NY - Central da CIA - 05h56

Quarto Blenda

Blenda estava deitada preguiçosamente na cama. O quarto era médio, paredes azuis acinzentadas como as dos corredores, havia um armário branco feito de madeira, que ia do teto até o chão, ficava encostado na parede, na outra parede ficava a cama de solteiro revestida por lençóis brancos, ao seu lado ficava o criado mudo. Havia um banheiro, era simples igual a todos, com um vaso sanitário, um box, uma pia e um espelho.

Ela cantava desafinadamente e bem alto, a música Highway To Hell AC/DC. Fora do quarto, encostado na porta, o segurança massageava as têmporas com dor de cabeça por causa daquela cantoria.

A música parou, ele agradeceu mentalmente por isso, mas logo uma voz estridente saiu do quarto:

– AQUI NÃO TEM COMIDA, NÃO!? - Blenda gritou - TO COM FOME PORRA!

O segurança nada disse.

– NÃO VAI RESPONDER!? - um suspiro baixo - Affs, cara chato.

Ela se dirigiu para o banheiro, com a intensão de tomar banho.

– CADÊ A BANHEIRA COM HIDRO-MASSAGEM!? – como se ela tivesse uma.

– Não tem... - ele respondeu já de saco cheio.

– CREDO! QUE POBRE!

Não respondeu mais. Só bufou.

Ela estava se divertindo muito, irritando aquele segurança. Despiu-se e foi tomar banho, quando acabou pegou uma toalha do armário e se enrolou. Mal saiu do banheiro escutou duas batidas na porta, logo esta se abriu revelando o agente Miller, que ficou um pouco envergonhado em vê-la só de toalha.

– É falta de educação entrar assim no quarto de uma dama - sorriu provocando ele, ela estava adorando a falta de jeito dele - Ainda mais quando esta dama está inapropriada.

Ele de repente deixou a vergonha de lado.

– E quem disse que não sou um cavalheiro!? – logo em seguida a perdeu ou fingiu que perdeu virando (disfarçando) rindo.

– Não estamos em um castelo – ela o deixou sem respostas.

– Me desculpe - ele tentava olhar para qualquer lugar menos para ela - Só vim lhe avisar que hoje a noite terá que ir a uma reunião, às 20h00.

– Que saco... - protestou fazendo beicinho.

– Tem roupas no armário. Estão trazendo o seu café. Até, Senhorita Lealker - ele ainda estava sem jeito, mas antes de sair deu uma breve olhada nela, Blenda pôde perceber.

Assim que Miller saiu, o segurança ruivo entrou depositando uma bandeja com comida na cômoda, quando notou a mulher ele lhe lançou um sorriso charmoso, ela retribuiu e piscou para ele, logo ele saiu e fechou a porta.

Blenda abriu o armário não tinham muitas opções, pegou uma calça jeans preta que ficou um pouco apertada, e uma blusa cavada branca. Olhou para sua bandeja tinha torta de frutas vermelhas e um copo bem generoso de suco de laranja. Comeu a comida, que não estava tão ruim assim. Ficou deitada na cama olhando para o tempo até cair no sono.

Quarto Safira

Safira estava deitada na cama olhando para o teto, pensativa e sem expressão. Já tinha tomado banho e trocado de roupa, foi umas das primeiras coisas que fez quando chegou ao quarto. De repente Collins adentra o mesmo com uma bandeja, coloca esta na cômoda e olha para Safira, que nem havia se mexido na cama, nem olhou para ele.

– O agente Williams me pediu para avisá-la que ás 20h00 haverá uma reunião - ela nada respondeu, nem assentiu com a cabeça. Ele quis falar mais alguma coisa, mas achou melhor se calar, sem mais delongas se retirou.

Exatamente 20 segundo depois ele entra de novo. Como se tivesse tomado coragem para falar.

– Olha, eu sei o que eu fiz. Me desculpe por isso! Eu não sabia que você era...

– Uma ladra - disse sem emoção ainda sem olhar para ele.

– Sim... E quando descobri, eu não quis contar para a CIA por que... Porque eu realmente gostei de você.

– Mentira! - continuava sem olhar e sem emoção na voz, cada palavra fria que ela falava era como uma faca no peito dele.

– É verdade! Não fui eu que te delatei! Eu... Me desculpe, Safira... – estava realmente se redimindo.

– Por sua culpa eu e a Blenda tivemos que fugir para outra cidade, no final você foi só mais um dos tiras tentando nos capturar. Você só me usou, mas isso foi bom, me ensinou a não ser idiota - aquilo o machucou, falou com uma frieza e nem olhou para ele.

– Safira... – ela finalmente olhou pra ele, não foi um olhar meigo de compaixão, foi um olhar frio e assassino, de deixar até o mais corajoso dos homens com medo.

–Não quero mais voltar nessa merda de assunto! – ordenou – V-a-i e-m-b-o-r-a! - disse pausadamente.

Ele saiu sem hesitar.

Safira logo depois de se entupir da comida oferecida pegou no sono. Por volta das 19h00 despertou. Lavou seu rosto e calçou seus sapatos, já que não tinha o que fazer como ali o intuito não era fazer nada, ficou esperando as horas passarem sentada na cama. Tempos depois batem na porta, Williams abre.

– Vamos, a reunião já vai começar.

Ela se levantou sem dizer uma palavra, apenas seguiu-o. Passando em frente ao quarto de Blenda, ela nota a porta aberta, parou de andar, Williams nem se quer notou sua ausência, já que estava um pouco mais a sua frente. Encosta-se à porta e vê o segurança de Blenda sacudindo-a, já que ela estava num sono profundo e não queria acordar. Safira sabia que ela tinha um sono bem pesado, e só uma coisa a acordava:

– OLHA A COBRA! – gritou.

Blenda acorda num pulo dando um soco no queixo do segurança, que cai no chão.

– COMO? ONDE? – gritou ficando de pé em cima da cama desesperada, olhando para todos os lados em busca da tal cobra.

Williams ouvindo esta algazarra entrou no quarto, encontrando: um segurança caído no chão, uma mulher desesperada em cima da cama e a outra gargalhando loucamente.

– O que está acontecendo? – disse zangado.

O segurança acordou passando a mão no queixo com uma expressão de dor.

– O segurança... Estava tentando acordar a Blenda... – ela tentava parar de rir – Ai eu gritei... E ela acordou... E... O carinha foi nocauteado...

– Então não tem cobra?

– NÃO... – e caiu novamente na gargalhada.

– SUA VADIA! VOU TE MATAR!