Jogos Divinos - A Faísca escrita por


Capítulo 1
Percy


Notas iniciais do capítulo

Capítulo da Autora Sama, espero que gostem ^^



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Meu nome é Percy Jackson e eu realmente não queria viajar no tempo. É muito ruim esse negócio de os deuses ficarem brincando comigo o tempo inteiro como se eu fosse o brinquedo deles, o que de certa forma, eu realmente sou, mas isso não vem ao caso. Vou contar a história de onde tudo começou, é mais fácil assim. Bom, por onde devo começar? Ah! Aquela tarde!

Eu estava voltando para o Acampamento Meio-Sangue mais um ano após aquele incidente com Cronos e tudo mais. Pois é, nada além do normal, um titã tentando dominar o mundo, acontece todo dia do outro lado da sua rua e você não vê. Vacilando demais, perde toda a diversão de uma morte quase iminente. Mas é claro que os deuses não me deixariam em paz mesmo depois de salvar o Olimpo, havia sempre alguma coisa absurdamente perigosa para fazermos para aqueles seres divinos imbecis. Fui correndo para dentro do Acampamento com minhas coisas balançando em minha mochila. Estava louco para ver Grover, Annabeth e todos os meus amigos sobreviventes. Mas abriu-se no espaço tempo um tipo de buraco enquanto eu corria por entre as árvores que dariam no meu destino, aquele buraco preto no meio do ar me puxou para dentro de si e eu fui completamente sugado. Foi uma sensação horrível, eu senti que vomitaria a qualquer instante e foi exatamente o que fiz quando fui jogado no chão novamente, vomitei água, pois não tinha comido nada no almoço e estava faminto.

– Mas que diabos! – exclamei limpando minha boca com meu braço.

Olhei ao redor, eu estava no meio de uma floresta, mas não era a mesmo de alguns segundos atrás. Estava completamente perdido, o sol não estava mais brilhando por entre os galhos e folhas, o céu parecia nublado e as árvores mais afastadas umas das outras, pareciam tristes, tenho certeza de que Grover não gostaria daquele lugar. Eu realmente não sabia onde estava e o que fazer a seguir, estava completamente sozinho... Eu não sou o melhor para pensar em planos quando não sei de absolutamente nada que está acontecendo.

– Então, garoto. – disse uma voz feminina ecoando pela floresta – Está se perguntando onde está, não é mesmo?

– É claro! Afinal, me arrancaram de Long Island do nada! Que deusa é você e onde estou?

– Como pode não lembrar-se da minha voz? – perguntou ela – Hera. Deveria lembrar-se depois de nosso último encontro.

Hera, eu realmente odiava aquela deusa, ela acha que pode realmente brincar com os semideuses mesmo que não fossem seus filhos (e claro, ela não tem mesmo).

– Você só me respondeu uma pergunta, Hera. – respondi levantando-me do chão.

– Você não aprende mesmo, não é, Percy Jackson? Quando vai começar a me respeitar, garoto?

– Assim que você parar de brincar comigo e meus amigos.

– Então é melhor que eu vá logo ao ponto. – disse ela aparecendo a minha frente finalmente – Você está no futuro, Percy Jackson.

– Futuro?! Mas que droga, Hera! Por que me trazer sozinho pra o futuro! Você adora ferrar os semideuses!

– Mais respeito ao se dirigir a mim, pirralho semideus!

– Então me leve de volta para o meu tempo, merda!

– Você tem uma missão à cumprir, Percy Jackson.

Respirei fundo cansado, achava que conseguiria passar pelo menos um ano em paz descansando com meus amigos semideuses depois de salvar o Olimpo, mas acho que não é o suficiente para os deuses.

– E então, qual é essa missão? – perguntei meio desanimado.

– Vai haver um evento chamado Colheita, até lá aja exatamente como todos os outros, não faça perguntas. Esse evento é como um sorteio. Quando eu disser, você anunciará em alto e bom som para que todos ouçam “Eu me ofereço como tributo”. Caso contrário, pode dizer adeus a sua vida passada.

Hera é uma vadia descarada mesmo, como sempre não dá detalhes para podermos fazer as coisas certas, apenas ameaça.

– Escolha um nome qualquer para você, não deixe que saibam seu nome verdadeiro em hipótese alguma, lembre-se do que está em jogo.

– Eu não esquecerei! – mas então percebi que eu não sabia o que estava em jogo – Mas... O que é que está em jogo?

– Você descobrirá. – e então a deusa simplesmente sumiu deixando-me sozinho naquele lugar.

– Mas que droga! Ela nem ao menos disse onde estou! – exclamei para o céu e então ouvi pessoas aproximando-se.

Toquei meu bolso para ter certeza de que Contracorrente estava ali e então me joguei no chão escondendo-me atrás de uma árvore. As duas pessoas não conversavam e faziam quase nenhum som ao se movimentar, provavelmente caçadores, ou então monstros muito cuidadosos, o que eu realmente acho impossível.

– Gale, uma gazela. – disse uma voz feminina em um tom muito baixo e então tive certeza de que realmente eram caçadores.

Houve silêncio e então o som de um animal correndo entre as árvores e uma flecha batendo numa árvore.

– Mas que droga, Catnip. – disse uma voz masculina – Melhor irmos mais para frente procurar por qualquer caça que for, a Colheita está chegando, temos que ter comida.

– Melhor voltarmos para o Distrito, já está ficando tarde, Gale.

Comecei a considerar minhas opções naquela situação sem saber exatamente nada nem mesmo que nome usar para me comunicar com aquela gente. Eu poderia ir falar com os pirralhos (é isso aí, aqui eu sou um velho) ou segui-los furtivamente. Como eu achava o nome Godofredo estranho demais resolvi seguí-los para pensar melhor no meu nome. Droga, Annabeth sempre foi melhor em planos do que eu. Ouvi os paços dos dois indo na direção contrária a mim e apressei-me a ir andando atrás dos dois, nós andamos bastante até que eles pararam em uma árvore e a garota de cabelos castanhos guardou suas armas ali dentro. “Que estranho” pensei “Mas e se alguém achar essas armas aqui e roubá-las? Será que no futuro as pessoas respeitam as armas alheias? Clarisse ficaria horrorizada de ver alguém largando suas armas assim.”

Logo os dois começaram a andar novamente e eu, com minha inteligência suprema que Atena me concedeu, enrosquei meu pé em uma raiz e caí com um baque no chão da floresta. “Droga”.

– Quem está aí? – perguntou o garoto alto que parecia um rinoceronte comparado a mim.

Entrei em pânico, tentei ficar calmo imaginando que aquele cara não poderia ser um semideus, eu tinha essa vantagem, mas não tinha água por perto e ele era gigante, o que fazer?

– Quem está aí? Não contaremos aos pacificadores, apenas responda. – disse o cara novamente.

“Mas que diabos é um pacificador?” passou pela minha cabeça a imagem de homens com túnicas brancas e auréolas na cabeça, chamando todos para comer uvas e tocar arpa, mas se fosse o caso, por que esconder minha localização deles? Sei lá, talvez os caras se preocupassem e me fizessem comer doces até ficar gordinho. Me parecia o paraíso um lugar com pacificadores.

– Responda! – exclamou a garota pegando o arco e a flecha novamente e preparando-o para atirar.

Achei que estava na hora de me revelar, pois eles iriam me procurar e enfiar uma flecha na minha cabeça. Me levantei do chão e andei devagar com as mãos no ar mostrando que não tinha armas (mesmo tendo Contracorrente no meu bolso).

– Quem é você? – perguntou a garota – Um espião da Capital?

Se eu entendesse alguma coisa do que eles dissessem seria uma conversa menos complicada, mas Hera resolveu por mim que eu teria de fingir saber sobre aquele tempo. Chutei que ser um espião da Capital não era algo bom e que esse lugar era algo que o tal Distrito onde esses dois moravam não considerava feliz.

– Não, eu estava perdido. Sou do Distrito. – falei arriscando tudo que consegui raciocinar.

– Você é do Distrito 12? Mas nós nunca vimos você por aqui. – disse a garota com o arco ainda levantado.

Tive que pensar rápido em uma desculpa.

– Meus pais me abandonaram na floresta há alguns anos antes de falecerem. – tentei fingir que estava triste com isso, mas por dentro eu estava apenas me perguntando que merda é Distrito 12.

– Como sobreviveu? Acha que vamos acreditar em qualquer coisa, garoto?! – a garota era agressiva demais e me colocou em uma saia justa.

– Assim como vocês fazem aqui, caçando e pegando plantas para me tratar ou comer. – eu estava completamente desesperado mesmo, mas aquilo pareceu suficiente para convencer os dois, pois ela abaixou o arco.

– Eu sou Gale. – disse o cara – E essa é Katniss. E quem é você?

“Pensa rápido Percy! Conseguiu chegar até aqui!”, mas parecia que a parte mais difícil era inventar um nome aceitável.

– John Snow! – foi o primeiro nome que me veio a cabeça, Annabeth havia me contado histórias de um livro que lera e as únicas coisas que eu ouvia eram os nomes e esse nome realmente se destacara, o resto parecia apenas “blá, blá, blá” – É o meu nome.

Os dois franziram a testa e se entreolharam.

– John Snow?! – o cara chamado Gale parecia horrorizado.

“Será que esse livro foi proibido naquele tempo?”

– É... É o meu nome.

– Você tem algum tipo de parentesco com o presidente Snow? – perguntou a garota.

– Não sei, mas seria legal, não é? – achei que era coisa certa a se dizer, mas eu estava aparentemente errado.

Katniss apontou o arco para mim e Gale recuou com uma cara de quem dissesse “Isso é sério?!”, foi então eu percebi que aparentemente não fora a melhor coisa a se dizer.

– Você apoia o Snow?! – exclamou Gale.

Foi então que recorri ao pobre garoto que cresceu longe da sociedade, era a minha única saída naquele momento.

– Eu não sei nada sobre o governo daqui, mas se o cara é presidente vocês o adoram não é? Tipo o Obama, todos adoravam o Obama. – falei em desespero por dentro.

– Obama?! Quem é Obama?!

Parecia que eles não conheciam Obama, como alguém poderia não conhecer aquele cara?

– Você é esquisito, garoto, quantos anos tem? Obama é provavelmente um nome que se perdeu na história. – disse Gale.

– Eu tenho dezesseis. – respondi – Já me disseram que pareço mais novo por que sou magro, pois é, tem também quem diga que pareço um skatista.

– O que é um skatista? – perguntou Katniss desconfiada.

Antes que eu pudesse encontrar uma desculpa o garoto agarrou o pulso de Katniss parecendo alarmando.

– A Colheita! – exclamou ele.

– Vamos logo! – exclamei desesperado pensando em Grover, Annabeth e em todos os outros que eu perderia se não fosse nessa tal Colheita, talvez fosse algo sobre sortear pessoas para colher morangos como no Acampamento, ou sei lá, mas parecia importante.

Os dois pareceram confusos com o meu grito de incentivo como se eu tivesse participado dessa coisa a vida inteira, mas estavam preocupados demais para se alarmarem com isso, nós saímos correndo até uma cerca elétrica e eu pensei que estivéssemos perdidos, mas os dois atravessaram aquela cerca com a maior facilidade do mundo, talvez no futuro as pessoas sejam imunes à choques, mas se fossem acho que não teria uma cerca elétrica para impedir a passagem. Assim que saímos da floresta tudo pareceu piorar, como se a tristeza das árvores não fosse suficientemente grande a dos humanos era ainda maior, aquele tal de Distrito 12 era um lugar miserável, quando via as coisas e seres ao meu redor ficava horrorizado, parecia que não tinham comida e viviam uma subvida. Comecei a pensar que talvez eu não fosse acabar catando morangos naquela tarde. Gale e Katniss se separaram e entraram em casas diferentes, pelo jeito aquela Colheita era um grande evento. Fiquei rondando o lugar miserável por um tempo, minhas roupas pareciam apropriadas o suficiente, já que ali as pessoas usavam trapos na casualidade, mas eu não estava no futuro para me preocupar com roupas, era com alguma outra coisa que eu não sabia, mas tinha certeza de que não eram roupas.

Não demorou para que jovens começassem a sair de suas casas e irem andando como se marchassem para a guerra. Achei estranho, mas os segui. Comecei a avistar homens armados vestidos de branco e cinza com capacetes que tampavam seus olhos e comecei a pensar que se aqueles eram os pacificadores não queria realmente vez aqueles que faziam a guerra. Chegamos a um lugar com um imenso palco cinza, onde no topo havia um símbolo com uma ave e o nome “Capital”.

– Só pode ser coisa ruim. – falei para mim mesmo.

Fui andando e o número de “pacificadores” apenas aumentava enquanto me aproximava mais de uma fila aonde todos que chegavam entravam. Ao chegar minha vez um homem vestido de braço ergueu sua mão e eu olhei para a pessoa ao meu lado que estendia o dedo indicador para que fosse furado.

– Seu nome. – disse ele.

– John Snow. – respondi dando-lhe meu dedo.

Ela achou meu nome facilmente e furou meu dedo, fazendo com que eu marcasse a págima com meu sangue logo ao lado do meu nome. Burocracia estranha e desnecessária, afinal era um sorteio apenas. Fui andando pelo mesmo caminho que os garotos andavam, estavam todos aparentemente separados por idade longe das garotas que pareciam estar sendo separadas pelo mesmo critério. Um daqueles caras de branco cobrindo o rosto me perguntou minha idade e a seguir me jogou entre alguns garotos da mesma idade com grosseria, eu resolvi não me defender, porque ninguém o estava fazendo. Olhei ao redor enquanto todos pareciam tristes, tensos e um tanto quanto aflitos, no ar dava para sentir a angustia. Os jovens pararam de chegar quando um grande relógio bateu exatamente às 13:00 da tarde.

Uma mulher vestida de forma bizarra entrou por uma grande porta no fundo do palco, ela era uma das coisas mais esquisitas que já vi em minha vida, cheguei a perguntar à mim mesmo se naquele tempo os monstros dominaram o mundo. Me parecia que estava acontecendo algo no palco, um cara velho falava ao microfone, talvez contasse uma história engraçada para os jovens ficarem mais calmos ou sei lá. Reparei que havia por todas as partes câmeras que filmavam profissionalmente o que acontecia ali naquele lugar. Enquanto eu pensava no que estava acontecendo acho que passaram um vídeo no qual não prestei atenção, mas aquelas pessoas no palco finalmente conseguiu me impressionar o suficiente para deixar de ficar distraído e me concentrar, porque apareceu uma mulher bizarra vestida de uma forma mais bizarra ainda, se aquilo fosse um humano e não um monstro eu realmente teria de rever meus conceitos, mas a névoa só poderia estar com algum tipo de defeito para deixar uma coisa esquisita daquela aparecer dentre tantos humanos.

– Feliz Jogos Vorazes! E que a sorte esteja sempre a seu favor! – “que diabos é Jogos Vorazes?! Por que boa sorte? Seria algo bom demais que fazia todas aquelas pessoas competirem daquela forma?! Talvez ser um jogo voraz signifique que nele se come bastante”, o futuro me parecia perfeito, exceto pela tia esquisita que anunciara chamar-se Effie que falva encantada, mas minha atenção estava naquela peruca estranha, era claramente uma peruca!

Teve algum tipo de confusão com tal “vitorioso” bêbadoe minha teoria de que aquilo era uma peruca apenas se confirmou. E então Effie Trinket anunciou:

– Primeiro as damas! – ela cruzou o palco até uma bola cheia de papeizinhos que provavelmente tinha nomes de garotas. A mulher estranha colocou a mão lá dentro e enfim retira um pequeno papel dobrado.

Todas as garotas pareciam prender a respiração e eu comecei a imaginar o que seria aqueles Jogos para que eu estava sendo sorteado, acho que deveria ter prestado atenção ao vídeo e aos discursos. E então a mulher anunciou:

– Primrose Everdeen! – exclamou a mulher.

Comecei a bater palmas esperando que os outros também o fizessem, mas as pessoas ao meu redor olharam-me com horror enquanto uma garotinha era levada por pacificadores até o palco.

– É... Acho que esses Jogos não são coisa boa. – falei para mim mesmo enquanto os outros olhavam com pesar para a garotinha.

“Mas afinal, que tipo de jogo é esse?!” eu apenas pensava e então a garota que conheci antes de chegar à colheita apareceu, ela tinha uma expressão desesperada. “Katniss? O que você...”. Ela foi segurada por pacificadores enquanto gritava “Prim” loucamente chorando e tentando desvencilhar-se dos homens e então aconteceu algo que realmente chamara minha atenção:

– Eu me ofereço! – gritou ela como se declarasse que só tinha cinco dias de vida ou sei lá, ela parecia horrivelmente devastada – Eu me ofereço como tributo!

Eu estava confuso demais para expressar em palavras aqui o que eu pensava naquele momento sobre esses tais Jogos Vorazes, eram algo como a morte certa? Não sabia dizer, mas a cena que presenciei era provavelmente um ato de coragem de Katniss, algum tipo de sacrifício pela garotinha. Talvez fosse algo comovente, mas eu não saberia naquele momento.

Houve algo entre a garota chamada Primrose e Katniss, Prim parecia em desespero quando Katniss dissera aquelas palavras, o garoto Gale apareceu e levou para longe a pequena loira que gritava e tentava chegar à garota mais velha e que era levada pelos homens de branco até o palco onde Effie Trinket a recebera animada.

– Bravo! Esse é o espírito dos Jogos! Qual é o seu nome?

A garota hesitou por um instante e então respondeu:

– Katniss Everdeen. – era o mesmo sobrenome da garotinha.

– Aposto que você é irmã dela. Não quer que ela lhe roube a glória, não é? Vamos lá, todos juntos! Uma salva de palmas para o nosso mais novo tributo!

Eu fui novamente o único a bater palmas, as pessoas me olhavam feio, como se dissessem “Percy mal! Percy mal!”. Eu me senti mal por ter sido tão retardado, parei de bater palmas e então todas as pessoas ao redor levantaram os dedos como algum tipo de sinal que as pessoas do futuro criaram, tentei imitar sem entender, mas fingia que sim só para socializar. Eu estava realmente confuso, não dava para entender nada que estava acontecendo. O cara bêbado começou a mexer-se:

– Olha só ela. Olha só para essa aqui! – ele jogou um braço sobre os ombros dela – Eu gosto dela! Muita... Coragem! Mais do que vocês! – ele se dirigiu à câmera – Mais do que vocês!

Foi tenso tudo que aconteceu a seguir, sem mais detalhes sobre o assunto e pulando para a mulher estranha novamente:

– Que dia fantástico! Mas muitas coisas interessantes ainda vão acontecer! É chegada a hora de escolhermos nosso tributo masculino!

A tiazinha andou pelo palco em direção à segunda bola que tinha aparentemente os nomes dos rapazes. Ela enfiou a mão bem no fundo e então pegou um papelzinho, dirigiu-se novamente ao meio do palco e anunciou lendo o papel:

– Peeta Mellark!

Um garoto loiro ao meu lado pareceu cambalear enquanto dava um passo ao lado, aquele era Peeta Mellark provavelmente.

Diga que se voluntaria como tributo, Percy Jackson. - era a voz de Hera.

Fui pego de surpresa e então gritei:

– SE VOLUNTARIA COMO TRIBUTO! – acho que me confundi.

Todos olharam para mim confusos como se pensassem “Qual é a desse cara?!”

– Digo, ME VOLUNTARIO COMO TRIBUTO! – corrigi.

Peeta Mellark já encontrava-se indo em direção ao palco quando gritei isso, resolvi tomar as rédeas da situação e saí correndo por entre os garotos passando em sua frente.

– Eu me ofereço. – reforcei parado diante do palco com todos os olhares sobre mim como se não entendessem nada, o que é compreensível já que Katniss se voluntariou por sua irmãzinha enquanto eu não tinha nada a ver com aquele cara.

– Mais um voluntário! – exclamou Effie Trinket – Esplêndido! Parece-me que esse ano o Distrito 12 está surpreendendo de verdade!

Eu fui levado ao palco por aqueles pacificadores grosseiros e então a mulher pediu que eu anunciasse meu nome enquanto sorria muito.

– John Snow. – falei.

As pessoas tiveram a mesma reação que Gale e Katniss, eles se assustaram com o nome, até mesmo Effie.

– Snow! Ótimo nome! O nome do nosso presidente! – exclamou ela feliz.

Mas as pessoas do distrito não pareciam compartilhar do mesmo sentimento que ela, eles me olhavam com pesar, assim como olhavam para Katniss, mas pelos olhares que recebemos, pode-se dizer que fomos tomados como heróis, ou sei lá. Effie começou a bater palmas e então as pessoas lá embaixo fizeram o mesmo gesto que fizeram para Katniss, cada uma levantava seu braço esquerdo com o sinal de antes após beijar os três dedos que permaneciam de pé.

Eu e Katniss fomos levados num carro até um lugar onde fomos separados em salas diferentes. Eu não sabia o que estava acontecendo, apenas me sentei e esperei por ordens, imaginei que nada aconteceria sem mim, não sabia como funcionava o esquema. A porta do lugar em que eu estava foi aberta e apareceu o garoto loiro chamado Peeta Mellark de quem me atirei na frente para impedir sua entrada nos Jogos. Ele olhou para mim tendo em suas mãos um pacotinho contendo algo.

– Eu sou...

– Peeta Mellark. – interrompi, pois ele parecia sem forças para falar.

– Isso mesmo... – ele se aproximou devagar – Eu... Eu agradeço por ter se oferecido.

– É meu dever. – falei, o garoto franziu o cenho confuso – Digo, não há de quê.

Ele ignorou a primeira parte e então estendeu o pacote.

– Meu pai me deu alguns biscoitos para que eu lhe entregasse quando viesse agradecer. – ele me entregou e eu aceitei sorrindo – Como consegue estar tão calmo? – perguntou ele parecendo meio surpreso por eu estar simplesmente normal diante de tudo aquilo.

– Eu... Eu como bastante. – falei, porque “Jogos Vorazes” na minha cabeça significava alguma coisa envolvendo comida, mas depois da cara que o garoto loiro fez, reforcei a teoria de que deveria realmente ter prestado atenção ao vídeo.

– O que comer bastante tem a ver com os Jogos? Do que você está falando? – perguntou ele confuso.

– Acho que bati a cabeça hoje de manhã. – ri – Mas não se preocupe comigo, eu vou ficar bem.

Quando ouviu o som de minha risada pareceu ficar ainda mais assustado.

– Então... Então tudo bem... – disse ele estranhando – Eu gostaria de te pedir algo, John Snow.

– Pode falar, Peeta. – falei sorrindo.

– Eu gostaria de te pedir que... Que cuide de Katniss na arena. É claro que... Não precisa se arriscar até o ponto que achar que não conseguirá sobreviver, mas eu te peço que... Por favor... Cuide de Katniss... – uma lágrima desceu de seu olho esquerdo e percorreu o rosto pálido do garoto.

Eu não sou o cara mais inteligente que existe, mas em relação aos sentimentos daquele garoto era óbvio para mim que eles eram realmente fortes em relação àquela garota e então perguntei:

– Peeta, você gosta de Katniss? Tipo... Muito mesmo? – meu sorriso sumira, pois para mim aquilo era bastante sério e no momento eu me toquei: - E o que quer dizer com arriscar minha vida?

Ele franziu o cenho:

– Nos Jogos, arriscar-se demais nos jogos. Será que esqueceu que irá lutar até a morte com jovens dos outros distritos? Eu não lhe peço que dê sua vida por Katniss, mas te peço que a salve se puder... Eu não posso lhe pedir para morrer, se você for o vitorioso, mas Katniss tiver tido pelo menos chances até o final eu já ficarei satisfeito... Espero que não ache que estou abusando de sua bondade.

Ele chorava e eu estava quase para fazê-lo também, mas não de tristeza e sim de raiva. “Maldita seja Hera! Aquela vaca velha!” era o que eu pensava.

– Você me perguntou se eu gosto muito dela... – disse Peeta Mellark – Mas... A questão é que eu não apenas gosto de Katniss... Eu realmente a amo e vê-la morrer sem nem ao menos poder fazer algo me mataria junto a ela, por isso estou aqui pedindo para que tente o quanto for possível para você...

– Você a ama... – falei lembrando-me de Annabeth - Não se preocupe, eu a salvarei o quanto puder. – falei tentando não dar muita atenção ao que me parecia ser um jogo em que ou você mata ou você morre...


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