–Ta tudo bem?Manoel parecia preocupado com a minha reação ao que ele disse.

Mas que tipo de reação ele esperava?Fogos?Aplausos? Meu deus só estamos namorando a um mês e o garoto vem com essa de casamento!

–Manoel você ta brincando comigo, não é? Perguntei, enquanto tentava limpar o suco que estava derramado com um guardanapo de papel.

–Não, eu estou falando serio. Ele me encarava.

–Mas... Mas... Isso não pode ser!

Manoel sorriu e pegou minha mão. Parei de limpar, ou melhor, de tentar limpar o suco e olhei para ele.

–Calma amor, eu só disse que vou te pedir em casamento, sabe?Tipo um noivado, mas isso não significa que vamos para o altar, pelo menos não por agora. É só uma ideia que eu tive, se fosse minha noiva, talvez os seus pais te deixe ir comigo e é claro, pensei nisso também porque te amo e você é tão especial que não me importaria de casar com você amanha, mas sei que somos novos ainda.

Meu coração se apertou no peito, ele me ama a ponto de querer casar comigo, enquanto eu fico pensando no Bruno. Eu não o mereço.

–Desculpa a minha reação nervosa é que tudo isso me pegou despreparada. Falei e apertei minha mão na dele.

–Esta tudo bem, amor, eu que fui precipitado em falar sobre isso.

–Mas saiba que eu adoraria casar, você é uma cara muito especial.

Saímos do restaurante e seguimos para minha casa, durante o trajeto não conversamos muito e isso me deu tempo para pensar na vida. Para pensar na minha vida e no que estou fazendo dela, Manoel realmente merece alguém que o ame de verdade e eu não sou essa pessoa. Essa é a hora de terminar com tudo isso.

Ele estacionou o carro em frente a minha casa.

–Esta entregue, senhorita!

–Obrigada. Agradeci e Manoel começou a vir em minha direção para me beijar, mas eu me afastei.

–O que foi?Ele parecia decepcionado.

–Eu preciso te falar uma coisa.

Ele ficou me encarando esperando que eu falasse.

Mordi meu lábio procurando as melhores palavras para dizer o que ia dizer, mas elas simplesmente não vinham. Não tem um jeito fácil de terminar um namoro. Respirei fundo.

–Manoel é que...

Desviei o olhar do dele e involuntariamente olhei para a casa de Bruno, onde o carro dele tinha acabado de estacionar.

Fiquei sem ar quando o vi descer do carro e logo em seguida a Aline desceu também.

–O que foi Luna?O que você quer me dizer?

Manoel interrompeu meu olhar matador para o casal, que agora entrava na casa.

Voltei a olhar o Manoel, mas perdi a coragem.

–Eu ia dizer... Que... Não vou poder sair hoje à noite. Menti.

Porque eu menti?Eu não sei. Não quero admitir que fiz isso por que vi o Bruno com a coisinha,não eu não estou fazendo isso por causa dele.

–Ah!Era isso?Ele sorriu aliviado.

–É... A vick vai vir dormir aqui hoje.

–Tudo bem amor, a gente se vê amanhã.

Manoel me puxou para um beijo e eu correspondi. E por dentro só sentia a culpa aumentar.

Entrei em casa e corri para o quarto. Tinha mentido sobre o fato de que a vick ia dormir na minha casa, mas agora isso parecia uma boa ideia, precisava desabafar.

Peguei meu celular e digitei o numero dela.

–Alô?Ela atendeu no terceiro toque.

–Oi, eu queria saber se você e a Laura não querem dormir aqui em casa hoje?

–Mas você não ia sair com o Manoel hoje?

–Desmarquei, preciso falar com vocês.

–Tudo bem então, nós vamos sim.

–Então ate mais tarde.

Desliguei o telefone e fui tomar banho.

[...]

Algumas horas mais tarde já estávamos deitadas no meu quarto comendo brigadeiro.

–Ele pediu você em casamento?Laura estava boquiaberta depois de ouvir toda a historia.

–Não exatamente... Foi uma ideia para o futuro.

–Que romântico!Ele te ama mesmo Luna. Os olhos de vick brilhavam.

–Não fala merda vick!Esse garoto só pode estar louco! Laura ríspida como sempre.

–Também não é assim Laura, foi muito lindo tudo o que ele falou...

–Você não esta pensando em casar com ele? Laura me interrompeu.

–Não!Claro que não. Respondi e ela respirou aliviada.

–Ainda bem, pensei que ia ter que te internar.

Dou risada me divertindo com o jeito nada amoroso da minha amiga e jogo uma almofada nela.

–Mas bem que eu ia adorar ir morar em nova York. Imagina?Deve ser o Maximo!

–Luna, isso quer dizer que você esqueceu o Bruno?Vick perguntou depois de algum tempo.

Olhei para ela e fiz que não com a cabeça, não ia mentir para minhas amigas.

Vick me olhou compreensiva e depois veio me abraçar.

–Você gosta muito dele, não é?

–Eu o amo, mas nós nunca vamos poder ficar juntos, ele gosta da Aline.

Segurei-me para não chorar.

–Eu sei que isso é difícil, mas vai passar. Ela me abraçou mais forte.

BRUNO

Eu sinto falta dela o tempo todo.

Sinto falta do seu sorriso, do seu jeito meigo e sinto falta do seu beijo. Como eu queria beija-la de novo, como eu queria toca-la, mas eu não posso, não tenho direito de atrapalhar a felicidade dela com o Manoel, eu perdi minha chance, por estupidez e não há nada que eu possa fazer.

Tento me esquecer dela e me concentrar na Aline, mas é claro que isso fica impossível com conversar como as que estamos tendo agora.

–Amor, qual cor você prefere? Ela mostra dois vidrinhos de esmaltes, uma verde e outra laranja.

–Qualquer uma. Respondo sem paciência, faz meia hora que estamos na sua casa e ela não para de falar sobre roupas, sapatos e não sei mais o que.

–O que foi?Porque esta tão nervoso?

–Por quê?Porque não me interessa saber a cor do seu esmalte! Me levanto da cama e ando pelo quarto.

–Tudo bem, me desculpa. Ela se levanta também e vem me abraçar.

–Nós podemos fazer umas coisas mais... Interresantes.

Ela me beija, mas eu me afasto.

–O que foi agora, Bruno? Ela esta sem paciência e eu também.

–Eu não to afim, só isso.

–Não ta afim?Bruno você esta estranho ultimamente, só se afasta de mim. O que esta acontecendo?

–Não tem nada acontecendo!Esta tudo normal.

–Mentira!Você esta frio e pensativo. Em quem você esta pensando?Por acaso é na Luna?

Fecho os olhos tentando não explodir. E de repente, não mais que de repente, me dou conta que não sei o que estou fazendo com a Aline. Eu não a amo. Estava iludido com um amor de infância, mas esse amor não existe mais.

–Quer saber?É nela que estou pensando sim!Porque eu amo ela!

Falo colocando minhas emoções para fora.

–Você ficou doido?Como se atreve a falar comigo assim?

–Eu acho que estou doido mesmo!Porque só doido para eu te aceitar de volta!

–Para de falar assim comigo!

Mas eu não conseguia parar, eu precisava falar.

–Eu não sei como pude pensar algum dia que eu te amava você não tem nada a ver comigo... Nós não temos nada a ver!

–Claro que temos tudo a ver, amor eu ti amo e você me ama... Você só esta confuso...

–Não Aline!Eu não to confuso!Eu não te amo mais... Eu só não tinha me dado conta disso antes porque eu tava cego!Eu não quero mais continuar com isso!

Aline estava aos prantos.

–Não, eu não quero terminar com você. Ela vem ate mim e me abraça.

Eu a afasto e a segurando pelos ombros.

–Aline... Não adianta a gente não da mais certo junto, desculpa.

–Você não pode fazer isso comigo!

–Desculpa.

Saio do quarto e quando fecho a porta, no mesmo instante ouço um barulho de algo sendo jogando na mesma e os gritos histéricos da Aline.

Na volta para casa penso no que fiz. Parabéns Bruno! Agora você esta sem a Aline e sem a Luna, esta sozinho!

Chego em casa e estaciono o carro e vou a abrir o portão e é nesse momento que percebo uma figura sentada na varanda.

–Você? Ela se levanta e vem ate mim.

–Eu preciso falar com você.