Eu conhecia Kate mais do que conhecia a mim mesma. Ela estava prestes a chorar e eu não tirava a razão dela, eu não estava acreditando em tudo o que estava acontecendo até sair da escola. A cidade havia virado um caos, por onde passávamos havia zumbis atacando e comendo pessoas ou simplesmente ficavam andando de um lado para o outro.

Segurei na mão de Kate e ela me olhou. Ela mordia o lábio inferior para tentar segurar o choro, mas pelo o que percebi não estava funcionando, pois seus olhos começaram a encher de lágrimas.

–Ei, – falei e Kate me olhou. – nós vamos ficar bem, eu prometo.

Ela assentiu e limpou as lágrimas.

–Estamos indo para onde? – Tyler perguntou.

–Pra nossa casa. – Dallas respondeu.

–Vocês são irmãos? – Trevor perguntou.

–Sim. – respondi.

Acelerei mais e em minutos tínhamos chegado a minha casa.

–Vocês fiquem no carro, Dallas você vem comigo. – falei.

Antes que eu abrisse a porta Kate segurou minha mão.

–Toma cuidado. – ela disse.

Assenti e sai do carro. Eu e Dallas caminhamos até o portão da nossa casa.

–Você acha que eles estão bem? – perguntei a Dallas.

–Espero que sim. Vamos.

Dallas me puxou e fomos até o portão. Abrimos e entramos em casa. O cheiro metálico do sangue invadiu meu nariz e eu senti vontade de vomitar. A nossa casa estava destruída e havia uma trilha de sangue até a porta..

–Você os procura por aqui e eu procuro lá em cima, tudo bem? – Dallas disse.

Dallas subiu as escadas e eu fui procurar pelo resto da casa. Já estava entrando em desespero, pois não os encontrava em lugar nenhum. Eu já estava perdendo as esperanças, talvez se eu simplesmente pensasse que eles poderiam estar vivos eu sofreria menos. Estava prestes a chamar Dallas para irmos embora quando...

–KIMBERLY! – o grito estridente de Dallas me fez pular de susto.

Subi as escadas correndo e corri até o quarto dos meus pais, onde Dallas estava de pé na porta.

–O que aconte... – não consegui terminar a frase ao ver a cena que estava na minha frente. – NÃO!

Os meus pais estavam mortos! Havia sangue em todo o canto do quarto e seus corpos estavam irreconhecíveis, tinha alguns órgãos espalhados pelo chão que eu preferia nem saber quais eram.

–NÃO! NÃO DALLAS! NÃO! – tentei entrar dentro do quarto, mas Dallas segurou meu braço.

–Kimberly!

–ME SOLTA! – gritei e comecei a bater em Dallas.

–O QUE VOCÊ VAI FAZER? PORRA KIMBERLY, ELES JÁ ESTÃO MORTOS. – Dallas gritou.

–Não... – sussurrei.

As lágrimas tomaram conta do meu rosto e eu abracei Dallas. Percebi que Dallas também estava chorando.

–Vai ficar tudo bem. – Dallas sussurrou. – Vai ficar tudo bem.

Parei o abraço e olhei pela janela. Vi alguns zumbis vindo na direção da casa.

–Temos que ir. – falei.

Dallas assentiu.

Sai na frente do meu irmão e desci correndo as escadas.

–Kimberly. – ele me chamou.

–Que é?

–O que você acha de pegarmos algumas facas do papai? Ele era cozinheiro, lembra? – Dallas me olhou.

–Ok, vou pegar uma mochila e você pega as facas.

Corri até o meu quarto e peguei a mochila que eu costumava levar pra escola. Desci as escadas e vi Dallas com uma variedade de facas na sua frente. Ele pegou a mochila da minha mão e jogou as facas dentro delas. Corremos até o carro antes que os zumbis nos alcançassem.

–Cadê o Senhor e a Senhora Mclean? – Kate perguntou.

–Meus pais estão... Mortos. – falei fria.

Eu nunca tinha chorado na minha vida, muito menos na frente de Dallas e agora eu jurei pra mim mesma enquanto via minha casa sumir no retrovisor do carro que aquela seria a primeira e ultima vez que eu chorava.