Dizem que há prazer em mentir, mas tudo o que eu sentia é o gosto amargo das palavras.

Eu o matei.

Eu fiz o que a Comandante Jameson disse.

Ele morreu em meus braços

Não.

Não.

Eu não o matei!, eu queria gritar. Eu não poderia matá-lo. Mas ela jamais acreditaria em mim. Eu podia ver a raiva em seus olhos, podia ver pena também, mas, acima de tudo, eu via dor. Ela acha que eu matei seu irmão. Mas como eu poderia matá-lo quando sou preenchido pelo amor que sinto por ele? Não importa o quanto eu ame a república, ele é o Metias. Eu não poderia matá-lo.

Só queria que ela soubesse disso.

Queria que ela soubesse que eu não tive a coragem de enfiar a faca no peito dele, que disse para fugir pelo esgoto, que peguei um corpo no necrotério por que não conseguia me obrigar a matá-lo.

Mas agora é tarde. Talvez ele tenha fugido para as Colônias, ou talvez tenha sido encontrado pelo exército da República, ou talvez tenha morrido sozinho, de qualquer forma ele estava fraco e sangrando. Queria tê-lo ajudado mais. Inferno, queria ter ido com ele! Queria ter tido ao menos uma chance de ser feliz ao seu lado. Mas é como eu disse: agora é tarde.

A dor é excruciante. Uma bala na cabeça vinda do exército das Colônias.

Mas eu prometi a ele que iria protegê-la, sua Junebug, por isso salvei Day e aqueles patriotas. Sei o quanto ela o ama e também sei o quanto machuca perder alguém que se ama.

Droga!

Quando vou poder ser feliz?

Meu rosto está molhado, talvez de sangue (ou será de lágrimas?). Minha visão está escurecendo, então tento me concentrar em seu rosto, em seu nome. Me concentrar nele. Metias.

Me desculpe, eu penso, por tudo o que não pudemos ser.

Por favor esteja bem, porque eu não posso te proteger agora Metias.

Eu me esforcei. Eu comecei do início. Batalhei pela República sagrada e batalhei por você.

Só não me esqueça.

Adeus.