A-Next: Beyond Frontiers escrita por Joke


Capítulo 4
Luke


Notas iniciais do capítulo

Oiee lindos! Como vão?

Mais um capítulo! Dessa vez com um narrador que todo mundo ama, mas que anda com crise existêncial :D

Boa leitura



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Capítulo 4 – Luke Barton

– Anda logo, Luke – Dante me apressa enquanto nós escalamos o telhado de uma das casinhas do Brooklin.

Sei que não deveria estar aqui... Mas eu não consigo mais evitar, a sensação de vazio que cresce a cada dia dentro de mim está me matando. Desde que me transformei no cavaleiro morto-vivo de Hela, eu tenho me esforçado ao máximo para encobrir tudo de todos, até mesmo de Mayday e do meu pai, meu atual status: zumbi disfarçado.

Não que eu esteja reclamando. Morto-vivo é melhor que inteiramente morto.

Porém, uma coisa nova que tive que adotar em minha rotina foi... Matar. Tirar vidas para me manter disposto para continuar tocando a minha própria. Durante três meses eu me submeti à esse hábito de “sumir” com uma pessoas à cada duas semanas, entretanto, acabei desistindo disso no último mês, quando matei um homem que roubava para ajudar a esposa doente.

Por um mês inteiro eu fiquei sem matar alguém, e isso está me matando. Eu achava que conseguiria suportar o fardo de sentir um enorme buraco negro dentro de mim, aumentando conforme drena minha energia. Lutei o máximo que pude, mas acabei de chegar ao meu limite. Eu preciso de energia.

Dante e eu chegamos a uma clareira afastada da área mais movimentada de Nova York. O lugar está bem escuro e só há um poste de luz para nos fornecer alguma iluminação. Fico parado na penumbra rente a uma árvore enquanto Dante permanece no meio do clarão.

– O que estamos esperando? – Pergunto-lhe, impaciente.

– Eu... Aqui está ela.

– O quê? Você trouxe alguém pra cá? Ficou louco?!

– Luke, relaxa, você pode confiar nela, eu garanto. – Dante se vira pra mim, indo na direção oposta. – Ela teve uns problemas com o padrasto e eu não consegui deixá-la sozinha com ele em casa.

Ele não demora muito. Quando volta, está com uma garota miúda, encolhida pelo medo e, provavelmente, frio. Sua pele e seus cabelos tem o mesmo tom claro e pálido, apenas seus olhos que eu julgaria mais vivos se não fossem lentes de contato. Sua roupa é diferente, um vestido preto de renda que vai até seus joelhos e coturnos pretos que vão até o meio da perna. Ela é uma garota esquisita, isso sem sombra de dúvidas é verdade, mas tudo o que consigo falar pra ela é.

– Você não deveria ter vindo de vestido nesse frio.

Em resposta, a garota cora as bochechas, retraindo-se ainda mais.

– Luke, essa é Elsa, uma grande amiga minha – ele abaixa a cabeça incentivando a amiga a ser um pouco menos anti-social. – Elsa, esse é Luke Barton, o amigo de quem eu falei.

Espiando-me pelo canto do olho, Elsa me analisa da cabeça aos pés antes de permitir que a densa cabeleira loira pálida saísse de seus falsos olhos verdes brilhantes.

– Legal te conhecer.

– O mesmo – forço um meio sorriso, tentando não ser rabugento com a amiga esquisita de Dante, mas também querendo desesperadamente mudar de assunto. - Já localizou o grupo?

Meu amigo concorda com um leve movimento da cabeça.

– Uma gangue que vêm assaltando algumas casas nessa região... Já mataram alguns residentes, eles precisam ser punidos.

Eu sorrio.

– Perfeito.

Sem mais delongas, nós três, o fantasma, o meio morto e a menina esquista, partimos para a caçada da noite.

[x]

Antes que pense coisas erradas, não, nós não matamos por prazer... Pelo menos eu não. Bom, acho que já filosofei bastante sobre os meus motivos, então melhor dizer o do meu parceiro.

A irmã de Dante, Luna, tem apenas treze anos e está morrendo de uma doença que os médicos alegam ser câncer. Porém, com todos os poderes estranhos que o irmão tem, ele detectou que a doença da irmã era algo bem mais complexo e perigoso que um câncer, algo que estava além da medicina humana. O estranho tumor de Luna que cresce a cada dia em seus pulmões é terminal, e ela sente dores horrendas. Desesperado, Dante começou a pedir a ajuda de Elise para tentar descobrir o que era, e a prima, depois de muita pesquisa nos livros de magia do Dr. Strange, identificou a enfermidade de Luna como magia negra, uma das bem poderosas. E a única coisa que poderia fazer Luna sentir menos dor e conter um pouco da doença em seu organismo era combatendo-a com luz, ou seja, almas.

Já a amiguinha de Dante, Elsa, pelo visto não se dá muito bem com o padrasto. E ao julgar pelo hematoma que ela tenta cobrir com o tecido do vestido, vejo que o desentendimento é físico, por isso não impliquei mais com Dante sobre a presença dela aqui. Desde que ela não abra o bico, por mim tá beleza.

Nós temos motivos para fazer o que fazemos. Na verdade, nenhum de nós tem uma escolha.

– Luke, foco! – Dante me repreende quando percebe que não estou prestando atenção nos três marginais correndo para longe de uma casa que acabaram de roubar. Quando percebo, Dante já não está mais ao meu lado, mas sim flutuando sobre um dos três. Com um golpe rápido, ele acerta o peito de um com um tiro de plasma, jogando seu alvo para trás.

Eu também começo a agir e me coloca na frente dos dois restantes, que começam a me atacar com os cacos de vidro e bastões de basebol que trazem em mãos. Por mais que tentassem, seus golpes eram inúteis.

Rapidamente eu vou para perto de Dante, servindo-lhe de escudo enquanto atiro uma flecha bem no meio do peito de um. Quando preparo uma flecha para o terceiro, percebo que Dante já está com suas mãos na cabeça do homem, virando-a com violência para o lado e quebrando o pescoço num rápido golpe.

– Ladrõezinhos de terceira categoria. – Ele menospreza os três cadáveres com nojo nos olhos enquanto se volta para Elsa, que observa tudo encolhida num canto afastado de onde estamos.

Desvio meus olhos lentamente para o cadáver com uma flecha no peito. Eu tenho que agir rápido, senão vou acabar perdendo aquela alma. Ajoelho-me sobre o corpo e reúno ambas as mãos sobre o peito, cravando as unhas na pele e sentindo a enorme energia da alma me alimentar, como se eu fosse uma bateria sendo recarregada.

Em apenas dois minutos já me sinto completamente novo, cheio de energia e pronto para até mesmo enfrentar um exército de Chitauris sozinho.

– Está se sentindo melhor? – Dante me pergunta.

– Sou uma nova pessoa.

– Bom – comenta sem emoção. – Deveríamos nos livrar dos corpos agora. – E ele me deixa a sós com os cadáveres para ir ao encontro de Elsa.

Com os três corpos reunidos numa pilha, eu encosto ambas as mãos, fechando os olhos e concentrando-me para mandá-los para o Mundo das Sombras. Sinto o volume em minhas mãos diminuir, até eu não sentir mais nada. Quando abro meus olhos, não há nenhum sinal dos corpos. Todos desapareceram.

– Vamos dar o fora daqui. – Digo-lhes, e logo deixamos o lugar.

[x]

Após deixarmos Elsa em casa, eu acompanhei Dante até o hospital. Nós não falamos muito, apenas andamos calmamente pelas calçadas mal iluminadas do Queens. Nenhum dos dois está realmente querendo comentar sobre a caçada. Não sentimos um pingo de orgulho do que fazemos.

Assim que chegamos ao hall de entrada do hospital, Dante se vira pra mim enquanto ajeita as roupas e verifica se não há alguma gota de sangue ou qualquer evidencia de que tenha estado num lugar diferente daqui hoje.

– Você... Quer ir vê-la comigo?

Eu queria recusar, pois não sou o maior fã de hospitais, mas não posso deixar Dante ver a irmã sofrer sozinho. Eu sei como é se sentir responsável por alguém. Estou andando ao seu lado aqui agora por causa disso.

– Claro, vamos lá.

Como não se pode mais visitar os pacientes depois do horário de visitas, Dante e eu nos dirigimos para longe dos olhares públicos. Tocando-me no ombro, o Maximoff me torna invisível e alça voo comigo, ajudando-me a atravessar as paredes até chegarmos ao quarto de uma garotinha. Ela é bem pequena e está com uma aparência fragilizada com sua pele extremamente pálida e olhos afundados em olheiras negras. Seus olhos verdes estão semicerrados e o cabelo loiro sem brilho. Engulo seco, triste por ver a aparência da irmã de Dante tão devastada.

– Luna.– O irmão corre para perto da garotinha, que esboça-lhe um sorriso quando ele se ajoelha perto da cama.

– Você veio – ela diz contente num sussurro fraco. – Como você tá?

– Melhor agora – Dante rapidamente abre a mochila e pega o pequeno frasco que ele mesmo desenvolveu para aprisionar as almas que coleta para Luna. – Eu trouxe algo pra você.

– O remédio?

– Isso mesmo.

Retraio os lábios, receoso com a ideia de Dante estar escondendo a verdade da irmã, que acredita que o conteúdo do frasco é apenas um remédio extremamente difícil de achar. Ele abre o frasco e rapidamente enfia uma das mãos de Luna dentro do mesmo. A garota parece relaxar mais e mais conforme suga a energia, sua pele vai ficando mais corada, as olheiras diminuem e seus olhos e cabelos ficam um pouco mais brilhantes.

– Como se sente? – Dante quis saber.

– Muito melhor – Luna acaricia as mãos do irmão. – Obrigada.

– É melhor você descansar um pouco agora, maninha – ele ajeita as cobertas da irmã mais nova e afofa seu travesseiro. – Eu volto amanhã para ver como você está, ok?

– Ok.

– Boa noite, Luna, eu amo você.

Ela acena para Dante.

– Também te amo, durma bem.

E nós dois desaparecemos, deixando Luna Maximoff dormir tranquilamente por mais duas semanas antes de termos de voltar para conseguir mais uma alma.

– Por que você não se mostrou pra ela? – Dante me pergunta quando voltamos a caminhar rumo à sua casa.

Dou de ombros.

– Não queria atrapalhar vocês dois.

Meu amigo não responde, apenas continua a fitar os próprios pés com os olhos castanhos pensativos. Andamos mais duas quadras antes que ele volte a dizer alguma coisa.

– Ela estava pior que dá última vez. – Comenta, referindo-se ao estado clínico de Luna.

Respiro fundo, tentando pensar em alguma coisa inteligente para lhe reconfortar.

– Impressão sua.

Realmente inteligente. Por sorte, chegamos à casa de Dante antes de eu soltar mais uma citação genial.

– Obrigado por ir – Dante agradece enquanto entra em casa. – Nos vemos amanhã?

– Claro, temos um mundo pra salvar, lembra?

Ele me lança um meio sorriso antes de fechar a porta da frente. Sozinho novamente, eu solto um enorme suspiro, tomando meu caminho para a base do A-Next, pensando no que poderia fazer em mais uma noite em claro.


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Notas finais do capítulo

Então galera, sobre "eXperiment", eu tinha os capítulos todos prontinhos e lindos pra postar, mas o maldito corno estrábico do meu computador apagou TUDO e ta sendo meio difícil reescrever... Então tenham mais um pouquinho de paciência comigo, por favor :c

Espero que tenham gostado desse capítulo, não deixem de comentar, e nos vemos no próximo :*



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