Alice

Estava com tanto medo de que algo possa ter ocorrido com meu tio e minha prima, na realidade temia mais por Leticia, o estado mental de meu tio havia se deteriorado com a morte de minha tia, irmã de minha mãe, tio João passou a beber muito e foi demitido do emprego, foi quando os delírios começaram, a pobre Leticia teve que aguentar tudo sozinha, a escola, a casa o temperamento de meu tio, mas nunca reclamou, ao contrário, parecia extremamente forte para sua idade, tal como uma das heroínas de Jane Austen.

Peguei meu celular novamente ligando para a casa de meu tio, ninguém atendia, o jeito era ir em direção a lojinha próxima ao posto, como um choque de realidade nos 50 km que percorrera já havia me deparado com 5 zumbis e alguns corpos caídos na rua. Minha nossa não sabia o que fazer, não tinha certeza se havia alguém vivo ou se eu ia sobreviver, a pouco liguei o radio na tentativa de me distrair, o jornal recomendou ficar afastado dos grandes centros, pegar todo os mantimentos possíveis e se esconder em casa até segunda ordem do governo, desliguei o radio bufando, uma droga que ficaria em casa esperando um zumbi derrubar minha porta de 20 cm, era um milagre eu nunca ter sido assaltada, precisava encontrar meus parentes, minha melhor amiga e dar o fora daquele maldito apocalipse zumbi.

Fico surpresa quando vejo um garoto atravessar a estrada indo em minha direção, ele carregava uma menininha no colo. Um sobrevivente!Minha felicidade dura pouco quando vejo ele sendo atropelado por um Ford que vinha na direção contraria a minha, a pobre criança é jogada para longe dos braços do garoto e para minha segunda surpresa do dia uma moça sai e chuta o corpo na estrada e minha adorável prima também sai do carro com a cara mais franzida que o Drácula sem um mês de sangue e também tinha a intenção de agredir o atropelado.

Freio o carro abrindo a porta.

— Leticia! Onde pensa que esta indo?

— Alice! — Ela corre em minha direção me abraçando. — Como é bom te ver Alice eu tentei falar com a tia Cecilia mas a sua casa estava vazia e o papai quis ir para o lado oposto da cidade, eu fiquei tão confusa achei que havia sido abandonada e...

— Psiu não fale uma coisa dessas eu nunca te abandonaria, nossa família esta a salvo, onde esta o tio João?

— Ele esta morto.

— Um zumbi pegou ele?

— Não... ele me atacou, estava sem os remédios, sabe como ele fica descontrolado e aquela droga de vicio por leite... — Seus olhos se encheram de água. — Mas foi tudo culpa deste moleque que me traiu! — Apontou para o garoto desmaiado no chão.

Imediatamente corri para menina que não parava de chorar, ela tinha vários arranhões nos braços e um machucado enorme na perna, foi quando um homem saiu do carro

— Então o que quer fazer com ele Leticia? — A outra garota colocou a mão na cintura mostrando um revolver.

— Por favor não vamos usar de violência. — Apertei a criança no meu colo. — Sei que estamos sofrendo um momento de tenção mas pensem na criança...

— Um momento de tensão, você acha que isso é apenas um momento de tensão? — O homem me indicou seu braço amputado enrolado precariamente. — Isso aqui é um apocalipse Zumbi moça, nada vai voltar ao que era antes.

— São seus amigos? — Sussurrei temerosa para Leticia.

— Eles me ajudaram, me salvaram do meu pai e de ser morta por zumbis naquela loja.

— Ok, agradeço a vocês pela ajuda, mas por Darwin, vamos todos acalmar os ânimos, essa menina precisa de pontos e você senhor...

— Kevin, me chamo Kevin.

— Bem ...Kevin, tenho certeza que se não tomar uma antitetânica vai agonizar até a morte.

— Você é médica?

— Não, ela é bibliotecária. – Leticia responde.

Os outros 2 me encararam.

— Pois tenho muito orgulho de ser bibliotecária, li inúmeros livros de medicina e tenho quase certeza que posso fazer um curativo impecável.

— Quase certeza? — A outra garota parecia ter mais duvidas do que eu.

— Não implique com a Alice Amy, eu confio nela, sempre me ajudou em tudo.

— Supondo que eu confie plenamente na senhora Bibliotecária, qual seria mesmo o seu plano?

— Na verdade é senhorita, mas supondo que você confie em mim Amy sei de um lugar longe dos zumbis, uma clinica que possa nos abrigar por alguns dias e tratar a todos.

— Inclusive o atropelado? Ele parece estar respirando com dificuldades- Kevin colocou a mão no pescoço do menino desmaiado para verificar a sua pulsação.

— Hei não foi minha culpa, esse idiota entrou na frente do carro! — Amy protestou - Não sou uma assassina!

— Por mim esse idiota ficava ai mesmo para ser comido por Zumbis! – Leticia estava realmente nervosa

— Então é bom vocês tomarem logo uma decisão pois eles estão vindo. – Kevin indicou um trio de zumbis que caminhava lentamente em nossa direção a uns 30 metros de distancia.

— Não acho certo deixarmos o garoto para morrer Leticia, você ficaria com um peso na consciência.

— Tenho certeza que não ficaria.

— Sua prima esta certa, vamos colocar o garoto no carro e se mandar daqui , depois no caminho vocês se entendem. — Amy falou já abrindo a porta do carro.

— Venha Letícia, entre no meu carro com a criança e fiquem protegidas no banco de trás, Amy e Kevin se puderem carregar o garoto e sigam meu carro, a clinica veterinária fica cerca de uma hora daqui. — Sem pensar em mais nada corri para o meu carro deixando o casal sozinho com o desmaiado.

— Ela disse clinica veterinária? — Kevin murmurou enquanto pegava o garoto. — Eu pareço um cachorro?

— Isso é melhor do que nada agora entre no carro e fique quieto um pouco, seu machucado parece realmente horrível!

E assim os carros seguiram pela estrada em direção a uma clinica no meio do deserto.