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Pov. Merida

Mas que grande bagunça.

Não, não eu. A praça. Tudo está: ou congelado ou virado de cabeça para baixo. E vazio.

Apenas algumas pessoas passavam por ali para pegar um pote ou outro caído no chão. Os dragões voavam. Tudo estava estranhamente calmo.

E Jamie estava ao meu lado.

Apenas víamos pessoas correndo para dentro de suas casas e fechando as janelas, até mesmo os vikings adultos.

–Você também está achando que tudo está quieto demais? O que aconteceu para essas pessoas irem embora assim? - pergunto, ainda olhando ao meu redor.

–Não sei, mas acho que estamos prestes a descobrir... - Jamie fala apontando para a floresta do outro lado, viemos da floresta oposta.

Os dragões voavam em círculos logo acima da floresta, mas não se aproximavam das árvores.

–Você acha que devemos ir até lá? - o olho. Ele balança a cabeça. -Tá maluca? - está me olhando como seu fosse uma doida.

–O que? - o olho. - nós precisamos ir lá! Essa neve...

–Eu sei o que você está pensando, isso é obra de Elsa. - ele me interrompe, e baixa a cabeça. - e pelo visto não é neve boa.

–Ela pode estar em perigo, Jamie. - apoio à mão direita em seu ombro esquerdo, ele está ao meu lado. E sinto seu coração bater rápido, mais e mais. Está com medo. Claro que está.

–Vamos até lá. - insisto mais uma vez.

–Não sei não... -Certo, então eu vou sozinha! - dou um passo em direção à floresta mas sua mão me agarra no braço e me puxa com força, mas sem me machucar, fazendo-me olhá-lo nos seus grandes, castanhos, e intensos olhos, que me olham da mesma maneira.

–Eu vou com você. - diz por fim.

E meu coração afunda.

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Pov. Elsa

Eu sou uma confusão agora, de dentro para fora.

Procurando uma saída desesperada, e não achando.

Eu não consigo esconder isso agora, tudo é neve, uma neve tão perigosa.

Meu pior pesadelo, meu maior medo, atingir alguém.

Atingir Jack Frost.

Oh, não, e como estará Anna longe de mim?

O branco que nos cerca não vem só da minha neve, o cajado de Jack está brilhando de um jeito perigoso, e ele está me abraçando.

Protegendo-me.

E dessa vez eu deixo, porque dessa vez eu preciso de proteção. o problema é que eu preciso de proteção contra ele, ou pelo menos metade dele, então ele pode mudar de ideia e me esmagar a qualquer momento.

–Pitch! Você jamais a terá, vai embora! Uma risada é ouvida, e sim, sai do próprio Jack.

–Elsa? - uma voz feminina grita, mas está um pouco longe.

–Elsa! - outra voz, masculina dessa vez, não consigo identificar quem, mas a voz é familiar, claro.

–Espere, você trouxe alguém com você? - Jack fica agitado - idiota! - areia preta em formato de furacão começa a sair apressada da garganta de Jack, que ainda não me soltou.

E então o cajado, que já havia me cegado completamente, e tudo estava branco, para de voar e vai ao chão, com um grito de Jack.

Que também sai do abraço e cai no chão.

A neblina começa a dissipar-se e uma voz que parece estar vindo de dentro da minha cabeça diz:

–Quando for a hora certa Elsa, você virá comigo por vontade própria.

E toda a neblina cai, junto com minha neve, e junto comigo, que estou segurando o rosto desacordado de Jack com as duas mãos.

–Jack? - mas não é minha voz que o está chamando.

–Jamie? - respiro pesado, sem sair de minha posição.

–O...que... Aconteceu aqui? - A ruiva, Merida, estava girando lentamente, vendo toda a destruição das árvores, algumas severamente quebradas.

Olho para cima, onde alguns dragões dissipavam-se.

–Elsa, você está bem? - Jamie corre ajoelhando-se ao lado de nós dois, Merida corre também.

–O que houve com Jack? Só vimos uma grande neblina e os dragões e então...

–Vocês nos salvaram... - começo, baixinho, olhando para o chão.

–O que? - Jamie e Merida dizem ao mesmo tempo.

–Vocês, vocês nos salvaram! - falo mais alto, com um sorriso no rosto. - muito obrigada, obrigada.

–Quem salvou o que...? - Olho em espanto para Jack, que está abrindo os olhos devagarinho.

Eu amo quando ele acorda, e em uma situação de risco, ele é ainda mais bonito.

Não Elsa! Você está com raiva dele, esqueceu?

–Jack! - pulo em cima dele e o abraço. - pelo amor... - eu estou com a cabeça afundada em seu casaco, e ele está com sua mão direita em minha cabeça enquanto a esquerda repousa em minha cintura - Você me assustou...

–Me... Me desculpa... - ele está piscando forte, coloca a mão que estava em minha cabeça na cabeça dele e aperta. - minha cabeça...

–Jack? - me afasto um pouco.

–O que foi que eu fiz? - ele me pergunta devagar, olhando em meus olhos, depois encara Merida e por fim Jamie, mas seus olhos param em meu braço, pálido, mas com marcas de mãos fortes que um tempo atrás me segurava machucando-me. - Elsa...

–Você a machucou? - Jamie diz, incrédulo.

–Jamie! - ele levanta-se com tudo e agarra o colarinho da camisa dele, empurrando-o com força, assim, do nada. - Seu idiota! Você beijou a minha Elsa!

–Jack! - corro e o agarro, tirando-o de perto de Jamie, que respira pesado agora.

–Você! Você foi o idiota! Como pôde deixá-la sozinha?

–Eu a deixei sozinha?! - Jack gritava, estava com raiva, e apontava o cajado para Jamie, que não recuava.

–Sim, Jack, você! E você também beijou minha irmã, e Astrid! - o olha desapontado, mas ainda há raiva em sua voz. - como pôde ter beijado a Astrid? Esqueceu da porcaria do seu amigo?

–Não era eu! - ele gritou ainda mais forte, mas se queria congelar ou machucar Jamie, ainda não o havia feito.

Jack parecia estar começando a ceder, na verdade, o que não era de seu feitio.

–Mas era você quando beijou Rapunzel. - falo baixinho, muito baixo, era para ser apenas para mim, mas Jack ouviu, e consequentemente Jamie, até mesmo Merida que parecia não saber o que fazer.

–Você... Você beijou a Rapunzel? - Jamie começa, baixo, olhando para o chão. - Você fez a merda de beijar a Rapunzel? - Olhou para Jack, falando cada vez mais alto, eu nunca havia o visto assim. - O que você tem na cabeça Jack Frost? Espere... Quando eu falei sobre Rapunzel para você... Imbecil...

Então aconteceu o inesperado, um soco foi desferido.

Jamie avançou tão rápido que quase não entendi seus movimentos, acertou em cheio o rosto de Jack, fazendo-me gritar e pôr minhas mãos cobrindo a boca, Merida fez o mesmo e tentou apartar a briga, sem sucesso.

A raiva em Jack ficou cada vez mais crescente, pude ver em seus olhos o que vinha em seguida, e mesmo quase o congelando, não consegui conter o soco dele em Jamie. Bem no nariz, não não não, isso não pode continuar.

Jack estava com um pequeno corte acima de sua sobrancelha esquerda e Jamie tinha um pouco de sangue escorrendo de seu nariz.

O sangue de Jack era de um vermelho vivo demais, e escorria pelo lado de seu rosto tão pálido, era um contraste bonito, mesmo naquele momento.

Aquilo me deu calafrios, me fez lembrar que muitas coisas podiam matar guardiões.

Quando o punho de Jamie já estava em seu próximo destino, o estômago, eu entrei bem no meio dos dois, seguida por Merida. O soco foi parado na hora, Jamie não avançou.

Os olhares entre eu e Jack eram fortes, e pude perceber que os olhares entre Merida e Jamie também.

Cada uma estava olhando para quem mais se preocupava.

–Vocês têm que parar. - Eu disse, firme, e jack encarou o chão. Olhei para Jamie. - Vá embora, Jamie, por favor.

–Mas...

–Por favor. - Insisti.

Jack abaixava a cabeça às vezes, abria a boca para falar algo mas logo desistia.

–Você é um completo imbecil. - Jamie disse olhando diretamente para Jack e depois virando as costas, de volta à “festa”.

–Vocês dois - Merida vira para nós e aponta para mim e para Jack, às vezes olhava para trás, para Jamie, com medo de que fosse sem ela. - Deveriam mesmo conversar, eu vou conversar com Jamie.

–Nós... - começo, querendo dizer que iríamos conversar.

–Mas não conversem aqui. - ela olha ao redor e dá um passo para trás. - Aquela neblina pode voltar e a floresta não é um bom lugar para se estar, mesmo amanhecendo... - Jamie já deveria estar na metade do caminho, e ela percebeu isso, dizia as instruções rapidamente. Se não fosse o momento, eu acharia engraçado. - Não se matem... tchau.

E anda em um ritmo acelerado para o caminho fora da floresta.

Viro-me para Jack, que está olhando para o chão congelado por nossas neves, neve da qual eu mais tinha medo. Nós precisávamos mesmo conversar.

–Jack.

–Elsa. - ele olha em meu rosto, sua expressão é de irritabilidade.

Desfiro um tapa em seu rosto, não tão forte, mas o suficiente para sua irritabilidade ser trocada por culpa.

–Você mereceu.

–Elsa, eu...

–Vamos sair dessa floresta primeiro. - Digo e ele assente com a cabeça, o sangue em sua testa ainda escorre, e me faz querer por um pano ali ou algo assim. Mas não ponho.

Estamos andando pelo caminho que fizemos para chegar até aqui.

Meus medos só aumentam, e eu não quero ter de dizer adeus.

Eu o amo.

Mas o meu maior medo nesse momento não era a dúvida de se eu o amava ou não.

Meu maior medo era se ele ainda me amava.

E isso eu acho que vou descobrir agora.

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