Não demorou muito para o sinal anunciar que poderíamos ir embora – quer dizer, alguns eu e Kim ficaríamos.

– Vão para minha casa, o Happy deve estar por lá eu vou mais tarde e nós poderemos conversar – falei para as meninas entregando a chave de casa, Haruka pegou-a da minha mão e sorriu.

– Tente não matá-la – disse Aline com uma expressão preocupada no rosto me fazendo sorrir, ela era tão doce – como a Hinata – Bianca deu um ligeiro tapinha no ombro da garota e sorriu para ela.

– Vamos meninas – falou a mesma, as garotas começaram a caminha para fora da sala menos Amaya que estava com uma expressão de culpa estampada no rosto.

– Desculpe Nana, te coloquei nessa confusão – falou com um tom choroso – mas você precisa acreditar em mim, tive bons motivos para querer matar a vadia loira – explicou-se, dei um sorriso para ela.

– Conversaremos sobre isso, está tudo bem – falei – mas tente ligar para a Nanda, peça que ir a minha casa, preciso dela – disse ela assentiu e saiu.

Assim que me vi sozinha suspirei um pouco incomodada seria uma detenção muito irritante.

– Vamos – chamou Kim – se não começarmos logo, não terminaremos cedo – completou.

[...]

O sol começava a se esconder entre os prédios quando finalmente terminamos de arrumar tudo, estava exausta, com sono e precisava encontrar com as meninas, queria só sair o mais rápido do colégio.

Quando chegamos no portão havia um carro preto parado e em frente dele havia um casal, a mulher era uma japonesa tradicional, cabelos longos e negros e um vestido floral vermelho lembrando um qipao que descia até os joelhos, o homem também de aparência oriental vestia um terno muito alinhado, seus cabelos também eram pretos e sua expressão séria e de desaprovação, olhei para Kim que pareceu gelar de pavor, então a conversa com o Diretora voltou a minha mente.

“ela tem problemas com os pais, eles parecem ser bastante exigentes”.

Peguei-me preocupada com Kim, ela parecia tão nervosa e amedrontada. Fitando o que pareciam ser seus pais, estava com medo por ela.

– O que você aprontou Kim? – as palavras duras saíram do homem em um tom grave e ríspido.

– Não... – murmurou a garota em um fio de voz – não fiz nada otōsan – completou fitando o chão constrangida.

– A diretora nos ligou, você ficou de detenção – falava a mãe, seu tom de você era mais gentil, ainda sim severo demais com a garota.

– Isso é uma desonra ao nosso clã Kim! – Verbalizou o homem nitidamente nervoso – trago você para o ocidente e você se comporta como um deles, uma rebelde – falava.

A cada palavra dura que recebia Kim lutava consigo mesma para não chorar, aquilo me comoveu, ela era uma vadia loira, mas não merecia ser tratado dessa forma pelos pais. Até que algo passou pela minha cabeça.

“Ajude-a” ecoava, isso seria estupidez, mas quando foi que eu não fiz uma estupidez?

– Sasaki-san – murmurei olhando para a garota, Kim me encarou brava talvez não tivesse percebido que ainda estava ali, seus olhos marejados, seria memorável se não fosse triste – obrigado por hoje, se você não tivesse me defendido não estaria nessa complicada situação – falei em um tom melódico e doce.

Me virei para os pais da vadia loira, uni minhas mãos para frente do corpo e curvando-se em um gesto de desculpa reverenciei o casal.

– Gomen nasai – comecei – se sua filha não estivesse me defendido hoje, não estaria na detenção, então perdoe-a por mim – completei ainda curvada.

– O que está dizendo garota? – perguntou o pai de Kim, voltei a minha posição normal e o encarei.

– Somos um número pequeno de alunos orientais, e hoje tive uma discussão com um aluno que estava pregando um discurso preconceituoso para conosco e Kim me defendeu, ou melhor defendeu todos os orientais da escola e como resultado ficamos de detenção – expliquei, ou melhor menti, mas isso talvez a ajudasse.

– Isso é verdade Kim? – perguntou sua mãe, a garota que me olhava assustada encarou sua mãe e confirmou minha mentira.

– Isso é muito honroso de sua parte filha – falou o pai, os olhos da garota brilhavam ao ouvir essas palavras e eu não pude deixar de sorrir por ter ajudado – A senhorita agradeço por explicar a situação, mas peço que não coloque minha filha em mais situações como essa – completou.

Assenti sorrindo sem graça e eles entraram no carro, antes de ir junto a seus pais Kim silabou um “arigatou”.

Talvez eu fosse uma pessoa burra, por ajudar alguém que quer “destruir” meu namoro, conquistar – e liderar – de uma forma cruel os personagens que tantas pessoas amam. Mas só consigo pensar que eu sou mesmo uma pessoa sensível, sensível para com os outros, sempre acabo agindo de uma forma que possa ajudar os terceiros sem me preocupar se isso irá me prejudicar um dia.

Uma verdadeira flor de sensibilidade.

Quando cheguei em casa Happy estava em uma conversa divertida com as meninas, ver os cabelos coloridos de Nanda me deixaram mais aliviada, Bianca também parecia mais relaxada ao lado da garota, me juntei a elas e ouvi a metade da história que Happy estava contando.

– Teve a vez que ela foi para Kuroshitsuji e não conseguia vestir os espartilhos, e o Sebastian sempre tinha que ajuda-lá e ela também ficou tarando os olhos do Ciel – comentou Happy, dei uma risada junto com as meninas, a sensação nostálgica me deixava feliz, mas compartilhar das minhas experiências com minhas amigas era melhor.

– Mas e quanto a Naruto e Fairy Tail – perguntou Nanda – como foi a viagem? – completou sua indagação, todas me olharam com um semblante curioso.

– Naruto foi uma montanha de emoções – comentei puxando da memória os momentos que passei – Quando fui pra lá eu fiquei os três anos que Naruto passou treinando com Jiraya, quando ele voltou partimos na missão de resgate ao Gaara – disse.

– Como o Gaara é de perto? – perguntou Aline – ele sempre foi tão frio e distante, mas era fofo – comentou.

– Ele era lindo, e sério também, fiquei pouco tempo próxima a ele, mas com certeza era um personagem incrível – falei.

– E o Naruto como ele é? – Haruka perguntava, sempre soube de sua devoção a Naruto, ele era o catalisador dessa ruivinha ser otaku, ela sempre o amou.

Sorri para ela emocionada, lembrava de Naruto de uma forma doce e tão maravilhosa.

– Ele era como um sol – falei – estonteante, hiperativo e maravilhoso – completei sorrindo.

– Nana, como foi que tudo isso começou? – Bianca me perguntava, agora viria a parte difícil de explicar.

– Eu tenho algum tipo de poder, não entendi direito ainda sobre isso – murmurei fitando minhas mãos – Eu amava Itachi de uma forma muito superior a qualquer pessoa, segundo o próprio Akira Toriyama, era um poder absurdo, então um dia no aniversário da Amaya, de alguma forma ele veio para o nosso mundo – uma breve pausa, lembrar sempre se tornava doloroso – Por temerem esse poder, os mangakas o retiraram, utilizaram o coma para fazer isso, e substituíram pelas memorias que eu tinha de Dan me maltratando, porém eu também mudei por conta delas e comecei a tratar mal a Haruka por gostar de animes, me tornei uma pessoa amargurada e por isso eles interviram me deixando de castigo – expliquei.

– Isso é cruel – comentou Haruka.

– É um pouco, mas agora existe algo mais importante – falei – existem dois mundos além da terra, Chinatsu que é o mundo onde ficam os mangakas e os personagem que morrem ou precisar sair da história e Quon o mundo dos animes. Existe uma pessoa para proteger esses mundos, para que eles existem em harmonia, mas essa pessoa está se aposentando, então está tendo um torneio para eleger outro Guardião – falei – Kim também está competindo – comentei.

– Eu sei – anunciou Amaya – Happy havia me contado, quer dizer nos contado – explicou, Amaya pegou seu celular e me mostrou uma foto, nela estava ela Alicia e um garoto pareciam estar em algum parque ou algo do tipo eles estavam sorrindo de uma maneira tão maravilhosa – Esse é Thomas Montova irmão da Alicia, ele... Bem ele é... – murmurava Amaya – ele é meu namorado – confessou encabulada.

“O Que?” foi gritado em uníssono seguido por várias perguntas a loira que ficava cada vez mais constrangida.

– Eu o conheci por acaso há algum tempo, antes mesmo de toda essa confusão, ele era um cara legal comigo – começou explicando – mas na época eu era apaixonada por Dan e não dei muita atenção a ele, durante as férias nós começamos a sair, lembro que no começo Alicia era um pouco antissocial e respondona, mas depois começou a ficar mais alegre mesmo sendo muito tímida, ela estava mudando – explicou – e agora sei que era por conta das viagens que ela fazia como você fez Nana – ela me fitou e então eu comecei a entender o porque dela querer matar a Kim – eu fui na casa dele depois que descobri que o estopim do seu surto foi uma garota chamada Alicia Montova, quando cheguei lá ela parecia diferente, estava como eu havia conhecido, respondona, fria e até ouso dizer cruel – sua expressão era de uma dor estranha, ela parecia sofrer de lembrar da garota daquele jeito – Alicia estava mudando, e a Kim e essa tal Lúcia destruíram isso, ela só tem piorado e eu estou com tanta raiva – terminou por fim tentando controlar a raiva.

– Mas é por isso que nós estamos aqui – interferiu Haruka com um sorriso vitorioso nos lábios – estive pensando sobre isso desde aquele dia – comentou um pouco mais séria – Nana, você precisa vencer essa competição a qualquer custo, e nós vamos te ajudar – terminou decidida.

Devo ter ficado atônita por um tempo, tentando entender o que ela queria dizer com aquilo.

– C-como? – murmurei um pouco em choque, Haruka riu.

– Happy nos contou que vocês dois quase não conseguiram vencer a primeira competição – explicou a ruiva – então vamos ajudar a você treinar, e isso vai nos deixar mais unidas, e assim você não vai precisar mentir para ir competir – completou me deixando ruborizada, era verdade que eu mentia por não poder contar para onde estava indo.

– Aye Sir! – exclamou Happy – se vocês nos ajudarem tenho certeza que venceremos! – completou animado e isso pareceu agitar mais as coisas entre minhas amigas todas ficaram muito empolgadas de ajudarem.

– Nós seremos o exército da Nana! – exclamou Nanda levantando – é uma promessa Nakamura nós te empurraremos para o topo! – completou me olhando decidida, aquilo me emocionou então eu sorri.

– Obrigado meninas – murmurei embargada pela emoção.

Um abraço coletivo foi dado e ali naquele momento formamos um pacto, um exercito.

Nós venceríamos juntas!

– A propósito – murmurou Haruka – há algo que eu gostaria de testar – completou com uma expressão pensativa no rosto

– o que? – perguntei

– seus poderes, nós pediríamos verificar se você consegue utiliza-los na Terra – uma breve pausa foi dado o olhar de Haruka estava distante, ela parecia planejar um jeito de fazer isso – sabe se você tem esse poder, poderíamos usa-lo a nosso favor na competição – explicou por fim.

Uma expressão de preocupação ficou estampada no rosto de Happy ele me encarou sem falar nada, mas sabia que ele não queria que eu testasse nada, ele tinha medo. Antes do surto eu negaria prontamente a ideia de utilizar esse poder, mas agora...

– Tudo bem como faremos isso – falei decidida.

– Nana – murmurou Happy com o semblante desolado.

– Tudo bem, eu preciso entender isso – falei sorrindo para deixa-lo mais tranquilo, acariciei sua cabeça – eu vou ficar bem, eu tenho meu exército ao meu lado – brinquei por fim.