Mermaid Song escrita por starpower Ander


Capítulo 2
O Entregador


Notas iniciais do capítulo

Nesse capítulo vou confundir as coisas um pouco, verão que vou misturar Leroux com Webber, e vamos descobrir o resultado.



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Contrariando o que disse, ela não foi à comemoração. Não se sentia com ânimo para comemorar e estava exausta; às duas horas de espetáculo a desgastaram de forma incomum. Não querendo ser questionada por ninguém, pegou o caminho da saída dos fundos.

Elise estava acostumada a cantar por muito tempo, sua carreira começara na infância e aos nove anos já interpretava personagens em grandes produções. Mais nenhum deles exigiu tanto de seu talento quanto o papel de Christine exigiu. Por isso quando terminou a apresentação tudo o que ela queria era se esconder e descansar em seu camarim e depois ter uma boa noite de sono.

_ “O Fantasma da Ópera é o The best dos musicais e minha ambição de carreira desde a infância, então ele tem sido parte da minha vida. Sempre fui uma grande fã das musicas e da história, e finalmente fui abençoada com a oportunidade e sinto-me muito grata por fazer parte dessa celebração.” – disse ela, repetindo as palavras que diria na entrevista da manhã seguinte, num programa de auditório. Para as outras perguntas, ela tinha uma vasta coleção de respostas triviais com: “Todos no elenco são muito unidos” ou “Somos como uma grande família feliz”... E não se esquecer de sorrir e de ser adorável.

_“Você foi excepcional, a melhor de todas que já vi.” – Disse uma voz na escuridão – “Nos 25 anos desde a estreia do musical, nenhuma outra atriz foi capaz de levar o ouvinte aos abismos da paixão ou da dor lancinante como você fez esta noite.”

Elise parou, seus ouvidos e seus olhos procuravam o autor daquelas palavras. Andando distraidamente por caminhos mal iluminados do teatro, ela não esperava ser abordada repentinamente por um desconhecido, e que aparentemente não parecia surgir de lugar nenhum.

O homem com cabelos brancos e aparência de ter mais de 50 anos de idade e agora estava a sua frente. Não havia nada de diferente em sua aparência se não fosse pelos olhos: um era de um claro azul pálido, enquanto o outro era castanho muito escuro. Mesmo estranhando o encontro e o homem em questão, a jovem atriz procurou agir da forma mais natural possível.

_ Senhor... A apresentação já terminou e o público não tem permissão para entrar nos bastidores. – Disse a moça. Ela imaginou que ele fosse da plateia já que não o reconhecia do elenco e todos os outros profissionais do teatro são identificados com cachares.

_ Mademoiselle, eu não sou um espectador comum e preciso falar com você. – Disse ele com tom frio e sotaque francês. – É importante...

_ Você é um jornalista? - Perguntou ela - Se o senhor pretende marcar uma entrevista, ligue para minha agente amanhã. Eu preciso ir... Com licença. – ela apressou-se em se despedir, mais ele insistiu.

_ Eu não sou jornalista, sou entregador e tenho uma encomenda para Elisabeth Stirling. – disse ele.

Ela parou e o observou. Ele não se parecia nada com um entregador. Não estava vestido como um, usava um elegante terno cinza, gravata azul, maleta negra e chapéu, lembrava mais um advogado londrino do que um entregador. E mesmo assim, se havia uma encomenda, ela não deveria ser deixada na sua casa?

“Que tipo de pessoa se veste assim para entregar encomendas?” Pensou.

_ Muito bem, o que tem para mim? – Disse ela altiva.

_ Algo muito precioso, e que deve ficar com você... – Começou ele – Veja bem, você não vai acreditar... Por favor, não fique chocada quando eu lhe disser que encontrei a lendária partitura “Don Juan Triunfante”! – Disse ele com veemência e repleto de orgulho.

_ Perdão? – Perguntou Elise em confusão.

_ A verdadeira... Não a adaptação dissimulada da ópera de Mozart “Don Giovanni” que vocês apresentaram aqui... – Continuou ele sem dar atenção ao seu olhar confuso. – Eu falo das notas que foram escritas pelas próprias mãos esqueléticas de Erik!

Apesar da estranheza da situação ela não havia esquecido o que foi dito primeiro.

_ Quem você pensa que é para desprezar Webber? Ele é um compositor maravilhoso! – Respondeu ela indignada, quando sentiu que ele menosprezou um compositor que ela tanto adora.

_ Não estou desprezando Webber, e concordo com você... As musicas são realmente lindas, perdoe a maneira como me expressei... – disse ele desculpando-se. – Ah! Você está me fazendo desviar do assunto. – comentou aborrecido – Webber merece respeito como compositor, eu admito. Mas a música de Erik é diferente de todas as musicas que já foram compostas no mundo! É Perturbadora e Sublime; Aterrorizante e Divina! A obra do Verdadeiro Anjo da Música! – insistiu com intensidade.

_ Isso é alguma piada? – disse irritada – Acha mesmo que vou acreditar nessa loucura? – perguntou se sentindo muito zangada – Ah... Eu estou em algum programa de TV de pegadinhas com famosos! – concluiu – Não é verdade? Onde estão as câmeras? Vocês não me pegaram! Não Elisabeth Stirling! – disse ela olhando ao seu redor e procurando por alguma câmera escondida. Julgava que para alguém dizer aquelas insanidades só poderia está tentando alguma brincadeira estúpida com ela.

_ Isso não é uma piada! – ele parecia tão irritado quanto ela – Passei uma década e meia em baixo de Paris a procura da célebre partitura e preciso agora entrega-la a você!

_ Mais isso é impossível! Nunca existiu o Fantasma da Ópera, e mesmo que existisse, por que você se daria ao trabalho de procurar sua obra por tantos anos somente para me entregar?

_ Isso é algo que você vai entender com o tempo... – Disse ele se acalmando. – E ele existiu realmente, se não, de que outra forma eu estaria entregando isto a você? – entregou a ela a maleta negra que estava segurando.

Ela a pegou e abriu hesitante, como se uma bomba fosse explodir naquele momento, talvez ela realmente desconfiasse que isso iria acontecer. Quando ela abriu, seu observador notou com divertimento a surpresa no seu rosto quando, ao invés de encontrar grande um caderno pautado, com capa de couro vermelho (como era representado no musical), encontrou apenas um cilindro de vidro, que dentro continha um pergaminho.

_ Muito interessante, não? – Disse ele com divertimento – Eu encontrei dentro de um cilindro de metal que as pessoas costumam chamar de “Cápsula do Tempo”, na parte mais profunda dos subterrâneos.

Ela pegou o cilindro precioso com muito cuidado e o observou atentamente. É claro! O Fantasma da Ópera, não queria que sua obra fosse perdida, e a partitura não estaria protegida de outra forma se não por um vidro, se não fosse por ele, o pergaminho seria corroído pelo tempo, comido pelas traças e estaria perdido; mas o vidro pode conserva-lo para sempre! Elise chocou-se consigo mesma por começar a acreditar naquela loucura.

_ Isto não deveria ficar comigo, e sim em um museu! Não acredito que veio a Londres só para deixa-lo comigo... – Disse ela impressionada.

_ Não... Ela deve ficar com você, em breve saberá o porquê. – disse ele tranquilamente. – Boa noite, Mademoiselle. – Ele não esperou a resposta dela, e se retirou pelo seu caminho.

_ Espere! – Ela gritou e tentou alcança-lo, ele não lhe deu ouvidos, apenas apressou os passos. – Espere! Por favor... – ela tentou alcança-lo pelos corredores, e quando notou já tinha atravessado a porta dos fundos do teatro, e estava agora num beco escuro e sem nenhum sinal do homem.

“Que noite estranha...” Murmurou ela.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Odiaram? Quero saber.



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