Desconstruindo Mycroft escrita por Sparkles


Capítulo 15
Paranoia


Notas iniciais do capítulo

Hey hey! Um capítulo que acabou de sair do forno pra vocês :3
Ai que tosco, huahaha, boa leitura!



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Apesar de o meu olho roxo estar quase sarado já domingo à tarde, eu realmente estava decidido a me vingar de Megan. Escrevi uma carta imitando a caligrafia da diretora do nosso colégio (perdoe-me por isso, avaliadora) relatando ter encontrado um cigarro na mochila dela. Só faltava ir à diretoria, procurar o arquivo escolar de Megan e copiar o endereço, mas eu tive que prorrogar meus planos, porque fiquei inesperadamente ocupado naquela semana.

Segunda-feira tivemos testes em todos os tempos de aula, exceto no primeiro, que foi dedicado a atividades militares. Greg faltou, mas eu vi Megan circulando pelo refeitório. Obviamente não fui pergunta-la sobre meu amigo. Pensei então que talvez ele estivesse só tentando se livrar da marcha ou de algum teste.

Na terça Greg faltou mais uma vez. Resfriado, será? Mesmo assim, não lanchei sozinho. A coordenadora da seção de ensino sentou na minha mesa, pra falar comigo sobre minhas notas. Ela disse que estou muito acima da média em relação aos outros alunos do terceiro ano e me entregou um panfleto de Oxford. Aparentemente teria uma prova no mês seguinte para selecionar alunos pro segundo semestre. Fiquei sem saber o que responder. Nunca tinha considerado um adiantamento, ainda mais agora que falta tão pouco, mas prometi pensar no assunto.

Quarta-feira e a terceira falta seguida de Greg. Se ele tivesse no hospital, a mãe dele ia ligar pra mim, certo? Não, acho que não. Eu nem conheço a mãe dele. A propósito, ele nunca falou da mãe dele. Ou será que falou e eu não prestei atenção? Será que aconteceu alguma coisa com a mãe dele? Por que eu estou paranoico assim?

Resolvi engolir meu orgulho e fui perguntar pra Megan o que tinha acontecido afinal, mas ela não me respondeu. Ela só me mandou tomar banho, só que de uma forma, digamos assim, mais rude.

Quinta-feira. Quatro faltas já era exagero. Eu e Sherlock batemos na porta de Greg depois da escola. Minha mochila estava pesando uma tonelada com o meu material de estudo e mais as folhas e apostilas que os professores me deram para entregar pra ele. As janelas estavam fechadas e ninguém abria a porta, então assumi que todos tinham saído mesmo.

Fui para casa frustrado. Antes de entrarmos, Sherlock parou no portão e disse, com uma voz de suspense.

“Será que a Megan matou ele?”

“Não seja bobo, Sherlock” respondi “mas agora que você falou...”

“Isso! Vamos investigar! Eu acho que eu consigo entrar na casa do Gavin, se você quebrar a janela.”

“É Greg e não, não vamos quebrar uma janela.”

Tratei de tirar aquela ideia estúpida da minha cabeça. Ele só não estava lá naquela hora, só isso. E Megan pode ter uma mão pesada, mas eu duvido que ela tenha força pra carregar um corpo e enterrá-lo na mata.

Sherlock e sua imaginação fértil... Não é mesmo?

Sexta. Estava seriamente considerando mudar a palavra “cigarro” por “cadáver” na carta que escrevi pros pais de Megan, mas recuperei o bom senso depois que a bola de futebol atingiu minha cabeça na aula de educação física. Eu tinha que parar de pensar besteira.

Na volta pra casa, fomos mais uma vez à porta de Greg e de novo, nenhum sinal. Mas era nítido que a residência não ficou vazia todos esses dias, se não haveria correspondências e o jornal da semana mofando na porta. Fiquei mais tranquilo. Nem sei por que eu me preocupei tanto, na verdade.

Retomei meus afazeres normais de sexta à tarde. Li mais um livro de Platão e tentei aprender a tocar alguma coisa nova naquele violoncelo que vivia jogado pelo meu quarto.

Já estava no sétimo sono, quando ouvi batidas na porta da sala. Levantei meio atordoado. Eram três da madrugada. Nem Sherlock, nem minha mãe tinham acordado. Estranho. Pensei então que podia ter sido impressão ou quem sabe, um sonho que pareceu muito real. Dei de ombros e ia voltar pro quarto, quando ouvi as batidas mais uma vez.

“Quem é?” falei perto da porta. Ninguém respondeu. “Quem está aí?” falei mais alto.

“Abre a porta, Mycroft!” gelei.

Eu conhecia aquela voz. Abri e era Greg, ou pelo menos, o que restou dele. Estava com as roupas amarrotadas, olheiras profundas e o cabelo mais bagunçado do que de costume. Parecia que tinha sido enterrado vivo. Se é que estava vivo. Chacoalhei minha cabeça para afastar essas ideias idiotas que Sherlock colocou lá, mas não custa nada perguntar, certo?

“Você tá vivo?”

“Mas que droga de pergunta é essa?”

“Ah, esquece.” Foi então que caí em mim. “Gregory, o que você faz na minha porta às três da madrugada? E também por onde você andou esse tempo todo?”

“Eu preciso de alguém pra conversar, eu posso entrar?”

“Não, é muito tarde, todo mundo tá dormindo. Amanhã a gente conversa direito, tudo bem? Boa noite.” falei empurrando a porta.

“Não, espera!” Ele colocou o pé entre o vão da porta. “Precisa ser agora. Vamos sair pra algum lugar, então?”

“São três da madrugada! Eu quero voltar a dormir.”

“Por favor, Mycroft! É importante.” ele me fitou diretamente.

Fechei os olhos e suspirei.

“Vou pegar o meu casaco.”


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Notas finais do capítulo

Mama Holmes que vai amar isso! HAHAHA
Comentários serão lidos com carinho. c:
Beijos e até o próximo capítulo o/