Quebrando as correntes do destino escrita por Jose twilightnmecbd


Capítulo 19
Ciuminho


Notas iniciais do capítulo

POV - Narrador



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─ Bom dia mãezinha! – Isabella passou cantarolando pela sala e foi até sua mãe que ainda tomava o café da manhã. – Sua bênção! – beijou a mão de sua mãe.

─ Deus a abençoe, minha filha! – dona Esme segurou a cabeça de Isabella e lhe deu um beijo na testa. – Se amanheces assim com um dia nublado e frio como o de hoje, imagina quando estiver fazendo aquele dia lindo e ensolarado!

Isabella se ajeitava na cadeira e colocando o guardanapo de linho sobre o colo, lembrou-se de Jacob. Talvez fosse ser assim, sempre que houvesse uma referência a um dia de sol, ela se lembraria dele.

─ Estou acostumada a dias de frio, mamãe. Na Europa, mesmo no verão, não se faz calor como aqui na Corte. Porém, confesso que estou a morrer de saudades do verão e das praias do Rio de Janeiro.

─ Imagino que sim! Assim que o tempo esquentar visitaremos a praia, estão ainda mais lindas do que nunca, você verá!

Renée entrou trazendo um bule de café.

─ Bom dia, Renée!

─ Dia, sinhazinhabella. A sinhazinha dormiu bem?

─ Como um anjo! – Isabella suspirou e pegou um pedaço de bolo de milho.

─ Renée?

─ Sim, sinhá?

─ Se Edward aparecer pela cozinha, peça que venha me ver. Tenho uma lista de cousas que gostaria que ele comprasse na vila para mim, por favor, sim?

Isabella olhou de rabo de olho para a mãe, a simples menção do nome de Edward fez seu coração pular. Imagens dos momentos delirantes que passara com ele, invadiram sua mente. Tentou disfarçar passando manteiga no bolo, mas suas mãos começaram a tremer. Renée assentiu, Isabella esperou que ela saísse para falar.

─ Por que Edward não está fazendo as refeições conosco?

Dona Esme pensou por um instante antes de responder. Bebericou seu café.

─ Edward não faz as refeições na casa quando seu pai está em casa. – dona Esme mirava um ponto invisível.

─ Mas papai ainda não voltara, seria por minha causa?

─ Talvez... – dona Esme colocou lentamente a xicara de porcelana de volta ao pires e suspirou. Não tinha certeza ainda de como eram os pensamentos de Isabella com relação aos escravos. De certo que tinha visto Isabella tratar muito simpaticamente a Edward, mas talvez fosse só para agradá-la.

─ Pois então peço sua permissão para convidá-lo para o almoço... e também o jantar! Pelo menos até que papai volte. Tenho sua permissão?

Dona Esme levantou o olhar para a filha e não conseguiu conter o largo sorriso que abriu.

─ Óh, minha filha! Farias isso? – ela pegou a mão da filha sobre a mesa.

─ Claro, mamãe! Sei que gostas muito dele e não quero que nada mude devido a minha chegada. – Isabella tentou disfarçar, mas a verdade era que queria Edward o mais próximo que conseguisse. – O que fizestes por Edward foi muito bondoso de sua parte, mamãe.

Dona Esme mordeu o canto da boca, pensativa.

─ Não sei se fiz bem, Isabella. Talvez, querendo fazer o bem, eu tenha feito grande mal ao Edward.

─ Por que dizes isto?

─ Bom, eu percebo como ele fica... Se está na senzala, ele não se sente bem, fica tentando ajudar, todo educado... Se está aqui na sala, também não se sente bem, principalmente quando seu pai está, diz que aqui não é lugar de escravo. Fico imaginando o mal que fiz e temo se chegará o dia em que não haverá mais lugar para ele, nem lá e nem aqui.

Isabella sente o sofrimento nas palavras de sua mão atingirem ela própria.

─ Por que não deram a alforria dele, mamãe?

─ Seu pai... Ele diz que escravo branco vale peso de ouro. – dona Esme balança a cabeça em lamento – Mas eu a tenho pronta, espero que seu pai volte e então pedirei que ele a assine. Que os céus ajudem e ele assinará!

─ Assinará, mamãe, eu tenho fé que sim. – Isabella aperta a mão de sua mãe e sente todo o peso da escravidão de Edward desabar sobre sua cabeça. Ela estava livre, era ele quem precisava ser salvo.

Isabella pegou o cavalo e saiu ao encontro de Edward. Logo o viu conversando com uma escrava, enquanto escovava o pelo de seu cavalo.

─ Bom dia. – Isabella parou o cavalo bruscamente, tentando assustar a escrava. O ciúme às vezes faz com que se tome atitudes infantis.

Edward levantou a cabeça e lhe lançou um olhar divertido.

─ Bom dia, sinhazinha.

A escrava olhou Isabella de cima abaixo e depois olhou para Edward e de volta para a sinhazinha.

─ Conheces Rosalie, ou simplesmente, Rosa, sinhazinha Isabella?

─ Bom dia, sinhazinha. – Rosalie fez uma reverência simples, mas não conseguiu sorrir. Percebeu algo no ar que não gostou.

Rosalie voltou-se para Edward e tocou seu ombro, Isabella chegou a perder o ar. Nunca tinha visto essa escrava antes, mas ela era diferente, tinha uma postura altiva, seus traços eram delicados e a cor escura de sua pele brilhava parecendo muito sedosa. Tinha um cabelo cacheado não muito encrespado, mas cheio, um volume que lhe dava graça e feminilidade no seu corpo cheio de curvas. Quadril largo e cintura fina. Parecia ter uns vinte e poucos anos, talvez fosse um pouco mais velha que Edward. Porém uma coisa era certa, existia intimidade no modo como ela falava e o tocava.

─ Falamos despois então, Edward. – Rosalie disse bem próxima ao rosto de Edward que nem sequer se moveu. – Sinhazinha, a vossa licença. – falou para Isabella tentado parecer submissa o que seu tom desfazia.

─ À vontade. – Isabella fez um aceno com a cabeça e esticou sua postura ao cavalo. Acompanhou enquanto Rosalie saía segurando a barra da saia, naquele frio, rebolando e gingando.

─ Posso saber o porquê desse narizinho empinado, sinhazinha?

Isabella virou o rosto e fez cara feia para Edward. Ele levantou as sobrancelhas e parecia achar graça de alguma anedota que ela não se dera conta.

─ Quem é essa? – Isabella pulou do cavalo, toda desajeitada.

─ Rosalie. – Edward voltou a escovar metodicamente o pelo do cavalo e sorria.

─ Rosalie, Rosa... É sua... namorada, por um acaso?

─ Estás com ciúmes? – Edward tentava não rir.

─ Eu? – Isabella tentou parecer ofendida. – Por que estaria? Tu não és nada meu...

Edward segurou a cintura dela com a mão livre e a encurralou contra o cavalo.

─ Não fora isso que me dissestes enquanto gemia de prazer nos meus braços, algumas horas atrás. – falou quase entre dentes para ela.

Só de pegar nela assim já ficou excitado e Isabella sentiu seu rosto arder sob aquele olhar cheio de desejo e paixão. O que ela dissera mesmo?

Quando seus lábios estavam quase se tocando, Edward refletiu, olhou para os lados e a soltou. Ela arfou e quase se desequilibrou.

─ O quê?

─ Aqui não. – Edward largou a escova no chão e desamarrou as rédeas de seu cavalo do tronco da árvore. – Não quero que escravos mexeriqueiros nos vejam juntos.

─ Escravos ou a escrava? – Isabella alfinetou.

─ Siga-me. – ele montou com agilidade e elegância seu cavalo. Isabella o reconheceu, era o mesmo cavalo do dia da estrada. – Conversaremos num local... – Edward passou a língua pelos lábios. – mais íntimo.

Isabella montou seu cavalo e saiu em disparada atrás de Edward.


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Notas finais do capítulo

Diário da história: Esse capítulo se passa no dia 18/06/1883. Segunda-feira.



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