Quebrando as correntes do destino escrita por Jose twilightnmecbd


Capítulo 9
Isabella X Edward = 0x0


Notas iniciais do capítulo

POV Narrador



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– Renée, tive uma ideia para o almoço... – Isabella entrou na cozinha distraída ainda olhando a página do livro.

No mesmo momento, Edward, que pegava café no fogão, vira-se assustado, esbarrando o cotovelo em Isabella e a xicara de porcelana se espatifa no chão. Isabella perde o ar ao vê-lo e os dois se encaram por alguns segundos. Ou horas.

– Perdão! – Edward é o primeiro a falar e Isabella pisca aturdida, ainda com o livro aberto nas mãos. – Te machucastes? – Edward pareceu muito preocupado de repente. Pensou em tocá-la, mas manteve as mãos longe.

– Não. Claro que não. – Isabella respondeu e balançou a cabeça.

Edward reparou no movimento de seus cachos e na pele que corava. Ela usava um vestido azul, de mangas compridas com babados que quase cobriam suas mãos. Ela deu um passo a frente e pisou num caco da porcelana. O barulho o despertou.

– Deixe-me limpar antes que alguém venha a se machucar. – Edward agachou-se e começou a catar os cacos.

– Não há necessidade, logo mais um escravo cuidará disso... – Isabella mal terminara a frase e mordeu o lábio. – Desculpe-me.

– Já está quase pronto. – Edward falou sem sequer levantar o rosto para ela.

– Bem, então me deixe ajudá-lo. – Isabella deixou o livro sobre a bancada, se abaixou depressa e buscou alguns cacos que caíram debaixo da mesa.

Edward levantou o olhar disfarçadamente, meio surpreso com a atitude dela, mas seus olhos ficaram na altura onde se via a junção de seus seios no decote. Uma sensação estranha percorreu em sua barriga. Ele baixou os olhos rapidamente.

– Pronto. Não há mais nem sinal dos cacos. – Isabella falou sorrindo, juntando os cacos num latão perto da pia.

– Renée irá matar-me quando der conta desta xícara...

– Ora, Ora... o impiedoso cavalheiro da estrada teme uma pobre indefesa como Renée? – Isabella recostou-se na bancada e cruzou os braços o encarando.

Edward apertou o olhar e sorriu de lado.

– Sinhazinha, sobre o acontecido na estrada...

– Hã? – Isabella colocou as duas mãos espalmadas na mesa do lado oposto a ele, e esticou o pescoço. Como estivesse o desafiando a falar.

– Não penses que terás um tratamento diferenciado por que agora sei que és a filha de meus senhores. – falou sério, mas um sorriso brincava em seus lábios. – Sou escravo deles, não seu. – Edward terminou a frase na mesma posição que ela.

Um de cada lado da mesa. Os rostos bem próximos.

– Isso é bom. É bom saber com quem lidamos. Nós dois sempre saberemos quem realmente somos. Eu sou a madamezinha amimada – falou colocando a mão direita sobre o peito. – e tu – tirou a mão de si e colocou a ponta do dedo indicador no peito de Edward. Ele ergueu as sobrancelha surpreso com o gesto. – és um pulha.

– Não duvides que minha madrinha, a senhora sua mãe, jamais acreditará em palavra alguma que disser ofendendo minha honra. – ele inclinou o corpo um pouco mais para frente, forçando o dedo de Isabella. Mas ela não o retirou.

– Não apostaria minhas fichas nisso, senhor Edward... – ela segurou um riso.

Quando Edward ia abrir a boca para retrucar, aquilo estava ficando divertido para os dois, Renée entrou tossindo na cozinha. Os dois se endireitaram e tiraram as mãos da mesa.

– Aqui tá as folha pá tu fazer o chá, Edward. – Renée passou olhando desconfiada para os dois.

– Muito agradecido, Renée. – Edward pegou as folhas de boldo da mão de Renée e aproveitou para sorrir.

– E tu, sinhazinhabele, quer alguma coisa, minha filha? – perguntou com delicadeza.

Isabella finalmente tirou os olhos de Edward e olhou para Renée.

– Tive uma ideia para o almoço. – sorriu. – Já traduzi a receita. – Olhou com ar de superioridade para Edward. Ela sabia que era ele quem fazia isso. Prendeu os lábios para não rir. – É um frango que aprendi em Paris...

– Perdão. Com suas licenças, irei retirar-me e deixa-las à vontade. – Edward deu um beijo na testa de Renée. – Sinhazinha... – falou fazendo uma reverência para Isabella. Ela respondeu de igual maneira.

Assim que Edward saiu Isabella não se aguentou. Sentou-se na cadeira, pôs as mãos no rosto e começou a rir. Renée colocou as mãos nos largos quadris e não gostou nadinha desta história.

─ A sinhazinha sabe pra quê que era aquelas folhas?

─ Hum? – Isabella perguntou tentando parar de rir.

─ Pra curar a bebedeira de onte!

Isabella ainda soltou um riso e fez uma expressão mostrando que estava confusa.

─ Ontem?

─ Pois é! – Renée deu um muxoxo e puxou da prateleira acima da pia, algumas cenouras. – Abusô do vinho na Festa da Senzala, viram ele indo pro quarto cu mais três iscrava...

─ Edward é escravo reprodutor?

Isabella sabia que dos escravos mais fortes e tidos como perfeitos e saudáveis, um senhor de engenho, escolhia um ou dois para serem reprodutores. Eles se deitavam com as escravas em seu período de fertilidade, unicamente para que elas engravidassem e assim aumentavam sem custo algum sua mão escrava. Porém, essa pratica havia diminuído muito depois da Lei do ventre livre, já que as crianças já nasciam livres.

─ Não, sinhazinha... – Renée ponderou. – Escuta, isso não é história pá vós mecê...

─ Está tudo bem, Renée. – Isabella falou gentilmente e se levantou. Entendeu tudo. Mulheres. Edward era igual a qualquer outro.


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Notas finais do capítulo

Diário da história: Esse capítulo se passa no dia 10/06/1883, Domingo.