Quebrando as correntes do destino escrita por Jose twilightnmecbd


Capítulo 33
Chá de "laranja"


Notas iniciais do capítulo

POV Narrador



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Isabella corria segurando seu vestido e não conseguia parar de sorrir. Edward havia prometido resolver tudo para a fuga e foram tantas promessas e tantos beijos, que ela estava quase explodindo de tanta felicidade. Enquanto corria, a ideia de contar tudo a sua mãe amadurecia. Ela sabia que sua mãe, por mais que fosse submissa, era toda coração. Iria sim, ajuda-los nessa fuga, e ela se sentiria melhor se sua mãe soubesse de tudo.

Ao entrar pela cozinha, parou e ficou pálida de susto. Mike estava sentado à mesa, tamborilando os dedos finos e longos na madeira. Isabella chegou a levar a mão ao peito.

─ Te assustaste? – ele perguntou cético.

Isabella o olhou com mais atenção. Ele era bonito e tinha muita classe, apesar de vir de uma fazenda de gado no sul do país. O cabelo loiríssimo estava bem penteado para trás, talvez ele tivesse usado algum tipo de pomada. Seus olhos azuis eram tão frios que estavam quase brancos. Eles a lembravam da cor do gelo que cobria o lago próximo à casa de madame Jane na França.

Sentiu um arrepio lhe percorrer a espinha e esfregou os braços antes de responder.

─ Bom dia, senhor Mike. – ela tentava ganhar tempo para uma desculpa aceitável. Ele nem se moveu. Ele era apenas dois anos mais velho que ela, contudo, olhando para ele agora ele poderia ter uns vinte anos a mais tranquilamente. – De pé tão cedo?

─ Combinei de ir à Tijuca com o senhor seu pai. Iremos buscar os jornais também. Ele logo deve estar se levantando. – seu tom de voz era neutro. – E a senhorita, qual o motivo de estar vindo nesta correria lá de fora, tão cedo, nesta manhã tão fria?

─ Eu... – Isabella cruzou as mãos nas costas. Precisava de uma boa desculpa e rápido.

─ Sinhazinha! Aqui as laranjas!

Alice entrou quase tão afobada pela cozinha quanto Isabella. Tinha um sorriso largo estampado no rosto e carregava um monte de laranjas limas nos braços. Isabella franziu o cenho de leve e quando ia abrir a boca abismada, percebeu um leve meneio de cabeça de Alice e viu instalada em seus olhos a cumplicidade.

─ Muito obrigada, Alice.

Mike franziu o cenho tentando entender a cena.

─ A sinhazinha deixou cair e desistiu de catá-las, mas elas parecem tão suculentas que seria um desperdício!

─ Então, as duas levantaram a essa hora da matina para catar laranjas? – perguntou com total incredulidade.

─ Senhor Mike, sabia que laranja cura insônia?

Ele se limitou a levantar apenas uma sobrancelha.

─ Pois sim. – Isabella começou a retirar as laranjas da mão de Alice e jogar na bacia da pia. – Aprendi com uma freira no convento. Não dormi direito à noite e pedi que Alice fosse comigo apanhar algumas laranjas.

─ Não seria o maracujá ou a camomila, que curam a insônia?

Isabella pensou rápido.

─ Sim, antes de se deitar. Porém as laranjas fazem bem se tomadas durante o dia.

─ Mar que bagunça é essa na minha cozinha?

Renée entrou por trás de Alice e colocou as mãos na boca quando viu Mike.

─ Me ardesculpa inhô Mike! Não vi o sinhô aí não, o sinhô...

─ Está tudo bem Renée. – ele falou finalmente se levantando. – Eu estava aqui esperando mesmo você aparecer para tomar aquele seu café maravilhoso antes de sair, mas parece que a senhorita Isabella precisa mais de seus cuidados do que eu.

Renée olhou confusa para Isabella, depois olhou para Alice que ainda mantinha o sorriso no rosto.

─ Não é nada demais Renée. É só um suco bobo de laranja. Pode fazer o café para o senhor Mike, subirei para meu quarto com Alice e podes servir o suco na mesa do desjejum. Vamos, Alice. Com sua licença, primo... – ela fez uma reverência e saiu com Alice em seu encalço.

Renée estranhou ver Isabella àquela hora da manhã já desperta. Mas não era boba nem nada e reconheceu a desconfiança no jeito de Mike.

─ Essas minina! – deu um muxoxo e sorriu – Tudo com idade de casá e agem feito criança! Agora se vê! – ela pegou o bule e serviu uma xicara. – Aqui inhô Mike, pode tomá que eu tinha acabado de passá esse cafezinho agorinha mesmo!

Mike pegou a xicara e agradeceu. O comendador apareceu logo depois juntamente com seu pai. Mike partiu com eles, mas em toda viagem seus pensamentos eram só de Isabella. O ar juvenil que ela tinha, ora doce, ora amarga. Ora menina, ora mulher. Ele tinha feito o certo, assinaria quantos contratos fossem necessários para ter Isabella. Mas sentia algo de estranho no ar, uma agitação talvez. Isabella parecia estar escondendo algo, mas ele iria descobrir, descobria se ela estivesse lhe escondendo algo, ou não se chamaria Michael Newton Segundo.

─ Alice eu... – Isabella não sabia por onde começar.

─ Tudo bem, sinhazinha. Eu saí pra procurar a sinhá, tava muito preocupada, por que a sinhazinha costuma chegar por volta das quatro e o dia já estava amanhecendo. Não sabia por onde procurar e fui direto na senzala. Acordei Jasper e então ele me contou. – Alice baixou a cabeça e prendeu um sorriso. – Ele me ajudou a catar as laranjas e disse para esperar do lado de fora. Vimos quando a sinhá passou correndo, daí vim correndo atrás.

─ Muito obrigada. – Isabella segurou as mãos de Alice. – E agradeço ao Jasper também.

─ A sinhazinha se arriscou muito.

─ Eu poderia até esperar encontrar minha mãe, mas encontrar o senhor Mike foi realmente assustador. Escute, eu vou lhe contar a minha história com Edward. – Isabella sorriu ao falar o nome dele. - A nossa história de amor.

Isabella contou tudo a Alice inclusive sua história na Europa. Sentia que podia confiar nela e era muito fácil conversar com Alice, não agia como uma escrava que só balançava a cabeça o tempo todo, ela sabia que podia conversar como igual com Isabella e as duas pareciam ter voltado no tempo de infância. Alice era muito inteligente e esperta. Sua mãe havia lhe ensinado muita coisa, coisas que as mães da época não costumavam sequer tocar no assunto com suas filhas.

Alice também contou para Isabella sobre sua paixão por Jasper, desde menina. E como abrira mão de seu amor por ele ter virado um reprodutor.

─ Eu não quis me deitar com ele. Disse que só me entregaria para aquele que fosse o primeiro e o único...

─ Alice, tu sabes que ele não tinha escolha, não sabes?

─ Podíamos ter fugido. – ela abaixou a cabeça. – Mas sei que ele queria a mordomia do escravo reprodutor. Ele foi egoísta. Não pensou nos meus sentimentos.

Isabella sentiu um arrepio estranho, ficou pensando como ela se sentiria se Edward fosse um escravo reprodutor. Tudo bem que ele já havia se deitado com outras mulheres, até por dinheiro. Mas agora ele era dela, não conseguia imaginar ele se deitando com um monte de escravas diariamente. Ela sacudiu a cabeça para espantar esse pensamento.

Alice penteava o cabelo de Isabella para saírem para o desjejum quando um grito apavorante irrompeu o silêncio da casa toda.


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Notas finais do capítulo

continuação do dia 28/06/1883.



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