A primeira vez que eu vi o seu rosto escrita por Stéphanie Cribb


Capítulo 2
Samcedes


Notas iniciais do capítulo

Não sei se sabem, mas Samcedes é um dos meus OTPs. Resolvi escrever sobre o verão deles porque durante a season 3 eu ficava como boba imaginando o que tinha acontecido.
Espero que gostem (:



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Mercedes estava sentada em frente a sua penteadeira. Estava ali há exatamente uma hora, e enquanto seu ipod – ligado à caixa de som – tocava alguma música de uma de suas divas, ela tentava acertar o corte de sua franja. “Esse cabelo não deveria ter crescido tão rápido. Pelo menos não por agora.” Pensou ao mesmo tempo que terminava de passar a tesoura pelos pequenos fios de cabelo.

Enquanto passava o gloss, a jovem se permitiu viajar no meio de seus devaneios. Era uma quinta-feira a tarde. Ela estava de férias e o dia estava lindo. Melhor que isso: ela ia ao parque de diversões. E não ia sozinha.

Sam Evans. Esse era o nome de seu acompanhante. “Dá para acreditar ?” Era o que ela repetia milhões de vezes para si mesma em sua mente. Aquilo era quase um sonho. Não por Sam ser gato e se interessar por ela. Mercedes nunca achou que fosse pouca coisa. Para ninguém. Mas ela tinha perdido as esperanças. Nunca nenhum menino fora tão carinhoso. Não que ela tenha tido muitos, mas nenhum nunca passava horas no telefone dizendo o quão cheirosa e bonita ela era; nenhum ligava para lhe desejar boa noite, e o melhor: nenhum conseguia conversar em Na’vi. Nem mesmo aquele menino Anthony que seu amigo Kurt arranjou no terceiro ano. Ele era fofo, mas muito pouco para Mercedes.

Algo a despertou de seus pensamentos. Era a campainha. Ela olhou para o relógio e viu que eram duas da tarde. “É ele.” Ela pensou. Assim, passou a mão nos cabelos – que estavam ondulados – desligou a música e pegou a bolsa em cima da cama.

– Mãe, - chamou descendo as escadas o mais rápido que podia. Não queria que sua mãe atendesse a porta. – Estou indo.

– Indo aonde, menina ? – Sua mãe apareceu. Ela estava terminando a louça do almoço. Mercedes não sabia o que inventar e odiava mentir para seus pais.

– Ao parque. – Bem, isso não era mentira, mas aquela resposta não pareceu suficiente para sua mãe. – Com as meninas. Deve ser a Tina – apontou para a porta – ela disse que me daria carona. – Dessa vez a senhora Jones pareceu mais tranquila.

– Tudo bem, minha filha. – Secou as mãos. – Vá com cuidado. – Beijou sua testa e a deixou ir.

– Ah, por favor, você e o papai não precisam me esperar para o jantar. – Gritou da porta e saiu.

E lá estava ele. O cabelo repartido de lado, na sua cor natural e um pouco mais curto. Mostrou-lhe seu melhor sorriso e a viu fazer o mesmo. Aproximou-se.

– Desculpe te deixar esperando. Perdi a hora no banho. – Mercedes se aproximou e segurou seu braço. Em seguida depositou um beijo em sua bochecha. Sam mostrou-se frustrado. Como em todas as vezes em que ela fazia isso.

– Tudo bem. – Ele sorriu.

– Você... – Ela começou a falar enquanto o analisava. – Está diferente. Cortou o cabelo... – Sorriu.

– Ah sim. – Disse sem jeito e passou a mão pela nuca. – Cortei. – Sorriu. – E deixei a cor natural. – Mercedes lhe sorriu. – Gostou ?

– Oh, claro. – Tentou não mostrar sua tensão. – Você fica bonito de qualquer jeito. – Se atreveu a falar sentindo suas bochechas queimarem.

Você é quem fica linda de qualquer jeito. – Ele disse verdadeiramente e abraçou seus ombros. Pôs sua mão livre dentro do bolso e começou a caminhar colado em Mercedes. – Como tem sido suas férias ?

– Não tenho feito nada demais. – Ela deu de ombros. – Depois que voltamos de Nova Iorque ajudei meu pai a cortar a grama e tenho conversado frequentemente com você no skype. – Ela lhe sorriu.

Depois do baile, Sam e Mercedes se tornaram muito amigos. Talvez fosse algo maior que isso, mas eles ainda não sabiam. Bom, com certeza Sam sabia, mas Mercedes parecia não querer... se iludir.

Houve um beijo no final daquela noite. Um beijo rápido. Um selinho. Eles faziam – andando - o caminho de volta para a casa de Mercedes naquela noite. “Não acho que seja seguro você voltar para a casa sozinho. Não a esta hora.” Ela disse realmente preocupada quando chegaram em frente a sua casa. “Está tudo bem. Eu posso ir sozinho, não é tão longe.” Ele lhe sorriu e Mercedes não pode deixar de fazer o mesmo. “Boa noite, então.” Ele sussurrou e recebeu um ‘boa noite’ – acompanhado de um sorriso tímido - como resposta. O que ele não soube, foi que aquele sorriso tentava esconder o desejo que havia nos olhos de Mercedes. Ela se inclinou para beijar sua bochecha, mas ele – propositalmente – virou seu rosto e selou seus lábios. Um beijo calmo e ao mesmo tempo rápido. Ao se separarem, se encararam por alguns segundos até Mercedes ter forças para entrar em casa.

Aquilo tinha sido há algumas semanas atrás e, desde então, eles conversavam como se fossem melhores amigos há anos. Quando sentiram que aquilo poderia ser mais forte que uma amizade, preferiram manter segredo. Estava tudo muito bom, não queriam cantar sua felicidade tão cedo.

– Vem. Vamos na xícara giratória ! – Sam parecia uma criança dentro daquele parque e Mercedes estava amando tudo aquilo.

Já tinham andado no carrossel, conseguido alguns bichinhos de pelúcias e agora terminavam de comer algodão doce. No caminho para a fila, Mercedes jogou o palito em uma lixeira.

– Ah Sam... Eu vou terminar tonta e com dor de cabeça. – Ela disse fingindo um biquinho. Sam riu e teve vontade de beijá-la – o que talvez fosse a intenção de Mercedes – mas também teve medo de estragar tudo.

– Te garanto que não vai sentir. Não comigo ao seu lado. – Sorriu-lhe charmoso e a viu gargalhar. – Ok, agora venha. – Agarrou um de seus braços e a puxou para a fila.

E enquanto aquela xícara rodava, parecia que todas as outras pessoas haviam desaparecido. O parque estava vazio. Eram só Mercedes e Sam dentro de uma xícara giratória.

Ela gargalhava com as imitações de Sam. Ele as decidiu fazer para quebrar a mínima tensão que ainda existia ali e obteve total sucesso.

Por um momento, Mercedes pegou-se encarando aquele rosto pálido. Ela analisava tudo: os olhos, o cabelo, os lábios... Oh, aqueles lábios... Como ela queria senti-los. Parecia um sonho e ela soube que aquele era o momento certo. Então, no final de umas das imitações do rapaz, ela se inclinou e selou seus lábios sem se importar com os olhos de surpresa de Sam. Ele segurou seu rosto e, carinhosamente, introduziu sua língua na boca oposta. Incrível, mas ambos sentiram o estômago formigar. Mais incrível ainda: Quinn, Santana e nenhuma outra garota conseguiu mexer daquele jeito com o jovem Evans. Foi um beijo relativamente longo. Eles se separaram quando o ar faltou e perceberam que o brinquedo havia parado. Eles eram os únicos que ainda não tinham saído.

Depois de rirem sem jeito, andaram de mãos dadas pelo parque. Nenhuma palavra tinha sido trocada até então, mas Sam sentiu necessidade de parar e encarar Mercedes.

– O que foi aquilo ? – Ele perguntou confuso.

– Aquilo o que ? – Ela preferiu se fazer de desentendida.

– No brinquedo. Você me beijou. – Ele disse apontando para a direção da xícara.

– Não. – Ela sorriu malandramente. – Você me beijou ! – Ele, então, entendeu seu jogo e abriu um pequeno sorriso. Aproximou-se e tomou seu rosto em suas mãos. Depositou nos lábios de Mercedes um beijo doce e calmo.

– Acho que... eu te amo. – Ele sussurrou com sua testa colada na de Mercedes. Ainda segurava seu rosto em suas mãos. Ela sorriu e em seguida os dois soltaram um riso nervoso.

– Eu também acho que te amo. – Ela confessou tímida enquanto o encarava. Beijaram-se mais uma vez.

*

Qualquer membro da família Jones que passasse no corredor ouviria as risadas incontroláveis vindo do quarto de Mercedes. Eles preferiram ignorar. A menina era jovem, devia estar gastando tempo no telefone.

Enganados estavam eles. Mercedes estava, mais uma vez, aproveitando o tempo no skype. Com Sam Evans: o menino que ela tinha certeza ser o amor de sua vida.

– Eu preciso te dizer uma coisa. – Depois de uma de suas imitações hilariantes, Sam controlou a respiração e, enquanto sua amada fazia o mesmo, ele tomou coragem para falar.

– Oh... – Ela parou e sua expressão ficou um pouco preocupada. – Você está sério. – Aquilo não era normal. – Está começando a me assustar, Sam. O que houve ? – Ela o viu suspirar.

– Eu vou embora. – Ele tentou controlar as lágrimas que teimaram em se acumular em seus olhos. Houve silêncio.

– Como ? Como assim ? – A voz de Mercedes falhou no início da pergunta. Ela sentiu o chão sumir e sua garganta se transformar em um nó. Mais uma vez ele suspirou.

– Meu pai conseguiu uma proposta de trabalho. Em Kentucky. – Por Deus, Kentucky era longe. O que Mercedes faria agora ? Ela sentiu como se estivesse prestes a desmaiar e, involuntariamente, soltou as lágrimas grossas que se acumulavam em seus olhos. – Por favor, Cedes... Por favor, não fica assim. Me diz alguma coisa. – Ele implorou. Seu coração doía e recebia pontadas ao ver Mercedes naquele estado.

– Eu não sei o que dizer. – Ela desabafou depois de um tempo enquanto tentava segurar suas lágrimas. – Isso é ótimo, mas e... nós ? Digo, eu não quero ser egoísta. Fico feliz por seu pai e... – Ela fez uma pausa enquanto mordia o lábio inferior. – Eu não quero perder você. – Sussurrou e quando ia começar a falar nova e compulsivamente, foi interrompida.

– Você não vai me perder. – Sam inclinou seu corpo contra a câmera e fez com que o choro não afetasse sua voz. – Nós vamos ficar juntos, Mercedes. E eu prometo que volto para ficar com você. – Ela revirou os olhos e riu irônica.

– E até lá ? O que você sugere que nós façamos ? – Secou uma de suas bochechas.

– Não sei... Digo, skype tem nos ajudado a manter a proximidade. Talvez... – Ela mordeu o lábio inferior de novo.

– E quando você vai ?

– Próximo fim de semana. –Bom, pelo menos eles ainda tinham mais seis dias juntos.

*

Viram-se todos os dias e tentaram aproveitar ao máximo a companhia um do outro. Em nenhum encontro foi citada a partida de Sam, e embora eles rissem o bastante, sabiam o quão tristes estavam por dentro.

Sexta feira, à noite, Mercedes se recusou a ligar o computador. Ela preferiu deitar mais cedo e pensar o quanto aquele verão tinha sido bom. Junto as lembranças vieram as lágrimas. E quando estava prestes a adormecer, recebeu uma mensagem: “Espero você amanhã na estação. Por favor.” Era Sam, e ela pode sentir o misto de tristeza e súplica naquela mensagem.

*

Sábado. Nove e cinqüenta da manhã.

“Maldita cama confortável.” Mercedes pensou enquanto fazia o percurso até a estação de trem mais próxima. Estava de carro – e atrasada, - mas todos os cidadãos de Ohio que possuíam carro pareciam ter saído ao mesmo tempo.

Nove e cinqüenta e seis. Mercedes já estava dentro da estação. Talvez por milagre, ela conseguiu avistar uma família ao longe. Era todos loiros. Teve certeza de que eram os Evans.

–Sam ! – Ela gritou. Não estava muito longe mas como o jovem já fazia seu caminho – de cabeça baixa – para entrar no vagão, pensou em não dar tempo de correr. Ela deu um sorriso apertado quando ele se virou e correu. – Oh Sam... – Ela o abraçou e se aninhou em seu peito enquanto a família entrava no trem. Mercedes já estava... chorando. – Me desculpe. Eu devia ter chegado antes e...

– Por favor. – Ele segurou o rosto jovial entre suas mãos. – Não chore. – Então Mercedes pôde ver seu nariz e olhos vermelhos, além das olheiras roxas que carregava. Foi inevitável. Seus olhos formaram mais lágrimas de imediato. – Por favor... – Ele voltou a aninhá-la em seu peito. Dessa vez não conseguiu prender suas lágrimas finas.

– Eu te amo. – Ela sussurrou enquanto o tempo parecia ter parado para eles. Sam a afastou de seu peito e a encarou. Pôs uma mecha de cabelo atr´s de sua orelha e sorriu.

– Eu também te amo. Muito. – Perdeu-se em seus olhos e enfim se aproximou.

Seus lábios foram encostados um no outro com calma. O gosto era salgado, mas ao mesmo tempo doce. E quando as línguas se encontraram, parecia não haver mais ninguém ali. Foi como da primeira vez na xícara giratória. Só existiam Sam, Mercedes e aquele beijo que não parecia ter fim.

Separaram-se e, em silêncio Sam entrou no vagão. Ele estava de cabeça baixa e só se atreveu a olhá-la depois que as portas fecharam – assim ele não corria o risco de desistir da viagem. A viu soluçar, em meio a suas lágrimas, e não suportou aquilo. Ela acenou timidamente, mas ele não conseguiu retribuir. Estava ocupado demais chorando e tentando não encarar aquela situação.


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Notas finais do capítulo

É isso !
POR FAVOR, COMENTEM ! Muitas pessoas não têm conta, mas as que tiverem, por favor comentem ! O próximo ship é Finchel e eu preciso muito do feedback de vocês.
Obrigada (: