Not so different, After all escrita por Ana Carolina Lattaruli


Capítulo 53
I See The Light


Notas iniciais do capítulo

NÃO ME MATEM



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Pov Rapunzel

–Eu não sei o que eu quero, então não me pergunte, ainda estou tentando descobrir.

–Tudo bem... - me olhou com cara de quem não entenderia nem se eu explicasse.

–Meu único sonho desde pequena era ver de perto as lanternas, entende? E agora eu estou neste barco para realizar esse sonho. - aponto para o barco em que nos encontramos agora.

–Você deve estar bem animada né?

Sério que ele perguntou isso?

–Sério que você perguntou isso?

–Foi só uma pergunta retórica. - ele ri, e o sorriso branco dele me inunda de diversão.

Maldito guardião.

O céu escuro mostrava várias estrelas brilhando como se quisessem se apoderar de toda a situação.

–Como você acha que vai ser? - pergunto e me apoio com a cabeça na proa do pequeno barco.

–Você que deveria me responder isso. - ele sorri e apoia-se no cajado ainda sentado, me olhando.

Me sento rapidamente.

–Me conta sua vida. - falo rápido.

–O que?

–Vai, me conta, você vai embora daqui a pouco e eu mal sei sua idade.

–Quanto menos souber, melhor. - ele põe o cajado no chão do barco, talvez tivesse medo de congelar tudo.

Eu também teria.

O olho e seus olhos se encontram com os meus, em uma prece silenciosa para que ele falasse algo antes que pudesse fazer alguma besteira sem pensar.

–318.

–Oi? - pisco algumas vezes me livrando de qualquer pensamento.

–Eu tenho 318 anos presos em um corpo de 21, - diz despreocupado. - mesmo algumas pessoas dizendo que pareço ter 19. - dá de ombros. - Elsa tinha 18 quando... - ele para drasticamente e me olha torcendo a boca.

Minha boca forma um "O" completo.

–Como...?

–Longa história.

–Temos todo tempo do mundo, até pelo menos as lanternas aparecerem.

Ele me conta uma história maluca sobre como ele morreu, Elsa morreu, Anna morreu, a irmã dele quase morreu, um príncipe morreu, um tal de Jamie também quase morreu.

Pitch. Bicho papão. Medo.

Sombra.

Oculto aquilo que deveria expor e deixo que ele continue me falando sobre sua vida, ninguém gostaria de ouvir sobre minha vida, aquilo simplesmente não era viver.

–Quantas mortes. - digo depois de um tempo, depois que ele contou tudo. Não demorou muito.

–Por isso não posso levá-la comigo.

–Mas eu não tenho para onde ir.

–Melhor do que correr o risco de morrer.

–Aqui eu também tenho esse risco.

–Rapunzel, por favor! - ele se levanta e vejo um pouco do barco congelar.

Olho pra Pascal que está na proa e viro meu olhar para Jack de novo.

–Mas Jack... Eu posso ser de alguma ajuda pra esse negócio dos dragões e...

–Não! Não pode! - ele respira fundo e levanta fazendo o barco balançar levemente. Puxa os cabelos brancos para baixo pousando a mão na própria nuca enquanto me olha. - Não posso correr esse risco.

–Que risco?

–Risco de deixar você morrer.

–Mas...

–Você me lembra muito a minha irmã na personalidade, - ele acalma a respiração - você também me lembra a Sophia na aparência, e ainda por cima me lembra Elsa na teimosia, não posso deixar você morrer, porque seria como se eu tivesse matando todos que eu me importo.

Abaixo minha cabeça e quase me deixo chorar. Quase.

–Tudo bem, eu só não queria ter tanto medo.

–Ei. - ele senta no banco à minha frente e segura meu queixo com os dedos, me fazendo olhá-lo naqueles olhos azuis que pareciam se aprofundar na minha alma até achar algo que pudesse denunciar meu passado.

O olho.

–Oi.

–Não se preocupe, pequena. Você está segura.

Sorrio,esmo sabendo que ele não poderia ter contado mentira pior.

E algo ilumina a minha vista, ao longe o reino cercado de água ganha vida, ganha luz, ganha pequenos pontinhos acesos por todo ele e vai subindo até o castelo, numa luz crescente.

Me jogo na proa, apoiando meu cotovelo e praticamente escalando ali, para ver melhor quando uma lanterna lá de cima é lançada aos céus, iluminando a planície azul escura com sua cor e brilho que faz meu coração pular e querer saltar do peito em direção a água e nadar até a luz.

Vejo pascal, vejo Jack, mas vejo principalmente a luz.

Aquele pontinho logo toma forma e logo é acompanhado por milhares de pontinhos que começam a chegar tão perto do barco que tenho vontade de ficar assim, observando-as, por uma eternidade.

A luz nos cerca, aquela luz alaranjada que invade minha alma e me faz pensar que o que eu fiz fugindo foi a melhor coisa que já fiz na vida.

Uma luz no barco me chama a atenção.

Jack está com duas lanternas, ele me olha e eu praticamente pulo nele.

Pego a lanterna com as duas mãos como se fosse jóia rara, e era mesmo.

Lançamos juntos as lanternas no céu, que rodopiam em si enchendo o céu com ainda mais cor.

Olho para Jack, que me encara.

Eu deveria estar com uma cara muito engraçada enquanto via todo aquele sonho ser realizado, pois ele ri e se aproxima, pegando minha mão.

O olho.

Sei que aquilo é errado.

Passei minha vida em uma torre, mas sei todos os pecados possíveis, e tento não cometê-los.

Só que seu sorriso é algo que puxa, mas eu não sinto amor por ele.

Também não posso dizer que não sinto nada.

Eu sinto algo.

Mas nada que possa ser nutrido.

E tenho quase certeza que ele pensa do mesmo jeito.

Mesmo assim meus olhos o caçam, assim como os dele me chamam mais para perto.

Mais pra perto é algo perigoso agora.

Mas eu não estou muito cuidadosa ultimamente.

Nada impede quando sua mão vai de encontro à minha cintura e me puxa de encontro à sua boca, me beijando conforme a luz nos seguia.

~•~

Pov Jack.

O que eu fiz?

CÉUS O QUE EU FIZ?

Que idiota eu sou, droga!

Tudo nela me lembrava as pessoas que eu amava.

Tudo.

As manias, a conversa sem pausa, as risadas, a boca, o olhar.

Cada coisa tinha uma pessoa diferente que me lembrava.

Mas sua boca me lembrava Elsa.

Seu olhar, mesmo verde, me lembrava Elsa.

Era incrível como elas poderiam ser parecidas se Rapunzel tivesse o cabelo branco, olhos azuis, e fosse mais calma e fria.

Mas ela era quente como Elsa nunca foi e nunca será.

Ainda bem.

Elsa é única. Na personalidade, na aparência, em tudo.

Elsa é única para mim.

Eu não aguentei, imaginei Elsa ali, imaginei-a vendo todas aquelas lanternas, todas essas cores, imaginei como ficaria feliz de estar comigo e isso seria recíproco.

Imaginei como ela ficaria linda à luz alaranjada, refletindo em seu olhar.

O que foi que eu fiz?

Eu amo Elsa.

Eu sempre amei.

E eu sempre vou amar.

Esse beijo serviu apenas para mostrar como Elsa é importante para mim, e como ela é única em um milhão.

Beijar Rapunzel foi estranho, porque beijar Elsa era a coisa que eu mais queria.

Me soltei dela e a olhei, pedi aos céus para que ela não se apaixonasse, pedi aos céus para que não levasse nada disso a sério.

Pedi silenciosamente que ela me perdoasse.

E pelo seus olhos eu pude ver tudo, pude ver compreensão, pude ver amizade.

Pelos seus olhos eu vi minha irmã.

E igual a minha irmã, ela me perdoou.

Mas seu sorriso durou pouco.

Olhou para a floresta alguns metros atrás de nós e gelou por um momento.

Me virei para ver o que havia lhe dado tanto medo, talvez um outro coelhinho.

Ao me virar, desejei que fosse somente um coelhinho, pois o que vi era algo sem forma e sem noção de estar ali.

E percebi de imediato que aquilo vinha atrás de nós.

~•~


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Notas finais do capítulo

NÃO MATEM APENAS DEIXEM SEUS COMENTÁRIOS Q IREI RESPONDE-LOS, FAVORITEM, COMENTEM, RECOMENDEMMMM beijos gelados seus lindos não me matem 👀 :,) tudo é calculado e tudo tem um motivo, próximo cap sai em breve ;**