Daydreaming escrita por A Stupid Lamb


Capítulo 8
A Festa


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!!!



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O dia se passara corrido. Tentei ligar e mandar mensagem para Allan, pensando em me redimir e lhe pedir desculpas, mas fora completamente frustrada em todas as minhas tentativas. Sentia me mal, queria me abrir pra ele, falar o verdadeiro motivo, lhe dar uma real explicação, mas, todas as vezes que eu tentava criar o diálogo na minha cabeça, Allan me dava as costas e nunca mais voltara a olhar para mim, e, perde-lo, seria devastador pra mim.

Eu estava no meu quarto agora, deitada na cama, encarando o teto e remexendo em um cubo mágico e ponderando se deveria ou não ir à festa.

Sai do quarto contra a vontade, apenas porque minha barriga reclamava, pedindo por comida.

“Que bom que saiu do quarto, Troian. Junte-se a nós” Minha mãe disse, forçando para soar animada.

Olhei em sua direção, sobressaltada, já que não a esperava em casa, e me deparei com mais umas cinco senhoras, todas portando uma bíblia e sorrindo desconfortável em minha direção.

“Que pena mãe, mas não vai dar. Estou de saída” Disse, caminhando para a porta.

“Você vai ficar” Ela disse, me fazendo parar e virar para ela.

“Mas o Allan me chamou para comemorarmos a vitória dele”

Senti uma onda de remorso percorrer meu corpo assim que acabara a frase e um sorriso conspiratório aparecesse nos lábios de minha mãe.

“Então vá minha filha. Diga que eu o parabenizo por isso”

Sorri amarelo, revirando os olhos mentalmente e fechando a porta com uma força exagerada.

Assim que senti a brisa fresca contra a minha pele, resolvi que seria melhor, e relaxante, ir andando. Assim, além de admirar a paisagem e sentir a brisa relaxante, eu ganharia um tempo para pensar.

Caminhei um bom tempo, mas, conforme ia me aproximando da garagem – o único local dessa pequena cidade que era cede de todas as festas – eu conseguia ouvir o som e algumas vozes alteradas. Bem como pessoas passavam por mim correndo e parecendo ainda mais bobos que o costume.

Entrei no local, sentindo meu coração bater de acordo com a música. Peguei uma bebida logo de cara, para ver se a música alta ficava mais suportável.

Revistei o ambiente, a procura de Allan. A luz piscando tornava o trabalho mais difícil, assim como os corpos se mexendo, ou dançando como eles chamam, mas, quando o ambiente se iluminou por um tempo maior, o avistei perto da mesa do DJ.

Ele sorria, com um copo na mão. A luz voltou a apagar e, quando reacendeu, a menina estava com ele. Senti meu coração bater descompassadamente. Entre o piscar de luzes, eu via a cena se desenrolar na minha frente. Eles dançando juntos, os braços dele envolvendo o corpo dela e, então, os lábios deles se juntaram.

Tomei todo o conteúdo do copo de uma só vez, largando o copo em qualquer lugar e indo a passas largos e apressados para a porta, escutando um ou outro xingamento quando eu empurrava alguém para passar.

Passei pela mesa da bebida, e optei por pegar logo uma garrafa. Sai do ambiente, aliviada pelo barulho ter diminuído e a luz estar estável, embora fraca.

Sentei um pouco mais distante, sentando em uma pedra que colocaram para impedir a passagem dos carros. Minha cabeça repetindo a cena com uma frequência assustadora, aumentando conforme eu ia bebericando da garrafa.

“Nossa, não é à toa que te chamam de antissocial, agarrou na garrafa e veio beber sozinha” A voz da menina era levemente alterada.

Evitei olhar para ela, mas, devido ao calor repentino em meu braço, sabia que ela tinha se sentado de forma que nossos ombros estavam em contato. Ela pegou a garrafa de minha mão e deu um gole.

“Nossa” Ela me devolveu a garrava “Você deveria ir com calma”

Pelo tom dela, sabia que ela estava fazendo uma careta.

“Eu sei me cuidar” Respondi asperamente.

“Que bicho te mordeu?”

Finalmente a encarei. Soltei uma risada irônica.

“O que você está fazendo aqui fora? Lá dentro me pareceu que você estava se divertindo muito mais”

Ela me olhou com uma sobrancelha arqueada.

“Está com ciúmes?”

Desviei o olhar, sabendo que não conseguiria formular uma resposta coerente.

“Desculpa, não sabia que gostava dele”

A olhei, soltando mais uma risada irônica.

“Dele” Repeti, dando mais um gole na bebida.

Ficamos um tempo em silêncio, sentia o olhar dela em mim.

“Achei você” A voz bêbada do menino se fez presente.

Escutei ela bufar levemente e dei um breve sorriso, sem me virar para eles.

“Eu já estou de saída” Ela se apressou em descer da pedra. “Espero que você esteja inteira amanhã, quero falar sobre o livro” Ela me direcionou um sorriso torto e saiu, sem olhar para trás.

“Mulheres, sempre me dando um pé na bunda” Ele disse, se sentando ao meu lado.

Dei um último gole na bebida e, tomada por uma coragem avassaladora, me levantei ficando de frente para o menino.

“Sabe porque não podemos ficar juntos?” Perguntei, sentido que era o álcool que falava por mim e que no dia seguinte me arrependeria de cada palavra incontrolável que escapava de minha boca. “Porque sou lésbica” O rosto espantado do menino me fez vacilar por um momento. “Eu nunca serei capaz de gostar de você da maneira que você merece” Sentia minhas lagrimas escorrerem, no momento em que vi as dele. “Você merece todo o amor do mundo, mas eu não serei capaz de te dar isso”

Não esperei por uma resposta, virei e tomei o rumo de casa, aos prantos, mas com a alma lavada e o coração mais leve, sabendo que o dia seguinte me reservaria uma dor de cabeça tremenda, mas que a dor no meu coração seria maior.


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Notas finais do capítulo

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