus alunos estivessem. Corria o mais rápido que podia; não sabia exatamente o que havia acontecido, mas os protegeria com toda a sua garra, disso tinha certeza. Mesmo que sua responsabilidade para com eles fosse somente dentro da escola, para ela isso não importava, pois ela os considerava alunos e discípulos de coração.

Inconsequente? Talvez. Mas aquela era Mitarashi Anko, a professora responsável do 3ºD.

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Se antes, com oito delinquentes, as coisas já não eram muito fáceis, agora com o número em dobro não era digno nem de comentários. Com o máximo de esforço, o que eles conseguiam fazer era se defender. Os amigos se apoiavam um ao outro, para que não caíssem e ficassem à mercê das crueldades alheias. Eram covardes.

– Naruto! – Gritou Kouhei, ao longe, ainda com aquela mesma barra de ferro em mãos. – Admiro que tenha conseguido feito amizades, sendo você esse verme que você é, mas... – Disse ele, sádico. – VOCÊ SEMPRE SERÁ ESSE MERDA!

Aquelas palavras ecoavam na cabeça do loiro. Por mais que tentasse lutar contra isso, será que, afinal de contas, era de fato um fracassado?

– Cale a boca! – Mandou Sasuke, enquanto apoiava o amigo nos ombros. – O único merda aqui é você, seu bosta!

Ao ser insultado, o grandalhão partia para cima do moreno com a barra de ferro. Antes que ele fosse atingido, sem pensar duas vezes, Naruto o puxava para o lado, de modo o golpe fosse desferido no vácuo. Os colegas se olharam, assentindo. Olhavam para os demais que, também, lutavam com bravura e coragem. Porém, num momento de distração, Kouhei conseguia pegá-los pelo pescoço, um em cada mão, e assim os ergueu para, então, jogarem-nos longe. Com a barra de ferro, mais uma vez, ele ameaçou bater. Quando tudo parecia perdido, uma bolsa voava na cabeça de Takihara.

– Eu vou mostrar para vocês quem é bosta aqui! – De repente, uma voz feminina.

Com o anúncio, todos não acreditaram ser quem eles realmente viam. Os delinquentes olharam, todos perplexos. Ela estava séria, nervosa, totalmente diferente do que costumava ser em sala de aula. Olhava para todos ao seu redor e seus respectivos estados, até que, mais uma vez, seu olhar era direcionado ao cabeça.

– Parece que vocês andaram brincando bastante com eles. – Declarou ela, enquanto lentamente se aproximava dos maus elementos, sem medo.

– Quem é você!? – Gritou o líder, meio zonzo com a pancada.

– Eu? – Disse ela, agora com um sorriso no canto de seus lábios. – Eu sou a professora responsável por eles.

Com a resposta da mulher, os capangas riram, sem exceção.

PROFESSORA? – Gargalhou Kouhei, indiscreto. – Porra! Além de merdinhas, precisam de proteçãozinha de professorinha de bosta? NÃO ME FAÇAM RIR! – Humilhou, sem dó.

Os alunos, ali, sentiram-se injuriados. Afinal, o que uma professora, mulher, poderia fazer contra dezesseis delinquentes? Nada!

– Baka, o que você tá fazendo aqui?! – Gritou Sasuke para a professora. – Vá embora, você não tem chance!

– Você só será um fardo! – Exclamou o loiro.

– Senkou, por favor, vá embora! – Pediu Chouji,

– É, maldita! Vai logo! – Afirmou Kiba.

Inabalável, Anko continuou seu trajeto até o ex-banchou. Agora, face a face com o líder, ela parava de andar. Encarava o maior por tempo em silêncio, sem nenhum movimento de ambas as partes, até que subitamente ela o golpeava com um soco no rosto, fazendo-o cair no chão naquele mesmo instante. Com isso, os outros vieram atacá-la. Com os olhos e movimentos de serpente, ela golpeava cada mau elemento que vinha em sua direção, desviando de cada ataque desferido contra ela.

– Então era real. Ela... Realmente havia ido me salvar. – Disse Chouji, enquanto a observava.

Depois de algum tempo, todos finalmente haviam sido derrotados e, novamente, ela estava frente a frente com o líder que, a cada passa que ela dava, ele se afastava, com medo.

– Primeira regra de todas, Kouhei: Nunca... Nunca mexa com meus alunos. – Disse ela, firme. – Segunda regra e, essa, vai para todos, inclusive para você, Naruto: ser o mais forte nem sempre é o mais importante. E a amizade, por mais simples que pareça, é a força mais poderosa que nós temos dentro de nós, capaz de nos permitir fazer coisas que nem mesmo ousamos pensar. Por isso, por favor, ninguém é verme, ninguém é merda e ninguém é bosta.

Com o sermão da docente, todos abaixaram a cabeça. Os delinquentes, amedrontados, trataram logo de se retirar do local, bem como seu líder que, envergonhado, nada mais disse.

Assim que estava apenas Anko e seus alunos, ela sorriu e voltou a olhar para eles, que estavam todos machucados. Suspirou.

– Mas vocês é um bando sem jeito mesmo! – Disse ela, indo até os líderes amigos. – Querem ajuda?

– Cale a boca. – Disse o moreno, orgulhoso, apoiando-se no loiro.

– Quem precisa da sua ajuda? – Retrucou o Uzumaki, em mútua ajuda com o Uchiha.

A professora apenas observou a cena, tão engraçada de se observar. Colocou a mão frente à boca, contendo o riso.

– O-O que foi? – Perguntou o loiro, cismado.

– Nada. – Disse a professora, sínica. – “O que eu tenho com ele é apenas rivalidade”. – Repetiu a fala dele cedo. Com isso, caiu na gargalhada.

– Sua... – Irritou-se o loiro uma vez mais o a professora.

– Ei vocês! – De repente, um grito. Todos olharam para trás. – Que bagunça é essa aqui no metrô?! Venham imediatamente para cá!

– S-SATSU?! – Gritou ela, ao ver que se tratava de um guarda policial, novamente. – Galera, não temos tempo de ficar batendo papo aqui. Temos que dar no pé o quanto antes! Vamos lá, sigam-me! – Disse ela, sem mais atrasos.

Ainda que quebrados, para evitarem problemas, obedeceram-na, seguindo-a.

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Finalmente em casa, Anko estava sentada à mesa juntamente com sua família no jantar, quando finalmente podia descansar. Estava com seu confortável pijama, enquanto assistia ao programa de comédia favorito na televisão e comia sua refeição tão completa.

– Como foi seu dia, Anko? – Perguntou Orochimaru, enquanto tomava seu habitual saquê. – Seus alunos, deram muito trabalho?

Ao ouvir a pergunta do avô, desviou sua atenção ao mais velho, dando um tempo à mastigação, dando um satisfeito sorriso.

– Aliás, hoje, dois deles fizeram as pazes. Isso foi tão bom, sabe? – Disse ela, colocando um pouco de saquê para si. – Parece que as coisas lá vão começar a fluir melhor agora. Pelo menos, é nisso que eu acredito!

– Tenha certeza disso, Anko-sama. – Disse Kabuto, ao lado do líder Orochi. – Eu tenho fé em você.

– Arigatou, Kabuto. – Agradeceu, ela, animada enquanto segurava o copo de bebida em mãos.

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Já na frente do portão do colégio, Mitarashi já estava. Olhava para o relógio e, dessa vez, não estava atrasada. Bocejou, talvez um pouco com sono, e então espreguiçou, quando então sentiu ser cutucada. Olhou para trás e então tinha sua bochecha apetada pelo dedo indicador do Uchiha, que estava acompanhado de seus amigos.

– Ohayou. – Cumprimentou ele para a mais velha.

– Ohayou... – Respondeu ela, sem entender muito bem.

– Ossu! – Disse Naruto logo em seguida, bem como Chouji logo em seguida.

– Yo, maldita. – Disse, Kiba, ainda indelicado.

– Bom dia! – Disse Lee, sorridente.

– Haiyo. – Falou Shikamaru.

– Ouh. – Saudou Shino.

– Ohayou gozaimasu. – Por fim, Neji.

Assim, todos passaram por ela, cumprimentando-a, coisa que, naquela uma semana de aula, era a primeira vez que acontecia. Parada, ela os observava, tentando ainda assimilar o que havia acabado de ouvir de cada um.

– Esperem um pouco! – Gritou ela. Todos a olharam. – Vocês... me cumprimentaram?

Com a pergunta da mesma todos se olharam, contendo o riso.

– Claro que não, dobe. – Disse Sasuke, inexpressivo, mesmo que de fachada.

– É. Quem quer cumprimentar uma professora estranha como você? – Completou Naruto.

Com a resposta dos alunos, ela esboçou um enorme sorriso no rosto e correu atrás dos mesmos, contente. Ao alcançá-los, batia nas costas deles, brincalhona, enquanto, alegremente, adentravam no interior da escola para mais um dia de aula – e a cada dia era tinha ainda mais a certeza de que aquela era a turma feita para ela.


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Notas finais do capítulo

[1] Polícia em um linguajar "yakuza".
[2] "Quem sabe."
[3] "Vice-diretor".
[4] "Idiota".
[5] "Cale a boca".
[6] Líder delinquente colegial



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