Harry Potter - A História de Ellie escrita por Bia


Capítulo 44
Quinto Ano em Hogwarts


Notas iniciais do capítulo

Olá como vão?
Eu queria dedicar essa capitulo totalmente ao meu herói, aposto que herói de vocês também, Alan Rickman, eu ainda não estou sabendo lidar com o que aconteceu, meu único consolo é que eu sei que ele está em um lugar melhor agora.
Enfim fica aqui o meu carinho por esse incrível ator que interpretou Severo Snape de uma forma que ninguém mais conseguiria e jamais irá conseguir interpretar. Ele me fez rir, chorar, odiá-lo e acima de tudo ama-lo.


“Não espero que vocês realmente entendam a beleza de um caldeirão cozinhando em fogo lento, com a fumaça a tremeluzir, o delicado poder dos líquidos que fluem pelas veias humanas e enfeitiçam a mente, confundem os sentidos. Posso ensinar-lhes a engarrafar fama, a cozinhar glórias, até a zumbificar se não forem o bando de cabeça-ocas que geralmente me mandam ensinar.” (Pedra Filosofal, capítulo 8)

Descanse em paz querido Alan, te amaremos Sempre, com todo o amor.

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Negritos: Jo
Boa leitura!



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Ellie seguiu o seu caminho até o salão comunal. Estava tão nervosa pelo comentário de Jorge que os cortes nas suas mãos eram insignificantes naquele momento. Quando entrou deu de cara com Harry, Hermione e Rony, tinha a esperança de que a sala estaria vazia, mas se enganou, depois de muita insistência, Ellie concordou em deixar Hermione cuidar de seus ferimentos que eram apenas arranhados superficiais comparados a de Harry. Mas se arrependeu quando viu Jorge entrar na sala. Ele estava tão distraído que quase não viu os quatro na sala. Ele sorriu sem graça e desejou boa noite, Ellie apenas bufou impaciente para Hermione, que fez carinho em seu braço como resposta. Logos após o momento tenso na sala, Harry voltou a falar com bichento em seu colo.

— Obrigado — disse, agradecido, cocando atrás das orelhas do gato com a mão esquerda.

— Eu ainda acho que vocês deviam reclamar — disse Rony em voz baixa.

— Não — disse Harry e Ellie ao mesmo tempo categoricamente.

— McGonagall ia endoidar se soubesse...

— Provavelmente ia. E quanto tempo você acha que levaria para Umbridge aprovar outro decreto dizendo que quem reclamar da Alta Inquisidora será imediatamente despedido?

Rony abriu a boca para retorquir, mas não emitiu som algum e, passado um instante, tornou a fechar a boca, derrotado.

— Ela é uma mulher horrível — disse Hermione baixinho. — Horrível. Sabe, eu estava dizendo ao Rony quando você entrou... temos de fazer alguma coisa a respeito dela.

— Eu sugiro veneno — disse Rony com ferocidade. Ellie piscou para Rony em resposta o deixando sem graça.

— Não... quero dizer, alguma coisa para divulgar que é uma péssima professora, e que não vamos aprender Defesa alguma com ela — explicou Hermione.

— Bom, e o que é que podemos fazer? — perguntou Rony bocejando. —Já é tarde à beça, não é não? Ela foi nomeada e veio para ficar, Fudge vai garantir isso.

— Bom — disse Hermione hesitante. — Sabe, estive pensando hoje... — Lançou um olhar nervoso a Harry, e então prosseguiu: — Estive pensando... talvez tenha chegado a hora de simplesmente... simplesmente nos virarmos sozinhos.

— Nos virarmos sozinhos fazendo o quê? — perguntou Harry, desconfiado, mantendo a mão flutuando na essência de murtisco.

— Bom... aprendendo Defesa Contra as Artes das Trevas sozinhos — concluiu Hermione.

— Ah, corta essa — gemeu Rony. — Você quer que a gente faça trabalho extra? Você tem ideia do quanto Harry e eu estamos outra vez atrasados com os nossos deveres e só estamos na segunda semana de aulas?

— Mas isto é muito mais importante do que os deveres de casa.

Harry e Rony arregalaram os olhos para ela. Ellie apenas observava sem fazer nenhuma objeção.

— Pensei que não houvesse nada mais importante no universo do que os deveres de casa! — caçoou Rony.

— Não seja bobo, claro que há — rebateu Hermione, e Harry notou, com um mau presságio, que o rosto da amiga se tornara inesperadamente radioso, com aquele tipo de fervor que o F.A.L.E. normalmente lhe inspirava. — Trata-se de nos prepararmos, como disse o Harry na primeira aula da Umbridge, para o que nos aguarda lá fora. Trata-se de garantir que realmente possamos nos defender. Se não aprendermos nada o ano inteiro...

— Não podemos fazer muita coisa sozinhos — disse Rony com um quê de derrota na voz. — Quero dizer, tudo bem, podemos ir procurar azarações na biblioteca e tentar praticá-las, suponho...

— Não, concordo, já passamos da fase em que podemos aprender apenas com livros — disse Hermione. — Precisamos de um professor, de verdade, que possa nos mostrar como usar os feitiços e nos corrigir quando errarmos.

— Se você está falando do Lupin... — começou Harry.

— Não, não, não estou falando de Lupin. Ele está ocupado demais com a Ordem e, de qualquer jeito, o máximo que poderíamos vê-lo seria nos fins de semana em Hogsmeade, e eles não acontecem com tanta frequência assim.

— Quem, então? — perguntou Ellie pela primeira vez.

Hermione deu um suspiro muito profundo.

— Será que não está óbvio? Estou falando do Harry.

Houve um momento de silêncio. Uma leve brisa noturna sacudiu as vidraças atrás de Rony, e o fogo oscilou.

— Falando de mim, o quê? — perguntou Harry.

— Estou falando de você nos ensinar Defesa Contra as Artes das Trevas.

Harry encarou Hermione. Depois se virou para Rony, e depois para Ellie que havia cobrido as sua curta saia com um cobertor dado por Rony, ela apenas deu de ombro, e voltou-se novamente pra Rony pronto para trocar os olhares exasperados que às vezes trocavam quando Hermione detalhava esquemas fora da realidade como o F.A.L.E., mas, para seu desânimo, Rony não parecia exasperado.

Estava com a testa ligeiramente enrugada, em aparente reflexão. Então disse:

— É uma ideia.

— O que é uma ideia? — perguntou Harry.

— Você. Nos ensinar.

— Mas...

Harry estava sorrindo agora, certo de que os dois estavam gozando com a cara dele.

— Mas eu não sou professor, não sei...

— Harry, você foi o melhor do ano em Defesa Contra as Artes das Trevas — disse Hermione.

— Eu? — Harry agora estava com um sorriso maior que nunca. — Não, não fui, você me bateu em todos os testes...

— Não é verdade — respondeu Hermione calmamente. — Você me bateu no terceiro ano: o único ano em que nós dois prestamos exames e tivemos um professor que realmente conhecia o assunto. E não estou falando de notas, Harry. Pense no que você já fez!

— Como assim?

— Sabe de uma coisa, não tenho certeza se quero alguém burro assim como professor — disse Rony a Hermione, com um sorriso afetado. Em seguida virou-se para Harry. — Vamos raciocinar — disse, fazendo uma cara igual à de Goyle quando se concentrava. — Uh... primeiro ano: você salvou a Pedra Filosofal de Você-Sabe-Quem.

— Mas aquilo foi sorte — retrucou Harry. — Não foi habilidade...

— Segundo ano — interrompeu-o Rony — você matou o basilisco e destruiu Riddle.

— É, mas se Fawkes não tivesse aparecido, eu...

— Terceiro ano — disse Rony, ainda mais alto — você enfrentou e pôs para correr uns cem Dementadores de uma vez só...

— Você sabe que aquilo foi por acaso, se o Vira-tempo não tivesse...

— No ano passado — continuou Rony, agora quase aos gritos — você tornou a enfrentar Você-Sabe-Quem...

— Escutem aqui! — disse Harry, quase com raiva, porque agora os três, Rony, Ellie e Hermione, estavam rindo tolamente. — Querem me escutar um instante? Parece muito legal quando vocês falam, mas foi tudo sorte: metade do tempo eu nem sabia o que estava fazendo, não planejei nada, fiz apenas o que me ocorreu na hora, e quase sempre tive ajuda...

Rony, Ellie e Hermione continuavam a rir tolamente, e a irritação de Harry começou a crescer; nem ele sabia por que estava ficando tão zangado.

— Não fiquem aí sentados com esse sorriso bobo como se soubessem mais do que eu, era eu quem estava lá, ou não? — perguntou, indignado. — Eu sei o que aconteceu, está bem? E não me safei de nada porque era genial em Defesa Contra as Artes das Trevas, me safei porque... porque recebi ajuda na hora certa ou porque tive um palpite certo... mas fiz tudo às cegas, não tinha a menor ideia do que estava fazendo... E PAREM DE RIR!

A tigela de essência de murtisco caiu no chão e se partiu. Harry percebeu que estava em pé, embora não conseguisse se lembrar de ter se levantado. Bichento disparou para baixo de um sofá. Os sorrisos de Rony, Ellie e Hermione tinham sumido.

— Vocês não sabem como é! Vocês, nenhum dos três, vocês nunca tiveram de encarar Voldemort, não é? Vocês pensam que é só decorar uma pá de feitiços e lançar contra ele, como se estivessem na sala de aula ou coisa parecida? O tempo todo você sabe que não tem nada entre você e a morte a não ser o seu... o seu cérebro ou sua garra ou o que seja... como se alguém pudesse pensar direito quando sabe que está a um segundo de ser morto ou torturado, ou está vendo seus amigos morrerem... nunca nos ensinaram isso nas aulas, como é que se lida com essas coisas... e vocês dois ficam aí sentados, achando que sou um garotinho sabido por estar em pé aqui, vivo, como se Diggory fosse burro, como se tivesse feito besteira; vocês não entendem, podia muito bem ter sido eu, e teria sido se Voldemort não precisasse de mim...

— Não estávamos falando nada disso, cara — disse Rony, estupefato. — Não estávamos falando mal do Diggory, não... você entendeu tudo ao contrário...

Ele olhou desamparado para Hermione, cujo rosto exibia uma expressão de choque. E depois para Ellie, que dos quatro era a mais calma ali. Hermione o encarou.

— Harry — disse ela timidamente — você não está vendo? É por isso... por isso mesmo que precisamos de você... precisamos saber como é realmente... enfrentar ele... enfrentar o Voldemort.

Ainda ofegante, ele tornou a se sentar na poltrona, percebendo, ao fazê-lo, que sua mão voltara a latejar barbaramente. Desejou não ter quebrado a tigela com a essência de murtisco.

— Bom... pense no assunto — disse Hermione baixinho. — Por favor?

Harry não conseguiu pensar em nada para responder. Já estava se sentindo envergonhado por ter explodido. Concordou com a cabeça, sem ter perfeita noção com o que estava concordando.

Hermione se levantou.

— Bom, vou me deitar, você vem Ellie? — disse, no tom mais natural que pôde. Ellie concordou com a cabeça, mas continuou sentada com a coberta em seu colo — Hum... boa noite.

Rony se levantou também.

— Você vem? — perguntou, sem jeito, ao amigo.

— Vou. Num... num minuto. Vou limpar essa sujeira.

Ele indicou a tigela partida no chão. Rony assentiu com a cabeça e foi embora.

— Reparo — murmurou Harry, apontando a varinha para os cacos de porcelana.

Harry encarou Ellie que também o encarava, ela tinha aquele mesmo sorriso de quando Harry fez varias coisas simples, mas que para ela eram incríveis, Harry sempre ficava sem graça com esse sorriso.

–Você não tem ideia do quão bom você é, não é mesmo? - Ela perguntou erguendo uma sobrancelha.

–Você também é muito boa... - começou Harry, mas foi cortado pela loira.

–Estamos falando de você agora – Ellie se levantou, e Harry ficou sem graça com a aproximação, talvez seja por conta das roupas que Ellie estava usando – Você é um excelente bruxo, nunca deixem que te digam o contrário, nós confiamos em você, sabemos que você pode nos ensinar. Eu acredito em você Harry... - Ellie se ajoelhou para ele. Eles estavam muito perto um do outro que nem no dia em que eles se beijaram.

–Ellie...

–Eu não vou te beijar Harry – Ela sorriu sem graça - pode ficar tranquilo...

–Mas...

–Boa noite Potter – Ellie se levantou e sorriu sem graça para Harry, que tinha os olhos presos no traseiro da loira a sua frente.

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–Fred – Ellie berrou após ver o ruivo no fim do corredor – Me diz que o seu irmão, não está indo para Hogsmead com a Suzanna?

–Eu não vou te dizer nada – Fred continuou a andar e Ellie começou a segui-lo.

–Ela é a maior piranha – Ellie teve que correr para acompanhar os passos longos do ruivo – Ela já ficou com a metade do time de quadribol da lufa-lufa... – Fred ergueu uma sobrancelha, mas não parecia surpreso - Seu irmão merece coisa melhor do que ela...

–Ah o meu irmão merece? – Fred parou bruscamente - E você Ell? Não acha que merece algo melhor que o Draco Malfoy?

–Que? - Ellie sentiu suas bochechas corarem - Não aconteceu nada entre mim e o Draco!

–Ainda – Fred segurou os seus dois braços e abaixou para encara-la nos olhos – Fique longe dele Ell, ele não é boa influencia...

–Você fala como se você e Jorge fossem – Ellie se irritou.

–É completamente diferente Ell, e você sabe disso...

–Não, não é. Draco não é tão mal como vocês falam! Você nem o conhece...

–E você o conhece? - Fred também aparentava estar irritado.

–Melhor do que você! Você não tem o direito de ficar falando mal dele por aí...

–Ah esqueci, só ele pode não é mesmo? - Fred se levantou.

–Vai comer coco de hipogrifo Fred – Ellie se virou, o que tinha dado na cabeça dela para vir falar com Fred? Ele é um idiota que nem o irmão.

–Ellie! - Hermione berrou o seu nome – O que está fazendo? - Hermione olhava confusa para a amiga sentada no chão.

–Eu estou me divertindo com esse Agoureiro não está vendo? - Ellie bufou para a morena que deu um passo para trás.

–Não vai para Hogsmead?

–Perdi a vontade...

–Mas e as aulas com o Harry...

–Ah, certo, eu vou só me de um segundo – Ellie bufou enquanto se levantava e desfazia o feitiço de imobilização no pequeno pássaro - Não conte isso a ninguém!

–Certo – Hermione riu enquanto entrelaçava os braços na amiga.

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Ellie junto a Hermione, Rony e Harry, tomavam cerveja amanteigada no cabeça de javali. Ellie fazia espumas subir e descer em seu copo tendo até uma vez sem querer derrubar em Rony o que deixou as suas orelhas vermelhas.

— Então, quem foi que você disse que viria encontrar a gente? — perguntou Harry, abrindo a tampa enferrujada da cerveja amanteigada e tomando um gole.

— Meia dúzia de pessoas — repetiu Hermione, verificando o relógio e olhando para a porta, ansiosa. — Pedi para chegarem por volta dessa hora, e tenho certeza de que todos sabem onde fica... ah, veja, talvez sejam elas agora.

A porta do pub se abrira. Uma faixa larga de poeira e luz dividiu momentaneamente o recinto, e em seguida desapareceu, bloqueada pela chegada de várias pessoas.

Primeiro entrou Neville com Dino e Lilá, seguidos de perto por Parvati e Padma Patil com (e aqui o estômago de Harry deu uma volta completa) Cho e uma de suas amigas risonhas, então (sozinha e parecendo tão sonhadora que poderia ter entrado por acaso) Luna Lovegood; depois Katie Bell, Alicia Spinnet e Angelina Johnson, Colin e Dênis Creevey, Ernesto Macmillan, Justino Finch-Fletchley, Ana Abbott, e uma garota da Lufa-Lufa, com uma longa trança descendo pelas costas, cujo nome Harry não sabia; três garotos da Corvinal que ele tinha certeza de que se chamavam Antônio Goldstein, Miguel Corner e Terêncio Boot, Gina, seguida de um garoto louro e magricela de nariz arrebitado, que Harry reconheceu vagamente como jogador do time de Quadribol da Lufa-Lufa e, fechando a fila, Fred e Jorge Weasley com o amigo Lino Jordan, todos três carregando grandes sacas de papel, cheias de artigos da Zonko’s.

–Merda – Ellie exclamou assustando os três, Hermione lhe mandou um olhar de reprovação - Vou me sentar com a Gina, sim? - dizendo isso ela deixou os três sozinhos.

— Meia dúzia de pessoas? — exclamou Harry, rouco, para Hermione. — Meia dúzia de pessoas?

— É, bom, a ideia pareceu muito popular — respondeu Hermione, feliz. — Rony, quer puxar mais umas cadeiras para cá?

O barman congelara no ato de limpar mais um copo, com um trapo tão imundo que parecia nunca ter sido lavado. Possivelmente nunca vira seu bar tão cheio.

— Oi — disse Fred, chegando primeiro ao bar e contando rapidamente seus companheiros, ele deu um olhar nervoso para Ellie que parecia estar fascinada demais pela teia de aranha formada na janela — pode nos servir... vinte e cinco cervejas amanteigadas, por favor?

O barman o encarou por um momento, então, jogando no chão o seu trapo, irritado, como se tivesse sido interrompido no meio de alguma coisa importante, começou a passar as cervejas amanteigadas cheias de poeira de baixo para cima do balcão.

— Obrigado — disse Fred, distribuindo-as. — Pessoal, pode ir se coçando, não tenho ouro para tudo isso...

Harry observava, entorpecido, enquanto o enorme grupo apanhava as cervejas com Fred e procurava moedas nos bolsos para pagá-las. Não conseguia imaginar para que toda essa gente aparecera até lhe ocorrer o horrível pensamento de que poderiam estar esperando uma espécie de discurso, ao que ele se virou para Hermione.

— Que foi que você andou dizendo a essas pessoas? — perguntou em voz baixa. — Que é que elas estão esperando?

— Eu já falei, só querem ouvir o que você tem a dizer — disse Hermione para acalmá-lo, mas Harry continuou a olhar tão zangado que ela acrescentou depressa: — Você não tem de fazer nada por enquanto, eu vou falar com eles primeiro.

— Oi, Harry — cumprimentou Neville, sorrindo e se sentando em frente a ele.

Harry tentou retribuir o sorriso, mas não respondeu; sua boca estava excepcionalmente seca. Cho acabara de sorrir para ele e se sentara à direita de Rony. A amiga dela, que tinha cabelos louro-avermelhados e crespos, não sorriu, mas deu a Harry um olhar cheio de desconfiança, indicando que, se tivesse tido escolha, não estaria ali.

Em pares e trios, os recém-chegados se acomodaram em volta de Harry, Rony e Hermione, alguns parecendo muito excitados, outros curiosos, Luna mirando sonhadoramente o espaço. Quando todos terminaram de puxar cadeiras e se sentar, a conversa morreu. Todos os olhares se concentraram em Harry. No fim, Gina e Dino junto a uma Ellie irritada se juntaram a eles.

–Parece que eu estou de volta não é mesmo? - Ela sorriu torto para Harry, que sentia o seu coração bater velozmente.

— Hum — começou Hermione, a voz ligeiramente mais alta do que normalmente, nervosa. — Bom... hum... oi.

O grupo transferiu as atenções para ela, embora os olhares continuassem a se voltar a intervalos para Harry.

— Bom... hum... bom, vocês sabem por que estão aqui. Hum... bom, Harry, aqui, teve a ideia, quero dizer — (Harry lhe lançara um olhar cortante.) — eu tive a ideia... que seria bom se as pessoas que quisessem estudar Defesa Contra as Artes das Trevas, e quero dizer realmente estudar, sabem, e não as bobagens que a Umbridge está fazendo com a gente... — a voz de Hermione de repente se tornou mais forte e mais confiante. — Porque ninguém pode chamar aquilo de Defesa Contra as Artes das Trevas. (— Apoiado, apoiado — disse Antônio Goldstein, e Hermione pareceu se animar.) — Bom, eu pensei que seria bom se nós, bom, nos encarregássemos de resolver o problema.

Ela parou, olhou de esguelha para Harry e continuou:

— Com isso, eu quero dizer aprender a nos defender direito, não somente em teoria, mas praticando realmente os feitiços...

— Mas acho que você também quer passar no N.O.M. de Defesa Contra as Artes das Trevas, não? — perguntou Miguel Corner.

— Claro que quero — respondeu Hermione imediatamente. — Mas, mais do que isso, quero receber treinamento em defesa adequado porque... porque... — ela tomou fôlego e concluiu — porque Lord Voldemort retornou.

A reação foi imediata e previsível. A amiga de Cho guinchou e derramou cerveja amanteigada na roupa; Terêncio Boot teve uma contração involuntária; Padma Patil se arrepiou; e Neville deu um ganido estranho, que ele conseguiu transformar em uma tossida. Todos, porém, olharam fixamente, e até mesmo pressurosamente, para Harry.

— Bom... pelo menos este é o plano — disse Hermione. — Se vocês quiserem se juntar a nós, precisamos resolver como vamos...

— E cadê a prova de que Você-Sabe-Quem retornou? — perguntou o jogador louro da Lufa-Lufa, num tom bem agressivo.

— Bom, Dumbledore acredita que sim... — começou Hermione.

— Você quer dizer que Dumbledore acredita nele — interrompeu o garoto louro, indicando Harry com a cabeça.

— Quem é você? — perguntou Rony, sem muita polidez.

— Zacarias Smith, e acho que tenho o direito de saber exatamente o que faz você afirmar que Você-Sabe-Quem retornou.

— Olhe — respondeu Hermione, intervindo rapidamente — não foi bem para tratar desse assunto que organizamos a reunião...

— Tudo bem, Hermione — disse Harry.

Acabara de lhe ocorrer por que havia tantas pessoas ali. E achou que Hermione devia ter previsto. Algumas daquelas pessoas, talvez até a maioria, aparecera na esperança de ouvir a história de Harry em primeira mão.

— O que me faz afirmar que Você-Sabe-Quem retornou? — ele repetiu a pergunta, encarando Zacarias nos olhos. — Eu o vi. Mas Dumbledore contou a toda a escola o que aconteceu no ano passado, e, se você não acreditou nele, também não vai acreditar em mim, e não vou perder a tarde tentando convencer ninguém.

O grupo inteiro pareceu ter prendido a respiração enquanto Harry falava. Ele teve a impressão de que até o barman estava ouvindo; continuara a limpar o mesmo copo com o trapo imundo, deixando-o cada vez mais sujo.

Zacarias falou, mudando de tom:

— Só o que Dumbledore nos contou no ano passado foi que Cedrico Diggory foi morto por Você-Sabe-Quem, e que você trouxe o cadáver de volta a Hogwarts. Ele não nos deu detalhes, não nos contou exatamente como Cedrico foi morto, acho que todos gostariam de ouvir...

— Se você veio ouvir, exatamente, como é que Voldemort mata alguém, eu não vou poder ajudá-lo. — Sua irritação, ultimamente sempre tão à flor da pele, estava mais uma vez crescendo. Não tirou os olhos do rosto agressivo de Zacarias Smith, e estava decidido a não olhar para Cho. — Não quero falar sobre Cedrico Diggory, está bem? Portanto, se é para isto que você veio, é melhor ir embora.

Ele lançou um olhar zangado em direção a Hermione. Achava que aquilo era culpa dela; resolvera pintá-lo como uma espécie de aberração, e é claro que todos tinham aparecido só para saber até que ponto chegava sua história delirante. Mas nenhum deles se levantou, nem mesmo Zacarias Smith, embora continuasse a observar Harry atentamente.

— Então — recomeçou Hermione, com a voz novamente muito esganiçada. — Então, como eu ia dizendo... se vocês quiserem aprender alguma defesa, então precisamos resolver como vamos fazer isso, com que frequência vamos nos encontrar e aonde vamos nos...

— É verdade — interrompeu a garota, com a longa trança nas costas, olhando para Harry — que você é capaz de produzir um Patrono?

Correu um murmúrio de interesse pelo grupo quando ela disse isso.

— Sou — confirmou Harry, ligeiramente na defensiva.

— Um Patrono corpóreo?

A frase despertou uma lembrança na cabeça de Harry.

— Hum... você conhece Madame Bones? — perguntou ele.

A garota sorriu.

— É minha tia. Sou Susana Bones. Ela me contou como foi a sua audiência. Então... é verdade mesmo? Você conjura um Patrono em forma de veado?

— Conjuro.

— Caramba, Harry! — exclamou Lino, parecendo profundamente impressionado. — Eu não sabia disso!

— Mamãe disse a Rony para não espalhar — comentou Fred, sorrindo para Harry. — Disse que Harry já chamava muita atenção sem isso.

— Ela não está errada — murmurou Harry, e algumas pessoas deram risadas.

A bruxa de véu, sentada sozinha, mexeu-se ligeiramente na cadeira.

— E você matou um basilisco com aquela espada que fica na sala de Dumbledore? — perguntou Terêncio Boot. — Foi o que um dos quadros na parede me contou quando estive lá no ano passado...

— Hum... é, matei, sim.

Justino Finch-Fletchley assobiou, os irmãos Creevey se entreolharam, assombrados, e Lilá Brown exclamou baixinho: “Uau!” Harry estava se sentindo um pouco quente em volta do pescoço agora; e determinado a olhar para qualquer lugar menos para Cho.

— E no nosso primeiro ano — contou Neville ao grupo — ele salvou a Pedra Teosofal...

— Filosofal — sibilou Hermione.

— Isso... das mãos de Você-Sabe-Quem — concluiu Neville.

Os olhos de Ana Abbott estavam redondos como dois galeões.

— E isso para não mencionar — disse Cho (Harry se virou instantaneamente para ela; Cho estava olhando para ele e sorrindo; seu estômago deu mais uma cambalhota) — todas as tarefas que ele precisou realizar no Torneio Tribruxo no ano passado: passar por dragões, sereianos e acromântulas e outros seres...

Houve um murmúrio de concordância favorável em torno da mesa. As entranhas de Harry se reviravam. Ele tentou acertar sua expressão para não parecer demasiado presunçoso. O fato de que Cho acabara de elogiá-lo tornara muitíssimo mais difícil dizer o que jurara que diria aos colegas.

— Escutem — disse ele e todos silenciaram na mesma hora — não quero parecer que estou tentando ser modesto nem nada, mas... tive muita ajuda em tudo que fiz...

— Não, com o dragão você não teve — disse Miguel Corner imediatamente. — Aquilo foi um voo superirado...

— É... bom — concordou Harry, sentindo que seria grosseiro discordar.

— E ninguém ajudou você a se livrar dos Dementadores, agora no verão — disse Susana Bones.

— Não — concordou Harry — não, o.k., eu sei que fiz algumas coisas sem ajuda, mas o que estou tentando dizer é que...

— Você está tentando fugir do compromisso de nos mostrar tudo isso? — perguntou Zacarias.

— Tenho uma ideia — disse Ellie em voz alta, claramente irritada — por que você não cala a boca?

— Ora, todos viemos para aprender com Harry, e agora ele está dizendo que, no duro, não sabe fazer nada disso. Estou sendo apenas honesto docinho.

Ellie revirou os olhos irritada.

— Não foi isso que ele disse — reagiu Fred. Ele parecia estar tão irritado como a Ellie, mas não tanto como o Jorge

— Quer que a gente limpe seus ouvidos para você, docinho? — perguntou Jorge, tirando um longo instrumento metálico de aspecto letal, de dentro de uma das sacas da Zonko’s.

— Ou enfie isso em qualquer outra parte do seu corpo, para falar a verdade, não somos muito luxentos — acrescentou Fred.

Ellie sorriu para os gêmeos. Não tinha ideia do que seria da sua vida sem eles ao seu lado.

— Bom — disse Hermione depressa — continuando... a questão é: estamos de acordo que queremos tomar aulas com o Harry?

Houve um murmúrio de aprovação geral. Zacarias cruzou os braços e se manteve calado, talvez porque estivesse ocupado demais em prestar atenção ao instrumento na mão de Fred.

— Certo — disse Hermione, parecendo aliviada de que alguma coisa tivesse sido finalmente decidida. — Bom, então, a próxima questão é: com que frequência vamos ter essas aulas? Na verdade, eu acho que não adianta nada nos encontrarmos menos de uma vez por semana...

— Calma aí — disse Angelina — precisamos ter certeza de que não vão se chocar com o nosso treino de Quadribol.

— Não — disse Cho — nem com o nosso.

— Nem com o nosso — acrescentou Zacarias.

— Tenho certeza de que vamos encontrar uma noite que sirva para todos — disse Hermione, com leve impaciência — mas, sabem, as aulas são muito importantes, estamos falando de aprender a nos defender dos Comensais da Morte de V-Voldemort...

— Muito bem! — bradou Ernesto Macmillan, que Harry esperara que falasse muito antes disso. — Pessoalmente, eu acho que as aulas são realmente importantes, possivelmente mais importantes do que qualquer outra coisa que vamos fazer este ano, até mesmo os N.O.M.s que vêm aí!

Ernesto olhou para os lados ostensivamente, como se esperasse que os colegas fossem gritar: “Claro que não são!”, mas ninguém disse nada, então ele continuou:

— Pessoalmente, não consigo entender por que o Ministério nos impingiu uma professora inútil como essa, em um período tão crítico. É óbvio que se recusam a admitir o retorno de Você-Sabe-Quem, mas daí a nos mandar uma professora que está tentando nos impedir por todos os meios de usar feitiços defensivos...

— Nós achamos que a razão por que Umbridge não quer que treinemos Defesa Contra as Artes das Trevas — disse Hermione — é que ela tem uma ideia alucinada de que Dumbledore pode usar os alunos da escola como um exército particular. Acha que ele poderia fazer uma mobilização contra o Ministério.

Quase todos pareceram perplexos com essa notícia: todos, exceto Luna, que começou a falar:

— Bom, isso faz sentido. Afinal de contas, Cornélio Fudge tem um exército particular.

— Quê? — exclamou Harry, completamente perturbado com a inesperada informação.

— E, ele tem um exército de heliopatas — confirmou ela, solenemente.

— Não, não tem — retorquiu Hermione com rispidez.

— Tem sim.

— E o que são heliopatas? — perguntou Neville, sem entender.

— São espíritos do fogo — explicou Luna, arregalando os olhos saltados e parecendo mais maluca que nunca — figuras altas, grandes e flamejantes que galopam pela terra queimando tudo que encontram...

— Isso não existe, Neville — disse Hermione com azedume.

— Ah, existe, existe, sim! — repetiu Luna, zangada.

— Me desculpe, mas onde está a prova de que existe? — retorquiu Hermione.

— Há muitos depoimentos de testemunhas oculares. Só porque você tem a mentalidade tão tacanha que precisa que se enfie as coisas embaixo do seu nariz...

Ellie não aguentou e caiu na gargalhada, sendo acompanha pelos Weasley.

— Hem, hem — fez Gina, numa imitação tão perfeita da Profª Umbridge, que várias pessoas se viraram assustadas, mas em seguida caíram na gargalhada. — Nós não estávamos decidindo quantas vezes vamos nos encontrar para tomar aulas de defesa?

— Estávamos — disse Hermione na mesma hora — sim, estávamos, você tem razão, Gina.

— Bom, uma vez por semana parece legal — sugeriu Lino.

— Desde que... — começou Angelina.

— Tá, tá, o treino de Quadribol — disse Hermione em tom tenso. — Bom, a outra coisa é decidir onde vamos nos encontrar...

Isso já era mais difícil; o grupo todo se calou.

— Na biblioteca? — sugeriu Katie Bell, após alguns instantes.

— Não consigo imaginar Madame Pince muito satisfeita vendo a gente fazer azarações na biblioteca — disse Harry.

— Talvez uma sala fora de uso? — sugeriu Dino.

— É — concordou Rony. — Talvez a McGonagall nos ceda a sala dela, já fez isso quando Harry estava praticando para o Tribruxo. E Ellie tem aulas lá quase todos os dias...

Mas Harry tinha certeza de que, desta vez, McGonagall não seria tão cordata. Apesar de tudo que Hermione dissera sobre a legalidade de estudos e trabalhos em grupo, ele tinha a nítida impressão de que esta atividade poderia ser considerada muito mais rebelde.

Não é quase todos os dias Ronald. E é totalmente diferente, e além do mais isso poderia causar um baita problema para a Minerva... - Ellie respondeu a Rony.

— Certo, vamos tentar encontrar um lugar — disse Hermione. — Mandaremos um recado para todos quando tivermos acertado a hora e o local do primeiro encontro.

Ela vasculhou a bolsa e tirou um pergaminho e uma pena, então hesitou, como se estivesse criando coragem para dizer alguma coisa.

— Acho... acho que todos deviam escrever seus nomes para sabermos quem está presente. Mas acho também — e inspirou profundamente — que todos devemos concordar em não sair por aí anunciando o que estamos fazendo. Então, se vocês assinarem estarão concordando em não contar a Umbridge nem a mais ninguém o que pretendemos fazer.

Fred estendeu a mão para o pergaminho e o assinou com animação, mas Harry reparou na mesma hora que várias pessoas pareciam bem menos satisfeitas com a perspectiva de colocar os nomes na lista.

— Hum... — disse Zacarias lentamente, sem receber o pergaminho que Jorge tentava lhe passar com um olhar irritado em cima de si — bom... tenho certeza de que Ernesto vai me avisar quando souber da reunião.

Mas Ernesto parecia bem hesitante em assinar, também. Hermione ergueu as sobrancelhas para ele.

— Eu... bom, nós somos monitores — desabafou. — E se descobrirem essa lista... bom, quero dizer... você mesma disse, se a Umbridge descobrir...

— Você acabou de dizer ao grupo que era a coisa mais importante que você ia fazer este ano — lembrou-lhe Harry.

— Eu... certo — disse Ernesto — acredito realmente nisso, só que...

— Ernesto, você realmente acha que eu deixaria essa lista largada por aí? — perguntou Hermione, irritada.

— Não. Não, claro que não — disse Ernesto, perdendo um pouco da ansiedade. — Eu... é claro, vou assinar.

Ninguém mais fez objeções depois de Ernesto, embora Harry tenha visto a amiga de Cho lançar a ela um olhar de censura, antes de acrescentar o nome à lista. Quando a última pessoa – Zacarias – assinou, Hermione recolheu o pergaminho e guardou-o com cuidado na bolsa. Havia um clima estranho no grupo agora. Era como se tivessem acabado de assinar uma espécie de contrato.

— Bom, o tempo está correndo — disse Fred com vivacidade, ficando em pé. — Jorge, Lino e eu temos uns artigos de natureza delicada para comprar, veremos vocês depois.

Ellie lhes mandou um olhar cortante, enquanto eles se retiravam, mas antes dos três saírem Lino sussurrou algo em seu ouvido que fez Ellie abrir um enorme sorriso, Harry ficou imaginando o que foi.

Ellie se despediu dos amigos e fez o seu caminho até as Zonkos, Lino realmente havia melhorado o seu humor, ele havia lhe dito que Jorge dera um enorme fora em Suzanna, o que deixou Ellie sorridente até o fim do dia.


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Notas finais do capítulo

— Quer que a gente limpe seus ouvidos para você, docinho? — perguntou Jorge. HAHAHAHA

Que capitulo gigante meu senhor! hahaha
Venho lhes avisar que os próximos podem ser grandes assim também, Ordem da Fenix está gigante!
Espero que tenham gostado, o próximo capitulo será bom, me diverti bastante escrevendo, não mais do que o que vira depois dele... aguardem...
ESTÁ CHEGANDO JORGE E ELLIE VÃO FINALMENTE SE ACERTAR
tenho que dizer que está sendo muito divertido escrever a relação dos dois!

Um grande beijo



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