A Lenda dos Santos de Atena escrita por Krika Haruno


Capítulo 65
Retorno ao Santuário


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas! Desculpe a demora em postar. Eu havia dito que esse seria o capitulo final, mas ele acabou ficando grande e tive que dividi-lo. Espero que gostem! Boa leitura



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Rodrigo estava sentado na frente da TV, não prestava muita atenção, pois no noticiário eram as mesmas noticias. Ultimamente andava muito distraído, pensando na deusa. Era injusto a história dos dois acabar daquela forma. Só estava esperando dar o horário para entrar na internet e matar a curiosidade do que tanto as meninas queriam falar. Pegou o controle remoto para mudar de canal, quando escutou...

Na Grécia... – iniciou o repórter.

Os olhos arregalaram ao ver quem estava na matéria.

– Saori... – sorriu.

A pauta do jornal era sobre a compra de uma importante empresa na Grécia pela bilionária Saori Mitsui. As imagens mostravam Saori concedendo uma entrevista. Rodrigo fitou a pessoa que estava atrás dela, pegando o telefone imediatamente.

Oi Rodrigo.

– Coloca no canal 2. – disse rápido.

O que?

– Liga a TV e coloca no canal 2. Depressa.

Em Belo Horizonte, Fernando ligou a TV do quarto, colocando no canal indicado. Arregalou os olhos.

– Marin?? – Fernando praticamente berrou no telefone.

É uma reportagem sobre a empresa da Saori. Parece que ela está fazendo mais dinheiro.

– A Marin está linda... – o mineiro sorriu.

A Saori também, mas o semblante dela... parece triste.

– Também pudera, ela ficou arrasada com a morte dos cavaleiros.

A reportagem durou mais alguns minutos e encerrou.

– Já acabou...

– Foi só para matarmos a saudade. Já está na hora de entrar no Skype? – indagou o baiano.

– Em quinze minutos. As meninas não vão acreditar quando contarmos.

– Verdade. Até daqui a pouco.

Até.

O baiano desligou o aparelho, voltando a atenção para TV. Foi rápido, mas ficou feliz por poder ter visto a deusa.

No horário combinado todos estavam conectados. Era noite no Brasil e a tarde nos EUA.

– Estão todos? – indagou Isabel.

– Falta a Marcela. – disse Suellen.

– Mandei mensagem para ela, mas não me respondeu. – disse Heluane. – deve está ocupada com o trabalho novo.

– Não podem começar o assunto? – perguntou Fernando. – estou ficando curioso.

– Espero que esteja sentado, pois o que vou contar vai te deixar surpreso. – disse Sheila com um sorriso nos lábios.

Não mais do que eu vou contar. – disse Ester.

– O meu vai surpreender. – disse Mabel. – vocês vão ficar de queixo caído.

– Não mais que eu. – Gabe estava se segurando para não contar de uma vez.

– Falem logo! – exclamou Rodrigo.

– Eu preciso contar, eu preciso contar. – Julia estava aflita.

– Então falem. – disse Fernando.

As meninas começaram a falar ao mesmo tempo e como estavam nervosas as palavras praticamente foram cuspidas. Fernando e Rodrigo não estavam entendendo nada.

– Uma de cada vez, por favor... – pediu o mineiro.

– Primeiro eu que sou a primeira dama. – disse Paula.

– Vai Paula. – disse Rodrigo.

A paraense começou a contar sobre Shion. Todos ouviam num profundo silencio.

– O Shion está vivo!! – disse feliz.

– Sem memoria? – Fernando estava chocado.

– Não é só ele... – murmurou Cristiane. – eu vi o Saga...

Uma a uma contou sobre o encontro com seus dourados.

Mu está aqui!!! O que o Mu está fazendo nos EUA!??! – exclamou Ester.

– Tem certeza que são eles? – indagou Rodrigo.

– O Shaka me segurou. – disse Juliana. – era ele, não tenho a menor dúvida.

– O fato é, - Isabel tomou a palavra. – eles estão vivos e sem memória.

– Atena conseguiu fazer um acordo. – disse Helu. – só não entendi por que ela os mandaria para cá.

– Não se encaixa... – murmurou Rodrigo.

– Ah não ser que Atena não saiba. – disse o mineiro, fazendo todos olharem para ele.

– Como assim? – indagou Jules.

– Mesmo sem memória seria muito arriscado eles perto de vocês. Além do que poderia colocar a segurança do santuário em risco.

– Sugere que não foi Atena que os trouxe de volta? – indagou Mabel.

– Isso mesmo. Eu acho...

Quando Fernando completaria a frase o Skype emitiu um sinal. Era mais uma pessoa tentando se comunicar.

– Deve ser a Marcela. – disse Suellen.

A imagem da paulista apareceu e ela estava em prantos.

– Máh está tudo bem? – Heluane a fitou preocupada.

– Eu... eu... vi.. o...

Miro. – completou Ester. – todas vimos os nossos dourados.

– Não.. é só isso... – respirou fundo. – estou grávida.

– O QUE??? – berraram.

– Grávida?? De quem??? – a fluminense berrou.

– Do Miro...

– Mas você não disse que ele era estéril? – indagou Julia.

– Ele falou mas... fiz aquele teste de farmácia... deu positivo. Eu não sei o que eu faço... ele está sem memoria e... – recomeçou a chorar.

Ficaram em silencio. A situação era delicada.

– Atena precisa saber. – disse Rodrigo.

– Saber do que?

– Deles e da gravidez da Marcela. Principalmente da gravidez. Ela não pode arcar sozinha.

– Mas ela não vai acreditar em mim...

– DNA. – disse Isa.

– Com que corpo? – disse Fernando. – não tem corpo.

– Qualquer fio de cabelo achado em Escorpião ajuda. – disse Sheila. – jeito tem.

– Eu vou entrar em contato com ela. – disse o baiano. – sabem aonde encontrar seus dourados?

Todas responderam positivamente.

– Está certo. – disse convicto. – Atena precisa saber disso.

Logo após a conversa, Rodrigo procurou todas as formas para se comunicar com Atena. A tarefa foi árdua, pois todos os números que encontrava eram da empresa e dificilmente repassariam a ligação para ela. Decidiu tentar por meio da Marin.

– Senhorita Marin. – disse a secretária.

– Sim?

– Ligação internacional. Identificou-se por Rodrigo Ribeiro e disse que era urgente.

Marin franziu o cenho. Era o Rodrigo? Mas como ele havia conseguido aquele contato?

– Diga que...

A secretária não escutou porque estava com atenção na linha.

– Ele falou que as quatorze joias de Atena estão no Brasil. – disse meio incrédula das próprias palavras.

A japonesa ficou pálida.

– Pega o número e diz que ligo em seguida. Fale que vou comunicar a Saori.

Enquanto a secretaria transmitia o recado, Marin ligava para Atena, num telefone privativo, já que era muito arriscado usar as linhas convencionais. Como ainda não tinha mais detalhes apenas falou que havia recebido a ligação de Rodrigo. Naquele mesmo dia a grega ligou para o brasileiro. Ele ainda estava no serviço. Estranhou a quantidade de números no visor, mas atendeu.

– Pronto.

– Oi.

– Sao-ri... – levantou da sua mesa indo para o corredor. – como vai?

Estou bem e você?

– Como é bom ouvir sua voz. – sorriu. – eu sinto muita saudade.

Eu também. – a voz estava bem emotiva. – o que aconteceu?

Rodrigo contou tudo para Atena, mas ainda sem mencionar a gravidez de Marcela.

Elas têm certeza que são eles?

– Sim. Você os trouxe a vida?

Não. Hades não quis devolvê-los.

– Algo aconteceu. – disse. – e tem mais uma coisa. – a voz saiu baixa.

O que? – notou o tom de voz.

– A Marcela. Ela está grávida.

– ...

– Saori?

Do outro lado da linha a deusa empalideceu. Gravidez?

– Saori. – chamou novamente preocupado com o silêncio.

Ela tem certeza? – a voz saiu bem séria.

– Vai fazer os exames clínicos, mas o de farmácia deu positivo. Ela está em pânico.

Eu estaria... vou tomar algumas medidas, em dois dias retorno para você.

– E o que vai fazer?

– Preciso analisar a situação, apenas diga a Marcela que ela não está sozinha. Ela terá todo suporte.

– Direi a ela.

Nós falamos em breve. Beijo.

– Outro.

O baiano desligou a ligação, preparando para fazer outra. Transmitiria o recado para a Marcela e para os demais.

Em Athenas, Saori deixou o corpo descansar na cadeira. Se os cavaleiros estavam vivos e sem a intervenção dela, aquilo poderia ser um péssimo sinal. Quem beneficiaria com o retorno deles? Além do mais no Brasil e sem memória? A deusa respirou fundo levantando, tomaria as medidas cabíveis. Ela apenas contou a Marin, pois não queria que o assunto se espalhasse.

Dois dias depois...

As meninas no Brasil estavam ansiosas pelo retorno de Atena. Marcela havia feito mais exames dando a confirmação da gravidez.

Como esperado, Atena retornou e deixou todos surpresos. Um jatinho da fundação os levaria para Athenas em dois dias.

Columbia, Carolina do Sul, Estados Unidos...

Depois de uma tarde de estudos, Mu pegou sua mochila indo para o alojamento. Há quase uma semana na universidade e o trabalho já era intenso. Andava tranquilamente em direção ao prédio, até que avistou o banco, onde dias antes tinha conhecido Ester. Nunca mais tornou a vê-la e aquilo o deixou extremamente triste. Quando a viu, sentiu que sua vida, havia feito sentido naquele momento. Parou de frente ao banco.

– Queria te ver mais uma vez... – murmurou.

– Senhor Slaviero?

O cavaleiro olhou para o lado, um homem de terno e gravata parou ao seu lado.

– Sim.

– Eu preciso que venha comigo.

Mu o fitou desconfiado, mas seguiu com ele. Os dois entraram num carro preto que partiu em disparada. O ariano foi levado para um galpão.

– Aguarde aqui. – disse sem dá-lo chance de fazer perguntas.

O homem o deixou numa sala trancando-o.

– Será que fiz alguma coisa?

Belém, Pará, Brasil

Shion, parado no meio da calçada, consultava sua agenda para aquele dia. Teria mais duas visitas a tarde. Era uma rotina cansativa, mas desde que chegara aquela cidade não tinha o que reclamar, alias havia uma coisa. Queria ter fechado o contrato com a dona da clinica odontológica. Seria uma forma de vê-la mais vezes. Ainda tinha que ajeitar sua vida, mas se tivesse tido a oportunidade quem sabe a teria como namorada.

– Senhor Shion?

O cavaleiro ergueu o rosto de repente, pois não havia notado a aproximação do homem.

– Sim?

– Será que pode me acompanhar? É assunto de seu interesse.

– Quem é você?

– Uma pessoa que você pode confiar.

A principio não queria seguir, mas sua intuição falava que poderia confiar.

– Tudo bem.

Assim como Mu, ele foi levado para um galpão nos arredores da cidade. Foi deixado dentro de uma sala trancado.

Corrente

Aldebaran acabava de arrumar os papeis que tinham chegado da arquidiocese para os próximos casamentos, batizados e crismas. Estava na sacristia, concentrado, mas os pensamentos foram para Mabel. Tinha esperanças de vê-la novamente, já que a cidade era pequena, contudo isso não aconteceu. Balançou a cabeça negativamente. Não poderia pensar nela na forma que pensava, já que era padre. Escutou batidas a porta.

– Entre.

– Como vai Padre Ricardo?

– Muito bem Gustavv. O que devo a visita?

– Mais um casamento. – disse usando um leque para se abanar. – minhas rosas fizeram sucesso. Vim saber quais dias posso vir arrumar o altar sem atrapalha-lo.

– Sente-se. – indicou a cadeira. – já estou terminando com isso.

O pisciano sentou. A principio o pensamento estava vago, até que pensou na garota conhecida dias atrás. Será que a veria de novo?

– Padre, lembra-se daquela menina que eu encontrei aqui?

– Que menina? – indagou sem olha-lo, mas sabendo muito bem de quem ele falava.

– A que dei uma rosa. Ela vem sempre aqui?

– Não. – respondeu seco.

– Sabe onde ela mora?

– Para quê quer saber? – o fitou, ligeiramente irritado com a insistência.

– Me interessei por ela. – deu um sorriso de canto de rosto. – e ao que parece você também.

– Ao respeito. Sou um padre.

– Diga Ricardo. – aproximou o rosto. – ainda é virgem? – segurou para não rir.

– Está sendo inconveniente Gustavv.

– E se perdesse a virgindade com ela?

– Gustavv! – deu um tapa na mesa.

– Brincadeira! – recuou na hora. Aldebaran era muito mais alto do que ele.

A “conversa” foi interrompida por batidas a porta.

– Entre! – praticamente gritou.

Dois homens entraram.

– Padre Ricardo e senhor Kiergaarg?

– Sim. – respondeu Afrodite já na defensiva.

– Podem nos acompanhar?

– Quem são vocês? – indagou o taurino.

– É um assunto de seus interesses.

– E se eu não quiser saber? – Dite não estava gostando daquilo.

– Terá que vir de qualquer forma.

Deba e o pisciano trocaram olhares. Quando mais dois homens entraram, não tiveram opção a não ser seguir com eles. Os dois foram conduzidos a um carro preto, de onde partiu em direção a Teresina.

Belo Horizonte

Saga acompanhava o vai vem das pessoas na exposição, ela estava sendo um sucesso, mas faltava algo. Desde que ela tinha iniciado a menina o qual havia dado o convite não aparecera. Tinha esperanças de vê-la novamente, contudo eram só esperanças. Nunca mais a veria e aquilo o deixou perturbado.

Foi para seu escritório, ficou surpreso ao ver alguém o aguardando.

– Senhor Myles?

– Sim.

– Será que o senhor pode acompanhar?

– Por quê?

– É sobre seu irmão.

Saga nem pensou duas vezes, seguindo com ele.

Recife

Kanon dava as ultimas instruções para os garçons. O local estava lotado devido ao sucesso da noite grega.

– Está tudo em ordem? – indagou ao chefe de cozinha.

– Sim senhor Kanon.

– Estarei no escritório se precisar de mim.

Seguiu para o segundo andar. Estava cansado, mas precisava cuidar da parte administrativa. Abriu uma garrafa de água mineral. Os pensamentos foram para Suellen.

– Nem apareceu... – disse, fitando o mar.

O marina depositou o garrafa sobre a mesa, caminhando até a janela. Gastava horas admirando o oceano, sentia-se tão atraído por ele quanto pela brasileira. Queria muito vê-la mais uma vez.

– Senhor Kanon.

– Sim? – virou-se assustado, não havia ouvido.

– Tem um homem querendo falar com o senhor.

– Estou descendo.

O tal homem o aguardava na frente do restaurante. Kanon não gostou logo de cara.

– Queria falar comigo?

– Senhor Myles?

– Sim.

– Precisa me acompanhar. É sobre seu irmão.

– O que aconteceu com o Saga? – indagou preocupado.

– Venha comigo.

Kanon nem pensou duas vezes seguindo com ele.

São Gonçalo

Giovanni estava no camarim. A turnê naquela cidade tinha acabado e agora preparava-se para seguir em frente. As apresentações tinham sido um sucesso. Sentando de qualquer forma na cadeira lia o jornal local que trazia uma grande reportagem sobre ele.

– Tudo puxa saco. – disse jogando o jornal no chão. – e ela não veio mesmo.

Pensava em Heluane. Ela havia atraído de tal forma que desde aquele dia não tinha parado de pensar nela.

– Caspita! – levantou de uma vez.

Escutou batidas a porta.

– Entre! – berrou mal humorado.

– Senhor Romanelli?

– Não estou concedendo entrevistas. – disse seco.

– Não é entrevista. Preciso que venha comigo.

– Fale com meu empresário. – voltou a sentar.

– Não me obrigue a usar a força.

O canceriano o fitou imediatamente.

– Quem é você?

– Alguém que quer ajuda-lo. Venha.

Giovanni já preparava para entrar em luta corporal, mas desistiu ao ver mais dois homens entrando.

– Tudo bem, vou com vocês.

Goiânia

Aioria jogou o caderno sobre a mesa, deitando de forma preguiçosa na cama. Teria só o tempo de descansar um pouco antes de seguir para as outras aulas. Virou de lado, abrindo a gaveta do criado mudo. Olhou fixamente para o seu rosto retratado no papel. Nunca mais tinha visto Gabrielle. Culpava-se por não ter pegado ao menos o telefone dela. Mesmo distante talvez pudesse ao menos ter sua amizade.

Pegou o telefone para ligar para o irmão, mas batidas a porta tomou sua atenção. Dobrou o desenho colocando-o no bolso de trás da calça.

– Sim?

– Aioria Kratos?

O leonino fitou o homem vestido de preto antes de responder.

– Sim.

– Será que pode me acompanhar? É sobre seu irmão.

– Aconteceu alguma coisa? – indagou preocupado.

– Venha comigo.

São Paulo

Havia terminado a meditação daquela hora do dia. A primeira desde que conhecera Juliana. A imagem da oriental não saia da sua mente e do seu coração. Deveria ter insistido para que ela fosse a cerimonia.

– Paciência... – murmurou dirigindo-se para os fundos do templo.

– Senhor Shaka?

O indiano virou-se.

– Sim? – disse vendo dois homens.

– O senhor pode vir conosco?

– Por que eu deveria? – assumiu a defensiva.

– Porque é um assunto que te interessa.

– Creio que não tenha nem um assunto entre nós. – abriu os olhos instintivamente.

– Garanto que tem Shakya. – disse o outro homem. – talvez suas perguntas possam ser respondidas. – disse, pois sabia que teria dificuldade para convencê-lo. – todas.

Shaka pensou um pouco antes de responder.

– Tudo bem. Vamos.

Em outro bairro

As aulas daquele turno tinham terminado. Dohko guardava os materiais usados na aula. Enquanto fazia o serviço lembrava-se da moça de dias atrás, principalmente do beijo. Ainda tinha o gosto dela em sua boca.

– Deveria ter segurado ela.

Escutou passos, erguendo o rosto. Três homens aproximaram. Achou-os suspeitos.

– Pois não?

– Senhor Hian Hohko?

– Sim.

– O senhor pode vir conosco?

– Do que se trata? – Dohko já preparava-se para reagir.

– É importante.

– Sinto muito, mas não tenho essa intenção.

Dohko acertou um dos homens, quando estava prestes a acertar o outro, o terceiro o acertou pelas costas. O libriano foi ao chão perdendo os sentidos.

– Bem que disseram que ele não seria fácil.

Os três o pegaram.

São Bernardo do Campo

Sentado em sua mesa, Aiolos organizava os papeis para a próxima palestra. Aqueles dias estavam sendo bem cansativos por causa do trabalho, mas era gratificante. Ficaria melhor se pudesse contar com a ajuda de Sheila.

Sorriu ao se lembrar do quase tombo dela.

– Ela deve ser muito estabanada... – sorriu.

O pensamento foi interrompido pelo som da porta. Consultou o relógio estranhando, pois ainda tinha trinta minutos até recomeçar.

– Senhor Kratos?

Aiolos ergueu o olhar ao deparar com um homem.

– Sim.

– O senhor pode me acompanhar? É sobre seu irmão.

– O que ele aprontou... – murmurou desanimado. – me dê apenas um minuto.

O grego juntou os papeis e partiu com o homem. A principio não estranhou, mas quando fitou o carro preto que o aguardava do lado de fora tomou a defensiva.

– O que...

Antes que dissesse algo, foi jogado dentro do carro.

Campinas

Shura analisava alguns documentos sobre o consulado. Desde que assumira o posto, suas responsabilidades duplicaram. Checava uma carta oficial do governo da Espanha, quando fitou a bandeira do país. Os olhos fixaram na cor vermelha e a imagem de Julia veio lhe na mente. Depois daquele dia perguntava todos os dias na recepção se alguém com nome Julia havia deixado o contato, mas infelizmente não tinha sucesso.

– Ela não voltará aqui mais...

Ouviu duas batidas a porta.

– Entre. – disse seco.

– Senhor Shura?

– Pois não. – fitou os dois rapazes.

– Temos um assunto a tratar, pode nos acompanhar?

– Que assunto? – voltou a atenção para a agenda, não havia compromissos naquele horário.

Os dois homens agiram rápido, pois se Shura desconfiasse teriam trabalho para contê-lo. Esdras aspirou algo num lenço branco, perdendo os sentidos.

São Paulo

A palestra daquele dia tinha terminado e Kamus voltava para o hotel. Estava satisfeito, pois muitas pessoas mostraram-se interessadas pelo seu tema, contudo ela não havia aparecido. Sequer ligado para ele.

– É uma pena. – disse colocando o celular no bolso.

– Senhor Saunierre?

O aquariano parou olhando para trás.

– Sim? – notou dois homens.

– Precisamos da presença do senhor, pode nos acompanhar?

– Do que se trata? – Kamus não havia gostado da abordagem.

– É sobre sua tese. Temos muito interesse nela.

– Marque uma reunião. – disse seco. – aí conversaremos.

– Precisa vir agora.

Kamus olhou para o corredor da universidade, não havia ninguém.

– E se eu não quiser...

– Terá que ser a força. – disse um dos homens.

– Tudo bem. Seguirei com vocês.

Kamus achou por bem seguir, quando tivesse uma oportunidade tentaria escapar.

Alguns quilômetros dali...

Miro lia e relia os contratos enviados pelo escritório de Marcela. A cada cinco minutos soltava um suspiro entediado. Aquilo era muito chato.

Fitou a janela, o sol brilhava lá fora.

– Por que ela tinha que ser casada? – indagou para si mesmo ao se lembrar de Marcela. – ainda com filho?

– Tio Miro! – um garoto de uns oito anos abriu a porta de repente.

– O que foi Chico?

– Tem dois homens de preto que querem falar com você. Acho que eles acham que o senhor é ET. Eles são do MIB.

Miro gargalhou.

– Anda assistindo muita TV. – brincou com os cabelos negros.

O grego foi para a entrada da ONG, onde os supostos “homens de preto” estavam.

– Senhor Miro Pakos?

– Em carne e osso. O que desejam?

– O senhor pode nos acompanhar? – indagou um.

– Não nos obrigue a usar a força. – o outro apontou para o prédio.

– Tudo bem. – o rosto de Miro tencionou. – vou com vocês.

O escorpião entrou no carro preto.

XXXX

Depois de horas trancado num galpão, Shion recebeu a visita de dois homens. Um tinha sido o que havia interceptado-o. O ariano fez inúmeras perguntas, mas nenhum deles quis responder. Já pensava em lutar contra eles, quando foi contido.

– O que...

Um dos homens colocou um lenço no nariz dele, Shion foi perdendo os sentidos até desmaiar.

– Coloque-o no avião.

Shion só foi acordar horas depois. Sentia a cabeça latejar e o corpo pesado.

– O que... – ele sentou na cama. – que lugar é esse...

Estava numa espécie de cela. Não havia janelas, apenas uma porta de madeira. Ele olhou para o lado, vendo outra cama e sob ela um rapaz.

Ainda zonzo levantou indo até ele.

– Ei você. – tocou no braço.

O rapaz abriu os olhos imediatamente e num rompante segurou o braço de Shion. Os dois se olharam por alguns segundos.

– Desculpe a reação... – soltou o braço de Shion.

– Não foi nada. Eu também faria a mesma coisa.

– Sou Hian.

– Shion. Sabe que lugar é esse?

– Não. – sentou na cama. – só lembro de três caras me cercando...

– O mesmo comigo. – Shion sentou na sua cama. – alguma ideia do porque fizeram isso?

– Não. Pode ser porque sou estrangeiro, talvez...

– Também não sou daqui.

– Deu para notar. – Dohko sorriu. – não é uma aparência tipicamente brasileira.

– Sim.

Os dois ficaram em silencio, com o olhar um no outro.

– Acho que ficaremos aqui um bom tempo. – Dohko cruzou as pernas sobre a cama. – eu começo ou você?

Shion sorriu. Não era de contar sobre sua vida para outras pessoas, mas sentiu confiança no jovem chinês.

– Nasci num pequeno país... – iniciou.

Dohko ouvia atentamente, havia simpatizado com o “companheiro” de cela.

XXXX

Assim que entraram no carro, Deba e Gustavv receberam uma injeção, perdendo completamente os sentidos. Só acordaram horas depois dentro de um cômodo.

– Eu juro que mato... – Dite ajeitava os cabelos. – vou processar quem está fazendo isso.

Ricardo também despertou.

– Está tudo bem padre Ricardo?

– Sim... – sentia a cabeça um pouco zonza. – sabe onde estamos?

– Numa cela. Onde mais...

– Vocês também foram presos?

Tanto Dite quanto Deba levaram um susto ao ouvir a voz. Olharam para o fundo, vendo um rapaz sentado em posição de meditação.

– É o que parece. – disse o brasileiro. – é um monge? – notou as roupas.

– Sim. Sou Shaka. E vocês?

– Padre Ricardo.

– Gustavv. Por acaso você sabe...

A frase de Afrodite foi interrompida pelo som da porta se abrindo.

– Vai se ferrar maledito! Filho da @#$!

Deba e Dite fitaram-se para depois voltar a atenção para o homem que foi jogado.

– Eu vou arrancar a cabeça de vocês! – berrou.

– Se quiser ajuda...

O homem voltou a atenção para a voz, para o homem ao lado de batina e para o loiro no fundo.

– Que ótimo... estou preso com uma bicha, um padre e um monge.

– Educação passou longe. – disse Afrodite.

– Vá se ferrar! – levantou. – vocês vão se arrepender por ter prendido Giovanni Romanelli! – bateu na porta.

– Ei, controle as palavras. – disse Deba.

– Fica na sua coroinha.

– Então... senhor Romanelli. Sabe quem te prendeu? – apesar das grosserias tinha simpatizado com ele.

– Eu não tenho que responder você.

– Prazer, sou Gustavv. O padre é Ricardo e o monge Shaka.

Giovanni virou a cara.

– Nossa estadia aqui será agradável... – murmurou o sueco.

XXXX

Kamus estava sentado na única cadeira do cômodo. Os olhos estavam fechados. Desde que fora “preso” horas atrás pensava nos motivos e numa maneira de escapar. Seus pensamentos foram quebrados pela abertura bruscamente da porta.

– Não precisa empurrar! – gritou Miro entrando.

O aquariano continuou em silencio apenas observando. Miro sentiu-se observado.

– Oi.

Silêncio.

– Eu me chamo Miro. – aproximou do rapaz ruivo. – sabe por que estamos aqui?

Silêncio.

– Se vamos passar uma temporada aqui nada mais justo, saber o seu nome.

– Kamyu.

– Hum... francês. – fez biquinho. – prazer.

– Foram dois homens em um carro preto? – indagou, ignorando a brincadeira.

– Sim. – Miro sentou no chão de frente para Kamus. – disse que tinham assuntos para tratar comigo...

– O mesmo para mim. – o fitou por alguns segundos.

– Ei! – o grego levantou. – não me olha assim eu gosto de mulher.

– Compartilho do mesmo gosto. Só olhei, pois seu rosto me é familiar.

– Eu sei que tenho uma expressão marcante. – sorriu.

Kamus rolou os olhos.

– O que você faz? – resolveu perguntar, talvez encontrasse uma pista.

XXXX

Aiolos andava de um lado para outro. Aquela situação não tinha nada a ver com seu irmão. Tentava imaginar quem seria o autor daquele sequestro. A atenção foi chamada pela porta abrindo.

– Me soltem! – Aioria tentava se soltar.

– Aioria?!

O leonino ao ouvir a voz do irmão parou de se debater. Ele foi empurrado e a porta trancada.

– Oilos? Você está bem?

– Sim e você? – aproximou.

– Sabe que lugar é esse? – Aioria olhou ao redor. – aqueles caras disseram para acompanha-los, pois algo tinha acontecido a você. E quando me colocaram num avião... – parou de falar. – como realmente eu cheguei aqui... – murmurou para si mesmo.

– De certo te deram algum sonífero. Não tenho a menor ideia de onde estamos e porque estamos aqui.

– Será que tem a ver com a imigração?

– Acho que não, não seriam métodos convencionais e...

A porta foi aberta, um dos homens empurrou um rapaz que por pouco não foi ao chão.

Aiolos o amparou.

– Você está bem?

– Sim...só um pouco zonzo. – disse o rapaz de cabelo preto. - Me deram algo para cheirar...

– Isso passa. – disse Aioria.

– Espero que sim. Não sei quem está fazendo isso, mas é uma afronta contra o governo da Espanha.

– É espanhol?

– Sim. Esdras. – ele fitou diretamente Aiolos. – Esdras Shura.

– Aiolos Kratos. Prazer.

– Igualmente.

– E esse é o meu irmão Aioria.

Os dois fitaram-se diretamente, rapidamente Aioria puxou Aiolos para perto de si. Não sabia qual motivo, mas não queria aquele cara perto do irmão.

– Aioria??

– Até sabermos o que está acontecendo, todos são suspeitos. – disse para encobrir o real motivo. Sentiu certa aversão pelo espanhol.

– Mas... – murmurou Aiolos.

– Tudo bem. – respondeu o espanhol. – faria a mesma coisa. – não ficou ressentido com o gesto.

Novamente a porta foi aberta bruscamente.

– Eu juro que não fiz nada Saga.

– Não minta Kanon. O que você aprontou em Recife?

– Nada.

A discussão era acompanhada pelos três. Saga foi o primeiro a perceber que não estavam a sós.

– Boa tarde. – disse cortes.

– Boa. – disse um simpático Aiolos.

Saga apenas acenou para os três, sentiu-se desconfortável perante eles.

– Gêmeos... – murmurou Aioria.

– Sou Kanon.

– Saga.

– Sabem o motivo de estarmos aqui? – indagou Shura.

– Não.

– Teremos que esperar. – o sagitariano sentou no chão.

– Como consegue ficar tão tranquilo? – indagou Aioria.

– Não sabemos onde estamos e nem quantos são. Estamos desarmados.

– Vamos aguardar, aí traçamos alguma estratégia. – disse Saga.

– Como quiserem. – Shura também se sentou.

Concordaram. Saga acabou por se sentar perto de Shura. Sentia-se mais a vontade perto dele do que do rapaz de feições jovem. Contudo Aiolos levantou indo se sentar perto dos dois, iniciando uma conversa.

Kanon e Aioria apenas acompanhavam o dialogo.

XXXX

Os brasileiros receberam por email todas as informações a respeito do avião da Mitsui que os levaria para Grécia. Entretanto a deusa não mencionou nada a respeito dos dourados. Como a maioria morava no centro sul do Brasil o voo sairia de São Paulo. O jato da Mitsui decolou de Guarulhos as nove da noite em direção a Athenas.

XXXX

Mu ficou todo o tempo trancado no galpão. Só teve a noção que já era noite, quando foi levado para o aeroporto de Columbia. Tentou fugir, mas estava cercado por vários homens o que impossibilitava qualquer tentativa. Fez perguntas, mas não foram respondidas, com exceção de uma.

– Quantas horas?

– Sete da noite. – respondeu de maneira seca um dos homens.

Mu entrou no pequeno jatinho temeroso por seu destino. Nem ele, nem Ester sequer imaginavam que estavam no mesmo voo. A brasileira estava sentada nos fundos com uma porta isolando-os.

XXXX

Os dourados encontravam-se no mesmo recinto, mas divididos. Era noite quando os homens de pretos entraram nos cômodos trazendo-os para fora. Foram reunidos num amplo salão.

Olhavam uns aos outros com interesse e curiosidade. Por que estavam naquele grupo de pessoas?

Não tiveram tempo nem de apresentarem um aos outros, sendo conduzidos para um micro ônibus e de lá foram levados para o aeroporto.

– Saga... em que merda nós nos metemos? – murmurou Kanon tomando assento no avião.

– Não faço ideia...

– Vamos ver deportados. – disse Shaka.

– Vocês não são daqui? – indagou Dohko surpreso.

– Sou grego. – disse Miro.

– Eu também. – disse Aioria.

Um a um foram dizendo suas nacionalidades.

– Por que eu seria deportado? – Deba disse. – eu sou brasileiro.

– Somos em treze. – disse Mask. – vamos reagir.

– Eles estão armados, querido. – Dite voltou a atenção para ele.

Shion que estava sentado ao lado de Dohko levantou, indo até a entrada do avião.

Os demais dourados ficaram em silencio. O grande mestre ficou alguns minutos consideráveis conversando com os homens de preto. Quando voltou...

– O que eles disseram? – indagou Shura.

– Nossas perguntas serão respondidas no momento oportuno.

– O que? Eu exijo saber agora! – exclamou Miro.

– Não estamos na posição de exigir nada Miro. – disse Kamus de forma fria. – eles ao menos disseram para onde estão nos levando? – voltou a atenção para o ariano.

Shion fez alguns segundos de silencio antes de responder.

– Grécia.

– O QUE?? – exclamaram todos os gregos.

– Por que eu vou para lá? – indagou Deba. – eu não tenho nada a ver com a Grécia!

– E eu? – exclamou Shura.

Logo começou uma pequena discussão.

– Silêncio. – disse Shion.

O grupo calou na hora. Apesar dele ser um total desconhecido, algo nele emanava autoridade.

– Não podemos fazer nada. Somos estrangeiros aqui, não temos como fazer contato e estamos desarmados. Só nos resta aguardar e ver o que eles tem a nos dizer.

– O senhor Shion está certo. – disse Shaka.

Voltaram a acomodar-se. Meia hora depois o jato decolou rumo a Europa.

Athenas...

O som de passos apressados era ouvido em todo corredor. Estava ansiosa para dar as novas noticias. Parou em frente a uma porta de madeira escura, batendo duas vezes.

– Entre!

Abriu a porta, vendo a deusa da guerra parada em frente a janela.

– Noticias Marin?

– Já embarcaram. Amanha chegam aqui.

– Ótimo. – a voz saiu animada, mas não sorriu. Mesmo com as boas noticias, não havia motivo para sorrir. – cuide para que tudo saia como o combinado.

– Sim senhorita. – Marin fez uma leve mesura, saindo.

Atena voltou a atenção para o céu cravejado de estrelas. Rezava para que tudo desse certo.

Dia seguinte, uma hora da tarde...

Os dourados desceram no aeroporto de Athenas. Os que não eram gregos ao virem a cidade tiveram a sensação de conhecê-la. Foram conduzidos para um ônibus, onde um rapaz aguardava.

Shion assim que o viu teve uma sensação boa, mas quem sentou ao lado dele foi Ricardo.

– Oi. – disse o brasileiro.

– Oi. – respondeu timidamente.

– Você é um deles? – indagou, apesar de perceber pelas roupas que ele não fazia parte do grupo.

– Não... Eles me trouxeram para esse país. Fizeram o mesmo com você?

– Com todos nós. – apontou para os demais.

– Você veio da onde? – indagou Shaka sentando próximo a ele.

– Estados Unidos e vocês?

– Brasil.

A conversa foi interrompida pelo motor do ônibus. Todos fizeram silencio, a viagem ainda não tinha acabado.

Praticamente ao mesmo tempo, outro jatinho da Mitsui pousou no aeroporto. Os brasileiros sorriram felizes ao contemplarem a paisagem atheniense.

– Nem acredito que voltamos! – exclamou Mabel.

– Espero que seja para ficar. – disse Julia.

Pessoal!

Olharam para onde vinha o som metálico.

– Ester! – Suellen correu até ela dando um abraço. – como é bom te ver.

Digo o mesmo.

– O que a senhorita Saori está aprontando. – brincou Rodrigo.

– Será que os dourados estão aqui? – indagou Juliana.

– Acredito que não. – disse Isa. – se não foi ela que os trouxe a vida, deve querer fazer uma investigação antes de tomar qualquer medida.

Marcela num canto só ouvia. Havia passado mal a noite toda com enjoos.

– P$%@. Isso não passa...

– Tomou o remédio que te dei? – indagou Heluane.

– Sim. Ainda bem que tenho uma enfermeira particular.

– Tudo pela segurança do meu/minha afilhado(a).

– Interesseira.

Uma van aguardava-os.

XXXX

Atena tinha acordado cedo, alias nem tinha dormido tamanha ansiedade. Será que seus cavaleiros tinham voltado a vida? Era uma situação bem complexa, ainda mais que Marcela estava grávida. Como faria com um descendente de cavaleiro?

– Atena.

A deusa olhou para trás.

– Bom dia Marin.

– Bom dia. Eles chegaram. – a amazona sorriu. Desde que confirmou a vinda deles não se cabia de felicidade.

– Ótimo. – disse sem sorrir, mas levemente aliviada. – providencie a vinda deles, ela os aguarda no local combinado.

– Sim.

Marin saiu para cumprir as ordens. Atena foi para seu escritório, só sairia de lá quando todos chegassem.

XXXX

O ônibus transitava pelas ruas de Athenas a velocidade moderada deixando os ocupantes deslumbrarem a cidade. Num dado momento o ônibus tomou uma rua estreita, parando em frente a uma casa que seguia a arquitetura grega antiga.

– A cada minuto me sinto mais perto da morte. – disse Ricardo.

– Mas não fizemos nada. – retrucou Shura.

Os demais continuaram em silencio, ainda mais que foram obrigados a entrarem na tal casa. Foram levados até um salão.

– Vamos aguarda-los lá fora. – disse um dos homens de negro.

– Exijo uma explicação! – exclamou Mask.

– A terá. – disse o homem com leve sorriso.

O restante dos homens o seguiu, fechando a porta atrás de si.

– Seremos fuzilados. – brincou Miro.

– Não exatamente. – soou uma voz feminina.

Os quatorze homens de Atena voltaram a atenção para onde ouviram a voz. De uma porta lateral saiu uma mulher de longos cabelos negros e os olhos perolados.

– Quem é você? – Shaka logo tomou a posição defensiva.

– Não tema, Virgem. Só estou aqui para ajudar. Meu nome é Circe.

– E o que quer de nós senhora Circe? – indagou Shion.

Ela o fitou longamente para depois olhar para a elite de Atena. Ou ex-elite, pois percebeu que eles não passavam de homens normais. Todo o poder que eles tinham, havia sido retirado assim como suas memorias.

– Estão completamente sem condições de entrarem no santuário pelas vias normais. – disse fitando a janela.

– Santuário? – Aiolos achou a palavra curiosa.

– Será que pode ser mais objetiva senhorita? – indagou Kamus. – do jeito que fala parece que nos conhece.

– Pessoalmente é a primeira vez, mas seus feitos chegaram a morada dos deuses.

– Ela é louca. – disse Aioria.

Circe sorriu.

– Sente um verdadeiro carinho pelo desenho não sente?

O leonino a fitou na hora.

– Como sabe?

– Vocês querem respostas, eu não as tenho, mas posso indicar o caminho. Mas para isso preciso que confiem em mim.

– Teremos todas as respostas? – indagou Shaka.

– Sim.

– Aceito.

Os demais olharam para o virginiano.

– E quanto a vocês?

– Não temos nada a perder. – disse Kanon.

Circe sorriu, aproximando do grupo. Quando Atena a procurou, não imaginou que fosse tão desafiador o que faria.

–--- Flashback----

Quando soube que seus dourados estavam vivos Atena voltou a presença de Circe. A deusa encontrava-se em um dos muitos templos do Olimpo.

Atena bateu duas vezes antes de entrar.

– Atena. O que devo a honra? – Circe a abraçou. - Soube de tudo que aconteceu.

– Não foi o final que eu gostaria. – disse tristemente. – mas felizmente a barreira abriu sem intervenção. E eles voltaram para o mundo “exterior.”

– Compreendo. E o que a trás aqui?

– É sobre a barreira. – Atena contou todos os acontecimentos das ultimas horas. – eu preciso que me ajude. Se eles estão nessas condições dificilmente passaram pela barreira.

– Sabe dos riscos? Imputar cosmo energia em pessoas normais pode ser muito perigoso. Aquelas humanas quase morreram.

– Eu sei do risco, mas também será por pouco tempo.

– Está bem. Irei ajudar-te.

– E se possível de maneira discreta. Ainda não sei qual deus está por trás do renascimento deles.

–---- Fim----

– Façam um circulo em torno de mim e fechem os olhos. – disse a deusa.

Circe também fechou seus olhos liberando seu cosmo. Havia duas formas de pessoas normais receberem cosmos. Uma era por algum golpe aplicado diretamente a pessoa, o que poderia trazer muitos danos inclusive à morte. O caso de Jules, Cristiane e Juliana. A outra forma era através de magia. Possuidora de conhecimentos obscuros Circe poderia implantar uma centelha de cosmo em pessoas normais sem causar muitos danos ao corpo. Entretanto era uma técnica perigosa. Seu uso não pode ser prolongado e há ainda o perigo da rejeição por parte do corpo.

Os cavaleiros continuaram de olhos fechados. A principio não sentiram nada, mas segundos depois foram invadidos por uma sensação de mal estar e uma angustia muita forte.

O processo continuava e apesar das sensações eles ainda estavam de pé, o que era um bom sinal.

– “Mesmo sem seus cosmos eles continuam resistentes.” – pensou Circe. A deusa se preparava para uma nova descarga de cosmo, quando sentiu-se mal. Algo bloqueava o acesso. – “alguém com um cosmo muito grande está agindo neles... será o responsável pelo renascimento?”

A deusa liberou ainda mais sua energia, dessa vez os dourados sentiram um desconforto ainda maior, a ponto de tornar suas respirações ofegantes.

– Que porra é essa...? –Mask sentia algo perfurando-o.

Mesmo com dificuldades Circe estava conseguindo. O processo estava noventa por cento concluído quando... a técnica foi interrompida bruscamente. Por pouco Circe não foi ao chão. Um grande cosmo a repeliu.

Saga foi de joelhos ao chão. Sentia uma forte dor na cabeça.

– O que foi Saga? – indagou Kanon também se sentindo mal, mas bastante preocupado com o irmão.

– Eu.. não... sei... minha cabeça dói...

– O que você fez? – Dite olhou para Circe, antes de aproximar do geminiano. – onde dói?

– Na cabeça... como se algo estivesse preso e estivesse forçando para sair.

Circe o fitou seriamente. Sabia da dualidade da mente do geminiano, talvez fosse a sua outra face querendo emergir e aquilo seria um grande problema.

– Fixe o pensamento em algo que te tranquilize. – disse.

– Como podemos confiar em você depois disso? – indagou Deba. – todos estamos sentido nossos corpos doerem.

– Porque a verdade que tanto buscam depende disso. – disse fria. – vamos Saga, fixe o pensamento em algo, ou essa dor só vai piorar.

O cavaleiro tentou. Pensou no irmão, nas exposições que organizava, mas nada aliviava a tensão, até que... lembrou de dias atrás, quando encontrou aquela moça na exposição...

A respiração foi voltando ao normal, até a dor passar.

– Se sente melhor?

– Sim.

– Está tudo bem mesmo Saga?

– Está Kanon.

– Devem ir agora. O efeito irá durar por algum tempo, mas o quanto antes entrarem no santuário melhor.

– Encontraremos nossas respostas? – indagou Mu.

– Encontrarão o significado de suas vidas.

Foram conduzidos ao ônibus. Enquanto isso Circe dirigiu-se ao segundo andar da casa. Os brasileiros estavam desacordados devido aos efeitos da magia. Somente uma hora mais tarde é que estariam aptos a entrarem no santuário.

Durante o trajeto, o ônibus tomava ruas cada vez mais estreitas até parar numa sem saída. Os homens de preto desceram caminhando até um portão de ferro que continha no final da rua. Os cavaleiros também desceram olhando surpresos a montanha que erguia-se a frente.

– Não é o Pathernon? – indagou Dite olhando para Aiolos.

– Sim.

– Por favor, entrem. – disse o que parecia ser o líder, abrindo o portão.

– O que tem aí? – indagou Shion.

– Seus lares. – o homem sorriu. – foi uma honra poder ajuda-los.

– E se nos permitir, - disse o outro. – gostaríamos de agradecer. Se nós e nossas famílias estão bem é graças a vocês.

Os dourados olharam entre si sem entenderem nada.

– Do que estão falando? Agradecer? – Dohko não entendia.

– Entrem. Há alguém que os aguarda ansiosamente.

Olharam ressabiados para o portão. Atrás dele havia uma vasta floresta e nada mais. Sem opção entraram e quando transpassaram as grades...

– P$%&! – exclamou Mask. – onde estamos???

A parte oculta da vila de Rodorio abriu-se diante deles. Os habitantes que estavam ali os olharam primeiramente assustados e depois sorridentes.

– Por que estão sorrindo para nós? – indagou Kanon.

– Aquela maluca fez algo em nós. – disse Shura.

– Senhores.

Olharam para a voz feminina. Ela era baixa, tinha cabelos vermelhos e olhos extremamente azuis.

– Meu nome é Marin. – a amazona tentava controlar a ansiedade e a vontade de pular no pescoço de Aioria. Ele estava vivo!

O leonino a fitou.

– Eu não te conheço...

– Venham comigo. – deixou a pergunta no ar.

Percorreram toda a vila, as pessoas, principalmente as mais velhas os fitavam com um sorriso nos lábios.

– Eu não estou gostando disso. – disse Miro a Kamus. – até parece que eles nos conhecem.

– E esse lugar... – Dohko tomou a palavra. – tenho a sensação de ter estado aqui...

– Também tenho... – murmurou Shion.

Marin ouvia em silêncio. Eles foram conduzidos por uma trilha até chegarem ao pátio frontal do templo de Atena.

– Eles reformaram o Pathernon?? – indagou Saga.

– Está perfeito. – disse Kamus. – fizeram um excelente trabalho.

Marin sorriu.

O grupo seguiu entrando no templo. A contemplação foi grande ou até maior. Marin os conduziu até o salão do trono.

– Aguardem aqui.

– Ah... Marin... – chamou o leonino. Ele a fitou demoradamente. – nada...

Ela também não manifestou. Estava segurando a vontade de chorar.

– Isso está muito estranho. – disse o ariano. – aquela mulher disse que encontraríamos respostas.

– E teremos. – Shion olhava fixamente para o trono. – não estão com a sensação de que conhecem esse lugar?

– Sim. – disse Shaka. – como se fosse ligado ao nosso passado.

Enquanto isso Marin foi chamar Atena. A deusa respirou fundo antes de entrar no recinto, pois não queria levantar falsas esperanças mesmo com os dizeres de Marin. A deusa ao fitar seus santos...

– Estão vivos... – rompeu-se em lágrimas.

Os dourados ficaram assustados com a reação. Quem era aquela moça?

– Senhorita... – Mu aproximou. – está bem?

Saori o fitou.

– A senhorita não quer se sentar? – indagou Deba todo solicito. – eu ajudo.

A deusa fitou seus dois cavaleiros, eles estavam vivos. As lágrimas prateadas não demoraram a cair.

Deba e Mu olharam entre si sem entender, mas a ajudaram a se sentar no trono.

– Desculpe senhorita... – Shion aproximou. – mas por sua reação parece nos conhecer.

– Sim... – sorriu. – como está Shion?

– Como sabe meu nome? – indagou surpreso.

– Sei muita coisa sobre você. Alias sobre todos vocês.

– Então pode nos dizer o que fazemos aqui? – aproximou. Não sabia o porque mas estava preocupado com a jovem.

Ela fitou o dono da voz. A expressão jovial de Aiolos destacava das demais. Seu nobre cavaleiro estava vivo.

– Posso. Só preciso me acalmar um pouco.

Desde que chegara a aquele local, Saga sentia o peito oprimido. Uma grande sensação melancolia abateu-se sobre ele, principalmente ao fitar Shion, Aiolos e a garota. A imagem dos três juntos o fazia se sentir mal, muito mal. A cabeça voltou a doer.

– O que foi Saga? – Kanon o amparou.

– Minha cabeça... voltou a doer.

– O que foi Saga? – Atena levantou e foi em direção a ele.

– Não se aproxime! – afastou-se. – por favor. – pediu com gentileza. – é melhor não chegar perto de mim.

Saori o fitou com compaixão. Apesar da memoria selada, ele ainda guardava dentro de si, os sentimentos do passado.

– Está tudo bem agora Saga. Não precisa se sentir assim. Passou.

– Isso ainda deve ser o efeito daquela bruxa. – disse Mask baixinho.

– Giovanni... – Atena o fitou divertida. – a Circe não é bruxa.

O canceriano calou na hora ao escutar seu nome.

– Faça como ela pediu naquela vez. – disse Miro. – pensar em algo.

– Fixe o pensamento em mim. – disse Kanon.

Saga o fitou. Não foi pensar nele que o fez se sentir melhor. Atena percebeu.

– Pense nela Saga.

– Você... – murmurou assustado.

– Sei. Pense nela.

Ele concordou e aos poucos a dor foi passando.

– Desculpe. – Shaka aproximou. – quem é a senhorita? E como sabe sobre nós?

– Vou lhes contar uma história.

Saori contou sobre a história de Atena, do templo e dos cavaleiros, mas sem mencionar nomes. Os dourados ouviam em silêncio, mas sem entenderem o que aquela história tinha a ver com eles.

XXXX

Como Circe havia previsto, os brasileiros despertaram um tempo depois. Em seguida foram conduzidos a entrada de Rodorio de onde foram para o templo. Marin os aguardava na cozinha. Assim que viu Fernando...

– Nando!! – correu até ele o abraçando forte.

– Oi, minha musa. – deu lhe um demorado beijo.

– Senti muitas saudades. – acariciava o rosto dele.

– Eu também.

– Oi Marin. – disse Sheila.

– Olá. Estou feliz por vê-los novamente. – sorria de orelha a orelha.

– Posso ver a Saori? – indagou Rodrigo ansioso.

– Daqui a pouco. Ela está terminando uma reunião. – disse abafando o sorriso, pois eles não sabiam que os dourados estavam lá.

–Marin sabe nos dizer o que Atena vai fazer com relação aos cavaleiros? – indagou Isa.

– Ela está tomando providencias quanto a isso Isabel.

– Eu achei que fosse ver o Seiya e os demais. – disse Bel.

– Estão no Japão, mas creio que se tudo se confirmar estarão aqui em breve. Inclusive a Shina. – Atena tinha decidido manter aquele assunto em silencio até ter a convicção que seus dourados estavam vivos. – sentem-se. Devem está cansados.

– Eu preciso de um banheiro. – disse Marcela. – urgente.

– Soube da gravidez Marcela. Meus parabéns. – sorriu.

– Obrigada. – Marcela acariciou a barriga. – no primeiro momento fiquei desesperada, mas agora... só espero que ele não puxe o gênio do pai.

– Dos pais você quer dizer. – brincou Helu. – se puxar, meu afilhado vai ser um capeta.

– Helu!

XXXX

Atena terminou de contar toda a história sobre ela e os cavaleiros.

– Desculpe senhorita... – murmurou Kamus. – mas o que isso tem a ver conosco?

– Tudo a ver. – disse entendendo o estranhamento deles.

– Sei que nasci na Grécia, mas acreditar que Atena existe é um pouco demais. – disse Kanon. – Atena e cavaleiros...

– Mas é verdade Kanon. E vocês são meus cavaleiros.

Ficaram em silêncio por vários minutos.

– Fomos levados para um hospício. – disse Dite. – estamos todos loucos.

– Não é loucura Afrodite de Peixes. – a voz saiu mais séria. – tem uma grande habilidade com as plantas não tem?

O pisciano arregalou os olhos.

– Como...

Ela apenas sorriu. Quem tinha apagado a memoria deles havia feito um ótimo trabalho. Por cosmo avisou Marin que era para trazer as meninas.

Marin acatou as ordens levando os brasileiros para o salão do trono. Os dois grupos ao se verem...

Os dourados sorriram surpresos ao ver as meninas...


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