Estrada para Felicity escrita por Ayelee


Capítulo 1
Não é mau humor, é saudade.


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal!É a primeira vez que escrevo uma one shot e também é a primeira vez que escrevo uma fic "Olicity" (Oliver + Felicity, da série Arrow). Acho que todo fã Olicity deseja, lá no fundinho, ver o Oliver se roendo de ciúmes do Barry Allen, então esse foi o motivo pelo qual resolvi escrever essa one shot. Para facilitar a leitura, dividi a história em dois capítulos. A quem interessar: Escrevi essa história ouvindo algumas músicas que me lembram Olicity. As letras combinam bastante com a relação deles. Quem quiser ouvir, aqui estão os nomes:This will make you love again - IAMX
Distance - Christina Perri feat Jason Mraz
Poison and Wine - The Civil Wars
Stay - Rihanna feat Mikky Ekko
Mirrors - Justin Timberlake
Espero que gostem, e se gostarem, por favor comentem e compartilhem!Boa leitura!
Beijos,
Alê



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O sol se punha por detrás da cortina cinzenta de nuvens em Starling City, atribuindo à cidade um ar ainda mais sombrio do que havia adquirido após os tremores que destruíram os Glades meses atrás. Mesmo depois de todo esse tempo, ainda era possível sentir o cheiro de poeira em algumas partes da cidade.

Oliver ainda não tinha superado a perda de seu melhor amigo Tommy e, obviamente, sentia-se culpado por não ter conseguido salvar as outras quinhentas vidas que se perderam, vítimas do atentado causado pelo pai de Tommy, Malcolm Merlyn.

Mas ele já havia se acostumado com o incômodo que esse peso em sua consciência causava. O motivo de seu mau humor neste fim de tarde era outro, de origem mais prática, e, por mais que ele negasse para si mesmo, de natureza absolutamente pessoal.

Há uma semana sua assistente executiva nas indústrias Queen tirou alguns dias de folga. Dizendo ela que “precisava de um tempo para organizar sua vida.” Felicity Smoak, antiga funcionária do setor de TI que foi rapidamente promovida desde que passou a fazer alguns serviços duvidosos para Oliver.

Durante o dia, Felicity trabalhava como assistente executiva do Diretor das Indústrias Queen. À noite, ela se instalava no porão de uma boate nos Glades, onde Oliver Queen comandava e planejava suas atividades como Arqueiro, com auxílio de seu guarda costas, John Diggle e de Felicity, que usava suas habilidades de hacker para ajudar o vigilante a combater criminosos e livrar Starling City do mal.

Pelo menos era nisso que ela acreditava quando passava suas noites em claro no porão, invadindo o sistema das agencias de segurança nacional em busca de dados sobre os inimigos de Oliver.

A algumas semanas Starling City tem passado por um raríssimo período de aparente calmaria, o que caiu como uma luva para Felicity justificar que aquele era o momento ideal para ela tirar férias, já que em momentos de crise era impossível Oliver concordar em liberá-la. E, mesmo que ele concordasse, ela se conhecia muito bem a ponto de ter certeza que não abandonaria seus parceiros Oliver e Diggle enquanto criminosos tentavam dominar a cidade e por vidas inocentes em risco.

Mesmo assim, Oliver não conseguia ficar relaxado e seu mau humor já estava sendo percebido por todos que trabalhavam próximos a ele, especialmente Diggle e a senhorita June Bexter, secretária executiva que herdou o fardo de substituir Felicity. Nada que ela fazia era bom o suficiente. Não que não fosse bom de verdade, simplesmente não era exatamente igual ao modo como Felicity fazia. Oliver sentia um pouco de remorso por descarregar sua frustração na pobre moça e frequentemente tentava assegurá-la de que estava tudo bem, mas era difícil disfarçar quando ela olhava para ele com aquela cara de adoração, a mesma que Felicity fazia nas primeiras vezes que se viram. Ele balançava a cabeça ao lembrar-se da cena e se perguntava “Por que as mulheres se derretem tanto por causa de homens poderosos? Na maioria das vezes são uns cretinos”. Mas logo abandonou a ideia ao se dar conta de que Felicity não era o tipo de garota que se deslumbrava com homens poderosos. “Então por que ela me olha daquele jeito?”

Seus devaneios foram interrompidos quando sua mãe, Moira Queen, uma das acionistas das Indústrias Queen adentrou sua sala sem cerimônia, cumprimentando Diggle com sua elegância habitual e beijando levemente o filho na bochecha.

– Oliver, vim aqui para lembrá-lo sobre o baile beneficente que vamos oferecer neste fim de semana. Sua presença é muito importante. Precisamos mostrar para Starling City que as Indústrias Queen estão comprometidas em promover o bem estar dos cidadãos e ajudar os menos favorecidos. Espero que não tenha outros planos.

– Claro que irei comparecer, faço questão.

– Ah, acho que precisará encontrar uma acompanhante até lá. Mas isso não será problema para você, não é mesmo? – Moira insinuou, piscando discretamente para o filho, com aquele orgulho típico de mãe estampado em seu sorriso. – Por que não convida aquela sua assistente loirinha? Ela deve ser uma boa companhia. Pelo menos você não parece se incomodar em tê-la seguindo cada passo seu o tempo inteiro. Aliás, vocês passam uma boa quantidade de tempo juntos, não é mesmo?

Oliver encarou sua mãe, chocado não apenas por ela ter comentado aquilo, mas pelo simples fato de ter reparado em suas atividades ao lado de Felicity. Impressão dele, ou Moira também acabara de insinuar que existia algo entre ele e sua assistente executiva?

– Felicity é uma excelente profissional, indispensável, se você me perguntar. Tão indispensável que, se eu pudesse não a deixaria tirar férias nunca.

Oliver podia jurar que ouviu Diggle tossir lá do outro lado de sua enorme sala de vidro, onde ocupava sua posição-disfarce de guarda-costas/motorista.

Moira percorre os quatro cantos da sala com o olhar à procura de algo, depois pergunta a Oliver, intrigada.

– Ela não está por aqui. O que aconteceu?

– Felicity tirou uma semana de férias. – Oliver resmunga, esforçando-se para parecer indiferente.

– Ah. Então é por isso que você anda tão mal humorado ultimamente.

Oliver trincou os dentes e suspirou, não discutiria com sua mãe por tamanha bobagem, especialmente por que não queria parecer tão afetado quanto realmente estava.

– Estou do mesmo jeito de sempre, mãe. A propósito, não precisa se preocupar, já tenho companhia para o baile.

Oliver blefou, sabendo que isso iria distrair sua mãe do assunto anterior.

– Ah? – Moira disse, surpresa. – E posso saber quem foi a escolhida? Laurel, certamente?

– Não. Isabel Rochev. – Oliver improvisou, sem ao menos saber se Isabel já tinha companhia.

– Isabel...Rochev? Vocês estão, hum... se vendo?

– Oh, não, não. Só achei que seria interessante ir à festa acompanhado de um de nossos sócios. – Oliver mentiu.

– Tudo bem. Acho que não preciso lhe avisar que aquela mulher não merece confiança.

– Não se preocupe, estou apenas cumprindo meu papel.

Moira assentiu com a cabeça silenciosamente, e levantou-se para deixar a sala. Antes de passar pelas portas de vidro, voltou-se para Oliver, que estava reclinado em sua poltrona, olhando para a cidade através da enorme parede de vidro, e disse.

– Aquela loirinha está realmente fazendo falta. Dê um jeito de trazê-la de volta o mais rápido possível.

Diggle, que estava segurando a porta aberta para Moira, sorriu, divertindo-se com a expressão indignada de Oliver.

Oliver tirou o celular do bolso, checou se sua mãe já havia deixado a sala e rapidamente digitou o número de Isabel Rochev.

– Isabel! Sei que estou atrasado nisso, mas eu gostaria de saber se você já tem companhia para o baile beneficente das Indústrias Queen.

– Eu ficaria ofendida por ser tratada como opção de última hora, mas você sabe que esse tipo de atitude não afeta minha autoestima. Além do mais, há uma forma de você se redimir dessa grosseria...

Oliver sabia exatamente do que ela estava falando. Não era a primeira vez que ele marcava encontros casuais com Isabel. Seu envolvimento com ela era estritamente sexual, sem cobranças ou envolvimento romântico, o que era conveniente para ambas as partes, considerando sua posição na empresa.

Para Oliver, era conveniente também por outros motivos. Sua vida era complicada e perigosa demais. Seu relacionamento com Laurel fracassou depois de várias tentativas de reconciliação, mas, hoje, conseguem manter certo nível de amizade e respeito mútuo. No entanto, até chegar a esse ponto, Laurel foi exposta a riscos desnecessários, tudo por causa das atividades obscuras de Oliver no terceiro turno do dia.

Ele acreditava piamente que sacrificar seus sentimentos e as possibilidades de ter uma vida amorosa plena era um preço justo a se pagar em troca de manter a cidade e as pessoas que amava livres de ameaças de criminosos. Oliver não suportaria a culpa de perder mais ninguém que ama apenas por envolvê-las em sua vida. Nenhuma garota merecia correr esse risco, muito menos alguém por quem ele realmente se importava.

Desse modo, era mais prático levar uma vida de relacionamentos casuais, e ao menor sinal de que as coisas estavam ficando sérias, Oliver dava um jeito de cair fora sem deixar rastros.

Minutos depois que terminou a ligação para Isabel, o celular do Vigilante tocou. Oliver viu o nome do detetive Quentin Lance, pai de Laurel Lance no identificador de chamadas, e logo retirou do bolso o dispositivo mascarador de voz. O policial Lance decidiu há algum tempo colaborar com o Arqueiro, mesmo não conhecendo sua verdadeira identidade. Desde então, quando surge algum problema na cidade que vai além da capacidade das forças de polícia lidar, pelo menos pelos meios legais, ele aciona o Vigilante.

– Detetive Lance, aconteceu algo?

– Não. Quer dizer ainda não. É o seguinte. Minha filha tem contato com o Vereador Sebastian Blood. Ela ouviu uma conversa assustadora do vereador no telefone e bem, ela ficou preocupada. Laurel não é muito a favor dessa nossa, hum, colaboração, mas acho que no fundo ela entende o que você faz.

– Bom saber. – Oliver diz. Ele realmente sentiu-se um pouco aliviado ao saber disso. Desde a morte de Tommy, a relação do Vigilante com Laurel virou de ponta cabeça. O que era fascínio e admiração passou a ser ódio e ressentimento. Ela o culpa pela morte de Tommy, pois Oliver/ O Vigilante não conseguiu salvá-lo.

– Laurel disse que o vereador está armando uma emboscada para você. Ele enviará um grupo de homens até a base militar para roubar armas de alto poder de destruição. O objetivo deles é chamar sua atenção, pois eles sabem que você irá até lá para tentar impedir o roubo. E é aí que eles irão pôr em ação a segunda parte do plano: sequestrá-lo e desmascará-lo. Eles irão forjam uma explosão no local, que poderá matar centenas de pessoas e o culparão pelo desastre. Posso tentar convencer meu comandante a fazer uma patrulha no local para averiguar alguma atividade suspeita, mas sabe como é, não será fácil. O cara não tem sido muito flexível comigo ultimamente.

– Obrigado, detetive. Você já fez muito em me informar. Vou dar um jeito de controlar essa situação. O ataque tem data marcada?

– Esses caras são imprevisíveis, mas pelo que fiquei sabendo, estão planejando a armadilha para este sábado à noite. Fim de semana à noite tem muitas ocorrências nas delegacias, fica mais difícil para a polícia dar conta de tudo.

– Obrigado, detetive. Se surgir mais alguma novidade, me informe.

Oliver desligou o telefone tenso, com os dentes trincados, ele encarou Diggle silenciosamente, mas seu olhar dizia claramente “Prepare-se, teremos ação muito em breve.”

Sábado à noite. Exatamente no dia e hora do baile beneficente da empresa. Esse maldito Blood sabia muito bem programar seus passos.

Diggle conhecia Oliver bem o suficiente para saber quando ele precisava de sua colaboração cento e dez por cento. Sua expressão de preocupação era evidente.

– Oliver, o que o detetive Lance disse?

– Aquele vereador, Blood, planeja me capturar e revelar minha identidade. Para isso ele tem um plano mirabolante de roubar armas da base militar e causar uma explosão para me incriminar. Ele está programando o ataque exatamente no dia e hora do baile beneficente das Indústrias Queen.

– Temos que impedir isso. – Diggle respondeu preocupado. – Mas você não poderá deixar o baile para intervir no ataque. Eu farei isso.

– Não, Diggle. Isso não será necessário. Eles querem me atrair para me capturar. Temos que nos antecipar, monitorar o local e as ações do vereador nas próximas 48 horas.

– Esse trabalho seria fichinha nas mãos de Felicity. – Disse Diggle, mais uma vez lendo os pensamentos de Oliver.

– Teremos que fazer isso sozinhos. Não vou interromper as férias de Felicity por nada. Vamos dar nosso jeito.

– O que você pretende fazer?

– Vá até a base militar, instale câmeras de monitoramento nos arredores do local. Vamos monitorar as atividades por lá à distância. Enquanto isso ficarei no porão tentando rastrear as pessoas envolvidas na emboscada. Os capangas de Blood devem ter ficha na polícia. Ele não deve trabalhar com gente limpa. Dessa forma, poderemos antecipar as ações deles e reportar ao detetive Lance, para que ele entre em ação com sua equipe policial. Se conseguirem capturar pelo menos um dos suspeitos, poderemos interrogá-lo até que revele o envolvimento do vereador Blood nessa armadilha.

– Durante o baile, ficarei no porão checando as atividades na base. Se houver alguma anormalidade, entrarei em contato com você. – Diggle completa.

Ao final do expediente na empresa, Oliver e Diggle dirigiram-se para o porão para iniciar sua busca. Aquele lugar, mais do que qualquer outro estava impregnado de Felicity. Tudo tinha seu toque. Seu perfume ainda pairava levemente no ar. Oliver se perguntava se Diggle sentia tanta fala dela quanto ele. Mas ele nunca, jamais perguntaria isso diretamente. Na verdade, ele nem precisou abrir a boca para falar, pois quando sentou na poltrona de Felicity, que era quase seu trono, sua cara de cachorro perdido da mudança denunciou seus sentimentos.

– Esse lugar não é o mesmo sem ela. – Disse Diggle, lançando um olhar de solidariedade a Oliver, o que o deixou desconfortável e um pouco irritado. Não é como se ele estivesse morrendo de saudade de Felicity. Ele sentia falta de seu trabalho impecável, de sua capacidade incrível de pensar rápido, e falar mais rápido ainda, sua presença trazia leveza àquele ambiente tão inóspito, de atmosfera pesada.

– É verdade. Com Felicity aqui resolveríamos isso ainda hoje e teríamos o fim de semana livre para viajar até a Flórida e curtir uma praia. – Oliver ironizou. – Mas ela não está aqui. Vamos nos virar com o que temos.

Oliver e Diggle iniciaram sua busca imediatamente. Diggle foi executar o trabalho de campo enquanto Oliver buscava informações nos arquivos de Felicity nos computadores. Ele acabou passando a noite inteira no porão.

***

Em Central City, Felicity sente-se completa pela primeira vez em alguns anos. Ou pelo menos pela primeira vez desde que entrou para o time de defensores da cidade junto com Oliver e Diggle.

Atividades simples como curtir um cinema com o namorado, sair para jantar ou até mesmo ficar em casa apenas curtindo a companhia agradável de alguém querido pareciam luxo para ela. Era praticamente impossível conciliar isso com o estilo de vida que levava ultimamente.

Pelo menos Barry conhecia o segredo de Oliver e não fazia cobranças demasiadas, o que fazia dele o namorado perfeito para Felicity. Fora outras afinidades. Barry Allen era um cara muito legal além de lindo. Era o tipo com quem ela namoraria na época da faculdade, se não estivesse tão ocupada estudando desesperadamente para ser a melhor da turma de Programação e Algoritmos e poder manter sua bolsa de estudos.

Mesmo durante o período da faculdade em Cambridge - Massachussetts, Felicity sempre foi meio solitária. Sua melhor amiga era Cho Wang, uma garota que conhecera nas aulas de Engenharia de Software, mas ela era mais nerd do que Felicity, portanto não tinha tempo a perder com atividades sociais. Depois de formadas, Cho Wang foi contratada por uma multinacional produtora de softwares japonesa e, depois que se mudou para o Japão, nunca mais deu notícias. Nem mesmo mandou um cartão postal. Felicity teria ficado arrasada se não estivesse tão ocupada tentando conseguir uma vaga no setor de Tecnologia da Informação das Indústrias Queen.

Lá, ela conseguiu relaxar um pouco e, aos poucos começou a fazer laços de amizade com alguns colegas de trabalho. Chegou até a sair para almoçar algumas vezes com Jonas, um contador que trabalhava dois andares acima no edifício das Consolidações Queen, mas pouco tempo depois conheceu Oliver Queen. Então ele passou a ser o eixo em torno do qual sua vida gira. Mas Felicity não reclamava, ela estava satisfeita com esse arranjo. Até perceber que Oliver Queen era o tipo de homem que estava fora de seu alcance, que para ele Felicity não passava de uma assistente e amiga nas horas vagas.

Então Barry Allen apareceu. E interessou-se por ela. E enxergou nela qualidades que parecia que Oliver nunca enxergaria. Felicity sentiu-se valorizada como mulher, algo que não sentia desde Jonas, o contador.

Barry fazia tudo parecer tão leve, tão simples, tão normal. E era essa normalidade que ela tanto desejava a muito tempo. Ele lhe oferecera o conforto e segurança que ela desejou a vida inteira. Sem contar que eles tinham tantas afinidades. Não faltava assunto entre eles, era fácil passar tempo ao seu lado, pois Barry fazia de tudo para agradá-la e detestava brigar por bobagens.

Então por que ela sentia tanta falta de Oliver? Ele era o oposto daquilo tudo. Intenso, tempestuoso, complicado.

Felicity ama estar com Barry, mas havia algo em Oliver que a fazia sentir o coração disparar, sua adrenalina ficava a mil. A presença dele era tão marcante que sua ausência causava quase uma dor física.

Inacreditável! Fazia quase uma semana que estava em Central City com Barry, mas sua cabeça não saia daquele porão nos Glades. Nem do corpo suado do Oliver após seus treinos de combate com Diggle e...

– Ford GT ou Camaro? - Barry pergunta.

– Que? - Felicity responde com outra pergunta, distraída com seus pensamentos.

– Alô, qual carro você vai escolher para jogar? - Barry sorri apontando para a tela enorme de TV, suspensa na sala de seu pequeno, porém charmoso apartamento.

Imediatamente Felicity retorna para o modo competitivo e concentra-se em estudar as características das máquinas disponíveis no jogo Need for Speed do Xbox 360 que Barry acabara de comprar. Videogame era um de seus hobbies favoritos. Enquanto escolhia seu carro, ela se perguntava se Oliver curtia esse tipo de coisa e como seria passar um dia como esses ao lado dele.

O jogo exigiu a atenção total de Felicity, o que a salvou de ficar pensando o tempo inteiro sobre Oliver. Não era justo estar com um cara tão bacana como Barry Allen tendo outro homem na cabeça. Os dois curtiram a tarde jogando videogame e bebendo vinho, e à noite foram jantar fora, era a despedida de Felicity.

O plano era um jantar romântico em algum restaurante sofisticado de Central City, mas ambos Barry e Felicity estavam tão distraídos jogando a tarde inteira, que se esqueceram de ligar para fazer a reserva, e em plena sexta feira à noite, era impossível encontrar vaga nos melhores restaurantes.

Sem muitas opções, acabaram comprando sushi em um self service, uma garrafa de vinho e alguns bombons de chocolate no supermercado, e foram fazer um piquenique noturno no terraço do prédio de Barry, que tinha uma área fechada de vidro, que permitia ver a lua e as estrelas no céu em noites claras. Aquela noite de sexta feira estava fria e o vidro estava completamente embaçado, impedindo a visão dos astros no céu. Até que isso não era tão ruim, considerando as intenções do casal.

Antes de subir até o terraço, Barry e Felicity passaram no apartamento de Barry e pegaram cobertores espessos, meias, almofadas e velas. Enquanto Barry dava um jeito de encaixar tudo isso em uma cesta enorme, Felicity aproveitou para vestir seu baby doll especial, que comprara especialmente para a ocasião. Ela não estava cem por cento certa de que iria rolar algo mais entre ela e Barry, já que ambos eram muito tímidos e tinham dificuldade para tomar iniciativas. Mas a confiança e intimidade que criaram ao longo dos dias em que Felicity estava junto dele, permitiram que as coisas acontecessem naturalmente.

Felicity vestiu o roupão felpudo sobre o baby doll, e os dois finalmente subiram para o terraço. O prédio de Barry era pequeno, tinha apenas oito apartamentos, e a maioria dos moradores eram idosos e casais com bebês, então as chances de serem flagrados por alguém eram mínimas.

Estava muito frio, mas as velas acesas e o mini aquecedor portátil de Barry ajudaram a deixar o ambiente quentinho e aconchegante. Além do mais, o frio era mais uma desculpa para os dois ficarem o mais próximo possível.

Eles jantaram e conversaram entusiasticamente entre goles de vinho. Falaram sobre suas infâncias, sobre faculdade e, inevitavelmente sobre trabalho. Barry não conseguia disfarçar sua curiosidade sobre Oliver, quer dizer, sobre o Arqueiro, o que incomodava um pouco Felicity. Ela não queria revelar mais do que ele já sabia sobre Oliver e ao mesmo tempo, não queria ficar lembrando-se dele. Nenhuma noite romântica com Barry chegaria aos pés de suas fantasias platônicas com Oliver. Melhor mudar de assunto imediatamente.

Para a sorte de Felicity, Barry era facilmente distraído, então ela puxou um assunto aleatório que pudesse manter sua mente longe de Starling City e da lembrança de Oliver, mas a conversa logo tomou um rumo inesperado.

Felicity aconchegou-se nos braços de Barry, que estava apoiado com as costas contra a parede. Ela estava sentada na sua frente, entre suas pernas, com as costas repousando no peito de Barry. Assim era mais fácil falar com ele sem denunciar seus sentimentos. Ela não estava segura se conseguiria mentir sobre Oliver estando cara a cara com Barry.

– Como uma pessoa sabe que encontrou a pessoa certa? – Indagou pensativa. - Sinto-me tão bem aqui com você. Como se nos conhecêssemos a vida inteira. Como se fôssemos vizinhos e melhores amigos desde a infância.

Barry suspirou satisfeito, brincando com mechas do cabelo de Felicity e ela podia sentir seu tórax subindo e descendo contra suas costas.

– Mesmo? Bem, eu tive essa sensação desde a primeira vez que pousei os olhos em você. Foi imediato, não sei explicar. Mas...

– Mas...?

– Mas tinha Oliver.

Felicity prendeu a respiração. Não tinha como fugir desse assunto? Ela só estava tentando curtir o momento, mas o mundo conspirava contra ela. Por que, por que tudo tinha que acabar sendo sobre Oliver? Por que ela não podia ter um momento só seu, sem acabar lembrando-se dele?

– Oliver?

– Sim. Mesmo achando que ele não tem nada a ver com você, consigo entender sua admiração por ele. Oliver tem aquele ar de herói invencível. Deve ser difícil para uma garota ser indiferente a ele. E para mim parecia impossível roubar sua atenção dele.

– Oliver é apenas meu amigo. Além disso, todo herói, de perto, tem seus defeitos. E, meu Deus, como Oliver tem defeitos!

Barry sorriu e Felicity suspirou triste, constatando essa grande verdade. Parecia tão estranho quando se colocava seus pensamentos sobre ele para fora em voz alta. Fazia parecer mais real.

– Tudo bem. Chega de falar de Oliver, não vamos desperdiçar minha despedida falando do meu chefe mandão!

– Seu desejo é uma ordem. – Barry sussurra ao ouvido de Felicity, abraçando-a mais forte.

Com a atmosfera romântica ao seu redor, ouvindo apenas o suave ruído da respiração de Barry, Felicity relaxou e entregou-se às carícias gentis de seu namorado. Barry era um amante atencioso, que se preocupava em satisfazê-la tanto quanto a si próprio, mas não deixava de ter um toque firme e decidido. Ela sentiria falta daquelas mãos explorando seu corpo lentamente, deixando um rastro de calor por onde passavam. Não sabia como conduziriam o relacionamento daí por diante, estavam apenas começando, mas estavam começando de um jeito positivo. Central City não era tão longe de Starling City, apenas 200 quilômetros, que poderiam ser percorridos em pouco menos de duas horas em dias de sol e sem tráfego. Não era como se estivessem vivendo um na Califórnia e outro em Nova Iorque. Encontrariam um jeito de fazer dar certo.

Felicity e Barry não perderam tempo e aproveitaram ao máximo as últimas horas juntos. Eles dormiram abraçados sob três camadas de cobertores ali mesmo no terraço.

Barry achava que tinha tirado a sorte grande ao conseguir conquistar Felicity. Ela era o tipo de mulher que ele sempre sonhara encontrar. Estar com ela agora era como um sonho ganhando vida. Desde que a vira pela primeira vez não conseguia tirá-la da cabeça, mesmo sentido que não havia espaço para ele entre Felicity e seu todo-poderoso chefe, Oliver Queen, bilionário, poderoso, forte, destemido e para completar a covardia, extremamente atraente.

Apesar de perceber o evidente fascínio de Felicity por Oliver, Barry entendia aquilo como uma paixonite infantil, que tendo o homem ideal para ela ao seu lado, Felicity esqueceria essa paixão platônica por seu chefe. A semana que passaram juntos lhe provou que estava certo. Valeu a pena investir seu tempo e seus sentimentos nesse relacionamento. Felicity provou ser exatamente como ele esperava, divertida, gentil, generosa e muito carinhosa. Uma parceira perfeita para todas as horas! Ele sentiria sua falta nos próximos dias. Já estava acostumado a acordar e ver aquele sorriso tímido ao seu lado na cama. Mas ele daria o melhor de si para manter esse relacionamento. Não poderia deixar algo tão especial, a melhor coisa que aconteceu na sua vida... Bem, depois de conhecer o lendário Vigilante pessoalmente.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Oliver mau humorado é um fofo! E essa confusão emocional da Felicity?!Por favor, deixem suas opiniões, é muito importante para mim. Amei escrever essa história, espero que gostem dela tanto quanto eu.Beijão, até breve!



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