No Ritmo do Amor escrita por TamY


Capítulo 39
Cirurgia/Lembranças do Passado...


Notas iniciais do capítulo

Hola!! :D
Olha eu aqui novamente! e nem demorei dessa vez...e isso tudo graça a vocês que comentaram me dando inspiração para esse capitulo...só digo uma coisa... preparem os lencinhos! :')
quero deixar meu agradecimento a todas as meninas que deixaram seu comentário e fico feliz em saber que ainda acompanham!! bom chega de enrolar... boa leitura!!



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## Carlos Daniel narrando##

Estava tudo pronto e o momento havia chegado... Por um pedido meu pedi ao medico que Paulina me acompanhasse ate que eu fosse anestesiado, e Paulina permaneceu a meu lado, nossas mãos sempre unidas, transmitindo segurança, força... Precisava dela mais do que nunca.

A sala era fria, em tons claro, os enfermeiros todos de verde andavam de um lado a outro preparando os últimos detalhes antes da chegada no medico e do anestesista... A enfermeira que cuidou de mim por toda essa semana também ajudaria em minha cirurgia e nossos olhares se cruzaram por apenas um instante e ela me sorriu simpática, confiante... Eu já estava pronto, um soro em minha veia, aparelhos monitorando meu coração e mais um monte de coisas que eu nem mesmo fazia idéia de sua utilidade.

Eu estava tenso e não podia evitar o tremor de minhas mãos e senti um leve aperto em minha mão e olhei para Paulina que me observava com preocupação, devolvi seu aperto e lhe dei um sorriso tenso.

– Vai terminar logo meu amor! Ela me disse enquanto acariciava meu rosto. – Logo nos encontraremos La no quarto e tudo isso terá acabado! Continuou me olhando no fundo dos olhos.

Podia ver a emoção estampada em seu olhar e desejei tranqüilizá-la... Não sabia o que lhe dizer então permaneci em silencio enquanto olhava para a movimentação na sala... Quando o anestesista chegou me deu uma rápida explicação do que faria... Depois de ele realizar todos os procedimentos de uma anestesia geral comecei a me sentir sonolento, lento...

– Eu te amo! Ouvi Paulina sussurrar em meu ouvido e meu coração deu um salto, desejei lhe responder, mas já estava muito fora do ar para conseguir lhe dizer alguma coisa. - Volta para mim! Pediu com a voz embargada.

E então senti quando nossas mãos foram separadas, mas não tinha forças para uni-las novamente... E de forma confusa a vi se afastar, sempre me olhando ate que sumiu do meu campo de visão... Podia ouvir os enfermeiros conversando, mas tudo era muito confuso para mim...

Acordei em um quarto escuro gritando e lá fora o céu era iluminado pelos trovões e uma chuva grossa caia... Estava sozinho então caminhei cambaleando enquanto meu coração batia acelerado no peito e procurei pelo interruptor de luz, mas ela não funcionou... Então caminhei as cegas ate minha cama e tateando procurei por minha lanterna. E me sentei ofegante na cama com aquele único feixe de luz fraca.

Tinha apenas seis anos de idade... Estava sozinho em casa, meus pais provavelmente tinham saído em busca de drogas ou bebidas. estava com medo, mas esse não era um sentimento novo para mim, o medo era um sentimento muito constante para um criança de 6 anos como eu...

Não sabia bem porque sentia medo, não tinha tido pesadelos, mas estava com medo, sempre estava com medo... Talvez o medo de acordar com meus pais me enchendo de surra apenas porque lhes deu vontade.

E meu medo aumentou quando ouvi a porta bater, desliguei a lanterna rapidamente e voltei a me deitar e fechei os olhos bem apertados rezando para que eles não fosse ate ali, estavam discutindo novamente e logo começaram a quebrar as coisas...

– CARLOS DANIEL! Meu pai gritou por meu nome com fúria, fazendo meu sangue gelar... Não me atrevi a respondê-lo.

–NÃO OUVIU TE CHAMAR MOLEQUE? Ele me pergunto quando me arrancou da cama com brutalidade. – porque estamos sem luz? Perguntou-me com a voz arrastada, tinha bebido.

– N-não sei papai!Disse a ele com a respiração ofegante enquanto o olhava no escuro, só conseguia ver sua imagem bagunçada quando um trovão atravessava céu iluminando o pequeno quarto.

– MENINO INUTIL! Ele gritou irritado e antes de sair do quarto me deu um tapa estalado que pegou em meu braço quando tentei me defender...

Me encolhi no canto escuro chorando, minha pele estava quente onde sua mão havia pegado e ardia... Enquanto meus pais discutiam na sala eu chorava baixinho com medo de o som do meu choro trazê-los de volta a meu quarto...

Não sei por quanto tempo fiquei assim, mas me obriguei a me levantar daquele canto quando eles se cansaram de brigar e saíram em busca de mais bebidas... Secando meu rosto, ainda esfregando onde meu pai havia me batido segui ate a cama e busquei minha lanterna e segui por uma casa bagunçada, quebrada... A cozinha quase não tinha moveis e o pouco que tinha estavam quase vazios... Não me atrevi a pegar nada, se meus pais desse falta de alguma coisa poderia me bater ainda mais... Na manhã seguinte sairia para conseguir algo para comer sem que eles soubesse... Sempre sai em busca de comida quando na manhã seguinte eles chegavam cansados demais para darem conta de meu sumiço.

Passei água gelada no rosto e me sentei na mesinha velha da cozinha, sozinho... Queria odiar meu pai por isso... Passai o resto da noite sem poder dormir com o medo de que a qualquer momento eles voltariam.

Como eu já esperava eles voltaram pela manhã cansados demais para notarem minha falta e então sai pelas ruas frias e molhadas vestindo apenas uma bermuda velha e uma blusa tão grande que quase não parava em meu pequeno corpo... Passei em alguns lugares que sabia que me dariam algo de comer, em troca eu fazia alguns trabalhos para eles, como juntar o lixo ou varrer os passeios...

Depois de comer me sentei na calçada, as pessoas passavam por mim seguindo suas vidas, como se eu fosse invisível para eles... Passei um bom tempo sentado naquela calçada, não queria voltar para casa e apanhar novamente então me coloquei de pé e comecei a andar colocando a maior distancia possível entre mim e meus pais.

Andei ate o cansaço e quando achei que estava longe o suficiente já era noite e com ela veio o frio... Andava encolhido pelas ruas já vazias pelo avançar das horas... E me sentei na porta de uma loja, encolhido tentando impedir que o calor de meu corpo fosse roubado pela friagem da noite... Tremia com o frio e ali, tremendo, com fome, cansado adormeci... Foram quase três dias assim... Dormindo nas ruas, dividindo abrigo com os cachorros de rua... Não tinha mais volta, não podia voltar para casa...

Meu azar foi ser pego pelo conselho tutelar que me devolveram para meus pais e nunca senti tanto medo em minha vida... E eu estava certo ao me sentir assim, meu pai me bateu tanto que fui parar no hospital desmaiado.

Acordei horas depois com uma mulher sentada na beirada da minha cama, meu corpo inteiro doía...

– Olá! Ela me disse me oferecendo um sorriso. – eu me chamo Jane!

Ela falava em um tom calmo, e tinha um olhar tão diferente dos quais estava acostumado a receber.

– Pode confirmar algumas informações meu querido? Perguntou enquanto analisava algumas folhas em suas mãos.

Eu apenas acenei positivamente...

– seu nome é Carlos Daniel Santiago e você tem seis anos? Disse erguendo seu olhar e me olhando sorrindo.

Eu apenas acenei positivamente... Não faço idéia de quantas vezes ela tentou fazer com que eu falasse alguma coisa, mas não abri a boca, não sentia vontade de falar... Apenas queria me deitar e dormir.

Os médicos me examinaram diversas vezes e da mesma forma que aquela mulher tentou fazer com que eu falasse me recusei a falar... Os dias se passaram rápido e nem meu Pai e nem minha mãe estiveram no hospital para me ver. Não sei como me sentia quanto a isso.

Quando recebi alta fui levado a um orfanato, e agora estava mais sozinho do que nunca... Tinha me transformado em um menino calado e cheio de medos... Não tinha uma noite em que acordava depois de sonhar com a surra que me levou a aquele hospital e acordava suado e chorando.

Era dia de visita no orfanato, já fazia quase um ano que estava ali, e durante todo esse tempo vi meninos irem e virem desse lugar, uns nunca mais voltavam, mas outro, no entanto acabavam voltando,devolvidos, rejeitados por famílias que não os achavam bons o suficiente... Eu nunca fui adotado, quem iria querer um garoto mudo, como eu? Em uma tarde em que estava sentado sozinho vendo os outros garotos interagirem com os visitantes fui surpreendido pela aproximação de uma mulher.

– Olá, Posso me sentar aqui? Ela perguntou sorrindo enquanto me olhava.

Eu apenas acenei positivamente com um gesto de cabeça e a olhei com desconfiança, mas a forma com a qual ela me observava, parecia receosa, mas mesmo assim me olhava diferente, não sabia como descrever seu olhar, nunca tinha recebido um olhar assim antes, mas gostei da forma que me olhava.

– eu me chamo Helena Bracho! Disse sorrindo enquanto me estendia a mão brincalhona.

Eu apenas olhei sua mão estendida com medo de me mover e fazer algo errado...

– aperte minha mão, Carlos Daniel! Ela disse sorrindo.

Minha mão praticamente sumia na sua... e o fato de ela já saber meu nome me deixou curioso, mas não perguntaria...

–poderíamos ser amigos! Sugeriu ainda sorrindo. – o que você acha?Ela me perguntou me olhando com expectativa.

Eu apenas balancei os ombros em um gesto de “não sei” e ela riu... uma risada divertida, a tempos não escutava alguém rir assim e fiquei a olhando com um encantamento.

Ela ficou algumas horas conversando comigo e parecia não se importa de eu não ter dito nenhuma palavra desde que ela chegou... No final Ela me cumprimentou com um aperto de mão novamente e prometeu que voltaria no dia seguinte.

Eu não acreditei que ela voltaria, mesmo assim a esperei com ansiedade de poder ouvir suas historias... quando ela apareceu lhe dei um sorriso tímido, o primeiro desde que coloquei meus pés nesse orfanato.

–quero te apresentar uma pessoa! Ela disse sorridente. – posso? Ela perguntou me olhando.

Acenei em concordância... depois de fazer sinal a um homem que se aproximou me olhando com curiosidade ela segurou minha mão ao notar que me encolhi diante daquele homem...

– tudo bem meu amor!

Na mesma hora a olhei... Era a primeira vez que alguém se referia a mim dessa forma tão carinhosa... Fiquei a olhando e senti um nó se formar em minha garganta.

– esse aqui é o Eduardo! Ela disse apontando para o homem que nos observava. – ele é meu marido! Explicou.

Depois disse Helena e Eduardo passaram a vir todas as semanas me ver e os dois contavam historias para mim... Me dava o que nunca tive, me davam atenção... E em uma dessas visitas Eduardo e helena Bracho me convidaram para ir morar com eles e eu logicamente acenei em concordância.

Nunca imaginei morar em uma casa assim... Era uma mansão enorme e me sentia um pedrinha em meio a uma caixa de areia naquela casa gigantesca... na casa me apresentaram aos outro familiares, eu não desgrudei de helena com medo de tudo e de todos... As poucos, de forma muito lenta eu comecei a me acostumar com todos e já ate me arriscava a brincar com Rodrigo o filho de helena e Eduardo.

Apesar de um dia em que Helena conversava comigo me disse que se eu quisesse ela poderia ser minha mãe e Eduardo meu Pai... Essa idéia me encantou, mas não tinha como dizer isso a ela então apenas sorri e lhe abracei, ela pereceu ter entendido porque me abraçou de volta e me chamou de filho.

Depois disso todas as tarde eu e helena íamos ao estúdio de dança que havia naquela casa, helena era dançarina e me encantava vê-la dançar... E ela por diversas vezes tentou me ensinar alguns passos e ate comecei a aprender... Me sentia feliz como nunca tinha me sentido e amava aquela família, com os Brachos aprendi a ter esse sentimento de uma forma tão intensa... Agora meus medos eram todos sobre perder aquela família...

Enquanto observava helena dançar... Sorria a olhando, sorrir havia se tornado uma coisa natural para mim e sem pensar muito no que fazia me levantei do lugar onde estava sentado e atravessei o estúdio de piso de madeira polida, nossos reflexos nos enormes espelhos e ao me aproximar Helena me olhou com preocupação e então segurei sua mão a puxando para que ela se abaixasse ficando a minha altura como costumava fazer quando falava comigo... E então olhando para seu rosto... Eu disse...

– Obrigado! Minha voz infantil soou por aquele cômodo pela primeira vez. – Obrigado Por me salvar, Mamãe!

Helena me puxou para seus braços me abraçando forte enquanto chorava... dai em diante me tornei um menino normal, voltei a falar e a sorrir, me sentia feliz... Todos naquela casa me amavam, estava feliz ali, me sentia parte da família.

Mas apenas alguns anos vivendo feliz com minha família... Tudo se desmorona como um castelo de cartas que é derrubado pelo vento... Helena e Eduardo sofrem um acidente e me deixam sozinho novamente... Haviam tantas coisas que gostaria de lhes dizer... E então tudo escurece diante de meus olhos e acordo em frente a uma enorme porta, inicialmente não reconheço onde estou, mas meu reflexo no espelho me deixa curioso, sou um homem agora e a dor da perda de meus pais parece ter diminuído... E então sigo em frente por uma porta e me surpreendo ao encontrar uma mulher, ela parecia me esperar... Então coloco um ar irritado, mas não sei bem o motivo dessa irritação, mas de uma coisa sei... não me sinto irritado com essa moça.

– Vamos acabar logo com isso?Perguntou ao me lembrar do meu castigo.

– Não se aprende a dançar da noite para o dia! Ela me responde de forma petulante.

Tenho a sensação de já ter vivido isso antes...

– Paulina! Ao dizer seu nome acordo em um lugar escuro, vejo alguém debruçado a meu lado e não me movo... Estou com uma dor intensa na minha cabeça e levo a mão ate ela, esta toda enfaixada... Estou confuso, não sei bem onde estou... E levo meu tempo observando a pessoa que dorme perto de mim... E meu coração dispara.

– Paulina? Pergunto-me enquanto a olho dormir... e sim... é minha Paulina que esta ali... me sinto mais tranquilo a tendo ali, E volto meu olhar a minha volta, olhando tudo a meu redor que me possa dar uma pista de onde estou... E então me lembro do sonho, os momentos angustiantes que passei e respiro pesadamente agradecido por ter acordado, gostaria de manter essas lembranças bem guardadas...


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Notas finais do capítulo

gostaram?
quero saber o que acharam desse capitulo!! então não sejam tímidos e comentem! :D
Bjus e ate o próximo capitulo!