Lost In Paradise

20 – He.

Um sorriso cruel espalhara-se por seus lábios. Há como era doce e maravilhoso destruir herbívoros idiotas que apenas se acumulavam a fim de intimidar outros herbívoros. Quando sabia que ninguém mais iria contra si – já que todos estavam ao chão inconscientes naquele momento – o prefeito resmungou, tornando a guardar suas tonfas antes de puxar o celular do bolso traseiro de sua calça.

– Recolher o lixo do ginásio. – fora tudo o que dissera e era o suficiente para Kusakabe compreender o que deveria fazer. Desligou o aparelho e virou-se, a jaqueta da comissão de disciplina fluindo perfeitamente atrás de si, como seda ao vento, e assim foi embora do ginásio estudantil deixando para trás alunos herbívoros desobedientes.

Parou por um instante, mal notando estar no centro de um corredor apinhado de alunos amedrontados pela presença esmagadora do Hibari. Suspirou, erguendo sua mão direita em um punho fechado, o que muitos pensariam que o prefeito estava pronto para esmurrar alguém – até a morte -, mas diferente do que qualquer um pode imaginar, o moreno apenas virou o punho fechado a si próprio e sorriu, sorriu para o anel prateado que fixava-se em seu dedo anelar.

Um anel de compromisso, coisa que Hibari Kyoya jamais imaginou que fosse usar. E só de fitar a peça o moreno não conseguia deixar de esquecer a cena que Izune fizera no dia anterior e também o fato de que Tsunayoshi presenciara tudo.

Sua face fechara-se rapidamente e a aura sombria rondou por si, como se este buscasse uma presa frágil e indefesa para poder torturar até a morte. Mas também não era isso que o disciplinador pretendia, ele estava apenas chateado por todo fuzuê feito na manhã anterior.

Sua testa vincara-se ainda mais. Lembrava-se de que antes de adentrar na sala ouvira gritos e mais gritos, e pensou que fosse uma briga em seu escritório, mas deparara-se apenas com a patética Miwa ao telefone, berrando histericamente como uma hiena. A garota, com todo seu atrevimento, havia lhe chamado pelo primeiro nome e o moreno questionava-se quem fora o bastardo infeliz que autorizara aquela vadia a dizer seu nome sem seu consentimento; mas, talvez, o pior de tudo tenha sido o fato de que, na cara dura, a moça dera em cima de si, como se esfregando seu corpo no do moreno fosse fazê-lo querê-la, desejá-la, ou até casar-se com ela, como os pais haviam planejado.

Mas diante de tudo, Kyoya apenas sentira nojo da garota antes de tomar novamente o celular e exigir que Tetsuya fosse, em pessoa, a seu escritório para escoltar, definitivamente, aquela garota para fora de seu território. E apenas no intervalo de tempo em que o fiel braço direito do Hibari surgisse, a morena notara o anel que enfeitava a mão direita do disciplinador. Berrara palavras e calunias a respeito da Rainha de Gelo, e o moreno teve de se conter para não matar Izune. E para a sorte desta Kusakabe não tardou a chegar, talvez, já imaginando o que estivesse a acontecer.

E poucos segundos após a morena ir, Adel veio, salvando o pequeno animal das presas afiadas da Nuvem impiedosa.

– Hm. – resmungou, baixinho, baixando o braço e tornando a continuar seus passos em direção a seu escritório, afinal, havia alguém muito importante a sua espera.