Desconstruindo Mycroft escrita por Sparkles


Capítulo 17
Vendetta


Notas iniciais do capítulo

Mais um, gente bonita. c:



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Ainda estava escuro quando entrei em casa. Greg foi se apoiando nas grades dos dois portões que dividiam as nossas residências e chegou a salvo até a sua. Ao que parecia ninguém tinha acordado ainda. Comemorei mentalmente, apesar de estar muito zangado comigo mesmo. Fechei a porta com cuidado e fui andando na ponta dos pés, o que logo se mostrou inútil. A luz do abajur se acendeu e lá estava Sherlock, sentado na poltrona da sala.

“Muito bonito, Mycroft.” Ele lentamente bateu palmas. Era o drama em pessoa.

“O que você quer para não contar pra mamãe?” fui direto ao ponto.

“Você sabe o que eu quero.”

“Ah, tudo bem, Sherlock...” falei, começando a subir as escadas “Eu brinco de detetive com você.”

“Isso!” ele comemorou “Quando?”

“Sei lá, essa semana. Agora me deixa dormir!”

Passei o fim de semana dormindo, mas às vezes mamãe batia na minha porta pra reclamar que Sherlock estava rabiscando as paredes do quarto dele. Então, eu tinha que me levantar, tirar todos os papéis colados, apagar os rabiscos e voltar pra cama, o que era inútil, porque logo em seguida ele refazia tudo.

Ficamos nesse vai e vem por muito tempo, até que eu resolvi jogar os papéis no lixo. Como vingança, Sherlock foi ao meu quarto e desenhou com um giz de cera amarelo uma carinha sorridente na parede. Até tentei apagar, mas aquilo não saía por nada nesse mundo, então resolvi voltar a dormir mesmo, que era o melhor que eu fazia.

No dia seguinte, coloquei o casaco da escola, carreguei meu guarda-chuva e fui assobiando no caminho pra escola. Estava feliz porque o frio estava voltando para Londres e também porque aquela garota assustadora ia ficar bem longe de mim e de Greg daqui pra frente.

“É muito legal você saber assoviar, mas não é necessário fazer isso o tempo todo.” Sherlock interrompeu minha linha de pensamento.

“Querido irmão, nem você vai estragar meu humor hoje.”

As aulas foram maravilhosas, até mesmo a de Biologia. Consegui fazer perguntas que deixaram três professores sem resposta, o que eu tomei como uma vitória pessoal. Estava tudo perfeitamente bem, exceto pela cara de quem chupou limão que o Greg fez durante o dia todo.

“Não que eu me importe, mas me parece que tem algo te aborrecendo hoje.” Falei, enquanto esperávamos por Sherlock nos grandes portões cinza.

“Ah, não é nada não...” ele disse, com as mãos no bolso. “Eu só estou meio chateado ainda pela história com a Megan.”

Só a menção daquele nome me trazia certo rancor. Foi então que me lembrei da carta e tive uma grande ideia.

“Ei, Greg, eu acho que sei de algo que pode te animar.” Falei, tirando o papel na mochila e entregando-o pra Greg, que leu e não entendeu muito.

“Por que você tem isso no bolso? É um bilhete da diretora pra Megan.”

“Mas é aí que está. Não foi a diretora que escreveu.” Sorri, maliciosamente.

“Mycroft! Que feio! Não, eu me recuso a participar disso.”

“Vai ser legal, você vai poder descontar a raiva que sente dela.”

“Eu não sei... Ela ia me bater e até chegou a fazer isso antes, mas... Vingança não é certo.”

“Vingança é divertido.” Peguei o papel das mãos dele. “Só falta colocar o endereço. Você sabe onde ela mora, certo?”

“Sim, mas não basta só isso, precisa do carimbo da diretora.”

“Carimbo?”

“É, você nunca reparou? Fica em cima da assinatura dela.”

“Ah, mas é c-claro que eu já reparei nisso.”

“Demorou a responder, está mentindo.”

“É que eu estava focado na caligrafia, tudo bem?”

“Estou decepcionado com a sua falta de atenção, Mycroft.” Ele disse, num tom muito sério, que depois se quebrou numa risada compartilhada.

“Cala a boca.” Peguei uma caneta. “Ou melhor, me fala o endereço.”

Copiei o que ele ditou com cuidado. Estava perfeito, só faltava o carimbo mesmo.

“Eu que escrevi a carta. Você vai pegar o carimbo.”

“De jeito nenhum, esse plano maluco é seu.”

“Mas eu não posso correr o risco de dar de cara com a diretora e ganhar outra detenção.”

“E eu posso?”

“Por que vocês estão discutindo?” Sherlock, que se aproximava, indagou. Olhei para Greg e ele sabia exatamente o que eu estava pensando. “Algum problema?”

“Problema nenhum, pelo contrário, é algo que vai te deixar muito feliz, irmãozinho.” Falei, sorrindo. “Tenho um caso para você, Sherlock!”

Expliquei cautelosamente tudo que ele teria que fazer.

“E lembre-se, você só precisa ir até a mesa e carimbar em cima da assinatura, entendido?”

“Pela milésima vez, entendi.” Sherlock suspirou “Estou achando esse caso tedioso.”

“Saiba que é muito perigoso, viu? Você pode até ganhar uma punição.”

“Ó, mas que terrível, perder um sábado na escola.” Sherlock disse com voz de deboche, levando as costas da mão à testa. “Se isso acontecer comigo, por favor diga à mamãe que eu a amo.”

“Poupe-me de suas gracinhas, Sherlock e vá de uma vez!”

Greg e eu ficamos agachados olhando um de cada vez pela fechadura da diretoria. Foi um pouco difícil de acompanhar todos os passos de Sherlock lá dentro, porque toda vez que eu conseguia um ângulo bom, Greg me empurrava pra ver também. Só sei que em menos de cinco minutos, meu irmão saiu de lá. Ao que me parecia, ele não tinha conseguido.

“Como eu disse” entregou-me o papel carimbado “Tedioso.”

“Você conseguiu!” Greg comemorou “O que você fez lá dentro?”

“Não devo revelar os meus métodos.” Falou, desamassando o uniforme.

“A diretora não estava, né?” falei, depois de dar uma olhada melhor pela fechadura.

“É hora do almoço, óbvio que ela não ia estar lá.” Sherlock riu. “Vocês são uns patetas.”


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Notas finais do capítulo

Mycroft levando o Greg pro lado negro da força, ti feio. EHEHE sorry about that
Beijos, vejo vocês nos reviews. :3