Severus,

                Sabes bem que não tens de me agradecer nada. Sinto, e limito-me a viver o que sinto.

                Soube tão bem receber uma carta tua, as tuas palavras desenhadas no pergaminho confortaram-me. A tua ausência é mais fácil de suportar. O meu coração acalma um pouco, para logo de seguida voltar a bater rapidamente. Os segundos passam um pouco mais depressa. Vou guarda-la como se fosse única, não sei se acredito que tudo isto não passa de uma ilusão do meu coração desesperado por algum conforto.

                Tudo o que aconteceu não foi um sonho, pois não?

                Sonho contigo todas as noites, sinto a falta do calor do teu corpo na cama comigo, sinto falta da tua respiração no meu cabelo. Esta noite tive um sonho especial, mas sempre que tanto falar ou mostrar-te que é isto que quero, tu mudas o rumo das coisas. Porquê? É assim tão difícil acreditar que eu te quero a cem por cento? Ou simplesmente, eu não te atraio da mesma forma que tu me atrais a mim?!

                Eu tenho os meus medos, Severus. Mas tu tornas tudo tão perfeito. A vida deu-me uma segunda oportunidade de viver o que ignorei há uns anos. Achas que deveria desperdiça-la? Nunca.

                Posso ser apenas uma miúda, mas sei o que quero. E não vou voltar a ignorar o meu coração. Ajuda-me nesta cruzada. Ambos sabemos que somos um. Sempre que os nossos lábios se uniram, nem consigo descrever o que senti. Será o Amor uma magia que nem nós compreendemos?

                Pensa naquilo que te disse. Pensa no quanto nos completamos.

Irei ter contigo na sexta-feira. A professora concordou. Espero que não te importes.

Com amor,

                               Hermione Jean Granger.

A coruja entrou pela janela aberta.

Severus sabia de quem era aquela letra tão certinha e segura. Sorriu ao imagina-la a escrever a carta que agora estava a abrir. Quando chegou ao final da carta, estava confuso.

“Ela não percebe que não podemos ceder ao amor físico? Ela é tão linda e inocente, e eu... bem... eu sou eu… Se eu não tivesse tanto controlo, ela já tinha tido o que tanto pensa que quer… mas eu não consigo… ela merece bem melhor… eu prometi ama-la, mas marca-la desta forma? Será que ela é… não, ela não iria querer que eu fosse o primeiro.” Ele levantou-se da cadeira onde estava sentado, encostou a testa ao vidro frio da janela, olhou a paisagem durante longos minutos. “Severus Snape convence-te que ela gosta mesmo de ti.”

Ele continuou perdido nos seus pensamentos. Não sabia o que responder à carta dela. Mas não a queria deixar sem resposta.

Hermione,

                Cá te espero. Ah, pois, onde iria eu?

                Amo-te, sabias?

                Com saudades,

                                               Severus Prince Snape