I'll Be The One You Won't Forget escrita por Mystical Girl


Capítulo 5
Conturbada Noite


Notas iniciais do capítulo

Olá olá olá! Mais um capítulo pra vocês! Pra quem já leu ele antes vai ver que tá repleto de coisas novas, e pra quem nunca leu, espero que gostem! Beijocas e boa leitura! ^^



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E a noite caiu. Clary não faria show aquele dia, mas ainda assim tinha uma noite cheia de trabalho. Jace ficou sondando-a durante o dia inteiro, puxando vários assuntos aleatórios e fazendo-a perder a paciência.

— Você vai me deixar trabalhar ou não?!

— Digamos que não é a intenção...

Clary fez uma cara de quem ia explodir ali mesmo, mas apenas respirou fundo, estampou seu costumeiro sorriso no rosto e voltou a preparar e servir bebidas.

Jace estava se divertindo bastante perturbando-a; era de certa forma prazeroso tirar a sua paz. Mas resolveu parar por aquela noite; afinal, Clary era uma caixinha de surpresas. Se ele a estressasse... não. Preferia não arriscar. De qualquer forma, já tinha dado um grande passo aquele dia.

Horas depois o bar havia se fechado, e já chegara a hora de ir para casa. Jace aproximou-se de Clary, que retirava o avental e soltava seus cachos.

— Vamos? – ele parecia amigável.

— Sim – já ela, parecia cansada. – Mas antes temos que passar na minha antiga casa, eu preciso pegar minhas coisas.

Jace caminhou até Alec, que já estava de saída.

— Alec! Vou precisar da sua Picape por agora. Pode voltar com minha moto.

— E posso saber por quê?

— Confie em mim apenas uma vez, ok? – ele deu leves tapas no ombro do irmão, enquanto trocavam de chave.

— É bom que você me dá carona pra casa – a voz de Isabelle surgiu. – Tchau maninho! – deu um beijo estalado na bochecha de Jace e saiu do bar, puxando Alec consigo.

Isabelle Lightwood era uma garota extraordinária. Após uma longa conversa com ela também naquela tarde, Jace descobriu como ela foi parar trabalhando de garçonete em um bar do Texas. Bom, sua vida não tomou um rumo tão bom quando foi para Las Vegas com os irmãos. Para fugir dos problemas que arrumou, retornou ao Texas. Para pagar as dívidas que também arrumou, teve de arranjar um emprego; e esse foi o melhor que conseguiu, e ainda foi graças a Alec, que convenceu Magnus de contratá-la.

Em compensação arranjou o melhor namorado que alguém poderia ter: Simon Lewis. Os dois já estavam juntos há tempo suficiente para decidirem morar juntos, rachando o aluguel. Alec até se ofereceu para ajudá-la, porém Isabelle era orgulhosa demais para ser bancada pelo irmão, e estava tocando sua vida desde então.

***

Clary entrou na velha Picape de Alec, estranhando.

— Cadê a sua magnífica Harley-Davidson? – ela sorriu cinicamente.

— Hahaha! – Jace riu enquanto sentava no banco do motorista e ligava o carro – Eu sabia que você estava doida pra andar nela. Mas relaxe, oportunidades não faltarão. – então piscou de leve para ela, que revirou os olhos, porém com um leve sorriso de descontração. 

— Mas, respondendo a sua pergunta – ele prosseguiu, enquanto dava partida. – Não dá para levar malas em cima de uma moto, não é mesmo? Agora, me diz seu endereço.

Clary pareceu meio hesitante, mas foi dando as coordenadas para Jace até chegarem ao local destinado. Pararam em frente a algo que parecia mais um depósito abandonado do que um prédio – ou algo do tipo.

— Ahn... é aqui mesmo? – Jace perguntou, e agora ele quem estava hesitante. Além de a rua estar totalmente deserta, estava bastante escuro, com apenas algumas luzes do “prédio” iluminando a sombria noite.

— Não, não, cowboy – Clary disse, sem paciência. Já sentia-se desconfortável e constrangida o bastante só de ter de trazê-lo até ali. – Eu te trouxe aqui como desculpa de que era meu antigo apartamento só pra te encurralar naquele beco escuro e abusar de você.

— Caramba, como eu queria que isso fosse verdade! – Jace balançou a cabeça de leve, parecendo desapontado.

— Você é impossível – Clary prosseguiu, enquanto ambos adentravam o prédio.

O lugar era imundo: além de ter um cheiro terrível, a aparência do local era decadente; goteiras e rachaduras por quase toda parte, luzes piscando por conta do mal contato. Música alta vinha de um dos apartamentos, e o forte cheiro do cigarro misturava-se com o aroma podre de algum animal – provavelmente rato – em decomposição.

— Santo Deus! Como você conseguia habitar esse lugar, Clary? – Jace estava horrorizado, e mais por uma questão de “instinto” protetor, pousou uma de suas mãos nas costas de Clary, como se quisesse de alguma forma protegê-la daquele local. Era quase um pecado uma garota do escalão dela morar em um lugar como aqueles. Na verdade, qualquer pessoa em geral. Não eram condições dignas de uma moradia. – Você deveria agradecer ao síndico por ter te expulsado daqui.

— Eu sei, é horrível – ela respondeu, soltando a respiração pesada. – Mas era o que meu dinheiro conseguia pagar... – logo em seguida ela soltou uma risada irônica. – Agora, nem isso eu posso pagar mais...

Ela sentiu os olhos arderem, mas não poderia nem sonhar em derramar uma lágrima ali; principalmente perto de Jace. Ao se aproximarem do apartamento, Clary notou as luzes acesas. Ouviu gritaria e risadas, e começou a rezar que não fosse o que ela estava pensando. Pegou as chaves para abrir a porta, mas percebeu que esta estava entreaberta. E mais uma vez, suas preces não haviam sido atendidas.

Clary e Jace viram uma cena a qual sentiriam repulsa pelo resto da vida: Um homem seminu estava sentado em uma poltrona, com um cigarro na boca e um copo de Whisky pela metade. Ele era gordo e repugnante, e ria de algo que uma mulher loira sem roupa, sentada em seu colo, falava em seu ouvido. Ao seu redor haviam mais três mulheres – notoriamente todas prostitutas. E todas fumavam e bebiam do mesmo modo.

Aquilo havia sido a gota d’água para Clary.

— Robert! Seu desgraçado! – ela estava bufando. Jace estava sem reação. – Você é um porco sem-vergonha! Esse apartamento só poderia ser ocupado quando o antigo proprietário DEIXASSE o local! Você sabia que esse era o único horário vago que eu tinha pra vim buscar minhas coisas!

O homem parecia meio desnorteado, mas logo se conscientizou do que estava acontecendo. Empurrou bruscamente a loira siliconada de seu colo e levantou-se, preguiçosamente.

— A partir do momento em que um pequeno verme como você atrasa 3 meses de aluguel, o apartamento NÃO pertence mais a você! Agora pegue suas coisas e nunca mais apareça novamente! – ele gritava, e baba saia de sua boca. – A não ser que seja pra me dar esse seu belo traseiro, sua vagabunda! – e soltou uma risada asquerosa.

— Já chega – Jace sussurrou para si mesmo. Avançou contra o homem, e o esmurrou na cara sem um pingo de misericórdia.

— Meça suas palavras, seu gordo miserável.

Foi a vez de Clary ficar sem reação. Jace aproximou-se dela e os dois foram em direção ao quarto, e pegaram as coisas da ruiva o mais rápido possível e deixaram o local, enquanto Robert permanecia desacordado no chão, com as mulheres ao seu redor bêbadas demais para se darem conta disso.

***

— Nós podemos só... esquecer o que acabou de acontecer? Por favor? – pediu Clary, aparentando exaustidão. Os dois já estavam dentro do carro, a caminho do estabelecimento.

Jace estava se coçando para encher Clary de perguntas. Ela o deixou mais intrigado do que ele esperava. O que havia com aquela garota? Que outras responsabilidades ela teria financeiramente que não a permitiam nem pagar um lugar que preste para morar? Mas ao ouvir o pedido da garota, ele se conteve. Sabia que forçar a barra era a coisa mais estúpida a se fazer naquele momento, então apenas assentiu com a cabeça e apressou-se em mudar de assunto, para quebrar a tensão.

Quinze minutos depois estavam em frente ao quarto de Jace. Ele abriu a porta cautelosamente.

— Bem vinda! – gritou ele.

— Obrigada... –  ela parecia um pouco desconfiada, mas logo começou a analisar o quarto, boquiaberta com o lugar, que era maior do que seu próprio apartamento, perfeitamente arrumado, agradável e aquecido. Há muito tempo ela não sentira o prazer de morar em um lugar decente. Mas obviamente não se permitiu deixar transparecer absolutamente nada. – É um belo lugar. Arrumado...

— Eu tento manter como eu posso – disse Jace, orgulhando-se falsamente.

Clary virou-se para ele.

— Mas aqui tem serviço de quarto.

Jace logo mudou de assunto.

— Se você quiser tomar um banho, tem toalha limpa em um armário no banheiro. Posso te emprestar uma camisa minha pra dormir se quiser, pra não se dar ao trabalho de desfazer todas essas malas agora.

Clary apenas assentiu com a cabeça e foi para o banheiro.

Ela passou um tempinho lá dentro, e logo depois abriu a porta e colocou a cabeça para fora.

— A camisa.

Jace viu naquela cena uma oportunidade perfeita, mas ele deve ter entregado o que estava pensando de bandeja, com seu sorriso malicioso.

Sem gracinhas ela sorriu levemente, e pegou a peça de roupa, trancando-se no banheiro novamente.

Saiu de lá com a toalha em volta do cabelo e a blusa azul escura de Jace, que ficava um enorme vestido nela.

Agora foi a vez de Jace tomar banho. Passou um bom tempo debaixo do chuveiro, pensando. Havia sido um longo dia, e os acontecimentos finais não saíam de sua cabeça. Aquela garota era mais misteriosa do que ele pensava... além de ser mais irresistível do que ele pensava também. Sentia a água quente molhar todo o seu corpo, repleto de desejo pela moça lá fora. Mas... apenas desejo? O instinto de protegê-la mais cedo, a raiva que tomou conta de sua cabeça ao ouvir o homem despejando ofensas para ela... Não! Sem condições. Conhecia ela a apenas um dia e meio, era impossível que algo a mais tivesse se desenvolvido. Era apenas desejo, nada mais que isso. Aliás, queria distância de pessoas – principalmente mulheres – complicadas.

Assim que saiu do banheiro, encontrou Clary já deitada em um lado da enorme cama de casal. Ele vestiu uma cueca box e uma calça de moletom cinza, ficando sem camisa. Fazia calor naquela noite.

Quando se deitou a seu lado, a vontade de beijá-la naquele instante já ultrapassava seus limites, mas ele sabia que se tentasse fazer isso, estragaria tudo. E ele não podia estragar tudo.

Já estava quase dormindo quando a voz de Clary entoou ao seu lado.

— Hã... obrigada, cowboy. Por isso que você está fazendo – ela disse, virando-se para ele. – Seja lá quais forem suas intenções.

Jace não sabia se ficava surpreso por ela ter lhe agradecido ou confuso por ela ter sido quase específica, insinuando que ele estava fazendo aquilo apenas para transar com ela.

Para fazê-la ser apenas mais uma em sua enorme lista.

Sentiu um calafrio percorrer seu corpo quando pensou nisso. Por um momento, sentiu uma pontada de culpa por estar fazendo tudo isso por uma aposta. Pela sua sede idiota de desejo. Mas ele apenas limpou a garganta e disse:

— De nada – respondeu. E logo se lembrou de uma coisa. – Você sabe o meu nome, não sabe?

— Não saber o nome do cara com quem eu estou morando seria sacanagem, não seria, Jace? – ela sorriu e virou-se para o outro lado. – Mas vou continuar te chamando de cowboy.

Isso o fez sorrir também. Ela nunca perdia aquele senso de humor.

— Como quiser – disse por fim. – Boa noite, Clary.

Houve um breve momento de silêncio.

— Boa noite – ela disse, com a voz suave. – Cowboy.


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Notas finais do capítulo

Gente, eu JURO pra vocês que eu me segurei muito pra não escrever "meça suas palavras, parsa" na fala do Jace UHAUSHADNJK sim, eu sou doente mental. Obrigada pela atenção, e até o próximo capítulo! *u*



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