Quebrando as correntes do destino escrita por Jose twilightnmecbd


Capítulo 51
A criança


Notas iniciais do capítulo

POV Edward
Mais 2 anos se passaram....



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Edward

10/04/1888.

─ Temos que comemorar! A safra deste ano rendeu muito além do esperado. Estás na capa do jornal novamente.

Pego e olho a primeira página do Jornal do Commercio. “O Duque de açúcar”. Alcunha pela qual eu vinha sendo reconhecido por todos os cantos do Brasil. Quase ninguém sabia meu nome ou minha origem. Diziam apenas que eu herdara a fortuna de meus padrinhos. Poucos eram os que ainda se lembravam de que aquele Engenho pertenceu ao Comendador Carlisle.

─ E vamos comemorar, meu caro. Pegue seu casaco. – Largo o jornal de lado e me levanto para acompanhar Jasper.

Vamos caminhando e temos em nosso caminho, a praça abarrotada de gente. O circo acabara de chegar na cidade e havia uma espécie de feira, com barracas diversas, de comidas, jogos, brinquedos e artesanatos. Tudo muito colorido e animado. Havia música espalhada pelos cantos, banjos, violinos e gaitas.

─ Pensei que só se comemorava o carnaval uma vez no ano! – Jasper brinca.

─ Não é carnaval, é o circo. – aponto para a lona escondida pela multidão.

Palhaços se equilibrando numa roda, malabaristas e contorcionistas vestidas de bailarina, se misturam às pessoas fazendo graça com crianças e adultos.

─ Ei! Não é o senhor Bragança naquela barraca? - Olho e vejo nosso principal comprador de aguardente. – Vou até lá falar com ele. Vens?

─ Não, não. Não quero falar de negócios agora. Vá tu e faça uma boa venda! – Falo dando tapinhas nas costas de Jasper. Ele ajeita sua cartola e sai em direção ao homem.

Começo a dar passos distraídos, tudo aquilo é novo para mim, não tive momentos de lazer nesses últimos anos. É tudo tão colorido, tão mágico. Quando dou por mim estou frente a uma barraca de pirulitos, peço o mais colorido e enfeitado que há, penso em levar para Bree e olho para a direita como se estivesse procurando algo ou alguém.

Vejo uma criança que destoa de toda aquela alegria em volta, ela está chorando, acuada num canto de uma grande barraca de bonecas. Pago o pirulito apressado e seguindo um impulso instintivo, vou quase que correndo até ela.

─ Olá, bela criança, por que choras? – falo ao me abaixar ficando da altura dela. Estranhamente não penso que ela possa se assustar comigo e mais estranho ainda ela não se assusta, nem se afasta.

Ela para de chorar e está fungando. Ela se parece com alguém que eu conheço. Quando penso que ela não falará comigo ela abre a boca.

─ Perdi minha mamãe. – fala entre soluços.

Sua vozinha é tão meiga e doce. Sinto meu coração cortado ao ouvi-la falar. Olho em volta, sem me levantar, não vejo ninguém que pudesse estar procurando aquela criança.

─ Escute, como se chama?

─ Renesmee. – ela funga.

─ Renesmee é um lindo nome. – ela não sorri, mas vejo seus olhos brilharem. – Então, senhorita Renesmee, confias em mim para encontrar sua mamãe?

Ela se encolhe. Fico de pé e olho para a banca da barraca, repleta de bonecas. Escolho uma, que se parece muito com a tal menina. Tem cabelos pretos de nylon, a cabeça de porcelana, olhos caramelos e os lábios avermelhados.

─ Está vendo esta boneca? É uma boneca da sorte e ela vai nos ajudar a achar sua mamãe. Pode confiar nela?

Ela assente balançando a cabeça devagar, os olhos vidrados na boneca. Estico a boneca, ela pega com uma mão e inesperadamente ela estica o outro bracinho para que eu a pegue no colo. Meu coração dá um pulo. Pego ela no colo com boneca e tudo. Consigo apoiá-la em um só braço, no outro ainda seguro o grande pirulito na mão.

Respiro fundo e olho ao meu redor. Não vejo nenhum soldado da guarda para ajudar-me. Penso em sair dali, mas de súbito me vem à cabeça que provavelmente a mãe dela não deve estar longe daquela área.

─ Renesmee, diga-me. Como é sua mamãe?

─ É bonita. – responde mexendo no cabelo da boneca.

Eu sorrio com sua descrição precisa.

─ Certamente. Imagino que a mãe seja tão bonita quanto sua filha. – toco a ponta de seu nariz, ela funga e sorri. Fico tão iluminado por seu sorriso que quase perco a fala. – Bom. Diga-me então, como ela está vestida?

Ela parece pensar. É uma criança extremamente inteligente, nota-se.

─ Um vestido verde e um chapelão assim! – ela estica os braços para mostrar o tamanho do chapéu. Ela é uma graça.

─ Muito bom senhorita Renesmee, muito bom! – falo sorrindo e começo a procurar as damas de chapéu.

Não demoro muito para avistar uma dama de vestido verde escuro, de costas para mim, com um enorme chapéu que só consigo ver seus braços gesticulando ao falar com um homem da guarda. Provavelmente é a mãe de Renesmee. Começo a caminhar e logo chego próximo à senhora.

─ Senhora? – chamo mas ela não se vira.

Há um tocador de violino perto de nós, havia muito barulho em volta. Olho para Renesmee que está distraída com a boneca e pergunto baixinho para ela “Essa é sua mamãe?”, ela olha e abre um sorriso maior que o céu.

─ Mamãe! – Renesmee grita e então a senhora se vira.

Não sinto meus pés. Estou congelado. Tudo em volta sumiu, as barracas, as pessoas, as cores, os cheiros adocicados. Só há nós três. Eu, Renesmee em meu colo e sua mãe, Isabella.

Não faço ideia de quanto tempo ficamos assim, um encarando o outro. Tanta coisa dita com apenas um olhar, e tanta coisa por dizer.

─ Mamãe olha minha boneca! – Renesmee corta nosso silencio e estamos de volta no parque.

─ Minha filha! – ela estica os braços e tira a menina do meu. Sinto um vazio estranho. Mas é tão bonito ver como Isabella a abraça, apertando seu rosto no dela.

E então ela me olha e abre um sorriso capaz de colorir o mundo. Meu arco-íris está ali e me pego sorrindo de volta, quando me dou conta de quem somos. Somos irmãos. Estamos acorrentados por esse destino infeliz. Suspiro e meu sorriso perde toda a graça.


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