A caminhada da Morte escrita por João Vitor


Capítulo 8
Separação


Notas iniciais do capítulo

Demorou mas tá aí, capitulo novo de A caminhada da Morte, espero que gostem!!!



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Rafael estava sentado na grama , respirando ofegante, com vários zumbis ao redor. Mas não seguindo ele e sim um corpo de uma outra pessoa que gritava a mais a frente dele ,com muitos outros zumbis ao seu redor. Percebeu que alguns vinham em sua direção e resolveu correr, enquanto a pessoa gritava.

***

7 HORAS ANTES.

Carol estava encolhida debaixo da mesa com Lucas ao seu lado,agarrado ao canivete com uma mão e com a outra segurava o pé da mesa,tremendo um pouco. Gabriela do outro lado de Carol, fechava os olhos fortemente, chorando e abraçando Carol um pouco forte. Isabella estava agarrada a uma faca ao lado de Renan que segurava outra.

Mariana estava escondida atrás do sofá, olhando para janela de vidro junto com Anna.

Vários zumbis passavam fora da casa, quando pareciam uns dezoito, o grupo dos dezoitos passavam e mais outros vinham. Parecia nunca acabar.

– Não podemos ficar aqui o dia todo, estamos perdendo tempo...a casa da minha avó é de lá da frente. –Lucas apontou para a direita, em direção a janela. –Meus pais devem estar lá, se escondendo deles, assim como nós. Eu preciso encontrá-los logo, não aguento mais esperar. –Lucas apertou um pouco o pé da mesa, parecendo querer chorar.

Carol tocou seu ombro, tentando dar seu melhor sorriso de que vai ficar tudo bem, mas ela realmente não sabia se ficaria bem ou não. –Vai ficar tudo bem.

– Au...au! –Tommy, o cachorro de Gabriela começara a se mexer na mochila, colocando a cabeça para fora dela, rugindo.

– O-Oque foi Tommy? Agora não...-Gabriela tentava acalmar o cachorro, mas logo percebeu que a ração dele havia acabado.

O cachorro começou a chorar e latir ao mesmo tempo.

– Ai meu deus...-Carol revirou os olhos assustada. –Fica quieto, cachorrinho....

Ele latia mais alto.

– Tinha que ser esse cachorro...-Reclamou Mariana.

– Deixa o cachorrinho. Mas, ih...isso não é bom...-Anna arregalou os olhos apontando para a janela.

Alguns zumbis encararam eles.

– Eu acho que é essa hora de correr. –Falou Isabella baixinho.

– Vamos subir, vamos subir...-Falou Renan, se levantando aos poucos.

Lucas tirou do bolso uma bala de menta velha e colocou na direção da boca do cachorro, que lambeu por um tempo, depois parando e voltando a latir.

– Ai meu deus...ai meu deus....-Carol pegou o Tommy e subiu as escadas da casa, o deixando no quarto e fechando a porta. –Desculpe, já voltamos...

Carol desceu as escadas, logo Gabriela vinha correndo com Lucas, Anna ,Mariana, Renan e Isabella.

– SOBE, SOBE!! Eles ouviram! –Exclamou Lucas.

Mariana e Anna subiam com um pouco de dificuldade, com a ajuda de Renan.

Carol correu rapidamente para cima, junto com eles.

Trancaram a porta com a chave, enquanto o cachorro latia cada vez mais alto e furioso.

– Ele não tá colaborando! –Reclamou Mariana.

– A janela...-Sussurrou Gabriela.

– O que tem a janela? –Perguntou Lucas, preocupado.

– Tinha uma aberta...

– Precisamos encontrar os outros, aonde eles devem estar agora?! Será que estão bem? –Perguntou Anna, preocupada.

– Eles eram para estar nessa rua. Disse para João e Douglas seguirem Rafael, Bruna e Tatiana. Será que já chegaram lá? –Perguntou Carol.

– Do jeito que o João é lerdo. –Falou Renan. –Brincadeira. Bem, se eles não estão aqui...viram algum zumbi com uniforme do nosso colégio? Parecido com eles?

– Não. Vamos pensar positivo, só isso. –Disse Carol, olhando para a sacada.

Os gemidos de zumbis se aproximaram . Podem se ouvir a janela ser quebrada do primeiro andar, e o barulho de porta também.

– Au au!

– Alguém pede pra esse cachorro calar a boca?! –Gritou Isabella.

– Vamos ter que pular. –Falou Carol, olhando para a sacada.

– Tá louca? É alto o suficiente para alguém morrer, ou quebrar a perna! –Disse Renan. –E acredite, já temos um pé a menos por aqui e você sabe como está sendo ruim.

Anna olhou para Renan, entristecida.

– Eu não quis dizer isso...

– Bem, pessoal. É pular, ou os zumbis! –Carol falou e logo os gemidos dos zumbis estavam no corredor da casa, fora do quarto, e socavam e arranhavam a porta do quarto aonde eles estavam, tentando entrar.

Gabriela pegou o cachorrinho e entrou para dentro do guarda-roupa, assustada.

– Ótimo, fica aí. Precisamos pensar em alguma coisa. –Carol olhou ao redor do quarto.

– Não temos muito tempo! –Disse Isabella, correndo para a sacada, olhando a altura. –Mas...eu não vou pular isso aqui!

– Pensa, pensa, pensa. –Mariana batia na própria cabeça.

– AHÁ! –Carol estalou os dedos. - Isa! Lembra quando eu, você e João fazíamos cabanas com lençóis?!

– Ok...o que isso tem haver? –Perguntou Isabella, tremendo.

Um pedaço da porta foi quebrada, e os dedos de algum zumbi já invadia o outro lado.

– ZUMBIS! –Gritaram todos, se afastando da porta o máximo que podiam.

– Lençóis, pessoal, lençóis! Vamos fazer uma...tipo...uma corda! –Renan correu para o armário, enquanto Gabriela se encolhia com o cachorro para mais fundo dele.

– Oh,alguém me entende! –Disse Carol.

Todos pegaram lençóis, exceto Anna que estava apoiada na parede, enquanto Mariana e os outros pegavam todos os lençóis possíveis.

Amarraram um no outro e depois amarraram a ponta na sacada de madeira, dando vários nós, deixando a corda improvisada bem firme.

– Isso! –Carol comemorou e correu para a corda. Colocou seu corpo para fora da casa, apoiando as mãos e os pés na madeira da sacada, olhando para baixo um pouco assustada. Agarrou firme a corda-lençol, e começou a descer com um pouco de dificuldade, com ela os lençóis balançando tanto.

– Anda logo! –Reclamou Isabela na sacada, observando a amiga descer.

A porta estava sendo toda arrebentada e os zumbis estavam loucos para entrar.

Lucas esfaqueou os braços de alguns zumbis que tentavam colocar no enorme buraco causado na porta por eles mesmos, acertando a cabeça de alguns as vezes quando um idiota colocava a cara ali.

Isabela desceu na corda quando Carol já estava chegando no final.

– ANDEM! SÃO MUITOS! –Gritou Lucas.

Mariana foi para a sacada com Anna apoiada em seu ombro.

– V-VAMOS!!! –Lucas encravou seu canivete na cabeça de um zumbi, mais outros se aproximaram e o zumbi caiu para trás junto com o canivete preso em sua cabeça.

– Legal, agora já era! Não posso usar minha arma, irá atrair eles!

Renan pegou uma faca e jogou para Lucas, segurando sua própria, ajudando-o a parar os zumbis de tentarem derrubar aquela porta do quarto que já estava abeira de se soltar.

Sangue escorria em suas roupas e pela porta, Mariana soltou Anna que se apoiou na sacada.

Mariana desceu na corda depois de Isabela chegar ao quintal, tremendo um pouco.

– Vai, Mari! –Encorajou-a , Anna.

Mariana desceu. Anna segurou na corda com um pouco de dificuldade, apoiando apenas um pé na parede da casa, pois não havia um outro pé para ela. Quando estava bem próximo do chão, pulou e Mariana a agarrou pelo braço. Anna não conseguiria se apoiar no chão com um pé só depois do pulo.

– Já foram todos?! –Gritou Renan enquanto esfaqueava o braço de um zumbis. –ACHO MELHOR SIM!

Lucas e Renan se afastaram assim que a porta se quebrou completamente, e os zumbis começaram a entrar no quarto.

Renan desceu na corda o mais rápido que pode e quando estava na metade, pulou para o chão. Lucas desceu na corda logo depois.

Um grito de uma garotinha vinha do quarto de cima.

– GABRIELA! –Gritou Carol lá embaixo.

Gabriela saiu do guarda-roupa agarrada ao seu cachorro que estava em seus braços.

Os zumbis se aproximaram de Gabriela e o cachorro com pressa. Gabriela gritou e seu cachorro latia bastante alto.

– Desça, Gabriela!!! –Lucas chamara a garota que estava na sacada agora.

Gabriela segurou na corda com uma mão, mas não conseguiu segurar Tommy com uma só, e deixou seu cachorrinho se soltar dela.

– TOMMY! –Gabriela tentou voltar para a sacada por dentro da casa, mas o cachorro enfrentava os zumbis, latindo e rugindo para eles.

– TOMMY NÃO! –Gabriela chorava e voltou para dentro da sacada, mas já era tarde.

Ele estava no centro do quarto novamente e os zumbis os cercaram. Tommy mordeu o pé de um, o puxando. Gabriela fez a única coisa que pensou. Empurrou um zumbi que caiu por cima de outro e de outro, como um efeito dominó. Mas não foi o suficiente.

–ME DEEM ALGUMA COISA! –Gabriela gritou para o quintal onde estava os adolescentes.

– ABAIXE! –Renan gritou e jogou sua faca.

Gabriela abaixou e a faca caiu na sacada. A garota a segurou firme, tremendo, nervosa. Dizem que quando uma pessoa fica com muito medo, ela é incapaz de se mexer, e era assim que Gabriela estava. Paralisada, olhando os zumbis se aproximarem de seu cão e o mesmo desviar de todos. Se virou para o quarto, confiante e encravou a faca na nuca de um zumbi, empurrando com toda sua força, mas não encravara totalmente.

Sua mão estava toda suja de sangue, empurrou o zumbi e retirou a faca com toda sua força. Com um gemido, enfiou a faca no olho de outro zumbi. Puxou a faca para si, e acabou caindo no chão, segurando ela, tremendo. A atenção de alguns zumbis estavam viradas para o cão que estava no centro do quarto, latindo e desviando dos zumbis.

– TOMMY, VENHA! –Gabriela gritou e um zumbi saltou sobre ela.

Tiros acertaram a barriga do zumbi, logo depois a cabeça. Tommy correu, assustado, os zumbis saltaram sobre ele, pronto para devora-lo.

Mais tiros acertaram nas cabeças dos zumbis que caíram para o lado. Gabriela empurrou o corpo do zumbi de cima dela, com dificuldade, abrindo os braços para Tommy, agachada.

O cachorro correu até ela e pulou em seus braços.

Os zumbis vieram na direção dos dois, erguendo os braços e as mãos, prontos para agarra-los.

Gabriela colocou o cão dentro de sua mochila.

– Jogue, eu o seguro! –Gritou Lucas.

Gabriela jogou a mochila. Lucas agarrou antes que pudesse cair no chão. O cachorro colocou a cabeça para fora da mochila, latindo para a sacada e chorando, como se chamasse Gabriela.

Gabriela foi para a sacada pelo lado de fora, apoiando na madeira dela e pousando os pés na borda curta que era. Olhou pra os adolescentes no quintal, se assustando com a altura daquilo. Os zumbis estavam bem próximos dela. Andou para esquerda rapidamente pela borda da sacada, se afastando da janela dela.Os zumbis tentavam agarra-la, esticando os braços.

Gabriela tentou se manter o mais afastado possível, mas os zumbis estavam cada vez mais próximo de toca-la. Faltava pouco para as terríveis mãos dos zumbis encontrarem a pele da menina. Gabriela se afastou mais um pouco, mas acabou escorregando. Quando iria cair, agarrou a borda da sacada, com toda sua força, mas não aguentando por muito tempo por sua fraca força.

Gritou. Quando ia se espatifar no chão, Lucas a segurou e acabou caindo no chão junto com ela e com a mesma por cima dele.

Os zumbis começaram a cair da sacada. Lucas se levantou, colocando Gabriela em seu colo.

– VAMOS! –Gritou Lucas, correndo com Gabriela, atirando nos zumbis que se aproximavam.

Carol agarrou a mochila aonde o cachorrinho estava, a colocando, só que para a frente, para poder vigiar o cão.

Os zumbis que estavam passando, quase chegando ao fim da rua, voltaram ao ouvir os barulhos dos tiros. Mariana, tentando correr e ao mesmo tempo, carregar sua amiga Anna, que era arrastada.

Renan encravava a faca na cabeça de um zumbi, logo a retirando dela e já enfiando em outro. Isabella encravou a parte de trás do martelo na cabeça de um zumbi e com dificuldade, tirou a parte agarrada da cabeça dele, logo depois do mesmo cair no chão.

Carol acertava o martelo em todos que podiam a sua volta, enquanto corria para a rua junto com todos.

– A casa da minha avó! É pra lá! –Lucas apontou para o fim da rua, da onde os zumbis estavam vindo.

Um carro preto passou pelo fim da rua, logo voltando pelo outro lado, no lado aonde não tinham zumbis, no lado aonde os adolescentes se encontravam.

– Entrem! –Gritou Rafael.

Tatiana estava no banco carona, e no banco de trás Bruna, João e Douglas estavam ali.

Lucas arregalou os olhos e correu em direção ao carro, com Gabriela em seus braços.

– Esse carro...é dos meus pais...-Disse Lucas.

– Estão...-Antes que João completasse a frase, vacilou.

– Não...

– Sabíamos que não ia acreditar. Não os matamos, estavam amarrados na mesa e...tinha um caderninho aberto jogado no chão. Tome. –Rafael entregou um caderninho com capa dura e azul escura.

Lucas reconhecera a letra de sua mãe e o caderno. Era o diário dela. A letra estava inclinada ,como se estivessem escrito a carta bem rápido.

“Um enxame de zumbis está passando pela rua agora. Quando chegamos, a mãe de meu marido estava andando pela casa estranhamente, como um zumbi. Eu chorei, meu marido...não conseguimos chegar a tempo de salvá-la. Meu marido, Daniel...enlouqueceu. Está gritando, eu tentei acalma-lo, mas ele surtou e apontou a arma para mim. Quando ele abaixou o choro, se escondeu debaixo da mesa e eu estou aqui com ele, tensa. Não adianta mais, os zumbis estão batendo na porta. Meu filho...Lucas...zumbis, está chegando meu fim! Eu começo a gritar enquanto escrevo isso,se por algum milagre Lucas encontrar meu diário, meu filho, Eu te amo! Há armas de baixo da cama, porque saiu do condomínio? O que faz aqui? Acho que enlouqueci, mas eu ainda tenho esperanças que ainda esteja vivo. Me desculpe por não voltar, não tem saída. Sobreviva-----------------------------------------A ultima palavra estava quase rabiscada, bem deslizada e rápida, ao lado, sangue manchava o papel.

Lucas agarrou o caderno, o encarando de olhos arregalados. Ele soltou Gabriela aos poucos que logo correu até Carol, a abraçando forte.

– Vamos. Já pegamos as armas, cuidado, nossos amiguinhos estão atrás de vocês. –Disse Rafael, ligando o carro.

Renan e Isabella esfaquearam mais alguns zumbis, logo correram para o carro, levando Mariana e Anna pelo braço, as apressando.

– VAMOS ,LUCAS! –Gritou Carol.

O garoto caiu de joelhos no chão, chorando, socando o caderno e gritando enquanto os zumbis se aproximavam mais e mais dele.

– LUCAS!! –Carol acertava uns zumbis na cabeça com a parte de trás e de seu martelo.

Ele levou a mão até a arma dele e atirou nos zumbis que se aproximavam, chorando e gritando. –INFERNO! NÃO, NÃO!

Os zumbis começavam a cair no chão, só alguns, os outros já passavam por cima dos caídos chegando cada vez mais perto.

– SEU IDIOTA, ESTÁ GASTANDO MUNIÇÃO ATOA! VAMOS LOGO, RAFAEL! –Gritou Tatiana de dentro do carro.

Carol agarrou o braço de Lucas. Dois zumbis, de cabelos negros e encaracolados, como o de Lucas se arrastavam pela rua. A mulher usava uma blusa vermelha e calça preta, com uma bota suja. O homem usava um colete preto e uma camisa verde escura, com calças brancas e sapato preto. Apesar de estarem com aparência horrorosas, mortas, marcas de sangue em seus corpos, bolinhas pretas e a pele cinza, Lucas percebeu que eram seus pais.

–Eles...NÃO! NÃO! –Lucas ia correr para eles, mas Carol não o soltou tão fácil e o puxou até o carro, entrando pela porta de trás com os outros.

Era noite. Estavam bem distantes daquela rua. Parados com o carro perto de uma floresta. Escondidos dentro do carro enquanto comiam os lanches que haviam pegado da casa de Mylena.

Gabriela estava dormindo no colo de Carol. Franziu a testa enquanto dormia, se mexendo um pouco.

–Não...não...-Sussurrava enquanto dormia. –Não! –Deu um grito, se assustando com o seu próprio, acordando e olhando em volta do carro.

– Algum pesadelo? –Perguntou Carol, a fitando, preocupada.

– Fale para essa menina parar de gritar. Se atrair zumbis a culpa é dela! –Reclamou Rafael enquanto comia batatinha da ruffles.

– Com Mylena...ela me salvava de um desses...bixos...e acabou morrendo. –Disse Gabriela, com tristeza. –Aonde ela está...? Não chegamos na escola?

– Não vamos a escola. –Falou Rafael.

– Porque? –Gabriela arregalou os olhos.

Tommy, o cachorro, parou de lamber o rosto de João e olhou para Gabriela, choramingando, como se sentisse falta de Mylena também.

– Ela está em um lugar melhor. –João tentou sorrir.

– A-aonde? –Gabriela começava a querer chorar.

Gemidos de zumbis se aproximaram. Rafael desligou a luz do carro e eles se abaixaram.

Os zumbis passavam pertinho do carro, o que lhes davam uma grande aflição. Tommy choramingava, como se tivesse percebido que os zumbis não eram algo fácil de vencer. Apenas se encolheu e entrou na mochila.

– Eu acho que devemos sair daqui...-Sussurrou Isabella.

– Eu tenho certeza. –Respondeu Renan.

– Shh..temos uma perneta. Não posso correr. –Falou Anna.

– E eu sou suas muletas. –Disse Mariana, dando um sorriso.

Ouviram um som de música metal vindo de trás do carro, no porta malas.

– Lucas...-Disse Carol, baixinho.

O garoto estava de olhos fechados, ouvindo música em seu fone de ouvido, no máximo. Que dava até para os outros ouvirem de tão alto que estava a música.

– Tinha que ser o rockeirozinho...-Resmungou baixo, Tatiana.

– Popezera, cala a boca. –Disse Carol.

Lucas estava irritado na mala. Bateu a própria mão em sua testa e arrancou o fone de ouvido rapidamente. A música de metal alta dava para ser ouvida agora até fora do carro.

– Ah,fudeu. –Sussurrou João.

– Lucas! Desligue essa merda! –Gritou Rafael.

Lucas apertou no botão que pausava a música várias vezes. Mas seu celular havia travado e a música continuava a tocar bem alto.

– Meu celular travou!

Lucas olhou para a janela no porta malas. Os zumbis se aproximavam dali e começavam a bater no vidro.

Outros cobriam a parte de frente do carro.

– Ai meu deus! –Gritou Mariana.

– desligue está porra de celular! –Falou Rafael.

– Não adianta mais, senhor inteligente! –Disse João, irritado.

Outros zumbis se aproximavam, vindo da floresta e outros do outro lado da estrada.

O vidro da frente e do porta malas trincava aos poucos.

O alarme do carro disparou.

– ÓTIMO! Vamos todos morrer! –Disse Bruna.

– Vamos sair daqui! –Gritou Gabriela, puxando Carol.

Rafael pisou no acelerador, mas os zumbis bloqueavam o caminho da frente. Deu ré, e os zumbis bloqueavam o caminho de trás.

O vidro se quebrou. Os zumbis começavam a cercar os lados das portas também.

– CORRAM! –Rafael saiu do carro rapidamente, pegando a bolsa com as pistolas, revolveres e alguns facões.

Tatiana saiu também, correndo.

Carol saiu, segurando Gabriela pela mão, com a mesma agarrada a mochila onde Tommy estava.

João saiu do carro, agarrado a duas facas, carregando sua mochila nas costas. Douglas saiu logo atrás com o facão na mão. Mariana saiu puxando Anna para sair também. Zumbis se aproximaram de Mariana que gritou e caiu no chão.

– MARIANA! –Gritou Anna, ainda no carro.

– VÁ PELO OUTRO LADO! –Gritou Mariana, engatinhando para trás.

– Vem! Vem! –Gritou Renan, já do lado de fora do carro com Isabella, puxando Anna pelo braço.

O vidro do porta malas quebrou. Lucas se encolheu, e pegou sua arma do bolso, atirando em todos os zumbis que avançavam nele.

– EI, SEUS IDIOTAS, VENHAM AQUI! –Gritou Carol ao lado da floresta com Gabriela.

Alguns zumbis foram. Renan esfaqueou a cabeça de outros que estavam perto do porta malas. Lucas aproveitou que Renan e Carol distraia os zumbis, e recarregou sua arma atirando nos últimos que bloqueavam seu caminho para sair do porta malas.

Pulou do porta malas do carro e atirou em mais alguns correndo para a floresta com os outros.

A floresta descia para baixo, como um morro. Isabella segurava no braço de Anna, enquanto Renan esfaqueava os zumbis para protegê-las.

Mariana gritou ao zumbi que a perseguia pular em cima da mesma. João correu até o zumbi que estava por cima da garota e enfiou as duas facas na cabeça dele, o puxando para si e jogando o corpo do zumbi para o lado, puxando as facas, as tirando da cabeça do zumbi.

– Obrigada. –Disse Mariana, com sangue de zumbi espirrado em seu rosto.

João ergueu a mão para ela, a ajudando a se levantar.

Zumbis avançaram na direção do braço de Isabella e Anna. Isabella afastou o braço, soltando Anna sem querer, que cambaleou, caindo no chão, e rolando para a floresta para morro abaixo.

Isabella pegou o machado que estava preso em sua calça e acertou no zumbi que tinha avançado em sua direção. Puxou a parte de trás que havia encravado na cabeça dele e partiu rapidamente para a cabeça do outro.

– ANNA! –Gritou Isabella para a floresta, mas ela não ouviu Anna responder.

Vários zumbis cercavam eles, com a quantidade aumentando cada vez mais. Não havia outra saída, apenas entrarem para a floresta.

– CORRAM! –Gritou Douglas, encravando o facão no pescoço de alguns zumbis, cortando suas cabeças.

Um zumbi pulou em cima dele, e o mesmo caiu para trás, rolando para a floresta. No meio do caminho, enfiou o facão no pescoço do zumbi, que espirrou sangue em seu rosto todo.

– Mal ganhamos um carro, não podemos perder! –Gritou Lucas, atirando em alguns zumbis.

– É cara, mas já perdemos! –Disse João, esfaqueando um zumbis, com Mariana atrás dele.

– Não temos outros lugar! –Gritou Carol, com Gabriela chorando, agarrada a seu braço.

– Aonde está Rafael e as garotas? –Perguntou Renan.

– Desceram! E Douglas e Anna fizeram o mesmo...eles podem estar em apuros, precisamos ir! –Gritou João.

Os zumbis se aproximaram, cercando todo o local.

– Não temos escolhas! Vamos! –Gritou Isabella e correu morro abaixo com Renan.

Lucas desceu com Carol e Gabriela.

João desceu com Mariana ao seu lado.

Anna estava caída no chão. Com uma pedra a seu lado, grande o suficiente para esconde-la dos zumbis que andavam pela floresta. Ouviu alguém se aproximar correndo, espiou, vendo Rafael.

– Rafael! –Gritou Anna.

Rafael correu até ela, a segurando pelo braço correndo pela floresta com ela.

– Corre mais rápido! –Gritou Rafael, enquanto os zumbis avançavam neles, mas Rafael desviou deles, trazendo Anna junto.

– Desculpe se eu não tenho um pé! –Reclamou Anna, agarrada a seu braço, dando pulinhos com um de seu pé.

Tatiana e Bruna corriam lado a lado bem mais a frente deles, desviando dos zumbis e pulando em troncos caídos. Logo Rafael não pode mais avista-las.

– Ótimo, senhorita lerda!

Anna empurrou ele, se apoiando em uma árvore.

– Vai logo então e me deixa aqui! Não posso correr!

Rafael iria correr, mas pareceu pensar e a pegou no colo, correndo com a garota.

Olhou para trás, os zumbis estavam distantes. Encontrou uma casinha no meio da floresta, bem pequena, como uma cabana, entrando com Anna lá dentro.

Anna caiu no chão, respirando ofegante, e tossindo.

– Porque não me deixou lá?

– Somos uma equipe. Queria ficar lá?

– Não.

Gemidos vieram do fundo da casinha. Um zumbi sem pernas se arrastava até eles.

Rafael se aproximou lentamente dele e encravou a parte de trás do martelo em sua cabeça.

– É assim que se faz. Acho que você deveria aprender também. E não use seu pé, porque você não precisa deles pra atacar.

– Mas,eu preciso pra andar...-Antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, Rafael a interrompeu.

– Você se acostuma. Que tal uma pistola? É só ter mira boa, atirar...facões, você poderia se desequilibrar, porque é fraca então...-Rafael pegou uma pistola de sua bolsa, apontando para a garota, logo rindo. –Eu poderia atirar em você, odeio coisas inúteis.

Anna o encarou, assustada, se afastando um pouco.

– Mas, preciso de você. –Rafael abaixou a arma.

– Pra quê?!

Antes que ele pudesse falar algo, olhou para janela ao ouvir gemidos de zumbis. Vários se aproximavam da cabana.

– A visita chegou, temos que sair daqui, rápido! –Disse Rafael, levantando Anna, e colocando sua bolsa das armas nas costas e saindo da cabana.

Douglas estava andando pela floresta, chamando pelos amigos de vez em quando. Não muito para não chamar a atenção dos zumbis.

Vira um grupo deles mais a frente que encaravam ele como se tivessem dificuldades em perceber se ele era um zumbi ou não, por sua roupa e seu rosto estarem sujos de sangue. Os zumbis começaram a andar em sua direção.

Douglas olhou para os lados e logo escalou uma árvore bem alta, ficando em um tronco em sua metade, agarrado a seu facão, esperando os zumbis passarem.

Ouviu um grito familiar, e olhou ao redor, procurando da onde vinha.

– LUCAS! NÃO! POR AÍ NÃO! EU VI A TATIANA E A BRUNA INDO PARA LÁ! –Carol gritava, distante.

– ARGHH!! –Gabriela gritou. –ESTÃO VINDO PRA CÁ!!

– Não grite!! Vai atrair eles!

Os zumbis que seguiam Douglas, procuravam o barulho também e começaram a mudar de direção.

Douglas desceu da árvore e começou a seguir os zumbis, se escondendo pelas árvores e alguns pedregulhos.

Os zumbis eram lerdos demais caminhando, e a voz de Carol ficava cada vez mais distante.

– CAROL!!!! –Gritou Douglas.

– DOUGLAS?! –Gritou Carol de volta.

– ME ESPERA, EU TO CHEGANDO!

Os zumbis se jogaram em cima dele. Douglas desviou e enfiou o facão na cabeça de um. Retirou rapidamente e cortou o pescoço de outro.

– Fique aqui, não tem zumbis por perto. Vamos buscar Douglas, fica quietinha. –Disse Carol, deixando Gabriela escondida atrás de um pedregulho.

– Não...-Gabriela queria chorar.

– Não vamos deixar ela sozinha! –Falou Lucas.

– Argh, eu sabia que era ridículo a ideia do João e a Mariana procurarem a Anna! –Reclamou Carol. –Gabriela, daqui a pouco eles estão aqui, marcamos de nos encontrar nesse pedregulho. Fica aqui quietinha, tá bom? Você não está sozinha. Tem o Tommy ,não é?

Gabriela se encolheu na pedra, com a mochila no colo aonde estava o cachorrinho.

Lucas e Carol correram ao encontro de Douglas.

No quartel, Daisy tomava café ao redor da fogueira, sentindo seu calor. O ar frio bagunçava seus cabelos. Ouviu barulho de pata de cavalo se aproximar.

Olhou para trás, fitando Alessandra montada em um cavalo.

– Sempre sozinha assim pelos cantos? –Perguntou Alessandra.

– É, pois é. Sempre com essa cara de que vai matar alguém? –Perguntou Daisy.

– É necessário.Tudo que temos que fazer agora neste mundo..é matar. –Riu Alessandra.

– É. –Daisy coçou a pele de sua bochecha, tirando um pouco do sangue seco que ainda estava em seu rosto.

Alessandra desmontou do cavalo, sentando-se ao lado de Daisy.

– Você foi bem hoje. Com os zumbis, estava na hora de você parar de ser tão inútil. Sério.

– Se você veio aqui só pra dizer o quanto eu sou inútil, vai embora. –Falou Daisy,franzindo a testa.

– Limpa esse rosto. –Alessandra jogou um pano molhado em Daisy.

– Pra quê? Irei me sujar de novo em breve, agora tudo é sangue, sangue...

– De qualquer maneira...-Alessandra se levantou, se espreguiçando. –Preciso ver se o Pedro já dormiu, ele sempre acorda escondido pra brincar...pelo menos esquece dos zumbis. Eu já volto.

Pedro estava na sacada da casa grande e larga no final do quartel, olhando a floresta, enquanto abraçava seu urso de pelúcia. Ouvia gritarias, gemidos de zumbis e uma garota gritar, apenas ficou ali, observando o que se passava. Rafael e Anna corriam lado a lado.

– Argh!! –Anna caiu no chão. –Você poderia me ajudar...sabia?! Eu tenho a-asma...-Tinha dificuldade para falar.

Rafael ergueu a mão para ela, que logo a segurou, se levantando. Os zumbis cercavam eles.

Rafael agarrou forte os pulsos de Anna.

– E-ei! O que foi?! –Reclamou Anna.

Rafael empurrou Anna em cima de um zumbi que caiu, com ela por cima.

Anna gritou e empurrou o zumbi. Se arrastou para trás, mas os outros se jogavam em cima dela.

– RAFAEL!! –Gritou Anna, fazendo esforço para empurrar os zumbis. Logo um abocanhou seu pescoço e outro seu braço.

Sangue escorria pelo chão todo, Anna gritava.

Rafael caiu no chão, agarrado a sua arma, os zumbis devoraram Anna, enquanto Rafael observava, se afastando aos poucos, logo se levantando trêmulo e saiu correndo.

– O garoto matou a garota! –Disse Pedro ainda na sacada,vendo aquilo tudo, tremendo, assustado. -ALESSANDRA!


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