Desconstruindo Mycroft escrita por Sparkles


Capítulo 4
Suco, bolinhos e jogos de tabuleiro


Notas iniciais do capítulo

Não tem nada demais, mas eu acho esse capítulo um amorzinho, por muitos motivos.



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Sábado é sempre o dia em que faço todos as minhas tarefas de casa, porque domingo eu não consigo me mover. Passo a maior parte do dia no meu quarto, remoendo a aflição de ter que ir pra escola no dia seguinte e ouvindo Sherlock praticando aquele instrumento horrível dele. E lá estava eu, sentado na minha mesa de estudos, pensando nas tripas do sapo que eu veria amanhã, quando alguém tocou a campainha. Rápido, fingi que estava dormindo, para não ter que fazer sala pra visita.

“Mike, é pra você!” minha mãe gritou da sala, e eu desci as escadas tentando fazer o simpático.

Minha cara se desfez quando eu vi o Gregory na porta.

“Com licença, não me lembro de ter te convidado pra minha casa.”

“Mycroft, modos!” minha mãe disse, meio alto demais.

“Desculpa” limpei a voz “olá querido colega de classe Gregory, a que lhe devo a honra?”

“Desculpa vir sem avisar, é que eu estava meio entediado em casa, e eu não sabia seu telefone, então eu queria saber se você tava a fim de fazer alguma coisa, você tá?” ele disse, meio acanhado. Minha mãe me fitou com uma cara feia.

“Claro! Vamos jogar Monopoly!” eu disse, temendo os dias que eu teria que passar sem sobremesa caso a minha resposta fosse algo diferente de sim.

Falei para ele esperar na sala enquanto eu buscava o jogo. Passei no quarto de Sherlock, convidando-o pra jogar com a gente, mas ele disse que estava muito focado em treinar violino.

Minha mãe fez bolinhos e suco. Era muito estranho pensar que no ano seguinte eu estaria numa faculdade e teria um emprego, enquanto agora, eu estava sentado no tapete, brincando e comendo bolo. Crescer é estranho.

“Eu quero comprar seu Palácio de Buckingham” eu disse “ou eu posso trocar ele pela Trafalgar Square”

“Não, eu só troco se for pela Scotland Yard”

“Fechado” dei um gole no meu suco, enquanto trocávamos os cartões “mas agora falando sério, posso perguntar por que você veio aqui?”

“Ué, eu já disse, eu estava entendiado e com a minha bicicleta quebrada, não há muito o que fazer. Pelo menos não quebrei meu pé, só ficou um pouco ralado, nada demais.”

“Sim, mas você podia ter ligado pra um amigo seu, eles já tinham outros planos?”

“Não, é que eu não tenho nenhum amigo, eu me mudei pra cá recentemente.”

“Ah tá.”

“Eu te falei isso no recreio, lembra?”

“Claro” é, eu devo ter ignorado 75% das coisas que ele falou. Não me olhe assim, avaliadora, eu já estou me sentindo culpado o bastante.

Não conversamos mais nada significativo depois disso, sabe, eu não era muito bom em jogar conversa fora.

Quando ele (finalmente) foi embora, fechei a porta e voltei para o meu quarto, mas não pude ficar lá por muito tempo, pois minha mãe me gritou do quarto de Sherlock.

Ela disse que como meu irmão se empenhava mais em tocar violino, do que eu com meu violoncelo, ele merecia a vaga na aula de música. Tentei contestar falando que eu cheguei primeiro, mas nada vencia o beicinho que Sherlock fazia. Fui deitar sem jantar, em protesto contra as injustiças desse mundo.

Não dormi logo, fiquei pensando nesse domingo estranhamente sociável e sei lá, agradável apesar de tudo. Mas a minha mãe já está avisada, quando for alguém da escola, eu não estou. Hm.


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Notas finais do capítulo

Fico felicíssima de saber o que vocês estão achando da fic, então não deixem de comentar! Beijos e até um futuro capítulo.