Um Conto Sobre um Monte de Estrume escrita por Gabriel Campos


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Gente, pensei muito em abandonar a história, ela chegou até a ser excluída, mas com os comentários de vocês, me senti motivado a continuar. Muito obrigado e espero que gostem! :3

Musiquinha: Hanson - Save Me



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/461993/chapter/2

IV. AMOR A SEGUNDA VISTA.

Como todos os anos tem a sua modinha, 2013 não poderia ser diferente. Alguns adotaram a modinha do Lek Lek Lek, outros curtem o Harlem Shake, e vejo que alguns estão ouvindo cada vez mais Los Hermanos e reggae.

Em 2013 também eu farei 18 anos, mas, sei lá, sei que mesmo com a maioridade eu sempre estarei agarrado à barra da saia da minha mãe, Karen Batista. Ela cobra que eu estude, fica dizendo que quer um filho médico (odeio sangue) e que a sustente quando estiver velha .

Começamos as aulas em Março. Uma rotina extensa de estudos e tão logo eu estava sem tempo para nada. Na segunda semana de aula, entra uma garota nova na sala e todos ficam boquiabertos, principalmente eu: “Rebeca” minha “ex-namorada” acabava de entrar na nossa escola.Quer dizer, a dona da foto que eu usei para fazer o fake. Eu estava morto.

Mas, se quiserem curtir com a minha cara e continuarem lendo, coloquem aquela música do Hanson. Aquela “save me”, tema de n bailes de quinze anos no começo deste século. Vai ficar mais interessante.

Eles esperavam que eu fosse falar com “Rebeca”. A garota, uma patricinha loira dos olhos verdes, sentou-se em uma das carteiras, cruzou as pernas e começou a ler um livro da saga Crepúsculo.

— Não vai falar com a Rebeca, Lucas? — perguntou Júnior.

— Depois que a gente terminou, ficamos de mal. — Menti. — estranho é ela ter entrado na mesma escola que eu.

Estranho? Isso é uma tremenda de uma falta de sorte! De milhares de fotos naquele maldito Google Imagens, eu tinha que pegar uma foto de uma garota que morava próximo de mim e que ainda poderia estudar na minha escola?

— Cara, marca teu território! Diz que quem manda aqui é tu! — disse Ígor Cipriano, um valentão que andava muito meu amigo ultimamente.

— Como assim?

— Lucas, tipo... Se ela tá aqui é por que com certeza ela quer te vigiar. Ex-namorada tem dessas coisas, ainda mais namorada de tu, que é “o cara” ... Fala com ela. — Ígor então me empurrou para cima da cadeira onde estava “Rebeca”. Bati a mão no livro que ela estava lendo, e claro, a patricinha ficou furiosa.

Antes de qualquer cumprimento, um pedido de desculpas, entretanto eu não sei o que ela tinha que me deixou sem palavras. E quanto mais eu tentava falar, mais eu não conseguia. Era como se eu estivesse querendo sair do fundo de uma areia movediça.

— Oi? — disse ela.

A garota falou de uma forma (que parecia) amistosa. Eu me acalmei diante dela e sorri. Era estranho estar diante daquela cuja eu namorei sem ela mesma saber. Quer dizer, eu namorei a foto dela.

— Lucas, mostra a ela que quem manda aqui é tu! — incentivou Ígor Cipriano. Júnior estava tentando se esconder colocando o rosto atrás do livro de química. Não me perguntem por qual razão.

Nenhuma ideia se passava pela minha mente. A patricinha olhava para mim esperando um sinal. Até que eu tive a “brilhante” ideia de pegá-la pelo braço e sair, levando-a para fora da sala.

— Vem comigo.

— Que palhaçada é essa? — falava ela, enquanto eu a puxava para o pátio.

E chegamos ao pátio. A patricinha soltou-se bruscamente de mim e me deu uma tapa no rosto.

— Au! Doeu...

— E é pra doer mesmo. Com que direito você me tira do meu lugar e sai me arrastando por aí como se fosse o meu pai?

Como falar? Como explicar que tudo aquilo que eu havia feito era apenas para evitar um mal entendido e, provavelmente, a minha ida à forca?

— VOCÊ NÃO ME CONHECE. E, POR FAVOR, NÃO FALA COMIGO. — gritou ela. Todos já estavam reunidos em torno de nós. A garota então voltou para a sala.

O preferível era tentar não dar nenhuma palavra e não dar ouvidos a nada e nem a ninguém. Bem que o fofoqueiro do Júnior tentou arrancar alguma informação de mim, assim como o Ígor. Eu estava irredutível quanto a palavras.

Dia longo aquele. Nem o intervalo havia chegado. Eu ainda não sabia o verdadeiro nome de “Rebeca” e estava louco para saber. Tão louco quanto para que desse o horário de saída. Vi que de vez enquanto “Rebeca” olhava para mim, e quando eu correspondia olhando nos seus olhos, ela fingia estar escrevendo. Será que ela ainda estaria com vontade de me esganar? Ora, já no primeiro dia de aula estava falada por todas as salas e corredores... Se “Rebeca” soubesse o quanto ela era conhecida naquela escola...

O sinal para o intervalo tocou. A loirinha parecia ser estudiosa, o que era bem estranho para uma patricinha (perdoem-me as patricinhas, é o meu ponto de vista teórico). Ela levantou-se da carteira onde estava sentada e, sem querer, deixou cair um livro minúsculo, que mais parecia um diário. Ela não percebeu e saiu da sala. Apanhei o tal diário e coloquei de volta nas coisas dela. Eis daí que eu leio em seu caderno seu verdadeiro nome: A tal patricinha se chamava Débora. Débora Zimmermann.

Os dias foram se passando. Eu já estava acreditando que todos esqueceriam que Rebeca, que na verdade se chamava Débora era minha namorada. Até que ela fez algumas amizades, e claro, com algumas garotas as quais eu havia saído.

Não acredito que você teve coragem de namorar o Lucas. Eu saí com ele uma vez e ele beija super mal. — ouvi uma menina comentar com Débora.

— É verdade. Mas... Peraí... Você não se chamava Rebeca?

Débora deu uma olhadela para mim e depois voltou a falar com as duas garotas. Discutiram bastante e mais baixo, cochichando em suas carteiras unidas, desrespeitando o mapeamento de sala. Senti calafrios, taquicardias e até aquela famosa “dor desviada” entre as costelas, de tanto pavor. Minhas pernas fixaram-se ao chão como se o cimento que o compunha houvesse se transformado em fresco novamente e depois secado rapidamente. Senti também algo quente descendo pelas minhas pernas. Quentinho. Xixi. Xixi?

Dane-se o cimento que prendia minhas pernas. Abandonei a poça de mijo medroso que ali formava e corri, corri, “chinelei”. Aquela mancha de molhado na minha calça provava o quanto eu estava apavorado. E como. Débora havia descoberto o que eu fiz com a sua foto. Todos descobririam que eu estava mentindo o tempo todo e assim ficando com fama de mentiroso e mijão.

Saltei o portão da escola, como um criminoso foge do presídio. Olhem que já tive muita vontade de fazer aquilo antes, mas não fazia por falta de motivação. Naquele momento eu tive o impulso do medo.

Cheguei em casa, correndo, claro. Levei a metade do tempo que levo de costume. Tranquei-me dentro do quarto e me escondi atrás do guarda-roupas. Tempo depois, meu pai bateu na porta do quarto.

— Lucas. —ouvi-o.

Fiz de conta que estava dormindo. Com a porta do quarto trancada eu estava seguro.

— Lucas! — papai persistiu. E quando ele quer uma coisa, ele consegue. Acabei abrindo a porta e saindo da minha toca.

— Senhor?

— Tem uma moça lá fora querendo falar com você. Pelo visto a coisa é séria.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Se curtirem, deixem um comentário. (se não também) rsrs