POV Chiquinha

O Chaves tinha razão, realmente contar pra eles não for uma boa ideia, pela cara deles já dava pra ver que eles não aprovariam, eu queria muito poder explicar pra eles, mas eu não conseguia falar nada, o medo da reação deles fez minha voz ficar presa na garganta, então, sem pensar no que fazia, saí correndo de lá e escuto o Chaves começar a falar.

POV Chaves

Coitada da Chiquinha, ela não esperava por essa notícia e ficou tão surpresa quanto eu, agora, ele deve estar de coração partido, já que não vai mais poder namorar comigo, por isso saiu correndo, mas o estranho é que eu não fiquei triste por isso, só preocupado com a reação deles, então já fui logo falando:

–Gente, me desculpe, mas é a verdade. Eu sei que vocês estão com raiva da gente e têm toda razão, mas por favor...- ele disse.

–Raiva? Mas é claro que não estamos com raiva, isso é uma coisa maravilhosa!- disse minha mãe se levantando e me abraçando.- Que lindo meu amor, eu adorei.- ela continuou e riu.

–Você e a Chiquinha. Mas que surpresa maravilhosa rapaz!- o Seu Madruga disse e só então consegui voltar ao normal e suspirar de alívio, alívio mesmo, imaginava que o Seu Madruga fizesse picadinho de mim, mas até ele apoiou também.

Depois de tudo aquilo, o Seu Madruga disse pra eu ligar para a Chiquinha, porque ela sumiu, evaporou, e não voltou mais, comecei a pensar no pior enquanto ligava porque o telefone dela estava desligado, um frio na minha barriga começou a correr.

–Tá desligado o celular da Chiquinha.- eu disse.

–Também pudera, do jeito que ela saiu daqui transtornada.- disse minha mãe.

–Olha, mas eu achei muito exagerado, achei muito dramático essa reação da Chiquinha, nem esperar nossa opinião ela fez, essa menina não toma jeito mesmo hein?-disse o Seu Madruga.

–Meu filho, ao invés de ficarmos aqui nos preocupando, por quê você não vai atrás dela?- minha mãe sugeriu.

–Boa ideia mãe. Já volto.- eu disse num fôlego só.

~~~~~~~~~~~~~~~Duas semanas depois~~~~~~~~~~~~ POV Chaves

Depois que minha mãe e Seu Madruga começaram a namorar, tudo ficou diferente, eu não tinha conseguido encontrar a Chiquinha naquela noite, voltei pra casa e eles haviam me dito que ela já tinha chegado, conversaram com ela e explicaram tudo. Então, no dia seguinte, nós ficamos de bem novamente, e ela se mudou com o Seu Madruga pra casa da minha mãe, e nós passamos a morar juntos como uma "família de casais", mas a ficha de que nosso namoro fora aprovado ainda não havia caído, eu estava contente demais, afinal, desde que voltei, muitos beijos eu dei, mas muitas brigas aconteceram também, minha volta não podia ter sido melhor. Até mesmo a Paty e o Quico, quando souberam da novidade passaram a nos chamar de "maninhos apaixonados", nós adoramos a ideia, afinal, nós éramos aquilo mesmo.

Mas a novidade melhor foi quando ela e Quico contaram que estavam namorando agora, confesso que senti uma pontada de ciúmes, mas a alegria foi muito maior, as férias finalmente acabaram e no primeiro dia de volta às aulas contei tudo aos meus amigos.

–Que legal, quer dizer que sua namorada vai virar sua irmã?- perguntou Sérgio.

–É isso mesmo. A gente tava com muito medo de eles não aprovarem, você tinha que ver a cara da Chiquinha quando ela revelou pra eles que a gente tava junto, até fugiu.- eu disse.

–Normal de mulher né cara? Drama exagerado.- ele disse rindo.

–Pois é, e como vai você e Isabela?- eu perguntei rindo também.

–Legal, a gente passou todo o tempo juntos durante aqueles dias no Campus Party.- ele disse.

–Me conta tudo! Lembre-se que eu fui embora antes do previsto, quero saber tudo o que aconteceu depois.- eu disse.

–Em primeiro lugar: dois dias depois que você foi embora, deram um anúncio em uma palestra que o Bruno já está fora de perigo, mas que vai repousar em casa.

–Ai que bom. Eu tava com tanto medo que ele morresse.- eu disse, suspirando de alivio.

–Pois é né? Mas isso é normal pra quem nunca passou por uma situação dessas. E logo depois que você foi embora quando eu acordei, encontrei sua carta e eles disseram que você não precisava ter ido embora, você não precisava ter fugido, era só uma questão de rezar e esperar.- ele disse.

–Eu sei, mas agora é esquecer isso né?- eu disse.

–Sim, agora é hora de esquecer isso e nos concentrarmos no futuro.- ele disse rindo.

–Então vamos, a aula já vai começar.- eu disse e ele assentiu.

Depois de cinco meses, finalmente chegou o dia do casamento, e tudo estava uma beleza. Minha mãe usava um vestido de noiva com um véu que lhe tampava o rosto, achei desnecessário um véu que tampava o rosto, mas eu não entendia nada de moda, então, tive que deixar ela ficar com ele porque ela havia o escolhido, e o pai da Chiquinha estava (pela primeira vez) usando um terno com uma flor vermelha na ponta esquerda dele, ele ficava bem chiquérrimo de terno, exatamente como eu sonhei uma vez, mas achei que fosse com a Bruxa do 71, era bom saber que não. Eu e Chiquinha nos arrumamos e fomos juntos para a igreja, como minha mãe não tinha nenhum parente que a levasse ao altar, eu tive que ir junto com ela, depois, me sentei num banco que ficava na primeira fila, onde a Chiquinha estava e fiquei só esperando. Todo o pessoal da vila foi convidado, mas a Bruxa era a única que não estava lá, afinal, ela não iria suportar ver o Seu Madruga se casar com outra, o Sérgio, Esteban e Horácio também foram convidados e estavam presentes, a Dona Glória também, não parecia chateada ao ver a melhor amiga casando pela segunda vez, pelo contrário, estava sorridente e emocionada, a Patty também, agora que nós dois não vamos mais ter nada, ela ficou amiga da Chiquinha, o Quico também estava com um terno, mas não aquele de marinheiro, era um terno azul marinho com uma gravata, o meu era preto com branco, mas aquele momento de alegria me fazia tão bem, era como se fosse um sonho, inacreditável. O padre começou a falar aquelas coisas todas de união e paz e pouco depois ouvi a Chiquinha fungando o nariz o mais baixo que podia.

E quando o padre disse "Se alguém aqui tem algo a dizer que impeça este casamento, que fale agora ou cale-se para sempre", uma voz lá da entrada da igreja disse:

–Eu tenho, ela é casada. COMIGO!- disse um homem alto, com olhos verdes e cabelos rebeldes, teria uns trinta ou quarenta anos.

–Rodolfo?!- disse minha mãe surpresa. Seu Madruga e toda a igreja, até o padre ficou olhando a cena, incrédulos.