Mon Amour et Ma Passion ONE-SHOT escrita por America


Capítulo 2
Bônus


Notas iniciais do capítulo

Deixem um comentário, mesmo que seja pequenininho e me criticando, mas deixe para eu saber o que preciso ser feito para melhorar e/ou elogiada pelo meu trabalho.



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A hundred days have made me older

Cem dias me fizeram mais velho

Since the last time that I saw your pretty face

Desde a última vez que vi seu rosto lindo

A thousand lies have made me colder

Milhares de mentiras me fizeram mais frio

And I don't think I can look at this the same

E eu não creio que possa te olhar do mesmo jeito

But all the miles that separate

Mas todas as milhas que nos separam

They disappear now when I'm dreaming of your face

Elas desaparecem agora, quando estou sonhando com seu rosto

Suas recorrentes decisões trouxeram as atitudes que Astoria repudia em seu marido. Talvez algum dia ele pudesse amar a mulher que resolveu se casar igual amou a garota de seus sonhos. Como Astoria sofria. Muitos dias escrevia pensamentos aleatórios em um caderno, todos eram povoados pela garota de rosto bonito e mente afiada. Por motivos justificáveis, seus pensamentos voltavam para a amada do seu marido com um pesar. Nenhum rancor. Só o pesar de a mulher ter acabado com a felicidade do homem que ama, ou o ter libertado de outra maneira. Talvez seja inocente por ter tais pensamentos, eles não a tornavam mais bondosa, só a mulher com quem Draco era casado por sete anos. Ela o conhecia, mesmo que essa ação não haja reciprocidade.

Draco sabia que a distância imposta por si, para proteger-se do amor de uma mulher, era injusta. Talvez as mentiras que escapavam de seus lábios, todos os “eu te amo” dirigidos à sua mulher fossem perdoados pelo Céu. Mas o homem não sentia e não disponibilizava de emoções, que outrora foram arrancadas de seu coração. A cicatriz estava fechada, mas continuava com sua função. No literário sentido da palavra, deixou uma marca gravada em fogo do ódio traído. Seus movimentos eram sombras que palavras não ditas, de ações interrompidas e não realizadas. Draco só era um corpo não utilizado com todos seus apetrechos. Tentou inúmeras vezes voltar a amar, mas a dor aumentava, crescia e impedia. Sofria a cada dia, silencioso nos melhores, rancoroso na maioria. Era o jeito de lidar com a distância da sua outra metade do coração saudoso.

Nos dias em que se perdia, não conseguia se encontrar e ficava em estado inerte, Astoria, sempre com lágrimas nos olhos e soluços travados pelos dentes cerrados, mostrava o quadro. O quadro do rosto bonito da mulher. O rosto pincelado de seu Amor. Aos poucos, Draco voltava à superfície, não se afogava em seus demônios e memórias distorcidas pela culpa e ressentimento. Então ele ficava horas, até Astoria ouvir o primeiro copo de vidro de uísque quebrar até o último grito rogando pela garota bonito.

– Por que me atormenta, Hermione? NÃO BASTA ME TER FEITO AMÁ-LA! NÃO POSSO TE DAR MAIS NADA, NÃO TENHO MAIS NADA, HERMIONE – nas primeiras vezes que isso acontecera, Astoria esperara soluços que nunca vingaram sua imaginação. A voz fraquejava, mas não chegava a se quebrar com os soluços – Você me segue, você me despedaça e a única coisa que consigo fazer é orar para que volte para mim. Deixe-me amar outra. Por favor, me deixe em paz. Não consigo viver com você em minha pele! Minha vida estragada por uma garota de sangue impuro. Sangue-ruim! Hermione, você é a sangue-ruim imprestável que me condenou – gritava Draco, rancoroso, seus berros ressentidos eram escorridos sem impedimentos de um bom senso, tudo que lhe restava no final de sua rogação é a retomada do resto de dignidade por não ser atendido e todas as palavras logo absorvidas pelo silêncio e evaporadas, só deixando o fantasma de gritos de amor não correspondido.

Astoria se retirava da casa, sendo ela de poucos móveis e uma sombra obscura pairando em cada cômodo, tornava os gritos ainda mais desesperados e ecoavam seguindo ela para qualquer aposento que fosse.

Astoria sabia quando Draco possuía seus pesadelos. A intensidade da junção do trauma da Guerra com a partida da Granger, tornava as noites inquietantes. Ele levantava e andava pela casa, descalço e tirando os quadros das paredes. Ao amanhecer, estava tão embriagado que passava o resto do dia trabalhando em casa, na medida em que a cabeça latejante permitisse.

Os dias de ódio eram, particularmente para Astoria, o que mais temia. Os olhos cinzas eram frios e com chama venenosa. Nesses dias, cometia loucuras que sempre se arrependia, os olhos indicavam a culpa. O ódio o alimentava, o possuía, contaminava todas as lembranças felizes que já vivenciou. Manipulava suas memórias para condenar Hermione por deixá-lo, a xingava e gritava.

Todas as fases eram vividas pelos sete anos que tomou para conseguir parcialmente se curar.

How long have I been in this storm?

Há quanto tempo eu estou nessa tempestade?

So overwhelmed by the ocean's shapeless form

Tão oprimido pelo oceano informe

Water's getting harder to tread

Está se tornando cada vez mais difícil caminhar sobre as águas

With these waves crashing over my head

Com essas ondas quebrando em minha cabeça

Draco, ao ouvir ser anunciada a gravidez de sua mulher, tomou como objetivo de sua vida sair da tempestade que viveu nesses 7 anos. Seu filho não merecia o homem instável que sua mãe convivera. Se pudesse se recuperar, tornaria seu filho amado. Teria uma direção para todo seu amor desprezado, o modificaria para amar o filho que teve com outra mulher, não com Hermione. Mesmo a criança tendo os olhos mar e o cabelo loiro, pensaria que teria alguém para amar. Astoria, a mulher que cuidou dele e não o deixou, apesar das incontáveis ações que o condenava, continuava a manter a promessa do casamento: ser uma companheira.

Não conseguiria viver nesse mar revolto de sentimentos odiosos. Mesmo não possuindo a liberdade total, seu coração conseguiria sobreviver com a metade doada ao seu filho.

And I dream about you all the time

E sonho com você o tempo todo

I'm here without you baby

Estou aqui sem você

But you're still with me in my dreams

Mas você ainda está comigo nos meus sonhos

A quietude e a pouca iluminação do começo do dia fez Draco continuar acordado. Desta vez não iria se desesperar com o sonho de Hermione implorando para salvá-la e logo depois o sonho se modificando para ela, na cabana, gritando e Draco sem conseguir consolá-la. E ele corria até ela, jogada no chão, e nunca conseguia alcançar, escorregava de sua mãe como areia.

Quando o desespero de não alcançá-la o tomava, finalmente ele sonhava com ela em seu braço. Seu sorriso brilhante e se revirar de olhos. Sua própria risada ao ver o olhar descontente dela ao irritá-la, seus olhos amoleciam conforme ria. Amava saber que com sua risada, desarmava sua carranca raivosa. No final, possuía um efeito em Hermione que Ron Weasley não tinha.

Draco passou a mão por seu pescoço, as noites mal dormidas começavam a fazer efeito em seu corpo. O pescoço doía em sua lateral e sua mente estava cansada. Não conseguia mais aguentar esse sentimento de solidão e abandono. Não era justo com ele, que sofreu a vida inteira com a abstinência do amor paterno e agora sofria com a abstinência da mulher que amava. Sua vida fora uma catástrofe, suas escolhas na Guerra sempre antecederiam sua presença – julgado antes de dirigir um olhar – e para todo o sempre carregaria o rótulo de um seguidor de Voldemort, a Marca Negra. Que nesse momento a esfregava, esperando que fosse de tinta e que aos poucos escorreria por seu braço, mas continuava imutável, pregada em sua carne. Igual a marca rotulada do sangue de seu Amor.

Suspirou, já repetira essa mesma cena noite atrás e na outra que a antecedia. Nunca mudava e mesmo assim procurava uma cura para a insônia.

Empty momentssleepless nights

Momentos vazios noites sem dormir

I think about you every night

Eu penso em você toda noite

Wondering what went wrong

Quer saber o que deu errado

Então que seja eternamente julgado. Draco não pensava na mulher que devia ao tocar de seu rosto em seu travesseiro e sua mente tocava a lembrança dos cabelos castanhos no tecido branco. Era tão errado que as lembranças que ele levava em seu coração fossem a chave de sua libertação. Tão errôneo pensar que Draco libertaria as memórias aprisionadas em questão da liberdade de viver sem seu Amor. Que vivesse eras sem amar novamente, mas que mantivesse o tempo de felicidade em seu peito. Seria uma pessoa vazia, oca, que andaria, mas não conseguiria sentir. O garoto Malfoy, que sofrera sem o amor paterno, e repetida vez, anos depois, sofria novamente com a falta do amor. Dedicada a se entregar de corpo e alma naquilo que acredita, provando ser diferente do patriarca da família Malfoy.

Todas as noites que observava o rosto redondo e pálido de sua esposa, tão próximo ao seu, suas respirações virando uma e se martirizava por não poder amá-la principalmente quando sorria docemente para Draco, abria os olhos azuis e o fitava com amor não correspondido. E Draco passava os olhos por toda a extensão de seu rosto, procurando por algo que nunca encontrava e então virava de costa, rejeitando o que poderia ser sua libertação e o retorno da felicidade. Um novo amor. Quando os dois estavam satisfeitos que exerceram seu papel ignorando o peso das lágrimas silenciosas de Astoria que deslizava às costas de Draco, quando ele, novamente, fingia que ela estava dormindo e não prendendo a respiração, se levantava e ia andar pela rua quieta e fria.

I find myself at your door

Me encontrei na sua porta

Just like all those times before

Como todas as outras vezes antes

I’m not sure how I got there

Não tenho certeza de como cheguei lá

All roads they lead me here

Todas as estradas me guiaram até aqui

No casarão de tijolos, a luz do quarto do lado esquerdo despejava luz amarelada na rua esbranquiçada pela neve. Ali dava para notar a movimentação de dois corpos, andavam de um lado para o outro, se preparando para ir dormir. Como se predestinado pelo céu para provar o sofrimento final de Draco, os dois corpos se encontraram na frente da janela, em um claro sinal de beijo. A boca crispando por desgosto e os olhos endurecendo pelo ódio. As estrelas brilhavam no céu escuro, só observando o amante que esperava por ser correspondido. Quebrando todas as possibilidades que seu coração esperançoso guardou de ter o seu Amor para si.

As estrelas foram testemunhas do balançar de cabeça, frenético, e o endurecer dos punhos. Mas só elas foram capazes de ver os ombros caírem e o amante aparatar para um canto distante de seu verdadeiro Amor.

Décadas e eras, as estrelas foram, em imensuráveis ocasiões, as únicas a presenciar atos de amor que não chegavam à ser vingados. Brilhavam fracamente, agora, com a dor que lhes causavam ver que fitavam a mudança de um homem não correspondido para aquele que não mais amava.

Right before your eyes

Bem diante de seus olhos

I’m breaking, no past

Estou desmoronando, sem passado

No reasons why

E sem motivos

Desta vez, sabia que não conseguiria carregar mais esperanças. O peso de uma pena era capaz de fazer seu coração despedaçar, com o mantimento da esperança, um sentimento forte e impactante ao não ter seu vingar, ceifaria aquilo que muitos pensadores chamavam de coração. Um órgão figurativo e sem finalidade aos sentimentos que nele atribuíam.

Em um bar qualquer, os pedaços caíam enquanto sua sanidade era amortecida pelo álcool e se juntava aos cacos do órgão pulsante. Um sorriso sarcástico riscava seus lábios mesmo na hora de ingerir a bebida. Sentia-se tolo por se entregar ao sentimento, vivia agora em eterna treva povoando sua alma e o resto do mundo seguia suas vidas. Encenava o seu pensamento, dando forma à sua imaginação, com a ajuda do álcool, via-se ao lado de Hermione. Ela o via cair aos pedaços e só observava com um copo de uísque na mão. Draco queria ter o gosto de ver que seu Amor não mais o tinha; estava se recompondo e permaneceria lúcido da embriaguez que viveu em seus sete anos até aqui.

You said you loved me

Você disse que me amava

But my heart still says we're through

Mas meu coração diz que nós acabamos

I'm feeling sorrow

Estou me sentindo triste

But there's nothing I can do

Mas não há nada que eu possa fazer

Sua aparência e amargura de outrora o mudaram e tornara o homem que Scorpius encarava uma das pessoas que ele mais respeitava. Era seu pai e, mesmo sendo um homem carinhoso em sua presença, sabia que guardava uma marca em sua alma. Suas mãos suavam com a perspectiva de Draco ir contra sua paixão e seu pedido de casamento. No final, Scorpius caiu nos revoltos tentáculos do amor, que, assim como fizera com o seu pai e a sua sogra – mesmo Scorpius não tendo ciência que fora alvo do destino e que o mesmo recriara a história de seu pai com a mulher que amou –, mostrou que era uma simples linha tênue que trazia um novo olhar ao mundo. Irrevogáveis sete anos na companhia da ruiva e para logo em seguida se perder em um amor que ardia em seu interior. Portanto, Scorpius mantinha uma chama acesa em seu coração intensa, que continha o notório sinal do sangue de Draco Malfoy em suas veias, pai e filho amavam intensamente.

O homem de cabelos com fios grisalhos que se mesclavam com o loiro platinado, estava sentado em uma poltrona de detalhes em ouro na biblioteca. Scorpius bateu na porta pedindo, respeitosamente, para entrar, o qual fora concedida. Sentando-se na poltrona à frente do patriarca da família Malfoy e com atos nervosos na mão, começou a falar:

– Pai, tenho consciência que o senhor possuí uma notória desavença em minha relação com Rose, mas, sendo o homem respeitoso que o senhor me ensinou a ser, gostaria de – mesmo com seu desgosto – me casar com a mulher que amo. Estou apaixonado a cada dia, pai, e pretendo propor para Rose logo quando possível – ia dizendo Scorpius, sua voz não tremia tanto quanto sua mão, mas conseguia sentir a irregularidade na fala conforme atraia o olhar penetrante de Draco – estou aqui para te informar e pedir que respeite minha decisão, não há nada possível nesse mundo que me impeça de me casar com a mulher que escolhi para passar o resto da minha vida.

Tendo dito o que lhe impedia de propor com maior desespero Rose, esperou a reação do pai que continuava a fitá-lo com olhar cinzento duro, não o repreendendo, mas como se escondesse o mundo por trás da parede que construiu para seus sentimentos. Draco levantou, mantendo os olhos no filho, e saiu da sala. Scorpius bufou e passou as mãos pelos fios de ouro que estavam em um redemoinho de embaraço em sua cabeça. Nada saíra como desejava e mesmo tendo a certeza nas palavras, gostaria do apoio familiar. Já levantando para ir escrever para sua ruiva, deparou-se com a imagem de seu pai entrando novamente na sala, com uma caixinha de veludo em sua mão e um sorriso sincero em seus lábios.

– Esse anel que passou de geração a geração nas mãos dos Malfoy e agora está em sua mão. Não poderia ter escolhido melhor mulher para passar sua vida, Scorpius – dizendo essas palavras, virou-se e saiu novamente da sala. Desta vez não voltou.

Draco possuía a felicidade de saber que o anel de sua família estaria na mão da filha da mulher que amou, retornaria – em linhas que nunca imaginou – para o lugar que gostaria, não exatamente, mas o mais próximo que conseguiria e seu coração endurecido pelos anos, gritava de satisfação.

So desperate to be free

Tão desesperado para ser livre

And because I love you, baby

E porque eu te amo, baby

I have to let you be

Eu preciso te deixar ser

O nariz empinado, olhos finos com cílios o pontilhando, maçã do rosto alta – um traço aristocrático que se tornava suave nesse rosto – era o que Draco conseguia ver. Era as únicas coisas que Rose Weasley descendia de sua mãe. E era a única coisa que Draco conseguia ver enquanto, em branco, deslizava por todo o corredor até seu filho.

Draco seria uma pessoa egoísta se admitisse que não conseguia ficar mais um minuto no casamento de seu filho. Doíam-lhe as partes de seu coração que a mulher do outro lado do altar carregava sem saber. Ela era atraída pela outra metade e seus olhos acompanhavam a atração. Tanto tempo sem ver o rosto da garota bonita, seu Amor, que muitas vezes esquecia sua beleza plena. Seu lábio era tingido pelo sorriso que há muito tempo não o povoava, o sorriso do amor. Hermione não sorria para Ron Weasley, sorria para Draco Malfoy. Em seus olhos passava sua vida desde a última vez que se viram e mesmo assim, a saudade era inegável.

Deveria deixar ir, a partir de agora, pelo matrimônio iriam ver-se com frequência. Apertava-lhe o peito saber que nada mais seria como gostaria, sua esperança acabou, mas seu amor persistia e já aceitava o que lhe foi dado muito tempo atrás. Não fora como desejava, mas possuía as lembranças para mantê-lo quente à noite, mesmo que o amor não o fazia mais. Poderia dizer que amou e foi amado pelo tempo que fora pouco em ampulheta, mas que durava para toda sua vida. Draco fora amado por seu Amor e ele amou seu Amor, nada mudaria isso e, agora com maturidade, era capaz de perceber isso. Ele sorriu em retribuição, com todo o amor que ainda possuía em sua alma, ele precisava ter a certeza que Hermione saberia que ainda a amava, mas a deixaria viver sua vida. Deixar-a-ia livre, mesmo que ele não estivesse em sua total plenitude. O eco de um amor suave permaneceria em todos seus movimentos, o moldando para ser a pessoa que gostaria de ser ao lado de Hermione.

No final da cerimônia, enquanto todos observavam os casados saírem da igreja e o acompanharem, Draco se aproximou de Hermione para lhe sussurrar a última palavra de seu amor compartilhado.

– Se eu não fosse estúpido, aquele anel estaria em seu dedo, assim como sempre aspirei, meu amor, e você seria minha como sou seu – disse Draco, conseguia sentir o aroma do perfume que usava, era o mesmo perfume que dera para ela em alguma situação de amor cego. Assim como seu cheiro também era reconhecido por ela. Seu Amor tremeu em seus braços com a proximidade, seu hálito acariciando-lhe seu ouvido e se retesou.

Tentava dizer pela última vez aquelas palavras que prometeu vingar por toda sua vida. Eu te amo, Hermione.

This is the last time I say it’s been you all along

Esta é a ultima vez que eu digo que sempre foi você

Os tempos passaram e com eles vieram o remédio das dores. O sol não favorecia o sentimento fúnebre, brilhava por entre as nuvens e ventos ocasionais varriam as folhas secas dos túmulos. Enquanto o sol brilhava por trás da lápide em que imagem de uma mulher curvada sobre o túmulo estava, o nome cravado no mármore trouxe lágrimas aos olhos da castanha. Tantos anos se passaram e se sentia culpada por chorar, mas nenhuma justificativa sã acalentaria o coração que sofria pelo homem saudoso. Era uma estupidez deixar seu marido em casa e continuar a vir ali todos os anos. Nos mesmos dias ao correr de 4 anos, voltava para despedaçar sua alma com a prova irrevogável do falecimento do homem que em tempos distantes amou. Sua filha iria jantar em sua casa, mas não possuía força para se levantar e partir. Sabia que precisava seguir em frente, ser livre. Mas seu coração jovem sentia com a ausência do calor do amor. Em sua mão, uma rosa branca era segurada com todas as forças. Os espinhos machucavam-lhe a mão e aos poucos os pontos de sangue eram formados por sua palma. E então manchavam a tumba.

Lábios crispados e cicatrizes de lágrimas eram formados em seu rosto. A garota de rosto bonito possuía as dobras da idade e as manchas salpicando o rosto, era o sinal de sua idade. Se pudesse deitar ali ao seu lado e dormir junto ao homem que amou, dormiria e deixaria o mundo seguir. Sua alma ficaria completo pelos últimos instantes que seu coração parasse de bater, uma escapatória mórbida para seus problemas. Uma doença florescia em seu coração, sugava-lhe sua força e tornava falsos seus sorrisos. Em quatro anos partira com uma mentira em seu coração e a garota de rosto bonito ouvia a mentira contada a cada dia ao amanhecer.

Os joelhos - já fracos pelos ossos desgastados - cederam ao peso de culpa no ombro da mulher. Chorando curvada na lápide, o nome gravado estava em baixo da rosa branca, que caíra das mãos trêmulas e enrugadas. Se as lágrimas eram o único jeito de seu corpo se livrar do que o coração não pode, deixaria cair e secar em suas bochechas.

Ninguém vinha visitá-lo, e assim as lágrimas escorreram por seu rosto, fortemente. Vinham lamentar o dia de sua morte, mas esqueciam de vir no dia de seu nascimento. Não lamentavam e não relembravam os anos de sua existência. Lamentavam o corpo decompondo para esquecer a chama que viveu.

Em um único fôlego, beijou o nome escrito e ajustou a rosa branca para não obscurecer o belo nome cravado. Passando a mão, distraidamente, pelo relevo da palavra esfaqueada em seu antebraço, sussurrou uma última palavra até seu retorno no próximo quinto dia de junho. A mão continuava repousada em seu braço, cobrindo a palavra rotulada para as pessoas do seu sangue, na mão enrugada e já velha, a falta do aro de ouro era justificada pela tira preta de caneta em seu dedo anelar. Atraindo o olhar ao desenho que propriamente fez, beijou a mancha cobrindo a marca esbranquiçada de seu casamento. Trocando a mancha de seu casamento com Ron pela marca de seu casamento com o outro homem que amou.

Virando para partir, deixou as lágrimas, o sangue e a rosa para acentuar sua passagem pela lápide. Deixou para trás os dizeres que só iria voltar a olhar um ano mais tarde, mas que estava gravada em sua memória e queimando seu coração.

Draco Lucius Malfoy

2043 – 1980

O Amor nos separou

“Aqui jaz um Pai amado

Um Marido adorado e

Um Amor inesquecível”

So be free

Então seja livre

I'll let you go

Eu te deixarei ir

I only said these things because I love you so

Eu só disse essas coisas por que eu te amo muito


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Notas finais do capítulo

STORM- LIFEHOUSE
The Last Time (Feat. Gary Lightbody) – Taylor swift
Be free- Birdy
Fade-James Arthur