O Último Beijo escrita por Darth J


Capítulo 1
Maktub


Notas iniciais do capítulo

Bom, essa fanfic é muito antiga - do meu antigo perfil que eu deletei, por isso deve haver alguns erros porque estou com preguiça de ''betar''. Enfim.



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27.01.2013
Boate Kiss, Santa Maria.

Já se passava da meia-noite e todos meus conhecidos estavam ali. Na mesma boate, comemorando a entrada para universidade ou apenas participando da fraternidade. Estávamos todos felizes e animados. Eu estava ao lado de Gustavo, em frente ao palco. Comemorávamos 1 ano e 2 meses de namoro. A banda que tocava agora era Gurizada Fandangueira. A banda era realmente boa, todos gostavam e dançavam ao som de uma de suas músicas.

– No que está pensando, amor? - Gustavo me chamou a atenção. O olhei e sorri.

– No quanto eu te amo e te quero por perto. Pra sempre. - ele se aproximou, me dando um beijo apaixonado.Beatriz, uma das minhas amigas, se aproximou de nós sorrindo acompanhada de Marcelo, um amigo do grupo.

–Estamos indo pra casa, vocês vem juntos?– Marcelo disse.

Eu olhei para Gustavo e ele balançou a cabeça negativamente.

– Não, estamos bem aqui. Depois iremos, tudo bem?

Eles assentiram e Bia me deu um beijo na bochecha dizendo um tchau e logo em seguida os dois se encaminharam para a saída.

Disse ao Gustavo que precisava ir ao banheiro, mas que logo voltaria.

Não demorei nem 10 minutos no banheiro. Só fui para retocar um pouco da maquiagem e falar com algumas amigas enquanto estávamos dentro do banheiro. Voltei para frente do palco tentando achar Gustavo. O lugar estava cheio. Assim que o avistei, me aproximei dele o abraçando pela cintura, ele virou o rosto selando nossos lábios.

Olhamos para a banda posicionada no centro do palco, o vocalista acendia um sinalizador. Os integrantes da banda estavam animados, rindo assim como todos no local. Eles continuaram a tocar.

Depois de alguns segundos, algumas pessoas começaram a correr desesperadamente, eu olhei para o Gustavo sem entender e ele olhava para o que acontecia acima de mim. Ele era mais alto. Olhei para cima. O teto pegava fogo. Fiquei apavorada, uma fumaça preta saia rapidamente pelo teto. No meio da multidão e entre muitos empurrões, acabei largando Gustavo.

Todos estavam nervosos. A fumaça havia tomado o lugar, mas ainda havia certa visibilidade. Eu queria sair dali, mas não conseguia. Não só pela multidão, mas porque queria encontrar o Gustavo.

Avistei seu cabelo de longe e tentei correr o mais rápido que podia para perto dele. Ele se virou e me puxou para perto, eu já respirava com dificuldade.

– VOCÊ PRECISA IR EMBORA! - ele gritou para que eu o ouvisse.

– E VOCÊ?– disse enquanto tossia.

– EU PRECISO AJUDAR MEUS AMIGOS. EU TE AMO GURIA! AGORA VÁ.

Ele me abraçou e me deu um beijo. O beijo foi estranho. Estava com gosto de foligem. Mas mesmo assim, ele afastou nossos corpos e retirou um colar que sempre usava, desde a morte de seu pai. Colocou o mesmo no meu pescoço, puxou sua camisa até o nariz cobrindo a boca e se virou, juntando-se a outros rapazes que tentavam ajudar as pessoas caídas no chão.

Eu sentia lágrimas no meu rosto enquanto lutava para sair daquele lugar. Não conseguia ver absolutamente nada. Olhei para cima e vi uma luz brilhando. Demorei para conseguir ler o que estava escrito. ´´ENTRADA``. Várias pessoas tentavam sair pela porta, o espaço era pequeno e algumas acabavam caindo e sendo pisoteadas. Eu respirava com muita dificuldade.

Não sei como, mas consegui sair de lá. Apoiei minhas mãos nos joelhos e tossia loucamente tentando tirar a fumaça de meus pulmões. Olhava para todos os lados e não via ninguém conhecido ou não reconhecia ninguém... Minha cabeça girava, eu já não tinha raciocínio. Senti meu corpo ser jogado contra o chão por outra pessoa, mas não vi quem era. Meu celular vibrava no bolso da minha jaqueta. Eu não tinha forças para pegá-lo e atender seja lá quem fosse. Poderia ser o Gustavo... Ou a Jaqueline... Ou Beatriz... Ou...

Fechei os olhos lentamente querendo que tudo aquilo desaparecesse e quando acordasse, perceberia que foi tudo um pesadelo e eu estaria em meu quarto, nos braços de meu amor, com minha família alguns metros de distância.

03.03.2013

Márcia, mãe de Amanda, estava ao lado da cama onde a filha se encontrava agora. Seis dias após o ocorrido, ela estava mais calma, sabendo que Amanda não havia morrido, mas estava gravemente ferida. Ela havia inalado muita fumaça e seu corpo estava com vários hematomas. Em seu pescoço encontrava-se um colar com um símbolo de uma cruz dourada amarrada a um cordão preto. Era de Gustavo, o namorado de sua filha. Pelo que ouvira, ele havia morrido.Gisele, a mãe do garoto, teve de ir ao ginásio reconhecer o corpo dele.

Márcia estava perdida em pensamentos, segurando a mão de sua filha, agora com um aparelho respiratório no rosto, quando Amanda abriu os olhos lentamente. Ela despertou de seus pensamentos e apertou a mão da filha.

– Amanda!

Sua filha virava os olhos, devia estar confusa. Pensou.

– Mãe... - ela disse baixo, com a voz rouca e falhada.

Sua mãe sentia lágrimas rolarem pelo seu rosto. Queria abraçar ao corpo frágil da filha, mas não podia. Não queria trazer mais dor para a menina. Deus havia sido muito bom em dar uma nova chance para ela e para Amanda.

– Eu te amo, filha. - foi tudo o que conseguiu dizer.

– O... Gus... Mãe... - ela falava entre gemidos e Márcia compreendeu o que sua filha queria dizer. Sentiu um aperto no coração. Por que teria de ser ela a falar o que aconteceu com o garoto? Por quê?

– Ele.Bom, filha... Ele... – foi interrompida.

–Fala mãe, por favor.

– Ele não conseguiu... - sussurrou baixinho.

Olhou para o rosto da filha. Tinha uma expressão de choro, confusão e até raiva. Respirou fundo e deu um beijo na bochecha de Amanda.

– Mas ele salvou o melhor amigo dele, querida. Ele está internado aqui também.

Nesse instante, Amanda fechou os olhos e sua mãe a viu chorar. Sem emitir algum ruído. Apenas chorar silenciosamente. Ela sussurrava palavras doces perto da orelha de sua filha. Dizendo que tudo iria ficar bem, logo a moça adormeceu.

Não sabia o que aconteceria daqui pra frente. Ninguém sabia.

Como superar a perda daqueles que amamos? Que conhecemos desde quando éramos pirralhos. Vivendo implicando uns com os outros, brigando, discutindo, mas no fundo o principal: amando. Aquelas lembranças estariam sempre na memória daqueles que conseguiram sair daquele local a tempo.

Afinal, todos sabemos que é assim. Certo? Sempre perdemos aqueles com quem convivemos, amamos ou até odiamos. Ninguém vive para sempre, mas o que nos difere não é o modo como morremos e sim a forma como superamos e continuamos nossas vidas.


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