Familía Mellark - Momentos de Esperança. escrita por Suelen Luz
Notas iniciais do capítulo
Mais um! Espero que gostem !
PEETA
Estamos na estação de trem da Capital à espera de Haymitch, ele irá nos levar até nosso hotel. Katniss está com o rosto sem expressão, ela olha e alisa a barriga já voluptuosa, posso imaginar o que ela está pensado. Eu não me sinto nada bem, foi nesta cidade que eu fui torturado, nesta cidade que eu fui jogado pra morte. As lembranças são muitas, e a maioria eu gostaria de esquecer. Sei que isso é impossível, pois toda vez que o veneno das teleguiadas toma o meu corpo as primeiras coisas que me vem na mente são os maus momentos que passei aqui.
– Perdidos? - escuto uma voz masculina perguntar.
Me viro e dou de cara com Haymitch e Effie. Quando ele tinha me dito que Effie estava diferente, eu imaginei completamente o oposto daquilo que via diante de meus olhos. Ela não está diferente, ela está normal. Effie abandonou as perucas coloridas e as roupas espalhafatosas, agora os cabelos loiros naturais caem por suas costas, a maquiagem também é pouca, deixando a mostra a uma pele bronzeada. Parece outra pessoa.
– Ah graças a Deus! - Katniss fala - Pensei que tinham esquecido de nós.
– Nunca esquecerei de vocês. Nunca. - disse Haymitch.
Nós todos nos abraçamos por um longo tempo.
– Ainda somos uma equipe. Não é mesmo? - Effie pergunta.
Haymitch e Katniss assentem com a cabeça.
– Claro - falo - , aliás Effie você está linda.
– Obrigada! - diz ela corando.
Entramos num carro alugado, a cidade passa rápido pela janela. Estou feliz por estar novamente com Effie e Haymitch, me sinto inteiro. Completo.
– Onde é o nosso hotel? - pergunto.
– Não sei se essa notícia é boa ou ruim - começa Haymitch - só tem um hotel aqui na Capital, vocês já estiveram lá.
– Nós nunca estimov... - Katniss para no meio da frase - Não pode ser.
Também passo a compreender o que ele quis dizer.
– Eu sei isso é terrível, eu e Haymitch estamos procurando uma casa para alugar para vocês mas está difícil. Podem ficar no meu apartamento se quiserem. - Effie oferece.
– Agradeço, mas não será necessário, tenho que encarar os fatos. Tenho que viver independente das lembranças, deixa-las no passado. Preciso pensar no meu filho. Agora nada importa, só minha família.
Me surpreendo com a declaração de Katniss. Fazia muito tempo que não a via com esta postura corajosa. Nas últimas semanas ela estava dependente, sem vontade de viver, se lamentando pela casa. A descoberta da doença e a vinda para a Capital devem ter a deixado mais forte , preparada para enfrentar tudo. Realmente, há males que vem para o bem.
*******
Chegando a recepção, Katniss perguntou se a cobertura estava disponível. Haymitch olhou surpreso para ela e falou que já tinha arrumado tudo em outro apartamento, mas ela não lhe deu ouvidos.
– Se for para ficar aqui eu quero a experiência completa. - Katniss fala para Haymitch e depois se vira para recepcionista - Está disponível ou não?
– Está senhora Mellark, a senhora gostaria de ficar lá?
– É claro.
Mais uma vez me surpreendo com Katniss naquele dia.
*******
Nunca pensei que apertaria o 12 naquele elevador novamente. Quando entrei no pequeno espaço, a primeira lembrança que me veio a cabeça foi a da volta do desfile do Massacre Quaternário. Aquele dia Johanna Mason ficou pelada dentro do elevador, na minha frente. Até hoje lembro da careta de desdém da Katniss, Johanna foi a primeira mulher que eu vi pelada na vida. A segunda foi Katniss, depois nunca mais vi outra e nem quero. Começo a rir da lembrança.
– O que foi? - Katniss indaga.
– Nada. Apenas me lembrei de uma coisa. - continuo rindo.
Haymitch me dá uma piscadinha e também começa a rir
– Não me diga que vocês se lembraram da Johanna pelada? Seu nojentos!
– Pelo visto você também se lembrou! - Haymitch acusa.
– É claro que ela se lembrou. Johanna Mason é inesquecível. - falo.
Katniss me dá um tapa no braço e todos explodimos em gargalhadas.
*******
KATNISS
Já faz dois dias que estamos morando na Capital. Eu e Peeta estamos nos adaptando melhor do que imaginávamos. É claro que existe lembranças ruins ligadas a este lugar, mas durante esses dias as boas predominaram. Eu me sinto forte e disposta. Sinto falta de minha mãe, ela ficou no Distrito 12 para poder cuidar da casa e auxiliar na reforma do prédio comercial que será a nossa padaria.
Olho pela janela, já quase inverno mas não está tão frio. Tive uma ideia que , eu acho, deixará Peeta feliz, é uma das nossas melhores recordações. Peço para Ava, a menina que trabalha no nosso apartamento, trazer uma cesta de comida e um cobertor, ela assente e vai fazer o que eu pedi.
Minutos mais tarde ela volta.
– Está aqui senhora Mellark. - disse ela.
Fico sobressaltada, me esqueci que agora os empregados falavam. Os avox estão livres do trabalho escravo que exerciam, alguns até conseguiram recuperar a fala, apenas em casos raros. Agora maioria deles trabalha na segurança do governo de Panem.
– Obrigada. - digo corando de vergonha.
– Disponha.
*******
Estava no meio da tarde quando tive coragem de propor a Peeta o que eu gostaria de fazer. Não sabia como ele iria reagir.
– Peeta vamos fazer um pinique no terraço? - pergunto.
– Claro vamos. - disse ele sorrindo. Fico aliviada.
Seguimos em direção ao terraço. Chegando lá eu estendo a coberta no chão e nos sentamos em cima. Fico boquiaberta com a visão, tinha me esquecido de como a Capital era bonita vista daqui de cima.
– Foi por isso que escolhi a cobertura. - digo.
Peeta se deita em meu colo, olhando para mim. Naquele instante ele parece aquele a rapaz de 17 anos que eu conheci 15 anos atrás. O rapaz doce, que não gostaria de ser mudado, talvez eu já o amasse na época. A única diferença do Peeta de antes e do de agora é as pequenas rugas em torno dos olhos e as cicatrizes do fogo da guerra que ambos temos. O resto dele nem o veneno das teleguiadas conseguiu mudar.
– O que houve ? - Peeta pergunta e se levanta.
– Nada. Apenas me abrace forte.
Ficamos abraçados até o pôr do Sol.
*******
Estou na sala de espera do hospital, Peeta segura minhas mãos. Hoje é minha primeira consulta com a obstetra. Estou nervosa.
– Katniss Mellark? - a secretária me chama.
– Aqui - repondo - estamos indo.
O consultório era um ambiente agradável, as paredes claras davam luminosidade ao lugar. Estendo a mão para cumprimentar a médica, Peeta faz o mesmo.
– Senhor e senhora Mellark é um prazer conhece-los. Sou a doutora Susan.
– Igualmente! Pode nos chamar de Katniss e Peeta. - digo.
– Sendo assim, esqueçam o doutora. Que bom, eu odeio essas formalidades.
Todos rimos.
– Katniss antes de tudo, eu gostaria de ver seu bebê.
– Ver?
– Sim no ultrassom. Vamos?
– É claro. Tudo bem.
Me deito na maca que ela me indica. Retiro meu casaco e ergo a blusa, ela passa um gel gelado em minha barriga. Peeta observa de longe. Sunsan liga uma máquina do meu lado, suponho que seja o aparelho de ultrassom.
Ela pega um pequeno cone ligado ao ultrassom e passa em minha barriga. Começo a escutar um batimento cardíaco muito rápido.
– É o meu bebê? - indago
– Sim. - Susan responde sorrindo.
Peeta se aproxima com lágrimas de alegria nos olhos.
– Estamos com sorte, podemos ver o sexo do bebê. Querem saber?
– Sim. E você Peeta?
– Com certeza! - ele exclama.
– Sendo assim, parabéns vocês iram ter uma menina linda!
Choro. Pela primeira vez sinto que realmente amo esta criança que carrego em meu ventre. Me sinto vulnerável. Mas amor é isto. Amor é se sentir vulnerável.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Me perdoem se possuir algum erro, escrevi o texto com um pouco de sono. Conte-me o que acharam do capítulo. Eu leio todos os comentários