"And the darkness of night, the tears fall from the clouds"

11 de junho de 1943

— Não sei do que está falando — me fiz de desentendida, porém a garota percebera que estava mentindo, portanto, revirou os olhos. — Eu vi você ouvindo a conversa em frente à porta da professora McGonagall. — Realmente. Mas desde quando isso diz respeito a você? — sorrio de modo provocativo. Seus olhos semicerram. Nunca conversei com a menina, porém, devido às circunstâncias, acho que essa foi a relação mais próxima que eu consegui ter com outro alguém. Mesmo assim, não deveria confiar nela. — Muito menos a você! — exclamou, irritada. Surpreendo-me. É, parece que a barbie também sabia ser grossa, pensei. — Estou exausta. Você também deveria dormir, ao invés de ficar tomando conta da minha vida. — viro-me e fecho os olhos, mesmo não estando com sono.

Estou num lugar totalmente diferente. Olho ao meu redor e tudo que eu vejo são pássaros caídos. Corvos. Ouço gritos de todos os lados, e sinto uma aflição. Consigo ouvir as batidas de meu coração e de repente, estou cercada pelos animais que estavam mortos. Tento gritar, mas nada sai de minha boca. Repentinamente, vejo um oceano. Não sei onde estou, e nem mesmo como vou escapar desse pesadelo. Viro-me e vejo um abismo. Estou no meio do nada, até ouvir a voz de Emily. Mas já era tarde demais. Eu havia pulado.

— Hayley! — alguém berra ao meu ouvido. — Hayley! Acorde! — ouço a voz da ruiva, e estou de volta ao dormitório. — Hayley acorde! Você está atrasada. — abro meus olhos e percebo que estou no meu lar novamente. Solto um suspiro de alívio e recomponho-me.

***

O sonho havia me exaurido. Senti algo ruim percorrendo meu corpo por um bom tempo, porém não poderia deixar que aquilo, uma coisa tão sem sentido, afetasse meu desempenho. Mesmo assim, decidi ficar em silencio durante toda a aula de Defesa contras as Artes das Trevas. Sentei-me ao lado de Emily, ouvindo comentários de algumas pessoas, do tipo " O que aconteceu com a rebelde-sabidinha? É a primeira vez que a vejo de boca fechada." ou " Que bom que ela está calada, só assim a gente não perde pontos por causa das merdas que ela fala." Sonserinas idiotas. Seguro com toda minha força a varinha lançando-lhes um feitiço que eu mesma não tinha intenção de lançar. As garotas olharam para mim assustadas e tentaram chamar Dumbledore, mas tudo o que saiu de suas gargantas foi um cacarejo. Permito-me a rir delas. Dumbledore interrompe sua aula e olha atentamente nos meus olhos. Sinto uma pequena pontada de medo, mas não deixo que transpareça em meu semblante, então, solto lhe um olhar desafiador. Ele dá de ombros e continua a aula sem se importar comigo. Ainda bem.

Ouço uma risadinha baixa de longe e olho para trás. Tyler sussurava lago como "Ótimo feitiço, estressadinha." e só então percebo que ele havia conjurado o feitiço.

— Você ficou maluco? Eu podia ser expulsa da aula, seu pedaço de merda! — exclamei, irritada.

— Mas não foi, certo? — deu de ombros — Preste atenção na aula e deixe eu me divertir um pouco!

— Não às minhas custas. — oulo Dumbledore limpando a garganta.

— Stra. Buttle e Sr. McFee gostariam de compartilhar conosco vossa conversa? — corei.

— Não, Dumb. — todos da sala riem e ouço o sino bater. É hora de ir para o refeitório.

Caminho até o refeitório com Emily ao meu lado e Tyler me rodeando. Tento ignorá-lo, mas o assédio é tão grande, que meu corpo anseia por um berro.

— Você pode para de me seguir?

— Não. — ele ri com desdém. Olho de soslaio para ele, que agora literalmente stá andando em circulos em minha volta. Ponho o pé em sua frente, fazendo com que ele caia. Ignoro e chego ao refeitório.

Vejo as pessoas da Corvinal, pego meu alimento e me espremo para conseguir um lugar na mesa. Emily faz o mesmo, porém num lugar distante, tudo parece tão monótono hoje, exceto o meu sonho. Estou acostumando-me com o dia normal e até acredito que posso viver dias iguais a esse por um bom tempo. Ou não.

Vejo o garoto na porta do refeitório e meus olhos continuam presos em seu rosto. Tento acordar do devaneio, mas tudo que consigo fazer é continuar acompanhando seus passos com os olhos. Percebo que ele não se direcionou à mesa da Sonserina e se aproxima de mim. Ao meu lado, vejo um garoto com dentes tortos que é arremessado no chão, dando lugar a Tyler.

— Isso vai ter volta, Buttler. — dou um tapa em seu rosto e estendo a mão para o corvino que havia sido empurrado por McFee. A mesa da Grifinória vibra, enquanto a da Sonserina solta gritos de revolta.

— Você está em problemas, garotinha. — Filtch disse e olhou para mim com seu sorriso nojento e quase sem dentes e saiu do refeitório indo em direção à sala de Dumbledore.

— Ahn...merda! — bufo. Tyler sorri para mim sarcasticamente se levantando e inda para sua mesa. Idiota. O garota que ele derrubou resmunga ao meu lado.

— Obrigado por...ahn...você sabe me ajudar. As pessoas não costumam fazer muito isso aqui.

— De nada. Eu não sou como elas. Qual o seu nome?

— Eu sei. Dereck, Dereck Abbey. — ele estende sua mão para mim.

— Eu sou a Hayley. — hesitante aperto a mão dele de leve e sorriu sem perceber.

— É seu nome...bem...corre por todas as bocas da escola. — ele dá um sorrisinho amarelo e ajeita seus óculos.

— Tudo bem, eu já entendi. — solto a mão dele, que por sinal eu ainda estava segurando. Olho para trás de relance e percebo Tyler me encarando sério, ergo a sobrancelha e ele desvia o olhar. Emily me cutuca avisando que todos estavam saindo do salão. Sigo o olhar para onde ela apontou, e realmente estavam saindo da sala, mas só os alunos da Sonserina, que estão saindo silenciosamente como se nada estivesse errado. Inclusive Tyler que por sinal ainda mantinha seus olhos em mim e no...Dereck? Seria cíumes?? Olho para minerva, que tentava fazer com que todos mantivessem atentos a ela, batendo sua colher numa xícara de vidro desgastada.

— Silêncio crianças! - ela pede.

— Porque só os alunos da Sonserina sairam professora? — Um garoto da Lufa-Lufa pergunta o que ninguém teve coragem de perguntar. Mas Minerva nem tem chances de responder já que Hagrid entra no refeitório correndo, em sua direção, sussurando algo em seu ouvido a deixando chocada pelo que aparenta.

— Não saiam daqui crianças...eu preciso...apenas não saiam daqui, estão me ouvindo? — Ela disse nervosa se levantando da cadeira e indo apressada a direção da porta com Hagrid.

E o alvoroço começou....

Don't want your hand

This time I'll save myself

Maybe I'll wake up for once

Not tormented daily

Defeated by you

Just when I thought I'd reached the bottom

I'm dying again