Lembre-me! escrita por Jacqueline Sampaio


Capítulo 10
Capítulo 9




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Seus lábios, a força com que me abraçava, seu calor... Tudo estava sendo guardado na memória para, depois, saborear nas lembranças aquele momento. Eu estava me perdendo em Edward e podia sentir que o mesmo acontecia a ele. O seu beijo era algo viciante, tinha certeza que sentiria falta dos seus lábios nos meus quando ele se afastasse. Procurei aproveitar, meus braços o apertavam mais, como se o espaço entre nós ainda fosse grande enquanto eu o beijava com mais entusiasmo, ignorando o fato de que meus pulmões reclamavam por ar. Cedo demais, ele me soltou.

Estava arfando, como eu. Seu rosto assumiu uma máscara de desespero.

-Eu sinto muito! Eu não deveria ter feito isso! Eu... –Edward estava atarantado. Nem ao menos olhava para mim. Eu permaneci parada, sem saber o que fazer ou o que dizer, mas tendo consciência que eu tinha apenas alguns segundos para fazer algo antes que ele saísse pela porta do meu quarto e começasse a me evitar. Ele projetou seu corpo para a porta, com uma mão abriu a maçaneta, mas não chegou a sair. Segurei sua outra mão e fiz força o suficiente para que ele permanecesse ali comigo. Edward virou-se, sua expressão insondável. Eu sabia que ele tinha muitas perguntas para meu ato e eu não sabia como respondê-las, mas precisava tentar.

-Não vai. –Murmurei olhando para o chão. Edward afastou-se da porta e a fechou silenciosamente. –Não fique assim por causa de um simples beijo, isso não é nada para... Para um casal. –Eu consegui com um esforço hercúleo olhá-lo. Edward pareceu absorver minhas palavras e seu rosto tornou-se perspicaz.

-De fato isso é comum para casais, mas não conosco, não em sua atual situação. Eu não deveria ter me empolgado tanto, me deixado levar. Eu sinto muito isso não vai se...

-Edward, isso pode até ser algo incomum para nós, somos casados e eu não tenho nada de minha memória, mas... –Minha voz diminuiu. –Eu não veria problema, nem você, se nós fossemos namorados.

Deixei que minha proposta ecoasse pelo quarto e mantive certa distancia de Edward. Temia que ele recusasse minha proposta, meu pedido. Por que o que eu mais queria era estar com ele, ter mais intimidade que eu tinha, sem, no entanto, ter a obrigatoriedade de uma esposa.

Após alguns minutos fitando o chão decidi olhá-lo temendo o que iria encontrar. Não consegui ver sua expressão por que Edward agarrou-me num poderoso abraço. Eu soube, naquele instante, que era aquilo que Edward tanto queria ouvir de mim e ele não mais iria se detiver quando estivesse comigo, o que me agradava.

Afastou-se e tinha um sorriso encantador no rosto, os olhos cheios de alegria e emoção.

-Você fala sério? Realmente nós...

-Eu não quero esperar até minha memória retornar.

-Não precisa fazer isso, não por mim. –Edward murmurou com tristeza. –Sabe o que eu sinto, sabe que a amo. Amo o suficiente para esperar até que esteja pronta. Não quero compeli-la a nada.

-Não faço isso por me sentir compelida. Eu... Você já deveria saber, claro, do poder que tem sobre as pessoas. O poder de deslumbrá-las. Você é uma pessoa apaixonante e eu sabia desde que o vi que seria fácil me apaixonar, como respirar. –Eu não consegui dizer claramente o que sentia, dizer “estou apaixonada por você”, mas sei que Edward deve ter captado a mensagem. Ele mantinha uma expressão linda, como uma criança diante do brinquedo que tanto desejou, um faminto diante de alimento, um moribundo diante do seu milagre de cura. Ergueu a mão, hesitante, e tocou minha bochecha afagando-a. Corei horrivelmente.

-Deixe-me entender: você me pediu em namoro? –Falou com um meio sorriso nos lábios. Eu acompanhei seu riso.

-Por tradição deveria ser o homem a pedir, mas... É, eu pedi você em namoro. Eu não posso ser sua esposa, mas posso ser sua namorada, pensei.

-Se é assim então será que eu poderia beijá-la novamente? –Perguntou. Eu assenti timidamente. Afoito, Edward tomou meus lábios e não protestei com a força exercida. Seus braços envolveram minha cintura enquanto seus lábios moviam-se sobre os meus, sua língua explorando minha boca com delicadeza, sem pressa. Senti meu corpo quente, um calor bom, um calor que me consumia. O tipo de calor que exigia que Edward fizesse mais do que me abraçar e me beijar, mas procurei sufocar isso. Eu não estava habituada a me deixar levar por desejos tão avassaladores como os que me assaltavam agora.

Não sei quanto tempo esse beijo durou, poderiam ter sido poucos segundos ou longos minutos, era difícil cessar algo tão prazeroso. Edward, como antes, cessou o beijo e nossos pulmões reclamaram por ar.

-Me desculpe, eu me empolguei. –Ele disse, arfante, enquanto suas mãos ainda estavam em minha cintura.

-Você não é o único que se empolga. –Falei enquanto sorria. Edward alargou ainda mais o sorriso. Ah, como era bom vê-lo tão risonho! Eu queria, não, eu precisava manter aquele sorriso ali onde era seu lugar. Edward colocou suas mãos em minha face e se projetou para frente querendo me beijar novamente. Eu me preparei para recebê-lo, sentindo a vergonha se dissipar. Quando seu lábio roçou o meu... Seu celular toca. Nós dois bufamos e sorrimos com a sincronia de nosso ato. Edward olhou o visor de seu celular que estava no bolso interno de seu paletó. Franziu a testa.

-Tenho alguns compromissos. Havia me esquecido disso.

-Que pena. –Disse incapaz de simplesmente sorrir e dizer um “até logo”. Edward sorriu com o tom lastimoso de minha voz. Afagou meu rosto.

-Eu voltarei rapidamente, prometo. Aproveite e faça suas pesquisas com os vídeos e fotos que estão em seu quarto.  

-Tudo bem.

Edward aproximou-se lentamente, sempre testando minha reação, e beijou-me na testa.

-Volto assim que puder.

E ele se foi. Alegre e trêmula, eu fui para a minha cama separando as fotografias, começaria por elas. Eu nem sabia que não conseguiria me concentrar plenamente na tarefa.

...

Ver as fotos não indicava nada. Nem os vídeos. No entanto eu me demorei em tudo o que estava ligado ao casamento. Um enigma em tudo aquilo. O que devia ser uma data festiva e alegre, pelo menos para mim, pareciam ser o enterro de um ente querido tamanha a expressão vazia que eu fiz. Eu me perguntava o que Edward sentia ao ver aquelas fotos, sabia que não iria querer estar ciente da resposta.

Eu precisava de ajuda e não consegui pensar em ninguém mais para recorrer e não ser... Jacob.

Quando dei por mim meu celular estava em mãos. Procurei seu número na agenda telefônica e disquei. Na segunda tentativa Jacob atendeu.

-Bella?

-Oi Jacob. Como você está?

-Eu estou bem. Aconteceu alguma coisa? –Sua voz era alarmada.

-Não. Eu queria saber se você poderia me fazer uma visita qualquer dia desses. Eu estou cheia de fotografias aqui em casa e não conheço nenhum dos rostos. Pensei que com a sua ajuda eu poderia...

-Está em casa agora? –Perguntou-me subitamente.

-Sim.

-Estou a caminho então. –Falou e pude perceber que devia estar sorrindo. Encarei, estarrecida, meu celular. Ele estava falando sério em vir?

...

-Oi Jacob. Nem acredito que veio! –O cumprimentei verdadeiramente feliz por ele está em minha casa. Joel olhava com reprovação para Jacob, mas nós o ignoramos.

-Eu disse que viria! –Falou falsamente exasperado. –Então onde estão as fotografias e vídeos?

-No meu quarto. Vamos para lá. –O segurei pela mão conduzindo-o. Não era nada demais meu ato, mas Jacob pareceu se iluminar com isso. Ele assoviou ao ver a quantidade de material que eu havia separado.

-Nossa, parece que teremos uma tarde atarefada!

-Me desculpe por pedir para vir. Nem perguntei se você estava livre. Se não puder me ajudar eu vou entender.

-Não se preocupe Bells. To livre, dia de folga. Vamos começar. –Ele se aproximou e sentou em minha cama.

-Eu separei em duas pilhas, as fotos que peguei com minha mãe... –Apontei para a maior pilha com porta fotos de veludo vermelho. –E a outra pilha é do meu casamento.

Jacob olhou com azedume o monte que indiquei como fotos de meu casamento, ignorando-os completamente.

-Vamos começar com o que interessa, as fotos da família. E os vídeos?

-Consegui alguns. –Apontei para a sacola no canto do quarto onde tinham os DVDs.

-Pronta para conhecer os furos da sua vida? –Perguntou, divertido, piscando para mim.

-Claro, mas corta as partes ruins. Quero saber só o lado cor de rosa! –Falei brincando, mas o olhar que Jacob me lançou afastou o tom de brincadeira. Ele tinha um olhar sombrio.

-Se for assim então eu nada vou contar sobre sua vida. –Murmurou tão baixo que talvez não fosse sua intenção que eu ouvisse. Eu o encarei num silêncio pasmo. Jacob mudou da água para o vinho.

-Então vamos começar com suas fotos de infância. São as minhas favoritas. –Jacob disse risonho. Fiquei aliviada pelo clima inesperadamente descontraído que ele instaurou.

...

-Nossa, isso foi bem cansativo! –Comentei enquanto arrumava todas as fotos e vídeos na sacola que peguei de minha mãe. Peguei algumas fotos para mim, fotos de família, já que não tinha encontrado nada pelo meu quarto. Jacob parecia radiante com a incumbência que eu lhe dera, pelo menos inicialmente ele parecia radiante. À medida que olhávamos as fotografias, seu sorriso foi esmaecendo. Eu sabia o porquê disso mesmo sem Jacob não dizer nada. Não havia nenhuma foto dele entre as fotos que eu tinha. Teria ele ficado chateado com isso? Pensando que de repente eu me livrei das fotos por nós não sermos tão próximos como antes? Eu queria perguntar, mas me calei.

-Eu tenho que ir. Prometi a Leah que iria vê-la.

-E como ela está? E Billy?

-Estão todos bem, mas e você Bella? –Ele me olhou com evidente curiosidade. Sorri timidamente.

-Bem.

-Como Edward está tratando você?

-Muito bem. –Meu sorriso se alargou. Isso pareceu incomodar Jacob.

-Sei. –Falou  num tom rude. Se recompôs rapidamente. –Eu preciso ir. Foi bom vê-la. Venho aqui assim que possível e ai andamos na sua moto.

-Ah, claro. Seria legal. Desculpe-me pelo incomodo. –Eu disse sabendo que foi egoísmo pega-lo para mim a tarde toda.

-Não foi nada e... –Ele se levantou da cama onde estava sentado. –Hei, que tal uma voltinha na sua moto? Pelo menos vamos testar, ver se você se lembra de como dirigir. –Jacob deu uma piscadela para mim.

-Claro! –Disse e caminhei saltitante para a garagem, no caminho perguntei a Joel se ele sabia onde estava a chave da minha moto, claro que ele sabia. Estendeu a chave para mim e olhou temeroso para mim e para Jacob.  

-Vai sair com a moto, senhora Cullen?

-Não exatamente. Vou apenas testar minhas habilidades com a moto. Vou ficar por aqui pela propriedade mesmo. –Dizendo isso nós saímos. Jacob arrastou minha moto para uma parte remota do extenso jardim.

Eu me sentia bem com Jacob, viva eu diria. Eu podia sentir que ao eu lado eu era mais quem eu queria ser, um pouco mais irresponsável. Afastamos-nos consideravelmente, Jacob saiu arrastando a minha moto. Por fim nós paramos.

-Pronto, agora que não há ninguém que possa ser atropelado pro você, vamos às aulas. –Disse enquanto segurava nas mãos as chaves da moto. Só então notei que havia duas chaves: uma era da moto e a outra era desconhecida, pequena, e não parecia ser de um veiculo. Dei de ombros, depois procuraria o lugar que usava aquela chave, talvez fosse à chave do meu closet, sei lá.

Eu montei na moto e coloquei a chave na ignição. Foi estranho, como quando eu estava em frente ao caixa eletrônico, eu sabia o que fazer. Ainda sim eu fui cautelosa e tentei conter a histeria enquanto eu executava o processo para andar. Jacob estava ao meu lado segurando o guidão.  

-Vamos com calma. –Ele disse e sua mão tocou a minha. Constrangida, eu afastei minimamente. Jacob fingiu não perceber e esperava que ele não interpretasse de forma negativa.

Mias rápido do que a aula de natação com Edward, em pouco tempo eu estava dirigindo a moto, em uma velocidade baixa, claro. Jacob parecia satisfeito. Deu-me algumas dicas de como dirigir. Eu ouvi atentamente. Eu não sei quanto tempo se passou, muito eu diria. Jacob parecia despreocupado com o tempo tendo a máxima paciência comigo. Pegou minha moto uma ou duas vezes para andar um pouco me deixando apenas como observadora. Acho que teríamos ficado ali por longas horas conversando sobre inutilidades e andando em minha moto, se o celular de Jacob não tivesse tocado.

-Droga! É a Leah. Eu me esqueci que tinha prometido ir vê-la.

-Me desculpe Jacob.

-Tudo bem. Gastei muito de passar o dia com você. Temos que repetir a façanha. –E assim sendo Jacob piscou para mim. Eu sorri.

-Vamos, levo você até a porta de moto. O jardim é meio extenso. –Sugeri. Jacob montou em minha moto logo atrás de mim, suas mãos em minha cintura. Senti um arrepio perpassar meu corpo ao sentir suas mãos grandes e quentes em meu corpo. Procurei sufocar isso, essa sensação de familiaridade, mas sabia que isso me faria pensar em Jacob. Segui lentamente com a moto até a entrada da mansão. Enquanto passei pela casa eu vi que alguém estava em frente à entrada principal, logo percebi que era Edward. Jacob também percebeu, lançou um olhar zangado para Edward e apertou-me ainda mais pela cintura. Segui com mais velocidade para a entrada. Os seguranças abriram os portões e eu desci de minha moto para me despedir adequadamente de Jacob.

-Obrigada por ter vindo Jacob. Até qualquer dia. –Disse. Jacob se virou e me olhou com uma expressão indecifrável.

-Me chame de Jake. Era assim que você me chamava.

-Tudo bem então. Um alô para seu pai e sua noiva.

-Claro. –Ele caminhou alguns passos e montou em sua moto. Ela era linda, preta, mas não identifiquei a marca.

-Jake? –Chamei enquanto ele colocava o capacete.

-Sim?

-O que há entre você e Edward? Vocês parecem não se gostar.

-Ele não explicou para você?

-Não. Edward não fala quase nada do passado. Eu não o pressiono. Ele parece ficar triste quando toco no assunto.

-Eu e seu marido não nos gostamos. Talvez seja por que somos muito diferentes um do outro.

-Só por isso vocês não se gostam? Isso é meio bobo Jake.

-Não, não é. Não se preocupe, é coisa de homem. Não precisa ficar desse jeito. Até mais Bells. –Ele acelerou a moto e partir rapidamente deixando-me cheia de perguntas. Perguntas que não seriam respondidas por ninguém, como sempre. Frustrada, segui para o interior da casa. Guardei minha moto e decidi ficar com a chave ao invés de deixá-la com Joel. Não vi ninguém à vista. Decidi seguir para o meu quarto e tomar um banho, após isso eu jantaria.

Enquanto me preparava para o jantar, perguntas se formavam em minha cabeça. Como estar diante de um quebra cabeças com varias peças que pareciam não se encaixar. As fotos e vídeos não ajudavam em nada, mas as atitudes das pessoas ao meu redor pareciam realmente me ajudar. Eu sabia que teria de investigar sobre o meu passado longe dos muros de minha casa, com pessoas desconhecidas, pessoas como o paparazzi em que esbarrei no clube. Ao termino do banho, vesti roupas bem simples, um moletom vermelho e calça jeans preta, e segui para a sala de jantar. Joel estava lá ladeado por três empregados. Notei que Edward não estava lá.

-Joel, onde está o Edward?

-Ele está um pouco indisposto, senhora Cullen. Creio que não descerá para comer.

-Ah, ta.

Eu comi sem vontade nenhuma e me preocupei com isso. Eu pensei que, após o que se passou entre nós dois naquela manhã, Edward ficaria mais próximo a mim. Receberia-me risonho. Talvez ele estivesse realmente mal para me dar pelo menos um oi, ou talvez, só talvez, tivesse haver com a visita de Jacob. Eu não entendia. Tudo bem, eles pareciam se antipatizar, mas Jacob era meu amigo. Edward não poderia me privar de ver meus amigos por não gostar deles e, mais do que tudo, não poderia se afastar de mim toda vez que eu os via.

Como imaginei não consegui terminar minha refeição.

-Não vai querer a sobremesa, senhora Cullen? –Joel perguntou quando me viu levantar da mesa.

-Não Joel. Não estou muito bem. Vou ir para o meu quarto mais cedo. –Murmurei e subi rapidamente para lá. Eu apenas queria dormir e esquecer que novamente o clima de tensão e distanciamento entre mim e Edward estava de volta. Sem parar para pensar, me encaminhei para o quarto de Edward. Se ele estava se sentindo mal eu tinha que vê-lo, cuidar dele. Ao tentar forçar a maçaneta, notei que estava trancada. Eu poderia chamá-lo, pedir para que abrisse a porta, assim eu poderia entrar, mas não queria ser intrusiva e alguma coisa me dizia que aquele não era um bom momento para vê-lo. Frustrada e deprimida com a situação, eu segui para o meu quarto.

...

Aquela foi a primeira vez que chorei desde que despertei. Eu não sabia o porquê do choro, teria sido apenas pela frieza de Edward? Ou por estar perdida em minha própria vida? Eu bem sabia que minha vida, meu passado, pouco importava agora. Após ter conseguido romper a barreira invisível que existia entre mim e Edward, eu estava profundamente decepcionada por ele ter reconstruído o muro.

Após chorar durante longos minutos, o cansaço me encontrou. Não dormi de imediato, minha mente ainda estava atenta aos barulhos que podia ouvir no interior do meu quarto e do lado de fora do mesmo – grilos, uma coruja, o vento passando pelos galhos das árvores e balançando-os. Minha porta foi aberta e logo mais fechada, passos ecoavam no aposento. Eu estava sonolenta demais para abrir os olhos e ver quem entrava em meu quarto. Talvez eu só estivesse tendo um sonho muito real. Senti um peso a mais na cama, eu estava deitada de lado, o rosto voltado párea a parede de modo que, mesmo que abrisse os olhos, eu não conseguiria ver que adentrava o aposento, a não ser que eu me virasse. Tinha certeza que alguém não só entrara em meu quarto como se deitou ao meu lado, podia sentir em ondas o calor do corpo próximo ao meu. Despertei quando senti que um braço envolvia-me pela cintura apertando-me contra um corpo quente, uma respiração tão quente quanto o corpo estava próxima a mim, em minha nuca. Em choque, não consegui me mover. Fiquei o mais quieta possível a fim de saber o que aquela pessoa faria.

Senti lábios em minha nuca em beijos curtos, um arrepio violento me atingiu e a muito custo consegui me conter. Sua mão em minha cintura massageava meu abdômen. Era Edward, não tinha mais duvidas assim como não tinha duvidas que realmente tudo isto estivesse acontecendo. Virei-me lentamente, o choque sendo a expressão predominante em meu rosto. Esta expressão sempre detinha Edward, não naquele momento. Ao me virar encostando minhas costas no colchão, Edward beijou-me, o corpo cobrindo um pouco o meu. Eu fiquei parada, incapaz de raciocinar. A mão de Edward, antes em minha cintura, migrou lentamente para meu seio direito, apertando-o. Seus lábios entreabriram os meus e essa foi a deixa para que ele aprofundasse o beijo.

Eu continuei imóvel. Por fim Edward percebeu que eu não estava correspondendo a nada e afastou-se a fim de olhar meu rosto. O que quer que ele tenha visto ali o deixou transtornado. Minha cara devia está horrível. Inclinou-se colando sua testa a minha, os olhos fechados, os lábios trêmulos.

-Sou um estúpido. Peço eu perdão. –Murmurou. –Estou traindo novamente toda a confiança que você depositou em mim.

-Tudo bem. –Consegui me fazer pronunciar. Edward, sem aviso, deitou sua cabeça em meu peito, seu corpo tão próximo ao meu!

-Me deixe ficar aqui hoje. –Pediu. Não consegui negar o pedido, não poderia, não queria.

-Pode sim. –Eu o envolvi com meus braços acariciando as madeixas acobreadas, murmurando uma cantiga de ninar desconhecida até para mim a fim de fazê-lo dormir.

-Obrigado. –Murmurou com a voz débil. Eu o senti relaxar mais e mais em meus braços até que, enfim, adormeceu. Continuei a acariciar seu cabelo.

-Edward? –O chamei sabendo que não responderia. Consegui dizer sem vacilar. –Eu acho que amo você. Isso é o suficiente para deixá-lo mais tranqüilo?

Ele não me respondeu e eu não voltei a falar. A exaustão me tomou e dormi aquecida com o calor do corpo de Edward.


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