Desconstruindo Mycroft escrita por Sparkles


Capítulo 11
Mesa para dois


Notas iniciais do capítulo

Geez, eu modifiquei tanto esse capítulo, eu nem sei mais o que tá escrito. lol Espero que esteja bom!



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Escondendo-se atrás de postes e em esquinas de becos, conseguimos seguir os passos de Greg. Seu encontro era, adivinha só, no mesmo restaurante italiano que fomos no dia anterior. Que original.

Ele sentou-se em uma das mesas de duas pessoas e ao que me parecia tinha uma reserva. Fiquei imaginando desde quando aquilo deveria estar marcado. Hm.

Sherlock e eu observávamos da calçada oposta. Ele usava os binóculos.

“Ele já pediu alguma coisa?” perguntei.

“Não sei, está muito longe” resolvemos atravessar a rua, mas ficamos dentro de uma cabine telefônica, para não dar na vista. “Acho que ele vai pedir, o garçom se aproximou e... não, ele foi pra outra mesa.”

“É, acho que não faz sentido ele pedir se ela ainda não chegou.”

“Não, espera, eu acho que agora ele vai pedir!” Sherlock parecia meio confuso “Acho que não, ele levantou.”

“Será que ele vai ao banheiro?”

“Ele tá acenando pra alguém.”

Arranquei os binóculos da mão dele e finalmente vi a cara da garota. Obviamente o rosto me era familiar, alguém que da escola, mas eu não sei quem. Não lembro nome, nem turma, nem nada. Fiquei me repreendendo mentalmente por ser tão desatento. Sherlock tomou os binóculos de volta.

“Pff, eu sei quem ela é” ele falou. Eu quase tive um troço. “É a menina que socou ele na cara. Também a mesma que eu vi afrouxando os parafusos da bicicleta.”

Aquilo não fazia sentido algum. Eu não sei muito sobre sentimentos, mas acho que um soco na cara não é uma demonstração de afeto.

"Ele deve ter um fetiche muito estranho." observei.

"O que é um fetiche?"

"É uma coisa que deixa alguém sexualmente feliz."

"Argh, porque você não pode ser um irmão normal e responder que não sabe?"

Dei de ombros.

Esperamos que os dois se acomodassem de volta na mesa. Ele beijou a mão dela e então começaram uma animada conversa. Não sei que tanto assunto era aquele.

“Nós temos que entrar! Preciso ouvir tudo o que aqueles dois vão dizer!” eu estava determinado.

Entrei com o chapéu no rosto e Sherlock enfiou a cabeça por trás da gola do casaco. A recepcionista queria nos colocar numa mesa pra dois, porém ficava ao lado da mesa deles. Seria ótimo para escutar, porém muito óbvio. Preferi os bancos altos da outra vez. O casaco e o chapéu escondiam nossa identidade.

“O que vão pedir?” o senhor atrás do balcão perguntou.

“Nada, nós só estamos seguindo...” tapei a boca de Sherlock antes que ele continuasse.

“Podemos olhar o cardápio, por favor?” eu realmente tinha a intenção de comer alguma coisa. Ir àquele lugar sem comer macarrão era como ir a cozinha e não abrir a geladeira.

Enquanto eu escolhia, mandei que Sherlock passasse perto da mesa deles, com a desculpa de ir ao banheiro, pra ouvir alguma coisa. Até que ele era bem ágil, ainda mais por ser pequeno. Passou despercebido na ida e na volta. Tenho que admitir que o casaco foi uma grande ideia.

“Ouviu algo suspeito?”

“Hm, ela chamou ele de Pompom” Sherlock parecia confuso “Seja lá o que isso signifique.”

“Que estranho, ela parece estar usando códigos” fiquei intrigado.

“O que você pediu para a gente comer?”

“Talharim à putanesca.”

Sherlock começou a rir, pondo em risco todo nosso disfarce.

“Eu não vou comer esse macarrão obsceno!” ri de deboche.

“Será que você não pode parar de ser imaturo nem por um segundo? Estamos numa missão, Sherlock, é sério.”

“Sério?” ele riu “Estamos seguindo seu amigo desde que eu acordei só porque você teve um ataque de ciúmes.”

“Hein?” eu estava desacreditado “Não estou com ciúmes, eu só... fiquei curioso. E agora que eu sei que essa mulher é perigosa, eu devo alertá-lo.”

“Ela socou o nariz dele, você acha que ele não sabe quem ela é?” Sherlock falou “E sabe o que mais? Se ele é mesmo seu amigo, vocês deveriam conversar. Não se pode namorar alguém que te trate mal. Isso é uma relação abusiva.”

“Leu na revista da mamãe?”

“É, eu fico muito entediado às vezes.”

“Tudo bem, eu falo com ele” suspirei “mas amanhã, na escola. Agora vamos comer, porque eu estou faminto.”

O homem nos serviu o talharim e almoçamos. Saímos de lá antes de Greg e a garota. Eu ia ter uma séria conversa com ele no dia seguinte.

Eu nem sei porque eu te conto do meu fim de semana, avaliadora, acredito que isso não seja de seu interesse, mas adianta falar?

À noite, já estava quase pegando no sono, quando senti uma mão na minha cara. Era Sherlock.

“Vá embora, você sabe ler.”

“Mas eu estou sem sono!”

“Então não durma!” Fechei os olhos de novo. Fiquei ensaiando mentalmente a conversa que teria com Greg, imaginando todas as suas possíveis respostas. Ainda não tinha compreendido por inteiro o... “Sherlock, o que ainda faz aqui?”

“Nada, eu só queria dizer que, ah, eu gostei muito de brincar de detetive e...”

“E?”

“Você foi um irmão legal hoje.”

“Vou tomar cuidado para isso não se repetir.”

“E eu acho que eu não quero mais ser pirata.”

“Ótimo” sorri e caí no sono.


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Notas finais do capítulo

E então, sweeties? Deixem comentários, por favor, suas opiniões me inspiram. Obrigada aos que estão acompanhando. Bjos e até o próximo!