Sinal escrita por Universo das Garotas


Capítulo 7
7º capítulo




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7º Capítulo – Fred

Levantei bem cedo, mais do que o costume. Nem consegui dormir bem. Aquela advogada não saía da minha cabeça. Pensava como iria encontrar de novo tal pessoa. Sabia que a perícia das máquinas seria dali dois dias mas era tempo demais. Então lembrei da batida do meu carro e resolvi ligar para a mulher com essa desculpa. O telefone que eu tinha era apenas do escritório.

Esperei dar 08hs da manhã, quando a maioria das pessoas já estavam trabalhando e liguei no número. Chamou várias vezes sem respostas. Desci para o andar de baixo da minha casa, um espaço amplo na área externa da piscina em que eu tomava café todos os dias, com a mesa maravilhosamente posta. Havia tudo que um hotel cinco estrelas teria para oferecer e isso na minha casa.

Eu fazia questão de ter muitas variedades na minha mesa em qualquer refeição mas o café era para mim ainda mais especial. Embora eu só comesse duas fatias de queijo e uma xícara de café, gostava apenas de apreciar a fartura de comida. E como era bela a cena de um café da manhã com variedades de pães, geleias, frutas e iogurtes. Sem mencionar as trufas e bolos preparados todas as manhãs. Para não haver desperdício, já que eu exigia que tudo fosse preparado e servido no mesmo dia, após a minha saída da mesa os funcionários recolhiam esses lanches para comê-los na área da cozinha destinada a eles.

Na minha mesa somente eu sentava. Já se passava das 10hs da manhã quando tentei inutilmente falar no escritório da advogada. Novamente ninguém atendeu. Se ela não estava, não tinha ao menos uma maldita secretária? Sem a menor paciência com aquela situação, subi para meu quarto, vesti meu terno Armani, calcei sapatos italianos, mas sem gravatas. Acho detestáveis a maneira como se coloca-as como se pudessem sufocar o sujeito que as usa. Me recuso a esse detalhe da elegância masculina, apenas limito a usar roupas e sapatos muito caros.

Decidir ir para a Global Time. No caminho, fui dirigindo meu próprio Alfa Romeo, que ainda ostentava a marca da batida na lateral da frente. Recusei a oferta de conserto do meu agente de compras de veículos, preferi aguardar um novo modelo exclusivo que chegaria final do ano. No meio do caminho não sei bem porque desviei um pouco da rota para a empresa e decidir virar na rua do escritório da advogada. Parei no estacionamento do prédio, entreguei ao manobrista as chaves e fui para o saguão.

Era um prédio antigo, embora imponente, de grandes salas na maioria de escritórios de contabilidade e de advogados. Me dirigi a recepção, observando atrás um painel que dizia as salas e os respectivos proprietários. Rapidamente identifiquei sala 1101, Dra. Ana Beatriz Figueiroa.

– Bom dia, Sr. Qual sala? Surpreendido pela recepcionista idosa, na casa de seus 60 anos, respondi com o meu melhor sorriso:

– Vou visitar a minha amiga Ana Beatriz no 1101.

– Bia? Argh, quero dizer a Dra. Beatriz? Ela ainda não chegou, Se quiser pode aguardar nas poltronas laterais. Geralmente ela chega nesse horário mesmo. Aguardar? Eu não fazia isso há tempos mas já estava ali mesmo. Estranhei o comentário da senhora sobre o horário de trabalho da tal advogada. Como assim trabalha depois das 10hs da manha?? Nem eu que sou dono de várias empresas me dou a esse luxo.

Resolvi sentar mas quando tinha dado 15 minutos, levantei e informei a senhora que daria uma volta no quarteirão e depois retornava.

– Claro, direi a Dra. Bia que o Sr..... Eu não respondi, fui andando na direção das portas da saída para a rua. O dia fazia um calor dos infernos e logo ficou claro que sem o ar condicionado do prédio eu iria derreter dentro do meu terno. Resolvi voltar para o prédio. Quando me viu a Senhora abriu um sorriso e disse:

– Ela já chegou, quem devo anunciar?

– Não diga nada, por favor. Eu quero fazer uma surpresa. Há tempos não há vejo. Ela ainda anda naquele modelo de carro antigo, da GM?

– Claro! Bia jamais abandonaria ele...Bem eu não vou avisa-la mas preciso pelo menos conferir sua identidade. Entreguei a ela o que me pedia e continuei a estampar um super sorriso na cara só para não ser questionado, se alguém que me conhecesse me visse diria que eu só poderia estar com algum erro de aplicação botulínica na face para sorrir assim. Mas eu estava em terreno inimigo e tinha que usar a minha melhor arma: persuasão masculina nível 10.

Ela também sorria, quase encantada demais, provavelmente pela minha aparência. Subi para elevador até o 11º andar. Quando as portas se abriram, virei até a sala da advogada. Estava nervoso e suando debaixo do terno (como assim?) mas mantive a minha postura. A porta se moveu e uma distraída Beatriz ao celular me atendeu olhando boquiaberta para minha pessoa:

– Só um minuto mãe, Sr. ??

– Frederico – respondi...

– Sim sim, o que deseja Sr. Frederico? Ela tentava demonstrar seriedade mas um movimento na lateral da sua boca, como um tique nervoso traía sua dona, demonstrando o que minha presença lhe causava (assim como em mim)

– Poderia lhe falar dentro da sua sala? Ela pareceu hesitar por um minuto, voltou ao celular:

– Mãe nos falamos mais tarde. Tenho visita. Não sei ainda, depois te ligo. Tchau mãe – ela olhou para mim e disse simplesmente - Entre Sr. Frederico. A sala da advogada era tamanho médio, tinha uma mobília clássica de advogados, algumas estátuas e muitos livros. Na verdade uma parede ao fundo do que parecia sua mesa tinha livros do chão até o teto.

Achei o escritório estranhamente aconchegante e clássico. Percebi algumas capas de livros de raras publicações, da virada do século XX. Alguns eram nitidamente do ramo de direito mas havia romances também. Ela apontou a cadeira para me sentar e sentou na minha frente no que parecia ser uma mesa de reunião. Pequena, mas de madeira com fino acabamento em marfim. Eu possuía uma semelhante em meu escritório mas do tamanho inteiro da sala dela. Continuei olhando fixamente para o rosto dela.

– Estou curiosa, Sr. Frederico com o motivo dessa visita – ela disse sem tirar os olhos de mim. Só agora pude reparar nela. Estava com o cabelo preso como no dia da batida do carro, usava uma blusa de gola alta sem mangas e uma saia até na altura do joelhos. Mas hoje não estava de saltos, apenas um sapato baixo. Ainda sim, ela estava muito elegante.

– Gostaria de resolver amigavelmente com a Dra. a situação pendente entre nós. Ela se remexeu desconfortavelmente na cadeira e em seguida falou:

– Pendente? Entre nós? Se fala dos processos que possuo contra a Global Time, espero que tenha vindo com alguma proposta razoável para pagamento dos ex funcionários...

– Sem querer cortá-la mas já cortando, vou direto ao ponto: há dias a Sra. colidiu propositalmente com meu veículo. Causou um amassado e um arranhão que danificou o valor do bem. Como gostaria de resolver essa questão? Olhei para ela e o rosto dela cedeu a um sorriso travesso que fez meu peito pular.

– Ah sim, a batida. Bem, eu poderia dizer que lamento o ocorrido mas não lamento em realidade, então, se o Sr. não se importar me diga o valor que pagarei a quantia pelo ajuste do carro. Esperando aquela resposta, que só poderia vir de alguém com porte orgulhoso como o dela, respondi de supetão:

– R$ 500 mil. Ela não entendeu e disse:

– Como?

– 500 Dra. Beatriz. A quantia de um veículo novo e exclusivo da montadora. Não dirijo carros danificados, nem mesmo por um arranhão e esse é o valor que terei que desembolsar para ter a minha satisfação de volta. Ela sorriu mas logo ficou séria novamente e disparou:

– Bom, nesse caso, a sua necessidade é superior as minhas possibilidades e acho que o Sr. precisará recorrer a justiça para tentar obter essa quantia, pois voluntariamente eu não lhe pagarei.

– Acho que justiça nesse caso também não será necessário. Peço um acordo razoável então. Gostaria de conhecer melhor a mulher que causou este estrago lamentável em minha propriedade. A Dra. tem filhos, é casada? Eu já sabia a resposta de todas essas perguntas mas queria provocar a mulher de todas as formas. E consegui, ela corou rapidamente mas em seguida posicionou-se de maneira ereta na cadeira. - Não sou casada e não tenho filhos, Sr. Frederico, mas porque a minha vida pessoal lhe interessa?

– Gosto de conhecer as pessoas, Dra. Beatriz. Sou motivado a conhecer e explorar suas características, aperfeiçoando o que tem de melhor.

– Imagino o que quer dizer com “exploração”, Sr. Frederico – comentou ironicamente mal disfarçando um sorriso – mas não entenda mal, não compartilho do seu sentimento e não me interesso por sua vida. Apenas a da sua empresa.

– bom isso é uma coisa razoável, pela qual não tenho como contra argumentar. Mas deixa eu esclarecer uma coisa: eu e a empresa estamos intimamente ligados e conhecendo-me você teria grandes de chances de conhece-la também, veria por seus próprios olhos como trabalhamos com nossos funcionários, enfim, tudo que a Dra. parece se importar. Em troca, eu teria a companhia de uma mulher bonita e interessante. Não, não precisa responder – apressei logo em dizer porque observei que a suas feições se inflamavam com o que parecia ser um ataque de raiva e sem dar oportunidade para ela atacar acrescentei – aguardo seu retorno em breve após pensar cuidadosamente na proposta que lhe fiz. Bom trabalho! - saí em direção a porta sem esperar pela resposta dela que permaneceu sentada em sua mesa.


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