Ice Cream escrita por IsaChan


Capítulo 7
Conforte-me no calor de teus braços.




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Naquela mesma noite, depois das compras, Jaqueline resolveu acompanhar-me até minha casa.

–Não é necessário, posso ir sozinha, obrigada. -Eu disse delicadamente, para que não soasse grotesco. Minha mãe achava que eu tinha ido estudar com um grupo de escola, não que eu havia ido com uma garota fazer compras. Ela desconfiaria se eu aparecesse com Jaqueline por lá. E faria muitas perguntas depois.

–Faço questão. -Disse ela, pegando minhas sacolas. - Eu levo elas até lá para você, também. Jaqueline era muito educada, e mesmo sendo menor que eu, adorava fazer as coisas por mim.

–Olha, Jaqueline, minha mãe não sabe que eu estou aqui com você. - Eu disse, pondo minhas mãos em teus ombros e pegando as sacolas de volta.

–Como assim? - Perguntou ela, com a mesma expressão confusa de sempre.

–Ela acha que eu estou num trabalho escolar, desculpe. -Eu disse, decepcionada.

–Ha? Sério? Você é uma tonta, isso sim. -Disse Jaqueline, rindo. -E aonde é que você vai colocar essas sacolas? Você deveria pensar mais antes de tramar algo. -Disse ela, pegando as sacolas novamente.

–Ai, eu não havia pensando nisso...-Respondi, pondo uma de minhas mãos na testa, dando-me um tapa de leve. Me senti uma completa idiota no momento.

–Vamos, deixa que eu faço. Te levo até a esquina de tua casa, ninguém vai nos ver. Levo as sacolas comigo, te entrego na escola segunda. -Disse ela, se orgulhando.

–Oh, você faria isso por mim? Obrigada, Jaqueline. - Eu disse, alegre.

–Faria qualquer coisa por você. Jack, à partir de hoje, me chame de Jack. -Nesse momento ela largou as sacolas no chão, ficou na ponta dos pés, e me deu um carinhoso beijo na testa. Aquilo fez meu coração disparar. Jaqueline sabia bem o meu ponto fraco. Sabia que meu ponto fraco era exatamente, o amor que tinha para me dar.

–Ora, vamos. Já está ficando tarde. -Ela então pegou as sacolas, e segurou em minhas mãos. Aquilo era simplesmente confortante. As mãos de Jaqueline faziam com que meu corpo inteiro correspondesse ao seu toque, era como se ela fosse um cobertor num dia frio. Simplesmente confortante.

Caminhamos então o circuito inteiro silenciosamente. Apenas escutando os passos uma da outra.

–Bem, é aqui. -Eu disse, parando à frente de Jaqueline.

–Te ligo mais tarde, tudo bem? - Perguntou ela.

–Claro, fique à vontade. - Eu disse, dando-lhe um sorriso de meio canto. E fui me então em direção ao meu destino.

–Espere! . -Gritou, Jaqueline. Eu não podia me virar, não naquela hora. Meus olhos estavam acumulando-se em lágrimas, e eu não sabia o motivo daquilo.

–Diga...- Eu disse, sem me virar.

Pude então escutar os passos de Jaqueline vindo em minha direção. Ela então virou meu rosto, e uma aparência triste em seus olhos se fixaram rapidamente. Ela então abraçou-me, bem apertado. Era como se ela estivesse me protegendo de algum mal.

–O que te preocupa? Por que choras? - Perguntou Jaqueline, respirando fundo.

–Eu não sei. Desde o dia em que você mexeu comigo, eu já não consigo mais fugir. Não posso parar de pensar em você, não consigo. Você não se preocupa, não sente o que sinto. Pra você é fácil, quando na verdade eu tenho medo de que um dia você me deixe, tenho medo de que um dia o meu grande amor me deixe. - Eu então disse, sem poder me segurar. Sem perceber minha voz havia saído num tom alto,rouco, quase desesperado. Não sabia o motivo daquilo. Mas podia sentir que lágrimas caiam sem parar pelo meu rosto. E eu não podia conter-me.

Jaqueline então sorriu, e disse:

–Você não deve se preocupar.

Ela então se virou, e soltou um beijo pelo ar.

–Te ligo mais tarde. E então se foi,com apenas aquelas palavras ditas.

Fiquei então ali parada, com apenas meus sentimentos. Gostaria de saber o quê Jaqueline realmente sentia por mim. Gostaria de saber o quê se passa pela mente de Jaqueline. Quando que na minha, passa-se somente a imagem dela.

Cheguei então em casa, e minha mãe não estava na cozinha me esperando. Subi as escadas em direção ao quarto de meus pais, e bati três vezes na porta.

–Ora, minha filha. Terminou de estudar? - Disse meu pai, com a voz abafada. Dando-me um beijo nas mãos.

–Sim, papai. Desculpe-me ficar no quarto o dia inteiro, mas preciso me preparar para as provas. - Menti ao meu pai, não me satisfazendo apenas em mentir para minha mãe.

–Não se incomode, querida. - Ele disse fechando a porta e saindo do quarto. -Mas espere, o que é isso, estava chorando? -Perguntou ele, analisando meu rosto.

–N-não, pai. Estou apenas cansada. - Respondi, desviando-lhe o olhar.

–Se algo te preocupa não hesite em me consultar. -Disse ele, com uma expressão preocupada.

–Apenas cansaço, pai..E, onde está mamãe? - Perguntei-lhe, olhando para os lados.

–Bem, ela saiu a pouco tempo atrás, disse que ia a Mercearia comprar legumes para o almoço de amanhã. -Respondeu ele, sorrindo com os olhos.

–Espero que ela não demore. Bem pai, vou tomar um banho agora, preciso descansar. -Disse dando-lhe um abraço de boa noite.

–Boa noite, querida. -Respondeu ele dando-me um beijo na bochecha. Meu pai costumava ser um homem bem calmo. Justamente pelo fato dele não misturar emprego com família, e eu admirava isso nele.

Fui descendo as escadas e vi no relógio que já eram oito e meia da noite. Pensei rapidamente, e lembrei-me que a mercearia ficava aberta somente até às quatro aos sábados, e rapidamente pude sentir que havia me metido em uma pequena, talvez grande ,encrenca.

Nesse mesmo momento minha mãe abre a porta, dando-me um susto.

–Assustada, querida? - Disse ela, com um sorriso malicioso nos lábios, jogando a bolsa encima da mesa.

–Não mãe, apenas cansada. -Disse-lhe, com um traço sério.

–Estudou o dia inteiro, não é... -Ela disse, com o sorriso ainda mais aberto, quase que soltando uma pequena risada diabólica.

–S-sim, mãe. - Respondi, não entendendo a situação.

–Sente-se, querida. -Disse ela, apontando-me um lugar na mesa. Aquilo me deixou assustada, e minhas mãos tremiam.

–Você deve saber que a Mercearia fecha às quatro. Você sabe que não estudou a tarde toda. E você a esse ponto já deve saber o intuito desta conversa. -Disse ela, rodeando os dedos na mesa, com o mesmo sorriso de antes.

–M-mãe, seja direta. -Gaguejei.

–Como quiser. Quem era a garota que estava com você minutos atrás, e por que estava chorando? -Perguntou ela. Nesse momento meu coração gelou, minhas mãos suaram. E então tive que pensar e planejar algo rápido.

–B-bem, Mãe, acho que você me pegou. - Disse fingindo um sorriso. -Mãe, ela é uma amiga. Ela tem me ajudado desde que entrei naquela escola. Ela então me pediu que fosse com ela até umas lojas, pois ela queria se preparar para o namorado, no qual completariam dois anos de namoro amanhã. Só que quando estávamos voltando, seu namorado ligou, terminando com ela. Ela ficou apavorada, em estado de choque. Lembrei-me então de Carlos, e senti falta dele. Chorei então de saudades dele, mãe. -Respondi, colocando minha cabeça entre os braços, como se estivesse magoada. Aquela mentira de última hora atingiu até a mim. Não era a toa que eu queria cursar Teatro.

–Oh, minha filha... -Minha mãe então se levantou e começou a acariciar meus cabelos. -Não se preocupe, você logo verá seu namorado novamente, prometo. Sei como se sente, querida. Você deveria ao menos ter me dito sobre ela, não é um erro fazer amizades.

–Sou orgulhosa mãe, desculpe. E quanto a Carlos, eu posso esperar, tive apenas uma pequena recaída. Mas..o quê você fazia fora de casa a essas horas? - Perguntei, levantando-me.

–Estava preocupada contigo. -Disse ela,coçando a cabeça.

O telefone então toca, vi e era o número de Jaqueline.

–Quem é? -Perguntou minha mãe.

–A mesma garota de antes, mãe. -Respondi, pegando o aparelho em mãos.

–Ótimo, peça para ela vir almoçar conosco amanhã, ela parece ser uma garota adorável. Boa noite, querida. -Disse ela,despedindo-se e subindo as escadas.

Aquilo me fez ficar totalmente alegre,não tinha sido tão difícil, no final. Saí correndo então para o meu quarto, fechei a porta com os pés, e deitei-me na cama com a barriga para cima, exatamente do jeito que eu fazia para falar com Jaqueline.

–Pode falar. -Disse, atendendo o telefone.

–Chegou segura em casa? - Perguntou Jaqueline, do outro lado da linha.

–Sim, e quase morri com minha mãe. Ela nos viu, e por um momento achei que ela houvesse descoberto tudo. -Disse, rindo de mim mesma.

–O quê você quer dizer com "Tudo"? -Perguntou ela.

–Que estou apaixonada por você. Respondi.

–Ora, você está apaixonada por mim? -Disse ela, fazendo-se de boba.

–Estou apaixonada pelo seu lindo sorriso idiota, não por você. -Respondi. E então pude ouvir um pequeno riso abafado dela.

–Ah, e tem mais. Ela disse pra você almoçar conosco amanhã, dizendo que achou você uma garota adorável. Pobre de minha mãe, mal sabe ela o que diz. -Disse, tirando uma com ela.

–Sua mãe é tão linda quando você? Se sim, ela realmente corre riscos. -Rebateu ela. Podia sentir que naquele momento o sorriso malicioso dela brochava em seus pequenos lábios.

–Boboca. -Disse, virando-me. -Mas então, você vem? -Perguntei.

–Claro. Mas não terei de usar aquele vestido todo florido que você comprou pra mim, não é? -Ela perguntou, esperançosa.

–Vai sim. -Neste momento corei. Pois lembrei-me da cena que havia passado com ela pouco tempo atrás, justamente por causa do vestido.

–Se você rir se arrependerá. -Disse ela, com uma voz ameaçadora. Que ela não conseguia fazer,por sinal, pois acabava soando de um jeito totalmente amável.

–Já sei. Prometo que não rirei, não desejo perder partes de meu corpo. -Respondi, rindo.

–Você vem me buscar? -Perguntou ela, de um jeito meigo.

–Não.Te encontro na esquina de minha casa, às onze e meia da manhã. Aproveitamos a esquina e ... -Minha risada maliciosa então calou minhas palavras.

–Certo, certo. Entendido. Agora vou desligar pois preciso descansar, boa noite. -Despediu-se ela, desligando o telefone, sem dar-me chances de fazer o mesmo.

Jaqueline era diferente. Seu humor alterava de acordo com o tempo, e eu adorava isso. Teria de me preparar para dormir, pois teria de acordar cedo no dia seguinte. Tomei um banho e preparei um lanche. Deite-me então e tentei dormir. Mas, como sempre, meus pensamentos eram direcionados totalmente à garotinha que eu estava amando.


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Notas finais do capítulo

Está ai, pessoal o/ . Espero que gostem deste capítulo ;u; . Quero agradecer a todas as meninas que comentam, acompanham e favoritam minha fic, vocês moram no meu coraçãozinho :3 . Até a próxima.



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