Mistério da Rosa escrita por Ma Black


Capítulo 8
Eu Batizo Uma Flor


Notas iniciais do capítulo

Não tá dando assim. Eu coloquei em atualização automática, esperando que vocês continuassem com o apoio, mas apenas três ou quatro reviews por capítulo NÃO DÁ. Eu estou escrevendo pra fantasmas, por acaso? Eu acho que não.
Eu odeio fazer isso. Quem lê outras fics minha sabe que odeio, mas ou os fantasmas aparecem, ou eu vou demorar bem mtmtmtmt a atualizar. E esse "mtmtmt" pode durar o tempo que for necessário. Mesmo que não seja justo com quem sempre comenta, vai durar o tempo que for necessário.
Quero, pelo menos, 15 reviews. Estou sendo dura? Estou. Se quiser me xingar, tenho um grupo no facebook pras fics (https://www.facebook.com/groups/509459285819468/), mas até lá, até os fantasmas se manifestarem, vocês ficam sem atualização.
Me desculpem.



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Olhei para o lado e encontrei uma mulher com um rosto angelical dormindo encostada no meu ombro. Olhando assim até parecia que Katniss Everdeen não possuía preocupações e que não escondia segredos. Ali, naquele momento, ela parecia tão tranquila enquanto dormia sentindo o vento da colina batendo em seu rosto que fiquei até com pena de acordá-la pra ir pra casa, de modo que a carreguei no colo e a coloquei na charrete (que estava nos aguardando) sem que ela precisasse despertar.

Quando cheguei na casa da morena, tive que a acordar e ela, meio grogue, foi direto para o banheiro ao entrar em casa, dizendo precisar lavar o rosto e retocar a maquiagem.

Enquanto isso, um homem entrava na sala e me encarava de olhos cerrados. O Sr. Everdeen. Tremi internamente.

– Obrigado, Peeta Mellark. – agradeceu o Sr. Everdeen.

– Obrigado pelo...?

– Por cuidar de minha filha – ele esclareceu. – É um prazer finalmente conhecê-lo.

– Igualmente, senhor – e me virei para sua esposa: - Senhora Everdeen? Posso perguntar uma coisa?

– Sim? – disse com um sorriso e olhar maternal.

– O que a senhora queria dizer com aceitar as condições? – as palavras fugiram da minha boca antes que eu pudesse evitar e notei que os pais da Katniss trocaram olhares significativos. – Tem haver com política?

A pergunta era tem haver com o fato de o pai dela ser um traidor?, mas não fui capaz de perguntar com essas palavras.

– Ela não lhe contou nada, Peeta? – o Sr. Everdeen me olhava atentamente.

Aquela resposta significava se você tocar no assunto capitalismo em minha casa, você será um homem morto e não tem nada haver com isso, seu moleque controlado pelo Estado.

– Nada – respondi.

– Não tem nada haver com política – assegurou a Sra. Everdeen, simpaticamente. – Tem haver com o passado de Katniss, mas se ela não contou, imagino que não caiba a nós contar. Vamos ao jantar?

– Temos muito a conversar, senhor Mellark – anunciou o Sr. Everdeen.

Engoli em seco.

Por que aceitei ir a esse jantar? O que falar nele e como evitar a política, se ela faz parte da minha vida tão diretamente? E por que os pais da morena tanto me agradeciam por ter feito companhia a ela? São perguntas a mais para a minha lista de Perguntas Sem Respostas Para a Família Everdeen.

Os pais de Katniss foram até a sala de jantar e Prim apareceu na sala; eu estava lá com a desculpa de estar esperando a Katniss. A verdade é que estava apavorado com a ideia de ficar sozinho num cômodo com os pais da minha amiga.

– Oi, baixinha! – cumprimentei Prim. – Tudo bem?

– Ei, eu sou uma atriz profissional. Exijo respeito! Mas está tudo bem, sim. Na verdade, me desculpe pelo meu ataque de protecionismo. Você faz bem a Katniss.

– Sem problemas. Seu rosto é angelical demais para que eu fique com raiva.

Depois dessa, ela corou.

– Cúmplices? – propus. – Contra todos aqueles que querem machucar a Katniss?

– Ela não tem muitos inimigos assim. Mas tudo bem, parceiros de crime. Esse título cai melhor pra mim.

Sorri e Katniss deu a graça de sua presença. Ela tinha prendido o cabelo e estava mais desperta do que quando chegou em casa. Passou pela sala de jantar, mas o jantar ainda não estava posto.

– Oh, Peeta, venha ver uma coisa! – ela chamou, segurando minha mãe e arrastando-me para o jardim de trás.

Chegamos até uma grande área de cultivo de flores. Todas elas pareciam organizadas por cores e perguntei-me como Katniss fez aquilo. Eram incríveis. Ela realmente amava aquilo. Ela roeu as unhas, olhando para mim em expectativa. Acho que esperava que eu falasse algo, por isso, balbuciei:

– É incrível – olhei pra ela. – Como você.

As bochechas da morena adquiriram um tom escarlate, enquanto ela caminhava entre as flores.

– As rosas são as minhas favoritas – ela parou de frente a um canteiro de flores azuis e roxas. – Foi um pouco difícil mutar as flores. Sabe, mudá-las geneticamente para atingir a cor que gostaria, mas está aqui. E aqui – ela parou de frente a outro canteiro, de flores que ainda iriam crescer. – Tentei criar um laranja-esverdeado.

– Você dá nomes às flores?

– Sim, as azuis são Primroses, embora já exista uma planta chamada assim. As roxas, coloquei de Mockingjay, pois achei certo fazer isso. As verdes amareladas são Cloves, em homenagem a minha prima.

– Essas daqui tem nome? – indaguei, parando ao lado dela.

– Não. Escolha um nome.

– Que tal Everlark? – propus. – Laranja, minha cor favorita. Sou um Mellark.

– Verde, minha cor favorita.

– Você é uma Everdeen.

– Everlark – ela repetiu, sorrindo. – Serão nossas flores.

Peguei sua mão, sorrindo. Nossas flores. Eu gostava da ideia.

– Ali – ela continuava andando. – É onde faço minhas misturas de aromas. Para os perfumes. Estou fazendo uma mistura de rosas e margaridas. Mas não está ficando muito legal.

– Você leva isso a sério – observei.

– Eu amo o que faço.

– Tenho certeza disso.

Naquele momento, Prim apareceu correndo no jardim. Embora estivesse escuro, só havia uma baixinha loira naquela casa.

– O jantar está pronto. Mamãe e papai estão chamando para que os empregados possam colocar a mesa.

– Espere – mandou Katniss, parando de repente e fechando os olhos.

– Kat...? – perguntei, mas Prim se adiantou a abraçou a irmã.

– Katniss Shrader Trinket Abernathy Everdeen, respire.

Inspire. Agora, respire. Ok?

Katniss se largou da irmã e soltou os cabelos, vindo me abraçar e me derrubou no chão. Seu olhar era cem por cento pervertido, como se estivesse querendo me provocar. Katniss estava alterada. Algo estava errado, Katniss não agia assim. Seu hálito quente no meu rosto e nossa proximidade me assustava. Não que eu não quisesse beijá-la, mas o que me assustava era o fato de que ela estava dando em cima de mim, praticamente.

– Katniss! – Prim a chamou com um tom de preocupação quando a morena estava prestes a me beijar. Katniss virou e encarou a irmã com fúria nos olhos, mas depois de segundos a encarando relaxou a expressão. Murmurou um “desculpa” envergonhado e entrou dentro de casa, sem ao menos olhar no meu rosto.

Estranho.

Depois disso, o jantar ocorreu em ordem e bastante agradável, sem anormalidades. Todos na mesa se socializaram e todos nós conversávamos como se nos conhecêssemos há anos, como se eu fizesse parte da família, aliás. O Sr. Everdeen nem me assustava tanto assim.

– Há algo acontecendo? – perguntou a Sra. Everdeen, em um momento em que deve ter percebido que Katniss evitava me olhar.

– Nada – ela respondeu.

Katniss – repreendeu Prim. – Ela atacou o Peeta, mamãe. Lá fora. Ele.

Era um código, conseguia perceber, mas estava constrangido demais para pensar em algo. E, de repente, o clima na mesa se tornou mais pesado e todos se encaravam tensos, mas logo Katniss abriu um sorriso e continuou a comer tranquilamente.

Sim, ela estava sorrindo, mas de tanto observar e admirar seu rosto, acabei decorando suas expressões e sei que mesmo sorrindo ela parecia de certa forma magoada e culpada. Os olhos estavam constantemente molhados, mesmo que não parecessem lágrimas e seu sorriso escondia qualquer feição triste, porém, sabia que havia algo de errado.

Assim que o jantar terminou, Katniss beijou a cabeça do pai, minha bochecha e disse que precisava ficar um pouco sozinha. Será que falei algo que não deveria? Procurei olhares que me confortassem, mas nem mesmo Prim abandonou o olhar preocupado ao ver a irmã subir as escadas.

– Senhora... Senhora Everdeen? Eu posso...? – gaguejei.

– Claro, Peeta – ela me interrompeu. Seu olhar continha pena. Pena de mim?, me perguntei. – Suba.

Subi as escadas com cuidado. O que me esperava no primeiro quarto a esquerda depois da escada? Uma Katniss furiosa? Uma Katniss sensível? Qual seria sua reação? Hesitante, empurrei a porta entrando em seu quarto sem fazer barulho algum.

Encontrei Katniss deitada na cama, de costas pra porta, com a cabeça apoiada na mão esquerda e fungando. Katniss estava chorando. Dei uma batidinha na porta e ela se virou me encarando. Estava chovendo em seus olhos; as pesadas nuvens cinzas jogavam água para todos os lados. Ela ficava linda com a ponta do nariz rosado.

– Eu... Eu... P-Peeta... – ela não conseguia falar talvez pelos soluços que acompanhavam o choro, talvez por falta de coragem.

– Katniss, se acalma, respira e para de chorar. Eu ainda vou estar aqui quando isso acontecer, ok?

Ela me deu um abraço apertado e nos encostamos na cama. Ela ficou aproximadamente meia hora com a cabeça em meu peito apenas fungando e soluçando, enquanto eu alisava seus cachos castanhos tentando confortá-la. Ela ergueu os olhinhos ainda marejados pra mim e se levantou da cama.

– Katniss? – a chamei me levantando também.

– Desculpe-me por ter alimentado falsas esperanças, mas depois que você sair dessa casa hoje... Eu quero que... Bom... Não podemos ficar juntos, Peeta – Katniss abaixou o olhar.

– Você quer isso?

– Peeta... – ela dizia em tom de desculpa.

– Você quer que eu vá embora? Seja sincera. Esqueça os outros por um momento. Você quer que eu vá embora? – perguntei chegando mais perto para olhar no fundo dos seus olhos.

– Não. – a morena confessou, abaixando o olhar e uma pontinha de esperança se acendeu dentro de mim.

– Você quer ficar comigo? – perguntei fazendo-a olhar novamente pra mim.

– Sim.

– Você quer me beijar agora?

– Sim.

– E por que não beija?

– Porque não podemos.

– E por que não?

– Porque não, Peeta. Eu não quero que você sofra depois! – respondeu ela fazendo-me abrir um sorriso. Chegamos onde eu queria. – Eu te amo, Peeta e...

– Katniss, escuta uma coisa – a interrompi. – Vou te falar isso e vou embora, ok? Vou te dar um tempo para pensar, mas não pense que deixei de amar você. Apenas vou te deixar tomar suas próprias decisões, ok? Sem pressão.

– Ok.

– E a próxima vez que nos veremos será quando você se decidir. Quando você for bater em minha casa aceitando namorar comigo, ok?

– Ok.

– Katniss, você precisa parar de colocar a vida dos outros na frente da sua achando que isso é amor. E tem que parar de se sentir culpada pelas escolhas dos outros. Se eu posso me ferir com isso? Posso. Confio na sua palavra. Mas eu aceito isso. Na vida, não podemos escolher se vamos nos ferir ou não vamos. Mas somos capazes de escolher quem vai nos ferir. ¹

Então dei um beijo em sua bochecha e saí. Esperava de verdade que ela parasse para pensar no que disse. E que não demorasse tanto a pensar, porque daquele dia em diante, só a veria novamente quando ela entendesse.


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Notas finais do capítulo

¹ A frase em itálico é de A Culpa é das Estrelas, John Green.
Eu quis pôr essa frase porque... Bem, porque sim. Tudo bem, explicarei, mesmo quee ninguém se importe. Quando eu estou mal - não simplesmente mal, mas muito mal - eu costumo ler esse livro, porque a cada vez que eu leio, acabo captando uma mensagem diferente e ele me anima. Sei que uma hora irei enjoar dele, de tanto ler, e aí eu terei que encontrar outro livro para tirar lições. Por hora, é esse aí.
E, bem, eu tenho talvez o mesmo defeito que a Katniss da fic. Eu nunca cheguei a falar pra ninguém se afastar pq né, mas já tentei me isolar, sentindo culpa por escolhas que não foram minhas. Eu tenho um amigo que vivia me falando que isso era errado, e simplesmente não conseguia entender. Até que li novamente o livro e entendi o que meu amigo quis dizer.
Bem, desculpem pelo desabafo.
Até o próximo capítulo!



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