Avatar: A Lenda de Zara - Livro 3: Fogo escrita por Evangeline


Capítulo 14
Cap 13: Em Cativeiro?




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/463629/chapter/14

– É. Avalon. – Confirmou o rapaz levantando-se. Era mais alto do que Airon. – Ele deve ter dito coisas terríveis sobre mim, certo? – Perguntou com um sorriso maldoso no rosto.

– B-bem, na verdade não. – Disse a menina fazendo-o bufar.

– Não sei porque eu não acredito em você, Zara... – Ele disse se aproximando e assustando a menina.

– Onde eu estou? – perguntou a jovem Avatar.

– No meu quarto, no quartel general da Nação do Fogo. Segura. – Informou como um verdadeiro militar.

– O que pretende fazer comigo? – Perguntou se encolhendo um pouco mais a cada passo que ele dava. Ao ouvir a pergunta da menina, Avalon parou no lugar e sentou-se na cama, olhando para ela.

– Eu? – perguntou de volta, desentendido. – Você acha que eu vou... – Ia falar mas desistiu e soltou um riso baixo. – Zara... Acho que você não está entendendo a situação... – Falou baixo com a voz grave.

– Não, eu entendi. Você ameaça o seu irmão e mata as pessoas em quem ele fez experiências. – Começou a falar trêmula e nervosa. – Tudo só porque ele nasceu com dobra e você não. – Concluiu encarando-o furiosa.

Avalon a encarou com o rosto rígido e frio. Levou-se da cama e caminhou até ela, agachando-se diante da menina. Estava com o rosto a centímetros do dela, permitindo-a que visse bem nitidamente a cicatriz deixada por Airon em seu rosto.

Quando ele parecia que ia finalmente falar algo, o rapaz ergueu a mão diante do rosto de Zara, e nas pontas de seus dedos brilhavam chamas azuis e muito bem controladas. Ela arregalou os olhos ao ver o fogo.

Avalon apagou as chamas e se levantou, dando as costas para ela e saindo do quarto.

Zara não tinha como se encolher mais do que já estava encolhida.

– Ele mentiu. – Foi só o que conseguiu sussurrar.

Do lado de fora do quarto, Avalon estava encostado na parede, ao lado da porta. Levou a mão à testa apertando a ponte de seu nariz, impaciente. Suspirou profundamente e apertou a mandíbula com força.

Não olhe para trás, deixe o cadáver virar pó. Se tiver misericórdia vai ter que ficar só. Não olhe para trás, deixe a culpa se esvair. Se você se arrepender vai voltar até cair. Seja livre! Como o Fogo! Não se deixe apagar. Seja selvagem! Como o Fogo! Não se deixe abafar!”

Cantarolou mentalmente.

Longe dali, Gumo e Airon almoçavam na estalagem simples.

– Ainda não estou entendendo nada. – Resmungava Gumo deixando Airon cada vez mais tenso.

– Eu estava indo buscar Vivi, ela pode ter me seguido. – Disse Airon pela centésima vez.

– Sim, e porque não te seguiu de volta para o quarto? – Perguntou Gumo irritado.

Os dois estavam num clima muito tenso e estressante. Gumo comia como um louco para tentar aplacar o nervosismo, enquanto Airon não encostava na comida por causa da culpa que sentia.

Quanto mais tempo eu passo envolvida com Airon, mais descubro coisas que ele fez para desmerecer minha confiança. Ele foi embora sem dar noticias, ele voltou como Tenente, ele fez experiências terríveis com uma teoria mais terrível ainda, ele mentiu sobre o irmão... Eu não posso confiar em Airon, e isso já ficou muito claro.

Pensou Zara tentando meditar no quarto de Avalon.

Depois de refletir muito, decidiu medir tudo o que contaria a Airon, e ainda mais o que deixaria Avalon saber. Se levantou e foi até a cama onde havia dormido. Estava muito bagunçada e agora estava iluminada pela janela aberta.

Zara explorou o quarto o máximo que sentiu que podia, sem abrir gavetas ou guarda-roupas. Ela sabia que não estava trancada ali, mas algo na voz dele quando disse que ali ela estava “segura” não queria deixa-la ir embora.

Evitou olhar pela janela e finalmente se acalmou sentando numa poltrona num canto do quarto. A poltrona tinha um cheiro bom para a menina, e tinha um lençol forrado nela, o qual Zara abraçou e conseguiu relaxar, mesmo sem adormecer.

Fechou os olhos e abriu um sorriso parcial.

Em meio a toda aquela loucura, um lugar pôde me fazer esquecer. Pensou a menina.

Zara sequer pôde ouvir o abrir da porta e os passos silenciosos de Avalon pelo quarto. Ele viu a menina sentada na poltrona no canto do quarto e passou a mão pelo cabelo, um pouco nervoso pela presença dela ali, ainda mais quando ela estava tão relaxada.

Ele pegou uma muda de roupas e saiu mais uma vez do quarto.

Aquilo seria mais difícil do que pensou. Por mais que tivesse boa vontade, só de imaginar que aquela menina era a namorada de Airon dava nos nervos do mais velho. Porque as pessoas sempre preferem o mais novo? Perguntava-se.

Entrou no banheiro e se olhou no espelho sem um pingo de repulsa. Aquela queimadura era o presente de seu querido irmãozinho para ele.

Suspirou e se despiu para banhar-se. Seria um dia comprido, mesmo já estando na metade.

Quando voltou ao quarto, já vestido com uma roupa mais básica e com um copo d’água para dar a menina, Avalon encontrou Zara ainda sentada na poltrona e abraçada ao lençol. Mais precisamente cheirando-o. Levantou uma sobrancelha e resmungou algo antes de ligar o pequeno rádio de “última geração” que ganhara de seu tio.

Tocava uma música típica da Nação do Fogo, como sempre tocava. (Procurem Greensleeves on Guitar no youtube. J )

Enxugou o cabelo e se sentou na cama enquanto batia com os pés descalços no chão.

Zara abriu um pouco os olhos para ver do que se tratava. Pôde ver Avalon se deitando na cama que era pequena para seu corpo grande, e pousando as duas mãos sob a barriga. Ele fechou os olhos e manteve a toalha na cabeça. Não demorou para que adormecesse com a música.

Zara se levantou devagar e fio até ele, olhando para o seu rosto. Não conseguia imaginar como era antes da queimadura. Se acordo com Gumo, era incrivelmente parecido com Airon, mas Zara tinha fé que era exagero.

Com cautela, Zara dobrou a água do copo que Avalon havia trazido e começou a tentar curar o rosto dele. Nunca havia curado uma queimadura que não fosse recente, e parecia mais difícil do que cortes profundos que já havia curado na Tribo da Água do Norte.

Depois de algum tempo ela conseguiu deixar a pele dele perfeita em toda a região dos olhos, nariz e boca, assim como as bochechas, o queixo e o centro da testa. Mas a queimadura permanecia perto de seu cabelo, do lado direito, e perto da ponta do maxilar, no lado esquerdo.

Ela olhou com o rosto torto para ele. Talvez fosse o melhor que podia fazer com tão pouca água comum. Mas pôde ver que a semelhança com Airon era muito grande.

Mas ele tem lábios mais cheios. Acrescentou olhando para o rapaz adormecido. E Sorbancelhas mais angulosas. Pensou ainda depois. E o nariz mais bonito. Concluiu logo se afastando e foi para perto do rádio. Ela nunca havia visto um abjeto daqueles e sorriu para a caixinha. Para ela, havia alguns homens pequenininhos ali dentro, tocando aquela música.

Depois de cerca de cinco minutos, Avalon acordou de seu breve cochilo e desligou o rádio lançando um olhar frio e enojado para a menina sentada no chão diante do objeto agora desligado. Ele ainda estava com a toalha cobrindo a cabeça, o que dava-lhe um ar tolo e ao mesmo tempo autoritário. Ficou encarando Zara por longos segundos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Perdão pela demora.