A Lenda dos Santos de Atena escrita por Krika Haruno


Capítulo 26
O dia seguinte




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Estava a quase meia hora parado na porta de Peixes, sem saber se entrava ou não, viu Isa descer arrastada por Kamus e depois Sheila sendo praticamente carregada por Aiolos. Se não estivesse em pleno drama pessoal, cairia na gargalhada. Voltou a atenção para a porta que dava acesso ao salão de Peixes. Marin estava ali a poucos passos, mas o que ia fazer? Pedir para ela não casar e na hora seguinte a barreira abrir? Seria justo com ela? “Deixa de ser frouxo.” As palavras de Afrodite vieram-lhe na mente. Fernando suspirou, não era frouxo, só realista. E a realidade mostrava-se para ele nua e crua. Colocou a chave no bolso, não atrapalharia a felicidade de Marin. Girou o corpo, mas não seguiu. Voltou o olhar para o templo de Peixes. Sua felicidade estava a poucos metros e desistiria? Claro! Sua mente respondeu, ela vai se casar Fernando! Deu dois passos em direção as escadarias, mas parou. Será que pelo menos poderia ter um beijo de despedida? Ao menos um?

No interior da casa, Marin estava sentada na sala. Tinha chorado bastante, depois que a conversa de Afrodite tinha feito sentido. Tinha um enorme carinho por Aioria, mas não o amava e já não era de agora. A verdade que deixara de amar Aioria gradativamente e só agora com a aparição de Fernando é que constatou esse fato. Como sempre foram muito companheiros e isso acabou confundindo seus sentimentos. Não era mais amor, era cumplicidade. O que faria agora? Não queria casar, mas não queria magoar o leonino. Apesar de tudo ela o estimava muito. Ainda tinha o mineiro. Independente se ele fosse embora ou não, queria correr o risco de ter algo com ele. Mesmo que no final não ficasse com nenhum dos dois, queria passar, nem que fosse algumas horas ao lado do brasileiro...

– É isso...

Murmurou com tudo ficando claro. Sorriu, sem dúvidas e sem culpa, era com Fernando que queria ficar, e era com ele que ficaria!

Engolindo a timidez e as dúvidas, Fernando girou a chave na fechadura. Do outro lado Marin assustou-se. Será que era Dite? Ou Aioria? Ficou temerosa, não queria vê-lo.

O mineiro entrou na cara e na coragem.

– Fernando...? – Marin abriu um sorriso, o que deixou o mineiro sem fala. – como...?

– Afrodite... – murmurou sem graça.

– “Dite merece um presente!” – pensou a amazona.

– Será que podemos conversar? É assunto sério.

– Podemos... – disse com cautela. Escutaria-o antes de expressar seus sentimentos.

Fernando caminhou até o sofá, sentando ao lado dela. Notou os olhos vermelhos, de certo de tanto chorar, mas continuava linda.

– Marin... - encheu o peito de ar. - me escute até o final, por favor...

– Diga.

– Sempre te considerei minha musa inspiradora. Sempre se mostrou tão centrada, determinada, que ao longo da série passei a admira-la. Com o tempo, essa admiração passou a ser... - não sabia se dizia. - sei que vai parecer estranho, mas o que sentia por você... - abaixou o rosto. - sei que é esquisito gostar de um "personagem", mas é assim que me sentia. - a fitou. - quando a vi bem na minha frente e no alcance das minhas mãos... - sorriu. - pensar que você existe e do jeito que imaginava... mas...

– Mas...?

– Eu sou um homem simples, sem um futuro certo pela frente.... - abaixou o rosto. - Comparando a mim, Aioria tem muito mais a te oferecer do que eu... sequer posso protege-la, não sou adequado a você. Ainda tem a barreira...

Marin continuou em silêncio.

– Não posso te pedir isso, mas... - olhou o pingente que ela trazia no pescoço. - não se case com o Aioria.

A amazona ficou surpresa.

– Sei que o certo é desejar sua felicidade, mesmo que ela seja com Aioria, mas eu não gostaria de vê-la recebendo as bênçãos de Atena.

– Fernando...

– Deixe eu terminar. - já estava esperando a negativa dela. - eu gosto de você, muito e queria que ficasse comigo.

– Mesmo se durasse apenas alguns minutos?

– Sim. - a fitou. - valeria a pena.

Marin sorriu, com o coração batendo forte, como há muito não batia. Seria questão de segundos as bochechas ficarem vermelhas.

– Aioria e eu temos praticamente uma vida juntos. - pegou nas mãos dele, colocando entre as suas. - tenho muito apreço por ele, e eu estaria sendo hipócrita se não te dissesse isso. Aioria sempre terá um lugar especial no meu coração.

Fernando engoliu a seco.

– Mas o lugar que ele ocupa hoje é diferente de anos atrás. Tenho carinho por ele, do mesmo jeito que tenho por Aiolos, pelo Seiya ou por Afrodite. Jamais pensei que minha vida seria longe dele, hoje vejo que estava errada. Não é com ele que quero estar, não é com ele que projeto meus sonhos.

O mineiro a fitava ressabiado.

– Eu gosto é de você. - disse com um sorriso tímido no rosto.

– Sério? - indagou não acreditando no que ouvia. Lembrava-se que não tinha bebido muito.

– Sim Fernando. Como disse, sei que a barreira pode abrir a qualquer momento, mas até lá quero estar com você.

Ele piscou algumas vezes não acreditando. Aquela mulher linda e maravilhosa queria ficar com ele? Só com ele?

– Tem certeza disso? Aioria pode te dar segurança.

– Mas não pode preencher aqui. - apontou para o coração. - não mais.

Fernando sorriu. Era sério mesmo que Marin queria ficar com ele?

Pegando-o de surpresa a amazona o beijou.

– Isso foi inesperado.

– Sei que sim... - ela sorriu. - vamos para outro lugar, Afrodite deve está querendo voltar para casa. - riu.

– Me lembra de agradecê-lo.

Os dois partiram em direção ao alojamento da amazona, estavam tão felizes que não viram o pisciano sentado num canto perto de sua casa.

– "Primeira etapa concluída." - pensou sorrindo.

No alojamento, sentaram na varanda do quarto de Marin, tinham tantos assuntos que a conversa se estendeu a noite toda.

O.o.O.o.O

Mu e Ester continuaram conversando até que a brasileira fitou as horas.

– Olha a hora Mu. - mostrou a ele o relógio.

– Está tarde, vamos chamar os outros.

Os dois levantaram indo em direção a fonte, estranharam não verem ninguém.

– Cadê todo mundo?

– Acho que foram embora... - murmurou o ariano. - nem para avisar.

– E nem para juntarem os copos e as garrafas. - Ester olhou ao redor, vendo alguns copos e garrafas. - me ajuda?

– Claro.

Fizeram uma varredura recolhendo os copos e as garrafas, que felizmente não era muitos.

– Os copos vamos deixar no templo e as garrafas devolver para seus donos. Shion é bem capaz de mata-los por isso. - brincou.

– Então vamos senhor Slaviero? - sorriu.

– Como a senhora quiser.

Deram um passo, mas o ariano parou.

– O que foi Mu?

– Ester se afaste. - praticamente a empurrou, pois sua telecinese dava sinais de desabilidade.

– Mu? - Ester colocou os copos que segurava num canto, voltando para perto do ariano. - o que foi?

– Tome. - entregou as garrafas. - afaste-se, por favor.

Ainda sem entender a brasileira colocou os objetos ao lado dos copos.

– O que está havendo Mu?

– Minha telecinese. - levou as mãos a cabeça. - fique longe Ester.

– Mas...

Mal acabou de falar, os copos, as garrafas e as folhas que estavam no chão começaram a flutuar.

– Mu!

Ester foi até ele, que nessa hora estava agachado no chão, com as mãos na cabeça.

– Mu...

Houve um estouro, uma das garrafas estilhaçou, laçando cacos de vidros para todos os lados.

– Ester.

O ariano a envolveu com medo que algo a atingisse, as demais garrafas e copos começaram a estourar, bem perto deles. Um dos estilhaços atingiu-os, mas sem grande danos. A água da fonte começou a levitar.

– Mu.

– Está bem? - o fitou. - machucou?

– Não... quer que eu chame alguém?

– Shaka ou Shion. Eles podem parar isso.

– Não demoro.

Ester levantou, contudo sentiu uma força puxa-la para cima.

– Ester!!!

Ele ainda tentou segura-la, mas sem sucesso. No ar, Ester olhava para o chão, estava muito alto e uma queda seria fatal. Ficou com medo muito medo.

Para piorar, as folhas que estavam flutuando começaram a desintegrar. Mu sabia que seu poder só estava aumentando.

– Concentre-se. Concentre-se. - fechou os olhos. - concentre-se.

Voltou a agachar levando as mãos a cabeça, Ester por sua vez flutuada numa altura considerável, viu as folhas desintegrarem, assim como a água que sumia na sua frente. Ela olhou para a barra da calça que começava a sofrer o mesmo efeito. Ficou apavorada. O evento durou por mais dois minutos e extinguiu de uma vez. Sem o que a segurava a brasileira foi ao chão. Viu que ia de encontro ao solo e só teve tempo de fechar os olhos.

– Peguei! - Mu a segurou.

A brasileira trazia a expressão pálida, os olhos arregalados. Estava com muito medo.

– Ester. Ester. - teve que gritar na mente dela para que ela o fitasse. - está bem?

Ela não respondeu, mas o olhou.

– Responde Ester.

Ela piscou os olhos várias vezes, completamente assustada.

– " Mu.... por que não fala comigo?? Eu não estou escutando sua voz...." - pensou.

– Ester. - Mu tentava acessar a mente dela, mas não conseguia. - Ester.

Os olhos da brasileira encheram de água, por que não estava "escutando" a voz dele?

– Ester o que foi? - ficou preocupado ao ver as lágrimas. - Ester... - encostou sua testa na dela, mas sem resultado, a mente dela estava silenciosa. - fala comigo...

A brasileira levou as mãos ao bolso interno da blusa, seu tablet, ficou assustada quando não o viu, então fazendo gestos apontou para onde eles estavam sentados antes.

Compreendendo o que ela queria "dizer", Mu a levou até o local e por sorte o aparelho estava intacto. Rapidamente Ester digitou.

Eu não escuto a sua voz.

– Nem consigo acessar sua mente... você está bem?

Estou... por que não estamos conseguindo mais?

– Eu não sei... deve ser por causa do meu poder. Vamos embora.

O ariano a deixou no templo, partindo para sua casa. Estava muito preocupado pelo fato de não conseguir acessar mais a mente de Ester.

.... O sol despontou no santuário de Atena, aquecendo o local. Shion sentiu os raios solares sobre a pele do rosto. Virou-se para ver quantas horas e o relógio marcava seis e meia. Mexeu-se para consertar o corpo, quando Paula aconchegou-se um pouco mais.

O cavaleiro sorriu, olhando o rosto sereno dela. Timidamente acariciou, torcendo para que ela não acordasse. E foi o que aconteceu, Paula ainda dormia profundamente. O grande mestre levantou, indo para o banheiro. Depois de fazer sua higiene, foi até a porta do aposento, onde encontrou um carrinho com um café da manhã bem reforçado. Parecia que tinha adivinhado o que iria acontecer, quando pediu as servas que deixassem o café dele na porta. Empurrou o carrinho deixando-o na sala. Voltou para o quarto, fazendo o menor barulho para que Paula não acordasse. Colocou sua roupa de treino. Sentia-se tão revigorado e feliz que treinaria com os demais.

Com um sorriso nos lábios, deu um leve beijo na face da brasileira e saiu.

Andar superior....

Saori abriu lentamente os olhos. A luz que provinha da janela, incomodava um pouco, apesar de sentir os músculos relaxados. A crise tinha sido forte...

Foi para erguer o corpo, quando sentiu que algo segurava sua mão.

– "Ele ficou mesmo..." - não pode deixar de sorrir ao ver o baiano sentado numa cadeira, dormindo de maneira desconfortável.

Ela puxou lentamente sua mão, mas ele acabou acordando.

– Bom dia. - ela sentou na cama.

– Bom dia... como se sente?

– Bem melhor.

– Fiquei muito preocupado.

– Eu sei. Desculpe-me.

– Tudo bem. - consertou o corpo, sentindo as costas doerem. - que horas são?

– Ainda é cedo. Gostaria de tomar café comigo?

– Todos os dias se fosse possível. - sorriu.

– Pedirei para servir aqui mesmo.

– Então vou tomar um banho, para ver se os músculos voltam para o lugar.

– Por que não foi embora? - sentiu-se culpada. - poderia ter tido uma noite melhor.

– Noite melhor tive ao dormir no quarto de Atena.

A deusa corou com as palavras.

– Desculpe... não quis dizer isso.. - ficou sem graça. - não me expressei bem, o que eu queria dizer...

– Também tive uma noite muito tranquila por você está aqui comigo. Obrigada. De verdade. - sorriu timidamente.

– Sempre estarei ao seu lado. - levantou. - vou num pé e volto no outro.

No alojamento...

Marin sentiu os músculos duros por causa da posição. Estava com a cabeça no colo de Fernando, enquanto ele estava com o corpo torto para um lado.

– Dormimos aqui...?

Com a voz, ele acordou.

– Bom dia. - a amazona sorriu.

– Ótimo dia. - mexeu-se. - ai... - sentiu uma dor no braço. - dormi de mau jeito.

– Não apenas você. - sentou, sentindo a coluna estralar.

– Passamos a noite aqui?

– Passamos.

– No mínimo as meninas vão me matar. Alias vou ser morto por outro cavaleiro.

– Não se preocupe com o Aioria. Eu vou conversar com ele e dizer sobre nós.

Fernando sentiu um frio na espinha.

– E se ele não aceitar?

– Tem que aceitar. - disse incisiva. - trata-se da minha vida.

Em Peixes, Capricórnio, Escorpião, Touro e Áries seus moradores dirigiam-se para a Arena dourada. Era sete em ponto quando pisaram na arena. Ainda um pouco sonolentos arregalaram os olhos ao verem Shion aquecendo.

– É o mestre? - indagou Miro limpando os olhos, pois achava que estava vendo demais.

– O que ele faz aqui cedo? - Mu estava surpreso.

– Deveria se perguntar por que ele está treinando. - Dite trazia a expressão incrédula. - ele só inicia os treinos.

Shion assim que os viu aproximou, trouxe um grande sorriso nos lábios.

– Bom dia! - exclamou radiante.

Os cinco olharam entre si intrigados.

– Bom dia. - disse Shura receoso com o bom humor do mestre. - vai treinar conosco?

– Sim. Estou precisando me exercitar. Enquanto se aquecem vou buscar o Giovanni.

Saiu sem da-los chance de resposta.

– Mestre Shion de bom humor pode esperar que aí tem. - disse Deba.

No subsolo Mask tentava continuar dormindo, mas as inúmeras goteiras não deixaram.

– Giovanni.

Ele abriu o rosto num rompante.

– Mestre?

– Está livre. - abriu a cela. - espero que não precise voltar para cá.

– Tem a minha palavra.

– Vá em casa, tome um banho e coma algo depois treino. - disse seco.

– Está bem. - estava moído pela noite mal dormida, mas não era bom abusar de Shion, só de está livre estava de bom tamanho.

Ao sair teve que tampar os olhos por causa da claridade. Os outros cavaleiros quando o viram aproximaram.

– Que horror! - Dite recuou um passo. - está fedendo!

– Bom dia para você também Peixes. - disse enfezado. - estou fedendo sim, fique uma noite lá embaixo.

– Mas você mereceu. - disse Shura.

– Mereci e já paguei, satisfeito?

– Vá Giovanni para não se atrasar. - disse Shion.

– Estou indo...

O italiano foi rapidamente para casa, precisava comer. Enquanto isso...

– Ao aquecimento.

Trataram de obedecer as ordens.

O.o.O.o.O.o

Kanon acordou sentindo muita dor no corpo, também pudera dormira no sofá.

– Eu mato o Saga. - a cabeça latejou. - preciso de um comprimido.

A passos lentos rumou para o quarto do irmão. Abriu a porta e parando de frente para a cama estava prestes a puxar a colcha....

– "SAGA!!!!!" - berrou por cosmo.

O geminiano deu um salto.

– Porra Kanon! - a cabeça doeu.

– Silêncio...

– O que foi?

O dragão marinho apontou para o lado, Saga assim que viu Cris deu um pulo da cama.

– O que ela faz aqui? - os olhos arregalaram e a dor veio com mais força. - ai...

– Eu que te pergunto. - a voz saia baixa. - onde você foi ontem a noite?

– Lembro vagamente de está no pátio da estátua...

– Seu idiota! - deu um tapa nele. - você transou com ela!

– Não. - o fitou assustado. - eu não... ou sim...?

– Idiota! - deu vários tapas.

– Para Kanon!

O grito dos dois acabou por acordar a brasileira. Ela olhou para o lado tentando identificar onde estava.

– Bom dia. - disse ao ver Saga dando um enorme sorriso.

Os dois trocaram olhares.

– Nós... - Saga não queria terminar a frase.

– Não. Você estava bêbado demais. Até chamou o Aioria de pica pau. - desatou a rir.

Saga arqueou as sobrancelhas.

– Precisava de ver as coisas que me disse.

– Eu não bebo, muito menos perco o controle. - disse sério.

– Quer apostar?

Kanon saiu do quarto e segundos depois voltou trazendo a digital.

– Veja isso.

Ele mostrou o vídeo. Saga ficou vermelho e Kanon e Cris seguravam para não rir, mas não aguentaram, gargalhando.

– Deixa o Shion saber disso! - Cris voltou a rir. - levando-o para o mau caminho.

– Eu não disse isso...

– Por isso gravei. Você iria negar.

– Quer dizer que queria ir para a zona? - a mineira fechou a cara. - sem vergonha! - deu um tapa no ombro dele.

– Ai.

– Ele até queria fazer um bacanal aqui. - disse Kanon.

– Seu cachorro! Sem vergonha! - dava tapinhas.

– Eu não fiz nada!

– Pois que fique com as sirigaitas! - levantou tomando o rumo da saída.

Saga arqueou as sobrancelhas sem entender.

– Cris. - Kanon a chamou.

– O que é? - a voz saiu mal humorada.

– Vai passar assim pelas casas?

Então a mineira deu-se conta olhando para si. Estava de pijama. O rosto só não corou por causa da cor. Olhou para o lado vendo uma camisa, possivelmente de Saga. A vestiu e ela serviu de vestido.

– Depois devolvo.

– Vai sem tomar café?

Realmente estava com fome e subir até o templo.

– Vou fazer um café para nós. - Kanon caminhou até ela. - aí me conta com detalhes essa história do pica pau.

O marina foi para o fogão, Cris e Saga sentaram a mesa, um de frente para o outro.

– O que o meu irmão te disse Cris? - abriu o armário a procura de comprimidos.

– Um monte de besteiras. - sorriu.

– Quais?

– Várias... chamou o Shaka de buda loiro... - contou algumas, mas sem mencionar a parte pornográfica da história.

– Eu não disse isso... - Saga trazia a expressão séria, por conta da vergonha e da dor de cabeça.

– Disse.

– Ele não te falou nada indecente? - indagou Kanon.

Cris ficou calada, não era algo que deveria revelar. Saga a fitou seriamente. Não se lembrava de muita coisa, mas lembrava do beijo e do "quero comer você".

– Se ficou em silêncio é porque ele disse. - Kanon colocou o bule sobre a mesa. - que pornografias disse a ela? - olhou para o irmão.

– Nenhuma Kanon. - Cris respondeu.

– Tudo que eu tenha dito, tudo mesmo, não deve ser levado em consideração. Qualquer coisa que eu tenha dito, saiu num momento de loucura. Em sã consciência jamais falaria aquilo.

– Eu sei Saga... - murmurou Cris. Bem que queria que o "você é minha" fosse verdade. - não se preocupe não disse nada demais.

Kanon observava os dois, sabia que Saga tinha dito algo a ela, talvez até confessado seus sentimentos. Nem tudo era apagado da memória de Saga quando bebia.

– Pois eu lembro o que eu disse e você estava no assunto. - Kanon a fitou.

– O que andou falando de mim? - sorriu divertida.

Saga o fitou na hora, não se lembrava quase nada da primeira parte, suas memórias começavam a partir do pátio da estátua.

– Que eu gosto de você e quero ficar com você. - disse sério.

Saga e Cris arregalaram os olhos.

– Você o que? - a mineira quase caiu da cadeira.

– Tenho tesão por você e queria te levar para a cama. - a voz saiu ainda mais séria.

– Surtou? - a mineira não acreditava.

– Por que não? - disse simplesmente servindo aos três uma xícara de café. - eu não tenho chances com você?

– Kanon... - a voz de Saga saiu fria, e o dragão marina segurou para não sorrir.

A mineira ficou em silêncio sem saber o que dizer.

– Pense na minha proposta. - deu uma piscadinha, levando o café a boca.

– Ok... - murmurou.

Saga com olhar assassino levava a xícara a boca.

–Quantas horas? - Cris queria mudar de assunto.

– São sete e meia. - Kanon fitou o relógio que ficava na parede.

A cena foi cômica, Saga e Kanon cuspiram o café ao mesmo tempo.

– Porra Saga, sete e meia! - levou a xícara a pia.

– A culpa é sua! - Saga levantou depressa.

– Shion vai nos matar!

Os dois arrumaram um desespero e Cris segurava para não rir. Esqueceram-se dela, saindo os dois a pressas.

– Estou até com dó. - a mineira saboreava seu café, bem a vontade com o pé na cadeira.

Minutos depois...

– Tem biscoito no armário, suco na geladeira. - Saga parou na porta. - bolo dentro de micro-ondas e... - fitou o modo que estava sentada, o short daquela posição parecia ainda mais curto.

– E...? - estranhou o súbito silencio.

O cavaleiro voltou para o corredor e segundos depois jogou uma calça de moletom nela.

– Não sobe assim. - apontou para o short. - veste a calça! - e saiu.

Cris arqueou a sobrancelha sem entender.

O.o.O.o.O

Os olhos custaram a abrir, a cabeça latejava, o estomago dava voltas.

– "Maldito álcool..." - pensou Shaka abrindo os olhos.

Tentou se mexer, mas os músculos estavam duros, devido a posição que dormira, praticamente atravessado de um lado a outro na vertical. Fez um grande esforço para mexer o braço, mas algo o prensava. O indiano olhou para o lado, vendo uma cabeleira negra. Os olhos arregalaram. Meio sem jeito puxou o braço ficando de pé, ao fazer isso sentiu o quarto rodar.

– Droga... - murmurou.

A atenção voltou para Juliana que continuava a dormir.

– "O que ela faz aqui????" - forçou a mente, lembrando-se de tudo que tinha feito e falado. Apesar de ter bebido a garrafa sozinho, lembrava-se muito bem da noite anterior.

Agora estava me duvida. A deixava dormir ou a acordava?

Decidiu tomar um banho primeiro, para ver se livrava do ar alcoólico. Depois, ao voltar para quarto Juliana continuava a dormir.

– "Ela tem um sono pesado."

Ficou olhando para ela. Naquela posição ela parecia ainda menor e a expressão suave de uma criança. Shaka sorriu.

Com cuidado, a pegou no colo ajeitando-a melhor na cama. Tirou as sapatilhas.

Ele ainda ficou um tempo observando-a, antes de ir para a cozinha, preparar um chá para ressaca. Fez rapidamente, tomando num gole só.

Sentou a mesa, para esperar o efeito, quando olhou pela janela da cozinha. O sol já estava forte, para ser apenas seis horas da manhã. Foi até a sala, onde tinha um pequeno relógio.

– Por Buda! - gritou ao ver as horas: 7hrs e 50 minutos. - Shion vai me matar!

Saiu as pressas.

O.o.O.o.O

Dohko espreguiçou na cama, quando Jules ajeitou-se no seu peito, deu um beijo nos cabelos dela.

– Bom dia... - ela abriu os olhos.

– Bom dia. - acariciou o rosto. - dormiu bem?

– Sim. - sorriu. - muito bem. - sentou na cama.

– Eu também. - Dohko ajeitava o cabelo.

– Deixa assim. - deu um sorriso. - fica lindo com ele todo bagunçado.

– Se gosta tudo bem. - deu nos ombros. - vou tomar banho.

– Posso ir junto? - o olhou de forma sapeca.

– Pensei que não fosse perguntar.

Foram para o banheiro ao som de risos e claro o clima esquentou.

– Agora o dia começou bem. - Dohko vestia a calça. -nada que uma boa foda para aliviar.

– Dohko! - Jules ralhou. - você não usava esses termos antes.

– Por que não podia, agora... - deu uma piscadinha. - com fome?

– Não da fome que está pensando e sim de outra coisa.... - apontou para a cueca box preta.

– Hum.... - aproximou abraçando-a. - isso é um convite? Ou uma ordem?

– Um convite. - deu um beijo nele.

– Gostaria muito de aceitar, mas o dever me chama. Se eu chegar atrasado ao treino, Shion me esfola vivo.

– Tem que está as sete? - alisava as costas dele.

– Sim. E por falar em horas...

O libriano foi até o criado mudo, pegando o relógio.

– Put @#%&!

– O que foi Hian?

– Estou ferrado. - vestiu a camisa as pressas. - são oito horas! - foi até ela. - coma alguma coisa, já estou indo. - deu um selinho. - até mais tarde.

O.o.O.o.O

Aioria acordou com uma grande dor de cabeça. Olhou para o lado, xingando a claridade que provinha da janela. Levantou e a passos lentos foi para o banheiro. Tomou uma chuverada fria para ver se sentia melhor, mais psicologicamente do que fisicamente. Aquela bebedeira só serviu para jogar na cara o que ele já sabia: gostava de Gabrielle e muito.

Na cozinha, pegou um suco na geladeira e alguns comprimidos do irmão.

No outro quarto....

Sheila xingava mentalmente até a ultima geração de quem havia inventado bebida alcoólica e quem tinha deixado a cortina aberta. A luz do sol batia bem no rosto dela.

– Mas que... - soltaria uma, quando reparou que estava num quarto diferente. - onde estou?? - tentou-se lembrar, mas tudo que sentiu foi uma dor aguda bem no fundo da cabeça. Sabia que ficaria boa parte da manha de ressaca. - mas que droga de luz!

Jogou o lençol longe. Foi com tudo para pisar no chão, quando...

– Aiolos????!!! - berrou para em seguida tapar a boca. - o que ele está fazendo no meu quarto??? - olhou ao redor, percebendo só agora que não estava no templo e sim... - o que eu faço aqui!!!!!!

Aiolos resmungou algo, voltando a dormir. Sheila o fitou.

– Até que é muito fofo dormindo.... - a luz bateu bem no rosto dela. - mas que droga de luz!

Levantou para ir até a janela, mas estabanada como sempre...

– Ai! - gritou Aiolos, ao ser chutado.

– Foi mal.

– Sheila.... - coçou os olhos. - bom dia lind.... - parou de falar. - bom dia Sheila.

– Bom? Com esse sol dentro do quarto?! - saiu pisando duro. - odeio claridade. - fechou as cortinas com violência.

Aiolos franziu o cenho. Levantou pegando o lençol e o travesseiro. As costas doeriam por uma semana por causa do chão duro.

– Pode me dizer o que eu faço aqui???

– Não se lembra?

– Não!

– Você bebeu... e acabou apagando aqui.

– Aqui...? - estranhou. - você fez alguma coisa??? - arregalou os olhos, não por temor e sim por não acreditar que ele tomara a iniciativa.

– Nem toquei em você. - disse na defensiva.

– Como??

– Eu não ousaria fazer nada com você naquele estado. - era safado, não aproveitador de moças embriagadas, ainda mais com Sheila.

– É um frouxo mesmo! - exclamou zangada. - sai da frente!

Praticamente o empurrou, Aiolos sem entender foi atrás.

– O que foi Sheilinha?

Ela o fitou com um olhar assassino.

– Sheila.

– Nada! - pensou que estava indo para a sala, na verdade foi para a cozinha.

Ao chegar deu de cara com Aioria, que parecia bastante surpreso com a presença dela.

– Bom dia. - disse seco.

– Bom... o que faz....

Parou de falar ao ver o irmão. Foi inevitável sorrir, Aiolos ja tinha feito a primeira vitima.

– Tire esse sorriso da cara. - disse Aiolos. - ela só dormiu aqui.

– Eu não pensei nada. - sorriu ainda mais.

– Não transamos Aioria. - a voz da brasileira saiu fria.

Os dois a fitaram na hora surpresos.

– E se mostrar esses dentes do novo, quebro. - o mau humor só aumentava. - e não desafie, pois estou muito puta com você.

– O que eu fiz?

– Está brincando com os sentimentos da Gabe! - o tom de voz aumentou.

Aiolos levou o olhar do irmão para Sheila. Será que a história da Gabe tinha se espalhado? Ou era só entre as meninas?

– Não sei do que está falando. - Aioria voltou o olhar para o copo que segurava.

– Não se faça de idiota, sabe sim! E vou te avisando se chegar perto dela, eu bato em você.

– Arrumou uma bravinha Oilos. - sorriu.

– Bravilha é a... - soltaria um palavrão.

– Por favor, fiquem calmos. - Aiolos entrou na frente. - são apenas seis horas da manhã...

– Oito e dez para ser exata. - olhou para relógio que trazia no pulso, tinha até dormindo com ele.

Aioria e Aiolos olharam-se na hora. O leonino saiu correndo.

– Fique a vontade Sheila. - disse Aiolos. - a cozinha é sua. Tenho que ir.

Saíram.

– Dois covardes... fugindo.

O.o.O.o.O

Isa acordou sentido uma forte pressão sobre si, foi então que percebeu que Kamus praticamente estava em cima dela. Suas pernas estavam sobre as suas e o braço dele em torno do seu dorso. Não pode deixar de sorrir, até dormindo ele era possessivo. Fitou o rosto sereno dele. As madeixas vermelhas espalhadas sobre o travesseiro branco e as sardas. Kamus tinha sardas! E eram lindas! O rosto dele era simplesmente perfeito e poderia ficar horas olhando-o dormir. Talvez por se sentir vigiado, o cavaleiro acordou revelando as íris azuis escuras.

– Bon jour.... – disse dando um leve sorriso.

– Bon jour. – não pode deixar de sorrir diante daqueles dentes alvos. – dormiu bem?

– Sim. – Kamus ergueu um pouco o corpo apoiando a cabeça com a mão. – descansou?

– Sim. – sorriu ao se lembrar da noite anterior. Fizeram amor no salão externo, na varanda, na biblioteca e no quarto dele. – ainda tenho força. – sorriu de forma sacana.

Kamus aproximou dando um selinho na testa dela.

– Saímos uma bela dupla não? Quem sabe mais tarde podemos explorar outros cantos da casa.

– Pensei que o Miro fosse o mais quente da turma.

– Leve engano. – sentou na cama. – todos os cavaleiros de ouro são. Podem não demonstrar mas...

– Entendi. – Isa levantou, procurando suas roupas. – cadê as minhas roupas?

– Se me lembro estão na sala.

– Posso buscar?

– A casa é sua.

Quando Isa deu um passo...

– Vista uma camisa minha e uma calça. – disse levantando indo até o guarda roupa. – Miro costuma entrar sem permissão e eu não quero que ele a veja.

– Que bobagem Kamus. – disse só para provocar.

– Já disse que é minha. – a voz saiu fria. – portando só eu posso desfrutar dessa visão.

Kamus ciumento? Quem diria.

– Tudo bem. – sentou na cama, esperando a roupa. – a que horas é o treino? – perguntou, mas a visão estava entretida naquele homem nu maravilhoso.

– As sete. – sentou ao lado dela entregando as peças de roupas. – vou fazer algo para nós e aí eu vou.

– Mas são quantas horas?

– Boa pergunta.

Kamus foi até o criado mudo a procura do seu relógio. Ficou branco ao ver as horas.

– Acordamos cedo? – Isa terminava de vestir a camisa de algodão.

– Vai ter que comer sozinha. São oito e vinte!

– Corre. – disse sabendo que Shion iria passar o maior sermão.

O.o.O.o.O

Saga e Kanon subiam brigando. O irmão mais velho acusava o mais novo pela bebedeira enquanto o mais novo revidava. A discussão estava tão acalorada que ao passarem por Virgem, não viram seu morador sair às pressas.

– O que fazem aqui?

Os geminianos olharam para trás.

– Shaka?! - disseram ao mesmo tempo.

– Não deveriam está no treino?

– Deveríamos, mas... - Kanon notou a expressão do indiano. Estava com a cara amassada e os olhos pequenos. - o que houve com você?

– Nada. - disse seco.

– Está indo para o treino agora? - indagou Saga.

– Sim. - respondeu ríspido - vamos.

Saga e Kanon deram nos ombros.

O.o.O.o.O

Cris subia as escadarias segurando a calça. Que falta de ideia dar ouvidos a Saga! Homem inconstante! De dia não queria a presença dela, a noite queria transar e no outro dia, dizia para não levar suas palavras em consideração e cinco minutos depois a mandava tapar o corpo!?

– Homem doido! - exclamou. - é um bipolar mesmo!

O.o.O.o.O

Kanon, Saga e Shaka seguiam em silêncio, em Libra depararam com um sorridente cavaleiro.

– Bom dia. - sorriu.

– Já olhou as horas? - indagou Kanon estranhando a felicidade dele.

– Já e sei que o Shion vai acabar comigo, mas não ligo. - passou o braço pelo pescoço de Shaka. - sou o homem mais feliz do mundo!

O indiano arqueou a sobrancelha.

– Você está bem Dohko? - indagou Saga.

– Estou ótimo! Vamos?

Os três deram nos ombros.

O.o.O.o.O

As meninas que tinham passado a noite no templo estranharam o desaparecimento de algumas. Desceram para tomar café na cozinha, procurando respostas.

– Aposto que dormiu com o Shion. - disse Helu. - falou que ia lá e acabou ficando.

– Será? - indagou Mabel.

– Claro! - exclamou Suellen. - assim como a Isa e a Cris. Só não sei como ela sumiu? Quando fui dormir ela estava dormindo.

– Na certa correu atrás do Saga. - brincou Marcela.

– Mas até a Juliana sumiu. - lembrou Gabe. - será que ela e o Shaka...

Todas arregalaram os olhos.

A mesa estava posta.

Três andares a cima... Rodrigo e Atena tomavam o desejum. A grega estava animada, sem qualquer resquício das dores da noite anterior.

No andar de baixo...

Paula espreguiçou. Como aquela cama era macia, com o cheiro impregnado de Shion. Ele era muito cheiroso. Abriu os olhos timidamente. Olhou ao redor, não o vendo, mas não se preocupou. Levantou indo para a sala do aposento. Sorriu ao ver um carrinho repleto de guloseimas e com um pequeno cartão do lado.

Tenho treino, o carrinho é todo seu. Nos vemos mais tarde.Beijos, Shion... que homem fui arrumar. - sorriu. Sentou no sofá para desfrutar da refeição.

O.o.O.o.O

Durante o trajeto Dohko contou aos amigos sobre a noite anterior.

– A coisa está séria.... - brincou Kanon.

– Só não fica mais por causa da barreira, mas eu darei um jeito.

– Que jeito? - indagou Saga, ressabiado pelo tom de voz dele.

– Um jeito. - disse Dohko bem sério.

– Está disposto a ter uma vida com ela? - Shaka não compreendia.

– Sim. - fitou a saída de Sagitário. - temos companhia.

Aioria e Aiolos saiam apressados.

– O que fazem aqui? - indagou o leonino.

– Atrasados. - respondeu Kanon. - mas não temos com que preocupar, Shaka, Saga, o melhor amigo do Shion e o futuro mestre estão conosco. Estamos salvos!

O.o.O.o.O

Sentiu todo o corpo doer. Ao sentar na cama, as costas reclamaram da posição que ficara por horas. Juliana coçou os olhos, só assimilando onde estava minutos depois.

– Eu dormi aqui?

Levantou as pressas, a procura do dono da casa, não o encontrando em parte alguma.

– Agora sim ele vai me matar. Eu dormir na casa dele. "Não entendo o que sinto por você." - a voz de Shaka veio lhe na mente. - o que ele sente por mim? - suspirou. - é melhor nem tentar entender.

Ju apenas ajeitou o cabelo tomando o rumo da saída. Acabou por encontrar Cris no caminho.

– Ju? - estranhou ao vê-la com a mesma roupa. - você dormiu aqui???

– Sim e não. - ficou vermelha. - Shaka bebeu demais e eu o trouxe.

– E vocês...??? - arregalou os olhos.

– Não!!! - o rosto corou ainda mais. - não fizemos nada, apenas dormimos na mesma cama... não aconteceu nada.

– Shaka bêbado...

– E você? Que roupas são essas?

– É o do senhor incógnita.

– Saga.... mas por que está com elas?

– Longa história.

Cris começou a contar.

O.o.O.o.O

Kamus acabava de fechar a porta, quando escutou vozes.

– O que fazem aqui? - estranhou. - o treino acabou?

– Mais um atrasado. - disse Aioria.

– Com Kamus no nosso grupo estamos salvos, leão. - brincou Kanon.

– Acabei perdendo a hora. - justificou.

– É melhor apressarmos, - disse Shaka. - Shion deve está muito nervoso.

O.o.O.o.O

Jules preparou um chá e comeu alguns biscoitos. Tentava comer, mas as lembranças da noite passada simplesmente não deixava. Quem poderia imaginar que passaria uma noite com Dohko de Libra? Ele sabia conduzir, pensou, de certo já tinha experiência... o rosto ficou tenso, será que ele já teve várias mulheres?

– Claro que sim Jules, viveu por duzentos anos, era natural... mas como ele fazia quando era o mestre ancião? - a curiosidade aumentou, mas como perguntaria para ele?

Balançou a cabeça negativamente, não tinha que pensar nisso e sim na noite daquele dia... mudaria de mala e cuia para Libra!

Pegou mais alguns biscoitos e saiu, a essas horas as meninas deveriam estar loucas atrás dela.

– Cris? Ju? - indagou ao atingir o salão externo.

– Mais uma que passou a noite fora... - Cris sorriu. - pelo menos espero que tenha tido mais sorte.

– Como tive! - exclamou animada. - Dohko foi perfeito!

– Quero os detalhes.

O.o.O.o.O

Como Marin queria conversar com Aioria primeiro sobre sua decisão, o mineiro achou melhor seguir para o templo sozinho. Tudo que não precisavam é de comentários maldosos chegarem aos ouvidos do leonino. Passou pelo fundo encontrando as meninas na cozinha.

– Bom dia garotas. - sorriu.

– Onde esteve? - indagou Helu.

– Passei a noite no alojamento.

As meninas ficaram em silêncio, principalmente Gabe.

– Gabe, não sei o que Aioria te diz, mas não desista dele.

– Por que esta me dizendo isso?

– A Marin não vai casar com ele. - conteve o sorriso. - conversamos ontem a noite e ela vai terminar o noivado.

– Sério??? - exclamou Marcela. - caraca!

– Sim. Acho que finalmente consegui. Mas ainda não comentem com ninguém, Marin quer conversar com Aioria primeiro.

– Então teremos mais um romance. - disse Paula aparecendo na porta. - bom dia. - deu um grande sorriso.

– Onde estava??? - Helu a fitou ferina.

– Nos lençóis de seda do grande mestre... - deslizou pela cozinha.

– A pipa subiu? - brincou Marcela.

– E como subiu. - deu um sorriso maldoso. - melhor do que seus cavaleiros. Aquilo tem gás para muitos anos. Estou muito bem servida.

Conseguiu dobrar o grande mestre.– disse Ester. - não brinca em serviço... - riu.

– Isso mesmo. - sentou ao lado de Julia. - então quer dizer que Marin vai dar um pé na bunda do leão.

– Não fala assim Paula... - murmurou Gabe.

– Deveria ficar feliz. Dica: se joga em cima dele.

– Talvez dê resultado mesmo Gabe. - disse Mabel.

– Sei que devo agradecer ao Afrodite. Ele agiu como um cupido.

– Ele me disse que iria ajudar... - Gabe começou a criar esperanças.

– Ao menos para os outros, - Suellen fitou Mabel. - do que para ele está difícil.

– Eu gosto do Aldebaran Su. Deixei bem claro para ele.

– Ele não vai desistir. - disse Marcela.

– Pois eu estou encaminhado. - o mineiro sorriu. - finalmente tenho a Marin.

O.o.O.o.O

Sheila apenas tomou um copo de suco e duas torradas. A cabeça doía tanto que se comesse mais passaria mal. Fora a raiva que sentia dos dois irmãos. Aioria por ser um canalha com Gabe e Aiolos por ser um lerdo. Por que não a agarrou antes dela pegar no sono? Pior que nem se lembrava de nada e tinha certeza que o grego não lhe contara tudo.

– Que droga. - bateu a porta que ligava a sala ao salão principal.

– Sheila?

Ergueu o olhar deparando com Jules, Cris e Juliana.

– Bom dia. - disse seco.

– Bom... - respondeu Juliana por todas. - o que está fazendo aqui?

– Bebi e o Aiolos me trouxe. Não aconteceu nada antes que perguntem. - disse caminhando em direção a saída.

As três deram nos ombros seguindo.

O.o.O.o.O

Depois de terminado o café, Rodrigo e Saori foram para varanda do aposento. O dia estava lindo, com o sol brilhando forte.

– Está tudo bem mesmo Saori?

– Está Rô. - mexia no celular. - estou ótima.

O baiano sorriu ao escutar "Rô".

– Xi... - Saori franziu o cenho.

– O que foi?

– Problemas na empresa. Eu preciso trabalhar.

– Tudo bem. - levantou.

– Podemos almoçar juntos?

– Claro. Você me chama.

– Sim.

– Bom trabalho. - não se intimidou, indo até ela dando-lhe um beijo.

– Obrigada.

Ele acenou saindo.

– Espera vou descer com você. - foi ate ele, agarrando seu braço. - posso?

– Pode tudo o que quiser.

O.o.O.o.O

Isa saboreava um xicara de chá de hortelã com biscoitos ao leite. Poderia passar a manhã inteira ali, mas tinha que voltar para o templo. Perguntas deveriam lhe aguardar. Deu uma ajeitada na cozinha, saindo. Foi a conta de fechar a porta que dava acesso a área privativa quando escutou vozes.

– Bom dia. - sorriu.

– Mais uma a passar a noite fora de casa. - brincou Jules. - virou festa.

– E que noite... - abanou.

– Você e o Kamus... - Juliana ficou surpresa.

– Em todos os lugares.... aquele homem não tem nada de homem gelo, ele é quente, muito quente.

– A coisa foi boa então. - disse Cris.

– Excelente!

Sheila ouvia tudo calada. Isa e Jules já tinham ido para os finalmentes. Saga manifestara que queria levar Cris para cama e até Shaka dormiu agarrado a Juliana e ela?? Quando Aiolos tomaria a iniciativa?

O.o.O.o.O

Aiolos foi incumbido de aparecer primeiro para Shion, na qualidade de futuro mestre, talvez pudesse interceder perante o ariano devido o atraso. Shion assim que viu o grupo, olhou as horas indo até eles. Os que já tinham chegado pararam o treino para ver sermão que o grande mestre daria neles.

– Bom dia Shion. - disse Aiolos todo sem graça.

– Bom dia. Atrasaram muito.

– Sentimos muito Shion. - disse Saga por todos. - isso não vai acontecer novamente.

– Tudo bem.

Deu as costas, voltando ao seu treinamento.

O grupo recém-chegado olhou entre si. Sem castigo?

– O que deu nele? - indagou Dohko, que esperava por um sermão.

– Está de bom humor. - disse Dite. - chegou cedo e deu um sonoro bom dia.

– Sério?

– Sim. - concordou Mu.

– Tenho que descobrir o porque disso. Vou treinar com ele.

O libriano foi atrás do amigo.

– Chegaram tarde hein? - Miro não perderia a chance. - e olha que foi os mais certinhos.

– Tivemos contratempos. - disse Saga.

– Que contratempo? - indagou Shura. Saga, Kamus e Shaka atrasados?

– Meu irmão entornou todas ontem e me arrastou junto. - disse Kanon.

– Kanon...

– Mas é a verdade. Tomou minha garrafa de uísque sozinho!

– Mas não pode beber Saga. - Deba ficou preocupado.

– Agi de forma leviana.

– Precisavam ver as coisas que ele me disse. - Kanon enfiou a mão no bolso. - vejam. - mostrou sua digital.

– Kanon! Ficou doido?? - berrou Saga.

– Eu quero ver. - Miro aproximou.

Kanon mostrou o vídeo que fez do irmão na noite anterior, a sorte que Shion e Dohko estavam do outro lado e não viram a gargalhada dos demais cavaleiros.

– Não tem graça. - ralhou o geminiano.

– Pô Saga, bacanal no quarto do mestre? - brincou Mask. - Shion te mata! - gargalhou.

– Depois eu que sou o safado. - disse Aiolos não contendo o riso.

– É por que não sabem que ele chamou Shaka de buda loiro. Precisavam ver a Cristiane me contando.

Saga ficou vermelho e Shaka o fitou na hora.

– Como? - arqueou a sobrancelha.

Kanon contou toda a história para os amigos.

– Pica pau foi foda. - Shura não conteve o riso.

– Não gostei. - ralhou Aioria.

– Saga... - o taurino tocou no ombro dele. - sabe que é fraco para bebidas.

– Piranhas rosas? - Dite tentava parar de rir. - o nível de álcool no seu sangue deveria está altíssimo.

– Tudo que eu disse foi num lapso de loucura. - tentava se justificar.

– Espera aí, - Mask ficou pensativo. - você encontrou com a Cris hoje cedo? - olhou para Kanon.

– Ele, - apontou com os olhos para o irmão. - a levou para casa. Os dois passaram a noite juntos. - deu um sorriso maldoso.

–Kanon!

– Você trepou com ela? - Miro arregalou os olhos. - finalmente! Já estava achando que não sabia mais o que era isso.

– Eu não transei com ela. - disse seco.

– Não teve tempo. - Kanon riu. - ele dormiu antes. - gargalhou.

– Deve ter falado um monte de sacanagem para ela. - Kamus balançou a cabeça incrédulo.

– Não disse nada... - murmurou.

– Não se lembra, quer dizer. - o marina jogava lenha. - deve ter falado cada termo chulo...

– Eu não estava em mim. E jamais dormiria com ela.

– Por quê? - indagou Dite.

– Nós somos amigos, apenas isso.

– Quem quiser ficar com ela, caminho aberto. - um pouco mais de lenha na fogueira não faria mal e Kanon queria ver a reação do irmão.

– Demorou. - disse Miro.

Saga lançou um olhar assassino para o escorpião.

– Saga, só tenho algo a dizer, - disse Dite. - está jogando a sua felicidade pela janela.

Ele ficou calado.

– E qual o motivo do atraso dos dois? - Deba fitou Aiolos e Aioria.

– Bebida. - disse o leonino.

– E como foi para casa? - Dite lançou um olhar frio.

– Cambaleando.

– Pensei que fosse passar a noite com a sua noivinha. - zombou Mask.

– Fiquei em casa. - disse seco e ninguém entendeu o tom de voz. - peguem no pé do Aiolos, ele levou a Sheila para casa.

– Como?? - exclamaram todos.

– Ela tinha bebido demais... - corou.

– E por que não levou para o templo? - Deba deu um sorriso dúbio. - Aiolos traçando mais uma...

– Eu não dormi com ela. - gaguejou. - eu dormi no chão.

– Não?? - exclamaram surpresos.

– Não...nem toquei nela. - estava vermelho.

Shura o fitava surpreso, Aiolos nervoso e vermelho por conta de uma mulher? Aí tem coisa.

– Você está gostando dela Aiolos?

– Eu?? - quase engasgou com a própria saliva. - não....

– Aiolos todo recatado? - Miro não perdoaria. - há seis dias sem frequentar o alojamento das servas? Só pode está gostando dela.

– Gente, serei o futuro mestre, tenho que preservar minha imagem.

– Ah ta bom. - disse Kanon. - falou o pudico.

– Olhem para mim... eu sou o mais novo e...

Enquanto se explicava, Kamus analisava a fala de Aiolos, era claro que ele estava inseguro em relação a brasileira. Logo ele e por que?

– E você senhor Kamus. - Miro não deixaria o francês de fora. - qual o motivo do atraso? Levou alguém tonto para casa?

– Isa e eu passamos a noite juntos. - disse calmamente. - e antes que pergunte, fizemos amor sim. Amor e não transa.

Shaka que ouvia tudo calado, fitou o francês surpreso.

– Sério? - Mu franziu o cenho.

– Marselha rendeu. - disse Mask.

– Sim Mu. E como você e o Dohko vou manter um relacionamento com ela. Chega de perguntas.

Shura estava impressionado, até Kamus começava a se envolver com elas.

– E o buda loiro? - Mask usaria sempre esse apelido.

– Shaka tomou uma garrafa de vinho sozinho. - disse Deba. - eu vi.

– Bebi sim.

– Mas você é fraco para bebidas. - Dite estava pasmo, a noite tinha rendido.

– Eu sei.

– E como voltou para casa? - o italiano o fitava fixamente.

– Andando.

– Conta outra Shaka. - disse Aioria. - desceu do templo a Virgem andando? No mínimo foi carregado.

– Desembuça Virgem de quarenta anos. - brincou o escorpião.

– A Juliana me trouxe. - o tom de voz saiu baixo.

Todos olharam para ele.

– Ela acabou ficando em Virgem... - desviou o olhar.

– Transou com ela???? - indagaram Mask, Miro e Mu.

– Claro que não. Sou acima dessas coisas.

– Eu acho que seu pinto deve ter atrofiado. - o italiano coçava o queixo. - trinta e dois anos sem nunca meter. Acho que não mete mais.

– Viagra deve resolver. - disse Miro pensativo.

– Minha vida sexual não lhe dizem respeito. - a voz saiu brava.

– Que vida sexual Shaka? - Dite começou a rir. - você nem tem uma! Nunca deve ter batido uma punheta. - o pisciano fez o movimento.

– Ou feito uma espanhola... - completou Aiolos.

– Como? - arqueou as sobrancelhas. - o que é espanhola?

Silêncio e troca de olhares.

– Vou te emprestar os meus vídeos. - disse Miro. - você também tem não é Aiolos?

– Tenho. - olhou para o indiano. - meu nobre amigo, precisamos resolver esse problema.

– Então pode começar a falar o que é espanhola?

– Alguém explica para ele por Atena! - disse Mu, ele não tinha lá muita experiência, mas Shaka era uma negação, parecia um menino de 12 anos!

– Kamus que fazer as honras, usando uma linguagem culta ou posso falar rasgado? - Mask o fitou.

– Rasgado.

– Coloque o pau no meio de dois peitões e massageia usando eles.

Shaka arqueou a sobrancelha, sem entender muito bem.

– Usa a imaginação Shaka. - disse Kanon.

E ele usou, pensando em alguém... o rosto corou na hora.

– Pelo visto usou a imaginação. - Shura sorriu diante do rubor.

– Eu não preciso dessas coisas... - gaguejou envergonhado. Detestava se sentir assim, completamente "analfabeto" sobre esse assunto perante os demais cavaleiros.

– Shaka não ligue para eles. - Saga veio em seu socorro. - tudo ao seu tempo.

– Olha só quem fala. - brincou Deba. - o que queria fazer um bacanal na pisciana do Shion.

– Estava tonto.

Começou uma leve discussão entre Saga, Kanon, Miro, Deba e Aiolos. Mask aproximou do indiano passando o braço pelo pescoço dele.

– Posso te ajudar a resolver isso. - disse baixinho.

– Não preciso disso Mask. - respondeu no mesmo tom.

– Claro que precisa. Vou te ajudar. Pode até ser com a Juliana, já que estão tão íntimos. - segurou para não rir.

– Dispenso.

– Pense com carinho e depois me fale. - saiu de perto.

Shaka ficou em silêncio. Pensou no vídeo, na relação de Mu com Ester e agora Kamus com Isa. Nada para ele fazia sentido, nem sabia o que era aquilo que sentia pela brasileira.


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