175 dias. escrita por Malloù Vicchenzo


Capítulo 1
Capítulo I


Notas iniciais do capítulo

Conheçam a Terrence, Terry ou como o ex-idiota dela gostava-a de chamar, Tar. Cuidado! Ela pode estar de mal humor.



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Já deveria ser a milhonésima vez que eu pegava meu celular apenas para ter certeza de que não tinha nenhuma ligação perdida daquele tão conhecido – mas não decorado – número.

Eu sabia que não tinha nenhuma chance de eu ter deixado um toque sequer escapar de meus ouvidos, mas estava ansiosa e simplesmente não conseguia acreditar que ele ainda não me ligara. Olhei para o relógio pendurado em um cordão dourado e meu pescoço, constatando que eram apenas 3h30min da manhã. Cedo demais, ou quem sabe tarde demais? Levantei vagarosamente da cama, fazendo o máximo possível para não perder o equilíbrio quando senti a minha visão escurercer. Mas logo, esta voltara ao normal, enquanto eu me arrastava para o banheiro. Meu estomago se revirava de uma maneira insuportável e, embora não houvesse o que ele pôr para fora, parecia querer cuspir tudo o que conseguisse. Debrucei-me sobre o vaso sanitário, respirando fundo. Não tinha o que eu vomitar, não tinha. Mas meu mal estar era tanto que talvez, se eu vomitasse algo, melhorasse. E, novamente, nada saiu.

Levantei, lavando o rosto, pensando no que poderia estar acontecendo. Não era possível que estivesse com gripe... Logo eu! Sentei no chão do banheiro, e comecei a brincar com a porta do armário. Eu abria... E batia. Abria, e então, batia. O barulho era alto, mas eu não me importava. Meus pais também não deveriam se importar. Da janela do banheiro, eu podia ouvir o farfalhar das folhas das árvores contra a chuva que caia, vagarosamente. O dia não estava lá dos melhores, mas eu gostava daquele jeitinho. Da cor acizentada e do vento gelado. Dos trovões e também gostava muito dos relâmpagos. E me chame de louca, mas quando a força faltava, era a melhor parte de uma tempestade. Abri a porta devagar, desta vez, alheia a qualquer coisa. Mas, ao parar meu olhar sobre um pacote cor-de-rosa com um único absorvente dentro, senti como se muitas coisas me puxassem pra realidade. A quanto tempo eu não menstruava mesmo?
Foi como se alguém estivesse me chacoalhando e gritando em meu ouvido: Como não percebeu antes? O ar faltou em meus pulmões e aquele enjôo que antes tinha dado seu adeus, voltou com força total. Debrucei-me sobre o vaso e, por falta de comida, acabei regurgitando bile.

- Argh! – resmunguei sozinha, dando descarga. Levantei, com uma única idéia na cabeça àquela hora. Eu precisava urgentemente ir em uma farmácia.

Abri o guarda roupa, pegando qualquer coisa pela frente. Uma calça, uma camisa e um casaco ipermeável. Coloquei uma touca qualquer, e calcei minhas galochas. Morar em uma cidade que, quando não chovia, nevava, e vice-versa te dava uma boa prática na hora de se vestir em momentos como aquele. Quando se está com pressa e pouca cabeça até mesmo para pensar se as suas botas estão nos devidos pés.

Silenciosamente, desci as escadas, dedicada a não acordar meus pais – se bem que, com toda a barulheira que eu fizera alguns momentos antes, eles já deveriam estar muito bem despertados. Peguei as chaves da velha caminhonete do meu pai, e logo eu já dirigia em direção à mais próxima farmácia que tinha de minha casa – que por um acaso, não era lá tão perto assim.

Parei de qualquer jeito em frente ao estabelecimento, que para minha sorte era 24horas. Alguns funcionários dormiam lá dentro, enquanto outros tentavam ao máximo continuar de olhos abertos. Minha chegada, no entanto, não foi notada. Silenciosamente, caminhei por entre os corredores que exibiam seus produtos, procurando aquilo que eu jamais pensei que fosse procurar. Como pude ter me descuidado daquela maneira?

E lá estava, aquele maldito pacote verde com um material que eu sequer olhara em toda minha vida. Agarrei um exemplar e levei até o caixa, sem nem coragem de encarar os olhos da moça que, sonolenta, me atendia.

E tão rápido quanto entrei na farmácia, voltei para o carro, seguindo diretamente para casa.

Quando cheguei, apenas despi o casaco e as galochas nos pequenos cabides de madeira que ficavam ao lado da porta de entrada, e coloquei as chaves vagarosamente em cima da mesa de canto. Subi, nas pontas dos pés, as escadas e me tranquei no banheiro de meu próprio quarto. Meu coração palpitava de certa forma em meu peito que parecia que ia explodir. Eu sentia como se a casa toda pudesse ouvi-lo batendo e gritando que eu estava prestes a fazer a descoberta mais insinuante de toda minha vida. E eu sequer sabia se era mesmo o que eu pensava.

Li as instruções impacientemente, abrindo e rasgando o pacote esverdeado e fiz o que mandava eu fazer nos versos. Olhei o relógio, constatando serem 4h3min da manhã. Quando dessem 4h8min, eu teria que retornar ao banheiro – rezando para que o resultado desse negativo.

Voltei para o meu quarto devagar, ainda processando todas as informações. Não ter menstruado aquele mês e um pouco mais não queria dizer necessariamente que eu estava grávida. Não tinha nem como, uma vez que eu transara com o Joe apenas duas vezes – ambas, com proteção o suficiente, creio eu.

Engoli em seco, ansiosa pelo tempo a passar. Cinco minutos nunca pareceram tão longos em minha vida. O ponteiro dos segundos mais pareciam o dos minutos, e estes, o das horas. Tudo parecia em camera lenta. Quando finalmente completaram 5 minutos de espera, levantei. Amendrontada, mas destemida. Pois eu sabia que, independente do resultado, eu teria que seguir em frente.

Entrei no banheiro sem muita coragem de olhar para aquela fita em cima da pia. Tudo o que eu queria era me beliscar e acordar, olhar em minha cama e ver uma enorme mancha de sangue. Mas não. Tudo o que eu podia era encarar a realidade e ver que meu futuro estava marcado uma fita. Uma simples fita. E o pior de tudo: com duas listras.


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Notas finais do capítulo

Bom, a fanfic estava escrita há muuito tempo e eu nunca soube onde postar. Aqui está, guys.. Espero que gostem!



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