Complicated - Between Red Eyes escrita por AliceCriis


Capítulo 15
12 – O natal. III




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12 – O natal. III

 

Anne McField

 

24 de dezembro – Nova York.

 

Eu teria que contar a Alec, que ele não estaria na ceia de natal como MEU namorado. Ficaria lá apenas como meu novo amigo. Pelo rápido acontecimento de ontem, fiquei sem mais palavras para definir o que eu senti. Com Frank alimentado, e meu skate limpo e lustrado, parti pelo caminho claro e escaldante. Pensando nas prováveis desculpas e palavras que eu usaria com Alec.

 

 

Eu chegara á frente do hotel... mais algo me impediu de entrar. Era a figura de Alec. Deslizando sobre o skate – caro – e as roupas mais novas que ele tinha. Um óculos no rosto, e as mãos nos bolsos. Uma perfeita fantasia.

 “siga-o” uma voz me mandou. Não sabendo o motivo mais mesmo assim o segui. Ele parecia continuar na mesma, apenas seguiu por uma caminho perigoso – ao menos para as pessoas normais. Por trás de toda a movimentação da cidade – rumo á floresta de NY.

“não deixe-o sair de sua vista” aumentei meus passos. Quando entrei por completo nos becos... não o vi mais! – e isso que á frente, não havia nenhuma outra saída. Apenas uma longa caminhada até a floresta... mais um pequeno objeto me chamou a atenção. A pedra verde esmeralda que ele comparara sempre á meus olhos. Estava ali no chão. Ele foi para a floresta.

 Eu estava convicta disso. Ele tinha ido pra lá.

“continue seguido pra floresta.” Mais uma vez a voz que vinha de sei lá onde, me incentivava. E eu – talvez como uma tola – escutava-a.

 Caminhei o mais rápido que pude sentir a mata em minha cabeça e a terra selvagem em meus tênis. Caminhei ainda mais, em busca de Alec. Mais minha voz parecia ter sumido. E ficado apenas os suspiros de perseverança. Estava mais ou menos á alguns 100 metros mata a dentro. Encontrei o skate, o celular e o enorme blusão de Alec. Aquilo me deixou alarmada. O que aconteceu com ele?

 Virei a esquerda de onde eu estava e escutei um som ensurdecedor. Um grito vindo de algum animal. Não pude classificá-lo. Mais aquilo me trouxe uma lembrança...

 

Estávamos nos abraçando e no mais alto de nossos beijos. Enquanto tirei a camisa dele... ele pausou tudo. Apenas me deitou em seu peito, e chamou por mim.

 - Anne... – ele buscou alguma palavra. – Você tem medo de mim? – ele parecia tão sério e comprometido, que não pude evitar: ri;

      - Não seja ridículo, Alec. Você não faz mal á uma mosca. – fechei os olhos.

 - É por isso que quero que me conheça melhor, An. Antes de se envolver demais comigo. – ele terminou desgostoso.

 

Não consegui encontrar o significado para aquilo. Mais entrou em minha mente como se realmente estivesse fazendo sentido, mais claramente não estava. Mesmo com a guinchada do animal, eu me arrisquei a seguir;

 

Eu vi. Eu O VÍ. ALEC. ALEC MANFORD! ELE... ELE... ELE ESTAVA LÁ! COM O ANIMAL... SENDO UM ANIMAL.

 Sua expressão era prazerosa... e sua boca... ESTAVA CONECTADA AO PESCOÇO DO ANIMAL! Eu estava em choque... não por medo. Mais sim... pela desconfiança. Ou o susto. Ou aquilo. Simplesmente assim era inexplicável. Ele estava agarrado ao pescoço do animal, seus olhos fechados, sua expressão selvagem.

 Ele abriu os olhos. Não só abriu. Os arregalou, quando me viu.

 - Anne? Anne o que faz aqui? – em menos de um segundo ele estava em minha frente. A criatura com sangue esparramado em seu rosto.

 - O que você é? – eu me obriguei a perguntar.

 - Anne... como veio parar aqui? – ele estava louco.  Nunca o vi tão nervoso.

 - Me diga! O que você é? – eu segurei seu rosto em minhas unhas. Mais não o feri.

 - Feche os olhos. – ele disse. E assim me tomou em seu colo. Me amarrando em seu contorno. Eu não estava com medo. Nunca estivera. Fechei os olhos por reflexo.

 Senti a velocidade em meus ombros e rosto. Senti que estava prestes a voar.

 - Pronto. – ele me largou delicadamente no sofá de minha casa. Como?

Não consegui dizer nada ao abrir os olhos.

 - Pode me explicar o que diabos você estava fazendo atrás de mim? – ele disse com a expressão escondida por uma mão.

 - Me diga você! O que você é? O que... – engoli seco.

 - Acho que não tem mais como eu esconder isso.

 - Você acha? -  me levantei e o olhei com desprezo.

 - Eu não sou um humano, Anne.

 - Sério? Quem imaginaria? – usei o sarcasmo com todo o poder.

 - Eu sou um vampiro... – ele soltou depois de uma pausa melancólica.

Nada mais foi dito. Tudo estava explicado. O sangue em seus lábios, a falta de apetite para comidas comuns... ele tentava me dizer. Sempre. Ele sempre me alertou.

“Quero que me conheça melhor antes de se envolver mais comigo” – lembrei de suas palavras.

 - Como pôde? Como pôde? – as lágrimas brotaram de meus olhos. Senti uma adaga perfurando meu peito... como uma agulha, atravessa qualquer tecido.

 - Eu quis lhe proteger, Ann. – ele tirou a mão de seu rosto. E os olhos cor de caramelo brilhavam de tristeza.

 - De você é que não foi... – eu continuei com a amargura em minha voz;

 - Não... de meu passado. De minha antiga família. – ele engoliu seco, aquelas palavras faziam mau á ele.

 - Eles me matariam por saber do que você é? – zombei com horror.

 - Pra falar a verdade... sim. É por isso que eu não contei. – ele disse pesaroso. Pude sentir tudo que eu sentia por ele... se transferir em milhões de pedacinhos.

 - Como pôde me esconder isso? Como...? – eu ainda perguntava á ele.

Ele deu um passo a frente para tocar em mim. – Não me toque! – eu gritei compassando para trás.

 - perdona-me. - ele se abaixou pois seus joelhos ao chão e com um gesto nobre e de redenção, abaixou a cabeça, que para os antigos seria o significado de uma espada a ser cravada em sua cabeça.

 - Faça apenas uma coisa por mim, Alec. – eu disse segurando minhas lágrimas. Sentindo meu coração parar de bater. – Vá embora. Não quero tê-lo mais. Vá embora! – eu berrei e o choro explodiu em minha garganta.  

 - Como quiser...McField. – disse ele segurando um silvo de dor.

Apenas o vi se levantar e seguir para a porta sem destinos. Sem palavras.

A noite havia chegado... e com ela. A dor profunda de destruição de minha alma.

 Poxa... eu tinha dado tudo que eu podia a Alec. E... foi assim. Talvez Chowder estivesse correto. Eu não devesse estar com outros caras. Talvez. Mais ele me amava. Amava... isso seria ruim. Eu poderia até sentir uma atração física por Chow. Mais não era isso que eu queria. Era estar nos braços gelados e maciços daquele vampiro mentiroso. Daquela criatura mitológica que roubou meu coração. Daquilo... que eu tanto amava... e ainda amo... e foi assim. Assim que eu percebi isso... faziam horas. Horas que eu mandara Alec embora. E ele certamente ia. Não apenas de minha casa. Mais embora de Nova York. Ele era assim. Tudo extremo. E era por esse defeito que eu o amava.

Levantei de meu sofá, limpei as lágrimas. E procurei meu skate de onde ele estivesse. Não encontrei. “não posso mais perder tempo”, pensei. Abri a porta, e mais uma vez – com a lua no céu – corri como uma louca até o hotel onde ele... se hospedava.

 - Senhorita McField? – disse a recepcionista enquanto eu me esbaforia em sua frente.

 - Alec... o senhor Manford? Ele está? – eu disse entre minha falta de fôlego.

 - Desculpe... mais... ele fechou a conta e foi embora a uma hora atrás... – ela me olhou com dor. – a senhorita não sabia disto?

 - Eu sou a responsável por isso... – eu disse enquanto meus olhos me castigavam com as lágrimas doloridas sobre o rosto quente e marcado pela dor... que eu mesma a causara. – Obrigada.

 Á passos leves e sem rumo... eu caminhei para fora do grande “hall”. Todos os ricaços me olhavam curiosos... “ o que aquela louca está pensando?”

 Não sabia pra onde minhas pernas me levavam. Eu mesma arruinei-me. Eu mesma acabei com minha vida. Eu... mesma.

Caminhei para atravessar a rua... com os olhos mareados e tristes. Eu não consegui enxergar mais nada. Apenas um barulho cruel. Dois braços me arrastando de lá... uma guinchada horrível em meus ouvidos... a dor foi tanta. A perda de Alec... que a morte me levou de uma vez.


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